As Senhoras | Capítulo 5: A verdade, pura e crua

Um conto erótico de Bia T
Categoria: Homossexual
Contém 2589 palavras
Data: 09/04/2019 21:35:58

Oi meus amores! Adivinham? Hoje tem mais um capítulo da série As Senhoras!

As Senhoras | Capítulo 5: A verdade, pura e crua

Thaís ficou perplexa com o que estava vendo. Seu irmão mais velho, a quem sempre viu como machista, preconceituoso e mulherendo estava ali na sua frente, vestido como mulher e parecendo uma menina indefesa. Parecia um sonho, ou seria um pesadelo? Na verdade Thaís sempre tentou mudar o irmão. Nunca aceitou suas atitudes irresponsáveis e por vezes cruéis que tanto afetavam as outras pessoas. Algumas vezes Thaís o admirou, pois achava o irmão bastante inteligente, esforçado e focado nos objetivos; algumas vezes ela o detestou pois seu comportamento beirava a de um tirano. Contudo, ela sempre o amou e jamais pensou em um dia ver uma cena daquelas. Ela ficou um tempo paralisada, sem saber o que fazer, até que Paula resolveu falar.

Paula: Por favor, mana. Eu te imploro... fala comigo, por favor... – Paula pôs a mão no rosto e começou a chorar.

Thaís: N-não! Não chora Paulo... E-eu.. eu nunca imaginei te ver um dia assim.. eu.. não sei o que dizer.. como você resolveu fazer isso? Assim, de repente, de uma hora para outra?? Como vamos explicar isto para o papai??

Paula: N-Não! Deixa que eu explico! E-ele está aí?

Thaís: Ele não está em casa hoje, saiu para pescar.. eu não acredito que estou vendo isso.. Paulo, você tem certeza que quer isso pra sua vida? Você nunca demonstrou esse tipo de comportamento..

Paula: Mana... eu sempre fui assim, desde pequeno.. só que eu tentei, durante a minha vida toda, esconder isto de todo mundo! Mas eu não aguento mais... eu preciso me libertar, irmã! Por favor me ajuda... eu quero ser eu mesma, por favor...

A performance de Paula era tão boa que Angela e Renata, que assistiam a tudo de dentro do carro que estava parado na rua ao lado, ficaram surpresas. Na verdade, ficaram até confusas, pareciam que estavam assistindo a uma cena de novela das 20:00.

Thaís: Vem aqui! Me dá um abraço! – Thaís também começou a chorar, sentindo muita dó do irmão.

Paula: Você me promete que vai ficar ao meu lado? Eu vou sofrer muito sem você por perto.. – Paula disse, enchugando as lagrimas.

Thaís: Claro que vou ficar ao seu lado, sempre... você é uma pessoa maravilhosa, Paulo, e eu sou sua irmã! Eu te amo! – Thaís ainda se sentia meio confusa com tudo aquilo, mas queria ajudar o irmão.

Após se abraçarem mais uma vez, decidiram entrar na casa. O coração de Paula batia forte e rápido, quase saindo pela boca. Ela queria forças para encarar sua mãe, a quem sempre desprezou. Chegando na sala, viu sua mãe sentada no sofá, olhando atentamente para Paula, sem piscar e com uma cara já meio triste.

Maria Alice: Ai meu Deus! É você, não é Paulo!? Jesus... eu temia que um dia isso acontecesse, meu filho! Eu temia muito.. mas não teve jeito! Eu e o seu pai fizemos de tudo para que isso não acontecesse! – A mãe de Paula disse de uma maneira preocupada mas completamente diferente do que Paula esperava que ela fizesse. Ela achou que a mãe iria chorar, gritar ou até mesmo ficar furiosa. Nada disso aconteceu.

Paula: O quê? Como assim mãe? A senhora... não vai chorar ou ficar zangada?

Maria Alice: Meu filho.. eu já chorei tanto por você... meu coração viveu apertado por todos esses anos.. eu e seu pai tentamos evitar que um dia isso acontecesse...

Paula: Como assim?

Após a mãe de Paula não aguentar e chorar um pouco e abraçar o filho, ela finalmente explicou tudo o que acontecera, desde que Paulo era pequeno.

Maria Alice: Filho... você sempre gostou de ser menina. Sempre! Desde criança você queria por que queria ir para a creche e depois para a escolinha vestido de menina. Eu e seu pai ficávamos loucos com você.. você queria usar roupas de menina e queria brincar só com as meninas, você brincava de boneca, brincava de pintar as unhas com guache.. eu e seu pai tentamos de tudo. Uma vez te demos uma bola de futebol no seu aniversário de seis anos, que você não brincou nem uma vez. Tentamos te levar para assistir a uma partida de futsal no ginásio mas você só queria saber de voltar pra casa porque queria por as roupas que sua priminha tinha esquecido em casa. Tentamos até mesmo te levar para fazer judô. Os outros meninos tiravam sarro e você sempre saia correndo, chorando e pedia para ir embora. Não tinha jeito, você nunca gostou de esportes masculinos!

Paula escutava aquilo em choque. Sua mente parecia que estava longe.. como fica alguém quando viaja para o passado. E, neste caso, era um passado obscuro e perdido, que por alguma razão Paula fez questão de esquecer por todos esses anos. Thaís, Angela e Renata ouviam a história absolutamente pasmas. Não conseguiam acreditar no que Maria Alice dizia.

Maria Alice: Tentamos de tudo, eu juro meu filho! Te levamos para o psicólogo, para o psiquiatra, para o padre, para o pastor... Ninguém resolvia o nosso problema... e você ficava cada vez mais parecido com uma menina. Você agia e falava que nem uma, pensava como uma e estava cada vez mais... feminina. Seu pai começou a me odiar por isso, ele dizia que a culpa era minha, que eu te mimava demais. Ele não aceitava ver o único filho dele daquele jeito e, então... aconteceu! – Maria Alice travou, parecia que sua garganta havia se trancado, tamanha era a angústia que sentia por ter de revelar o resto da história para o filho.

Paula: A-Aconteceu o que, mãe!?!

Maria Alice: Seu pai! E-Ele... ele te bateu! Não! Ele te espancou, isso sim... Ele te pegou um dia vestindo uma saia da sua irmã.. meu Deus... ficou louco, parecia que estava endemoniado! Ele te bateu tanto... eu tentei impedir mas ele trancou a porta... sinto muito filho, até hoje eu escuto seus gritos, eles nunca sairam da minha cabeça! Depois disso, seu pai abriu a porta do quarto e eu entrei... eu te vi desmaiado em cima da sua cama.. e ele nunca me deixou contar isso pra ninguém! Até me ameaçou dizendo que, se eu contasse para a polícia, ele me mataria! Sinto muito filho, a mamãe sempre te amou! – Maria Alice começou a chorar copiosamente, desesperada.

Thaís: M-Mãe!! Mas que história é essa? Meu Deus, eu nunca houvi nada disso! O-O pai?? Será que a senhora não está imaginando as coisas, fazendo confusão??

Paula: Não, Thaís! É a pura verdade! Tudo o que a mãe disse agora... é verdade. Eu me lembro... eu não sei por que eu esqueci mas agora eu me lembro de tudo!!! – Paula ouviu a história da mãe e aquilo parecia ter tido o efeito de um gatilho que desbloqueou tudo em sua cabeça. Ela agora se lembrava de tudo... se lembrava até mesmo das dores que sentira pelo corpo após apanhar tanto.

Maria Alice: É verdade sim.. a mamãe jamais mentiria sobre uma coisa desta! Depois daquele dia.. você mudou! Você não agia mais como menina mas também eu nunca mais te vi sorrindo. Parecia que... você tinha morrido por dentro. Você começou a agir diferente, de um jeito estranho. Começou a brigar na escola com os colegas, com os professores.. começou até a bater na sua irmã! Eu nunca entendi tamanha mudança... e seu pai dizia que era melhor assim, pois você cresceria como homem.. e ele dizia que preferia que você virasse bandido ou morresse do que virar mulher. Então ele me proibiu de te ensinar qualquer coisa... ele dizia que ele mesmo iria te educar e eu não devia me intrometer... você não sabe, filho, o quanto eu me magoava quando você não me obedecia.. ou quando maltratava todas aquelas moças que você namorou.. tudo culpa do seu pai! Seu pai sempre foi muito machista.

Paula escutava a história e entendia tudo, parecia que agora tudo se encaixava. Ela começou a sentir uma angústia, uma dor, um aperto tão forte no peito que começou a chorar, e sua mãe e irmã vieram abraçá-la. Paula sentia tanta raiva do pai que não queria sequer encará-lo naquele dia e pediu para ir embora.

Maria Alice: Sabe filho... você quer ir embora e eu sei que é duro relembrar uma história desta... talvez teria sido melhor se você continuasse esquecido de tudo.. mas a mamãe nunca quis nada disso pra você... Se um dia você decidir continuar a se vestir de mulher, eu vou te aceitar, do jeito que você é! Eu sou mãe e uma mãe não julga seus filhos desta forma. Eu amo vocês dois, daria a minha vida por vocês!

Conversaram e choraram mais um pouco e Paula se despediu da mãe e da irmã e saiu da casa revoltada, parecia que era outra pessoa tamanha a raiva que sentia por ter sido enganada e reprimida a vida toda pelo pai.

Paula: “Eu sabia! Eu sou transsexual... sempre fui, desde pequena. Agora entendo meu comportamento na frente da Renata e da Angela... quer dizer.. tá certo que eu estou ferrada e que tenho que pegar empréstimo.. mas no fundo eu queria tudo aquilo, queria virar uma garota, igual a elas..” – Paula pensava e sentia ainda mais raiva.

Paula: “E agora eu também entendo minhas atitudes com todo mundo.. eu realmente sentia ódio por dentro por não ser o que eu sempre quis ser.”. “Será que aquela voz que eu escutei duas vezes ontem não era a verdadeira Paula querendo se libertar???” – Mais lágrimas brotavam nos já inchados olhos dela.

Paula pensava e caminhava pela calçada, meio perdida, quando escutou Angela e Renata a chamando.

Angela: Paula! Paulinha.. sinto muito por tudo aquilo, eu... eu.. jamais achei que aconteceria tudo o que aconteceu.. eu.. quero dizer, eu jamais iria tão longe.. principalmente porque sempre gostei da sua irmã e da sua mãe!

Renata: É Paula.. você pode não acreditar mas eu também não chegaria a tanto! Eu também gosto da sua mãe... me desculpe..

Paula: T-tudo bem, garotas! Eu só preciso descansar um pouco.. vamos para casa? – Paula disse meio melancólica.

Angela: Vamos! Entra aqui no carro..

# Três horas depois...

Paula passou o resto da tarde de Domingo trancada no quarto, tentando esquecer a própria existência. Sentia dó da mãe, que passara um inferno por todos estes anos, e sentia raiva e tristeza quando pensava no pai. A dor da verdade que escutara da mãe teve um efeito avassalador em Paula.

Paula: “Por que ele fez tudo aquilo? Por puro preconceito? Preferiria me ver morta a ter uma filha transsexual? Não consigo entender tanta ignorância!” – Paula continuava a ter pensamentos pesados, quando escutou uma batida na porta.

Angela: Oi, meu amor... Tudo bem!? Já está melhor? – Angela entrou no quarto, sorrindo amigavelmente.

Paula: E-Eu estou triste, Angela!

Angela: É, eu sei meu bem... mas temos que conversar, ok?

Paula: Ok...

Angela: Sabe... pelo o que eu entendi, você sempre foi transsexual, não é verdade? Toda aquela cena em que você se assumiu para sua irmã e pra sua mãe... aquilo na verdade não foi uma cena, foi real, não foi?

Paula: S-Sim... acho que sim.

Angela: Então... por que você não aproveita e se assume de vez? Pelo o que eu sei, você sempre foi mulher por dentro.. e toda aquela história com seu pai? Não que eu tenha gostado do que você fez pra mim e pra Renata mas agora nós meio que entendemos o seu lado...

Paula: E-Eu não sei, preciso de um tempo para pensar...

Angela: Isso, pensa direito.. nós ficamos com dó de você, é sério. A Renata nem quis vir aqui por que disse que não tinha coragem pra te encarar. Vamos fazer o seguinte: eu te dou o empréstimo, sem problemas.. e te deixo decidir sobre seu futuro! Se você quiser continuar a ser homem, tudo bem, não vamos te importunar mais, já tivemos nossa vingança. Aposto que só duas doses de hormônios não farão você virar mulher. Agora, caso queira levar a história pra frente, e quiser ser mesmo menina, é só falar pra mim, tudo bem? Eu te ajudo com os custos e com todo o resto..

Paula: S-Sério? P-Puxa... obrigada.. não sei o dizer!

Angela: De nada! Pensa direitinho, com calma.. eu juro que qualquer escolha que você fizer, não importa, terá o empréstimo e poderá quitar suas dívidas, você tem minha palavra de honra, pode acreditar! Aliás, amanhã mesmo vou te depositar o dinheiro... e se você quiser, pode voltar pra sua casa também, não vou mais te obrigar a ficar aqui.

Paula: Obrigada Angela... você está sendo uma amiga agora, nunca pensei que ouviria isso de você! – Paula se sentia um pouco menos triste.

Angela: De nada! – Angela sorriu verdadeiramente.

Paula refletiu muito sobre a proposta de Angela e decidiu voltar pra casa pois precisava de tempo e de um pouco de solidão para pensar sobre tudo. Se tornar homem ou mulher, aquilo ecoava na cabeça dela. No caminho para casa, vestido de homem, pode reparar em diversas pessoas, que antes se diziam seus amigos, cochichando e rindo. Ou seja, Paulo começara a sofrer preconceito pois suas histórias e seus vídeos já tinham se alastrado pela cidade toda. Quando foi pegar o elevador para seu apartamento, jurou que viu o porteiro rindo. Sua vizinha, que antes parecia que sentia um tesão louco por ele, agora nem olhava na sua cara. Paulo não queria admitir, mas estava com medo.

Voz: “Você não precisa ter medo! Eles não sabem de nada da sua vida.. seja você mesma, seja feliz!” – Paulo ouviu a voz em sua cabeça.

Paula: “Mas o que eu faço? Terei que aguentar esse tipo de preconceito pelo resto da minha vida!“

Voz: “Você sofrerá preconceito de qualquer jeito! Permanecer homem ou virar mulher, sua decisão não mudará as pessoas! Somente a sua felicidade está em jogo aqui...”

Entrando em seu apartamento, sentiu uma solidão que nunca sentira em sua vida. O apartamento não era tão grande, mas parecia gigantesco naquela noite. Até mesmo Renata fazia falta para Paulo. Cansado, ele foi para o quarto e viu sua imagem masculina refletida no espelho, sentindo tristeza.

Paulo: Por que estou triste? Eu, eu...

Ele viu a sacola que trouxera com as roupas femininas que comprara no shopping. Resolveu usá-las, por pura curiosidade. Assim, vestiu uma calcinha de rendinhas, o soutien com preenchimento e vestiu uma sainha rodada branca, curta. Colocou uma blusinha preta, uns anéis, e seus brincos delicados. Completou com a peruca loira e passou um batom rosinha. Sentiu o velho frio na barriga.

Paula: E-eu... eu me sinto... Tãooo bem! Tãoo livre! – Ela disse feliz e sorriu para o espelho, deixando lágrimas escorrerem pelo rosto mais uma vez.

: - );-) :-o

Pessoal, eu sei que algumas pessoas não gostaram de ler este capítulo pois é meio triste e tal e alguns até dirão que este site não é lugar para este tipo de história e blá blá bla. Mas é tudo pensado em desenvolver o conto da melhor forma possível porque assim as cenas de sexo ficam ainda melhores! E, além disso... fiquei revoltada com a história de uma amiga que apanhou do pai neste final de semana por se assumir trans, por isso resolvi desenvolver este capítulo e encaixar no conto! Força, Fê.. estamos aqui por você!

No próximo capítulo teremos as cenas tanto aguardadas, não se preocupem! Vocês verão (de novo) do que eu sou capaz!

Beijinhos!

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Comentários

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Linda, está perfeito o conto, justa sua homenagem e preocupação. Amei mais ainda vc com este teu cuidado e carinho.

Esta linda a história e vc é especial pra mim.

Parabéns.

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Linda, está perfeito o conto, justa sua homenagem e preocupação. Amei mais ainda vc com este teu cuidado e carinho.

Esta linda a história e vc é especial pra mim.

Parabéns.

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Não gostar? Esse plot twist foi sensacional! Está de parabéns. Entro todo dia pra ver se já saiu a continuação.

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Pessoal, pra quem quiser falar comigo, conversar, elogiar, me xingar, kk, procurem por Bia Trans no skype! Mas só posso falar à noite.. bjos!

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Obrigada Ly, eu mudei um pouco o foco do conto mas prometo que continuará bem pensado e tramado. Feminização forçada é bom mas acho que funciona mais com contos mais curtos. Esperem por ver, as próximas cenas serão de arrasar, hehe!

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Vamos lá conto ótimo continuar logo para não esquece o que acontecer

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Incrível, o desenrolar da trama está interessante, passou de feminização forçada (algo que eu não curto muito) pra uma situação de transexualismo... Essa história tem de tudo pra ser explendida (mais do que já é KKK) muito bom conto Bia T, só não faz que nem eu que começo um conto e paro rsrs pfv S2

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