P&E (1)

Um conto erótico de P&E
Categoria: Heterossexual
Contém 1420 palavras
Data: 09/05/2019 10:25:30
Assuntos: Heterossexual

Patrícia é casada. Não comigo, infelizmente. Ou felizmente, vai saber... Talvez o motivo de conhece-la da forma como eu conheço seja exatamente o fato de não sermos um casal. O casamento, que deveria tornar duas pessoas uma, acaba na verdade anulando as duas partes da relação, de modo que cada uma delas morra em nome de algum bem social mais elevado – mas isso todo mundo que é casado sabe, não é verdade?

Não conheço Patrícia pessoalmente. Para ser mais preciso, a vi uma vez, por 10 ou 12 segundos, no ano de 2005?, 2006?, por aí. Era uma convenção religiosa, de uma das seitas cristãs mais rígidas de todas. Dessas em que usar calça jeans é pecado. Sei lá, eu sempre achei saia bem mais sensual, e dava até para ver umas calcinhas aqui ou ali enquanto as irmãs cruzavam as pernas ou iam sentar. Ô Glória!

Não conheço Patrícia, mas em muitos aspectos a conheço melhor que pessoas que conviveram com ela a vida toda.

Tivemos espasmos de comunicação ao longo dos últimos. Cautela depois que seu marido corno descobriu que ela tinha orgasmos comigo a milhares de quilômetros de distância. O bicho ficou possesso! Houve também um período de culpa de ambos (eu e ela), onde nos questionávamos se o que havíamos feito era correto, se não havíamos passado do limite. Prudente certamente aquilo não foi. Mas o tesão e a loucura não existem para combinar com prudência. Injeções de prazer e adrenalina caem em nossa corrente sanguínea quando estamos em perigo. Nossa história evolutiva parece ter nos moldado para que, de alguma forma, gostássemos de brincar com o perigo.

E conversar com Patrícia é, literalmente, brincar com o perigo. Você tem muito pouco a ganhar, e quase tudo a perder. Pouco a ganhar pois dificilmente eu a verei da forma como eu gostaria: nua na minha cama. Muito a perder pois o risco de sermos pegos enquanto trocamos falas de safadeza e fotos comprometedoras existe – embora estejamos mais espertos e saibamos como aumentar nossa privacidade.

Esta semana, ao que parece, a comunicação voltou. E algo fez saltar meu coração pela boca – ou o pau pra fora da cueca: Patrícia está safada, doida para aprontar para cima do marido corno.

Aliás, o corno merece algumas palavras a seu respeito. É um cara dedicado no trabalho. Aparenta ser um bom pai, quiçá um “bom” marido. (Dentro daquilo que a sociedade burguesa entender como “bom marido”). Não deixa nada faltar em casa. Dedica algum tempo à esposa e ao filho. Comete, no entanto, um erro muito grave: ele limita Patrícia à sua visão míope e falso moralista sobre a mulher.

Ele pensa que pode controlar tudo com dinheiro. Afinal, dinheiro é “poder”, e ele detém o dinheiro. O que ela poderia fazer?, pensa ele. Afinal, ela se separou e voltou para junto dele. Ele certamente deve comentar com amigos, familiares ou amantes, todo orgulhoso: “Ela saiu, mas voltou com o rabinho entre as pernas até mim”. Ele pensa que o dinheiro e a estabilidade financeira a controlam.

Ledo engano. Patrícia é um furacão. E furacões não são controláveis. Pensa que a esposa é a bela, recatada e do lar, que está cuidando da casa até o maridinho voltar. Mas...

Tolinho. Tem dias que Patrícia mais quer mesmo é esfregar a buceta na cara de outro. Puxar alguém pela cabeça para o meio das suas pernas e dar uma ordem: “Chupa!”, enquanto segura forte a pessoa pelos cabelos sem dar a ela uma alternativa. Ela pode parecer a esposa boazinha, mas, em seus pensamentos – é ela quem dita o ritmo da música com a qual vai rebolar. “Rebolar” literalmente – seja sensualmente enquanto tira a roupa, seja em cima da cara de um coitado sortudo, ou na pica de um filho da puta que ganhou na loteria.

Patrícia é inteligente, questionadora, gosta de ser provocada, instigada. Então, em sua homenagem, escreverei histórias, contos e pensamentos de vez em quando. A frequência não sei, pois também tenho minha vida de aparências do lado de cá – que é, a rigor, a vida real que eu levo.

Meus pensamentos e fantasias vão além de “vou te pegar e faremos amor o final de semana inteiro”. Primeiro, gosto de fantasiar cenas um pouco realistas, e ninguém tem energia de ficar transando por horas a fio, por dias a fio. E, mesmo que houvesse essa energia, ambos sairiam esfolados e destruídos da experiência e não seria nada agradável. Segundo, em minhas fantasias, Patrícia é minha mulher. Não “minha” no sentido patriarcal e machista com o qual homem trata sua mulher. “Minha” no sentido paradoxal de que, sendo minha, é de todos e todas quanto ela quiser. Tenho tesão de imaginar ela me ligando e dizendo alguma coisa como “Querido, sabe seu amigo do futebol? Ele veio aqui cuidar de mim enquanto você está viajando, tudo bem? Lhe envio fotos”.

Mas, para concluir esse texto que já ficou mais longo do que eu pretendia, quero imaginar como seria nossa primeira vez. Como disse, nunca nos vimos e a receita para o primeiro encontro ser uma brochada incrivel é real. Então imaginei a seguinte cena.

Por algum motivo, estaríamos na mesma cidade e não teríamos que nos preocupar com nossos cônjuges ou filhos. Estavam viajando? Haviam sido teletransportados por um buraco de minhoca para outra parte da galáxia? Não sei. É um conto. E neste conto, Patrícia e eu estávamos na mesma cidade e livres. Como somos muito íntimos pelo celular e provavelmente seríamos dois tocos ao vivo, imaginei um ritual de encontro e paguei a suíte presidencial de um grande para nós dois por um fim de semana. Motel é coisa de adolescente. Hotel, suíte. 5 estrelas. Champagne. Não teria economia aqui.

Patrícia estaria me esperando na suíte, enquanto conversávamos e nos aquecíamos pelas conversas no telefone.

No momento do encontro, tudo estaria escuro, exceto por uma parca luz de velas a alguns metros dela. Importante tanto para eu não chutar a quina de uma mesa quando eu entrasse, quanto para vislumbrar, de leve, e aos poucos, suas curvas. É meu primeiro momento com Patrícia, e precisa ser degustado com o máximo de detalhes possível. A revelação deve ser aos poucos.

Estaríamos agora na mesma cama, sob luz de velas, sem ter trocado uma única palavra pessoalmente. Quero consumi-la por inteiro, centímetro por centímetro.

Não tenho fetiche com pés, mas começaria por eles, com beijos e carícias. Subiria pela canela, joelhos, um de cada vez, mas pararia por ali antes de subir. O melhor precisa ficar para o final. Viro Patrícia de bruços, e beijo a parte posterior de sua coxa enquanto acaricio seu bumbum. Exploraria suas costas, subindo até chegar à nuca.

Hora de virar Patrícia de frente e encará-la pela primeira vez. “Oi”. “Oi”. E nos beijamos na boca pela primeira vez. Um beijo demorado, proporcional à ansiedade que tivemos até chegarmos a aquele momento.

Quanto tempo já passou? Não sei... mas não importa. O tempo ali é nosso servo. Ela a rainha. Eu o rei.

Desço para os seus seios e namoro apaixonadamente cada um deles. Patrícia possui seios pequenos e delicados. Uma delícia ímpar no meio desse tanto de silicone por aí. Seus seios merecem atenção, e terão.

Descendo pela barriga, púbis, chegamos à sua maravilha. Tiro sua calcinha, e faço questão de me deter um minuto para cheirar aquele perfume delicioso tesão. Patrícia já está toda encharcada, e eu provarei daquele néctar. Beijo a buceta de Patrícia apaixonadamente, como um adolescente que beija uma boca pela primeira vez. Todas as partes ali merecem atenção: lábios, o canal em si e o clitóris. De vez em quando paro para dar uma sopradinha. Ela se contorce toda quando faço isso, e o sopro faz com que seu perfume de sexo se espalhe pelo ar.

Patrícia se contorce enquanto tem orgasmos múltiplos. Um depois do outro. Seu gemido me faz lembrar o áudio que me enviou 4 anos atrás, em nossa primeira troca de sacanagens. Temos uma experiencia de catarse. É aquela alegria do time que ganhou a Libertadores de virada com gol no último minuto. O que veio depois disso eu não consigo descrever com detalhes. Seria basicamente instinto, força, tapas, enquanto nossos corpos se fundem em um.

Dormimos e acordamos na manhã seguinte para, finalmente, nos conhecermos ao vivo e a cores, à luz do sol da manhã. Já não há gelo a ser quebrado. Não sobrou gelo nenhum depois da noite anterior.

Ela sorri. Eu sorrio. E o despertador toca. Fim do sonho.

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