Os Verões Roubados de Nós/ CAPÍTULO42

Um conto erótico de D. Marks
Categoria: Homossexual
Contém 3387 palavras
Data: 10/03/2019 10:47:54

Pessoal, tudo bem com vocês?

Respondendo aos comentários:

"VALTERSÓ" - Eu não dei feedback dos anteriores porque o conto está na reta final e como meu marido diz: eu sou o rei do spoiler, então estou tentando evitar. Quanto ao link que deixei sobre TEPT é para ajudar as pessoas a entenderem um pouco melhor. Ninguém faz "drama" após um trauma a toa, tem muita carga emocional envolvida.

"arrow" - Obrigado pelo comentário! ;)

"OVINGADOR" - Obrigado por ler. Eu escrevo para vocês. Abraços.

"Lebrunn" - é muita culpa mesmo. Imagina uma criança crescendo sob a influencia de uma manipuladora vingativa. Torna-se um psicopata, só que com uma diferença. ELES são mestres na manipulação e invertem o jogo rapidinho... Abraços.

Boa leitura a todos.

abraços.

D.

Os Verões Roubados de Nós

Capítulo 42

Narrado por Diego

Acordei de madrugada com Tati movendo-se bruscamente na cama e saindo apressada do quarto. Então, ouço um chamado em voz alta. Levanto-me e vou atrás dela e percebo que estou apenas de cueca. Rapidamente coloco uma camiseta e o short e na saída dou de cara com Fernando.

— Você também ouviu? – ele pergunta.

— Sim...

Vemos Tati sair e rapidamente descer as escadas e então nos aproximamos. Bato na porta e Enzo nos convida a entrar. Por mais que Gabriel tente disfarçar consigo perceber seu olhar de desespero e medo. Enzo o conforta com o semblante fechado. Fico preocupado, pois já imaginava que algo assim pudesse vir a acontecer e até pesquisei um pouco sobre o assunto. Acho que meu cunhado está com estresse pós trauma, porém como ele havia passado um tempo desacordado acreditei que não se lembraria de nada. Parece que me enganei. O cérebro humano realmente é uma caixinha de surpresas.

Permanecemos com ele até Tati retornar com o chá e tentar acalma-lo com isso. Minutos depois, percebo que eles queriam privacidade, resolvo que é hora de irmos para a cama. Fernando sai primeiro e Tati sai apenas quando Gabriel afirma que está bem.

Assim que entramos no quarto ela declara:

— Ele não está bem.

Eu me deito e a puxo para meu peito acariciando sua cabeça.

— Não. – confirmo – Mas ficará quando receber ajuda adequada, amor.

— Ajuda psicológica, você quer dizer?

— Sim.

— E se não funcionar? – ela se levanta e pergunta preocupada e seu semblante muda para raiva – Tudo isso é culpa daquela bruxa! E daquele desgraçado do Ítalo.

— Shiii... – eu a puxo novamente – Meu amor, vai ficar tudo bem. Vocês estão protegidos.

— Como você sabe? – ela pergunta.

— Porque você tem um segurança particular aqui te protegendo e amando. – dou uma risadinha.

— Protegendo pode ser... – sinto sua mão escorregar – mas amando...

Não deixo ela terminar a frase, pois no instante seguinte estou em cima dela.

*****

Acordo com o barulho do celular vibrando. Tati dorme tranquilamente ao meu lado. O visor indica que é Francisco.

— Alô...

— Bom dia, Diego. – ele me cumprimenta – Está podendo falar?

— Bom dia, posso falar sim. Só um instante. – saio cuidadosamente da cama e vou para o banheiro encostando a porta – Pronto, pode falar.

— Quero que você saiba que Pietro e eu contratamos uma empresa de segurança privada para proteger a todos. – o homem não brinca em serviço mesmo – E quero que você conte apenas ao Gabriel, ok? Eles irão estar pelo condomínio e segui-los a paisana.

— Ok. – sinto um certo alívio pela notícia – Soube de algo mais?

— Ainda não... – ele responde – Ligarei mais tarde para Antônio ou Vargas para ter notícias.

— Sim, eu também entrarei em contato com eles mais tarde.

— Como eles estão? – sua voz demonstra preocupação – Como foi o reencontro deles?

— Eles estão bem, Francisco. – digo – O reencontro foi bem, pode acreditar. Eles estão mais grudados que antes.

— Aaahhh... Que alívio! – ele ri – E Tati? Como ela está?

— Sim. Ela está bem... – agora sorrio e espio pela fresta. Ela ainda dorme – Todos estão bem e seguros. Fique tranquilo.

— Sei que estão e lhe agradeço por isso, Diego. Cuide dos meus filhos. – ele fala – E quando digo filhos estou incluindo Enzo.

Realmente, esta família é muito unida e leais uns aos outros.

— Pode deixar, sogro. – ouço seu riso.

— Ok, meu genro. Vou desligar, pois tenho um dia cheio hoje.

— Tudo bem, qualquer coisa ligue-me imediatamente, por favor

— Pode deixar. – ele responde.

Conversamos mais um pouco e desligo. Resolvo fazer minha higiene matinal e tomar um banho e assim que entro no chuveiro sinto uma mãozinha me acariciar e seu corpo encosta no meu.

— Bom dia, amor. – ela diz com voz e meu pau reage na hora.

— Bom dia, linda. – e me viro para começarmos bem nosso dia.

**********

O dia está acabando, Fernando foi embora pela manhã e fui dar uma caminhada para observar o trabalho dos seguranças e conversei um pouco com eles.

Liguei para casa e falei com minha filhota e minha mãe e com isso consegui relaxar um pouco depois de falar com elas. Conversei também com Enzo e tive prova de seu amor e lealdade para aqueles que ama. Já com Gabriel foi diferente e mesmo em sua fragilidade emocional ele conseguiu ser teimoso. Que cabeçudo!

Meu celular toca.

— Fala.

— Grosso... – ele diz. Toma velho! – Precisamos que volte para capital e traga Tatiana com você.

— Por quê? – fico apreensivo e ressabiado com a informação – Não quero expô-la ao perigo, Antônio.

— A carta está aí com ela? – ele pergunto e confirmo – Então, idiota, vocês precisam traze-la. Ou você prefere que o meliante continue solto?

— Droga! – resmungo – Quando?

— Amanhã. – ouço ele resmungar com alguém – O quanto antes melhor!

Suspiro e esfrego meus olhos.

— Ok. Vou conversar com ela e iremos o quanto antes. – digo – Vocês tem um plano?

— Sim e diremos quando você chegar. – ele responde.

— Não vai expor minha namorada, não é, Antônio? E nem os meninos?

— Claro que não... – ele responde em voz baixa.

Não gostei da resposta, mas confio nele para não expô-los a um risco desnecessário.

— Tudo bem. Amanhã estaremos aí. – digo, mas ressabiado.

— Ótimo. Até amanhã. – e desliga. Como sempre na minha cara.

— Velho cretino! – xingo e volto para casa, pois preciso conversar com Tati – Deus nos ajude.

************************************************************************************

Narrado por Tati.

Após acudir meu irmão de seu pesadelo voltei para o quarto com Diego a contragosto no início, mas depois fizemos amor bem gostoso. Na verdade, meu namorado é gostoso demais e dormi feito um anjo. Acordei mais que disposta e fui encontra-lo banheiro.

Fui pra lá de animada depois encontrar meus outros dois amores.

— Meninos? – bato a porta – Está tudo bem?

Diego me chama, mas xingo e bato novamente.

Enzo abre a porta com tudo fazendo com eu caia de joelhos diante dele.

— Sabia que você era dada ao voyeurismo, Tatiana! – ele fala rindo. – Estava querendo ouvir nossas putarias atrás da porta?

— Aiii, Eno... Seu grosso! – eu me levanto, bato nele e entro – Oi, maninho. Dormiu bem?

Vou para a cama deles e ficamos lá até por volto das 10:30h. Está frio, nuvens carregadas encobrem o céu. Eno vem comigo a contragosto, porém sabemos que Gabe precisa de um tempo. Encontramos Zenaide ajeitando a casa e após cumprimenta-la vamos para a cozinha. Conversamos um pouco até que Diego entra e sai com Eno para conversarem. Fico sabendo que Fernando foi embora. “Como assim? ” penso curiosa. Olho para Zenaide e ela sorri.

— Ele é um bom rapaz. Cuidou do Enzo como um irmão cuida do outro.

Observo pela janela a conversa dos dois.

— Eu achei que ele estivesse afim do Eno. – olho para ela ressabiada – Jura que ele não tentou nada?

— Juro! – ela beija os dedos – Não posso comentar a vida dele, mas eu garanto que pelo menino Enzo é só amizade. – e suspira balançando a cabeça – Tadinho.

E volta a seus afazeres. Estou curiosa para saber a história de Fernando. Gay eu sei que ele é, lindo também, gostoso ao extremo e muito gente boa. Não gosto de ver os meninos sofrerem por nada, o mundo já sabe ser cruel ao extremo com eles somente porque escolheram amar outro homem. Sociedade hipócrita. Olho para Zenaide querendo arrancar mais alguma informação, mas ela conhece o olhar e avisa.

— Ah... Nem vem que não tem! – e ri – Não vou ficar falando da vida dos outros para ninguém.

— Credo, Naide! Eu só fiquei curiosa... – e faço um olhar pidão – Conta vai...

Ela ri com gosto.

— Esse olhar só funciona com o menino Enzo, portanto você precisa praticar mais... – e sai da cozinha ainda falando – Ou melhor, nem faça porque não combina com você.

— Chata! – digo e ouço mais uma vez sua risada.

Volto minha atenção para fora e Eno está em pé à beira da piscina e Diego está com a mão em seu ombro.

— O que vocês tanto conversam, hein?! – falo e vou para a despensa.

Passado alguns minutos eles entram e me encontram saindo da despensa.

— Ele é um bom homem, gata! Digno de você. – ganho uma piscada e uma bitoca na ponta do meu nariz – Eu aprovo!

— Ok... – digo lentamente – Eu agradeço.

— Beleza... Agora vamos ver o que preparar para o almoço! – ele diz apontando para minha mão cheia de coisas fora as que já estavam cortadas sobre a pia.

— Com certeza, Eno! – vou até a pia – E você pode me contar tudo sobre a partida de Fernando e esta história de ajuda-lo.

Ele revira os olhos.

— Além de empata foda é curiosa! Oooo mulherzinha! – rimos – Eu vou te contar.... Apenas algumas partes.

Ele me conta o que sabe, porém sei que ainda tem mais na história. E assim, meu primo ganha mais uma aliada na saga Fernando e Vítor.

********************************************************

Não demora muito e vejo meu irmão ir para fora com Diego. Há algo estranho que ninguém está me contando. Eno cismou que quer uma arma e Gabe sai com meu namorado para uma conversa em particular.

Dou uma pancada forte na bancada e destruo o pepino que estou cortando. Quando olho para o lado vejo Enzo apenas me observando com a sobrancelha arqueada.

— O que foi? – pergunto séria.

— Nada... – ele responde calmo – só estou observando você estripar o pobre pepino.

— Vai se ferrar, Eno! – respondo grossa.

— Está de TPM? – sua voz é tão calma e agora um sorrisinho cínico enfeita seus lábios.

— Não!

— Pois parece...

— O Diego está escondendo algo. – respiro fundo – Sabe a sensação de que todos sabem de algo e não te contam?

— Sim... E estou com a mesma sensação. – ele me olha sério agora – Vamos esperar o almoço, ok?

Trocamos olhares. Vamos pegar Diego de jeito.

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Narrado por Enzo.

Eles retornam da conversa com o semblante descontraído, porém sei que conversaram algo mais sério.

Após o almoço ficamos na sala conversando bobeira até que solto:

— E então? – pergunto com voz calma.

— E então o quê, amor? – Gabe me olha confuso.

Ele está com a cabeça em meu colo numa posição confortável para ele.

— O que está rolando que vocês dois – aponto ele e Diego, que fica sem graça – Não querem nos contar?

— Nada, amor... Eu juro. – Gabe me olha – Sabe que não escondo nada de você...

— Escondeu sobre o restaurante! – corto.

— Eu não escondi, ok? – ele revira os olhos – Apenas guardei porque iria falar numa ocasião especial.

Olho sério para os dois.

— Sabemos que algo está acontecendo e... – eu me levanto – se acontecer algo ruim, já sabem, não é? De quem será a culpa...

Diego se encolhe e Gabe me encara irritado. Saio da sala e ouço Tati discutir com os dois. Eu inicio a guerra e ela continua. Sorrio, pois sair da sala dá um ar dramático a situação e, ao invés de subir saio pelos fundos e vou para a praia. O vento gelado bagunça meu cabelo e não demora muito e sinto um abraço por trás e um beijo na nuca.

— Estamos sendo vigiados. – ele diz e quando tento me virar para encara-lo suas mãos me mantém firme no lugar – São seguranças, amor... Nossos pais os contrataram. Meu pai pediu para Diego contar apenas para mim.

— Por que somente para você?

— Para me tranquilizar, eu acho... – sinto seus lábios no meu pescoço e fico excitado.

— E conseguiu? – eu me viro em seus braços e nos encaramos.

— Sim... Em parte. – ele sorri – Vida...

Passo meus braços por seu pescoço e o beijo que se inicia com carinho vai ficando intenso.

— Eno... – ele fala por entre nossos lábios – Eu quero...

— Eu sei, amor. – me afasto um pouco e sorrio – Vamos subir...

Vamos direto para o quarto. Tati e Diego sumiram. Adentramos nosso quarto e enquanto ele tranca a porta falo:

— Quero cavalgar em você! – ouço eu rosnado.

Ele vem até mim e nos beijamos. Começo a tirar sua roupa e o deito na cama com cuidado.

— Sua barba está maior. – digo esfregando meu rosto nela – E estou adorando, amor...

Fico em pé e tiro minha roupa. Ele está tão duro, tão lindo, tão gostoso.

— Enooo...

— Oi, meu amor... – observo o modo como ele masturba seu pau.

— Vem me chupar... Olha como ele está duro por você...

Sorrio e me aproximo da cama engatinhando até nossos paus se encostarem e me esfrego nele arrancando gemidos e rosnados.

— Sabe o que eu gostei, bebê? – sussurro em seu ouvido.

— O quê? – sua voz está rouca.

— Quando a Tati te chamo de “little dog”... Hmmm... Meu cachorrinho... Meu cachorrão...

Enquanto vou falando vou beijando e mordiscando seus mamilos, seu peito, sua barriga até chegar ao seu pau. Ajoelho-me e nos encaramos, então começo a lamber a cabeça e vou engolindo aos poucos. É tão bom ouvi-lo gemer. Faz tudo parecer real, tão certo. Chupo seu pau até senti-lo quase gozar em minha boca.

— Eno... Amor... Não quero gozar assim... Paraaa...

Eu paro e o encaro.

— Vem... – ele está ofegante – Quero chupar você.

Dou mais duas chupadas e subo lentamente até beijar sua boca.

— Quero seu pau... E sua bunda na minha boca... – ele fala – Agora...

Sorrimos.

— Safado, Gabe...

Faço o que ele manda e sinto sua mão puxar meu pau até engoli-lo. Que tesão. Ele chupa vorazmente meu pau enquanto me penetra com o dedo.

— Puta que pariu... Gabe... Aaahhh...

Ele me puxa e sinto sua língua e a barba na minha bunda. Fecho os olhos e me entrego as sensações que são incríveis. Saio de cima dele e desço rapidamente encaixando seu pau na minha entrada e simplesmente vou me empalando até senti-lo todo dentro de mim.

— Caralho, amor! – ele fala ofegante – Cavalga em mim!

— Então me come gostoso, cachorrão! – empino a bunda e começo a me movimentar.

Somos tão sincronizados. Os movimentos aumentam e seus rosnados ficam mais altos. O rosto dele, os olhos semicerrados, seu suor. Ele é tão lindo que me emociona. Abaixo-me e beijo sua boca e conforme meu pau vai esfregando em sua barriga sinto meu orgasmo chegar e gozo. As contrações em seu pau o faz gozar quase em seguida.

Ficamos ofegantes, suados e tremendo. Nossos olhos estão grudados um no outro.

— Eu te amo. – digo.

— Está errado... – ele faz uma careta – De novo.

— Eu te amo para sempre, Gabe.

— E eu te amo para toda eternidade, Eno. – entrelaçamos nossas mãos e me deito com cuidado em seu peito.

— Meu loirão gostoso! – sussurro.

Sinto um vazio ao sentir seu pau sair de dentro de mim.

— Eno...

— Oi, meu amor... – sussurro, pois o sono está chegando.

— Quero casar com você!

— Eu também, Gabe... – fecho os olhos e sorrio – Pode ser depois que descansarmos?

Ele ri ao ouvir meu bocejo.

— Claro, vida... – ele beija minha cabeça – Dorme tranquilo que estou aqui.

— Eu sei...

O sono vem e durmo ouvindo as batidas do seu coração.

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Narrado por Ítalo

Faz 3 dias que estou esperando minha mãe ligar e nada.

— Droga! – resmungo olhando para o teto.

Preciso agilizar minha fuga, contudo essa falta comunicação está me deixando raivoso ao extremo e temo que minha fuga pode ser comprometida. E o que eu não quero, terá que ser só.

Levanto-me e verifico meus documentos falsos. Primeiro irei para a Argentina e da lá tomarei um voo direto para o Reino Unido, porém preciso resolver urgente essa questão com minha mãe. Tomo um banho rápido e tento disfarçar minha aparência ao máximo. Entro num táxi e enquanto percorremos as ruas de São Paulo tento puxar pela memória para onde Gabriel pode ter ido. Bento invadira os locais mais prováveis que indiquei e nenhum sinal dele, da minha irmã ou de Enzo.

“Onde eles podem ter se escondido? ” penso irritado. De repente me lembro de uma conversa com minha mãe logo após a viagem de férias de Gabriel em janeiro quando contratei o serviço do detetive particular para vigia-lo.

— É claro! – falo em voz alta – Ele foi para Paraty!

E rio da descoberta.

— Está tudo bem, senhor? – o taxista me olha pelo espelho retrovisor.

— Sim... Agora está tudo ótimo, meu amigo! – pego meu celular – Bento... Preciso que vá a um lugar para mim. – pausa – Eu sei que você está ocupado, mas largue tudo e faça o que eu peço! – outra pausa – Quero que vá para Paraty. – ouço seu resmungo – Não me interessa, Bento. Você vai e pronto! – pausa para mais reclamações – Já falei para largar isso e voltar para o hotel. Eu te pago muito bem para fiar ouvindo reclamações. Vá e pronto. Conversaremos lá. – e desligo.

Após 40 minutos de percurso, o taxista para um quarteirão antes da casa de minha mãe, mas antes disso o fiz dar duas voltas pelo quarteirão para me certificar de que não havia ninguém vigiando.

— Obrigado, amigo. – dou o dinheiro – Fique com o troco.

Saio e caminho até uma entrada lateral da casa utilizadas apenas pelos empregados, segundo minha mãe. Não há ninguém na rua, então entro sem problemas. Olho por toda casa procurando pelos empregados e nada. Vou até a biblioteca e não a encontro. Com isso vou até seu quarto e nada também.

— Onde ela se meteu? – sussurro.

Minha mãe está começando a me enervar. Estou prestes a ir embora quando ouço um barulho vindo do antigo quarto do meu irmão. Aproximo-me lentamente e olho pela porta entreaberta e a vejo deitada na cama com um porta-retrato sob o peito.

— Mãezinha?

Ela abre os olhos e me encara.

— Ítalo?

— Sim, sou eu, mãezinha. – respondo e me aproximo – A senhora não me ligou.

— Ah... É-é-é... Estive ocupada. – ela tenta se sentar.

Sua aparência é horrível. Cabelo desgrenhado, roupas amassadas, sem maquiagem. Está tão diferente da imagem da Vera a qual estou habituado. Seu cheiro também não é dos melhores.

— Mãe... Quando foi a última vez que tomou banho? – pergunto – Já se alimentou?

Ela apenas me olha e lágrimas escorrem.

— Ainda... Não... – ela sussurra – Estou esperando Gabriel voltar do colégio.

Suspiro.

— Mãe, o Gabriel está morto! – digo frio – Ele não vai voltar.

Ela me olha horrorizada.

— Não diga isso! – ela derruba o porta retrato na cama – Ele é um bom menino, ouviu? Ele já vai chegar...

Resolvo entrar na paranoia dela.

— Ok, mãezinha, então a senhora deve se arrumar para espera-lo, certo?

Ela se levanta e cambaleia. Passa as mãos pelo cabelo e tenta desamassar a roupa.

— É verdade... – e por incrível que pareça ela sorri – Vou tomar um banho e mandar Judite fazer a torta preferida dele. Vai jantar conosco, filho?

Eu pretendia conversar com ela, porém diante desta fuga da realidade resolvo que não é um bom momento.

— Não posso, mãezinha. Vou ter que trabalhar. – empurro-a gentilmente em direção ao seu quarto – Vá, tome seu banho que eu volto quando estiver melhor, ok?

— Certo, meu amor! – sua voz se torna suave e ela acaricia meu rosto – Ligarei em breve.

Beijo sua testa e me despeço. Saio sorrateiramente por onde entrei e caminho até a avenida tomando outro táxi. Tenho outros assuntos urgentes para tratar.

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Narrado por Vera

Vejo Ítalo ir embora e ele não percebe minha encenação. Descobri que ele negociou esta casa e com sua venda teremos que ir embora. Ele roubou o próprio irmão causando um acidente que culminou com sua morte. Será que é verdade que realmente só damos valor quando perdemos algo? Ou alguém?

Culpa me invade o peito. Já em meu quarto tomo um banho e começo a tecer meu plano. A dúvida ainda me consome, porém tudo deve ser feito com discrição. Ligarei para o delegado e contarei tudo. Prefiro ver meu filho preso do que mais um morto.

Mesmo estando ainda sob efeito do álcool estou pensando numa maneira. Após o banho desço para fazer um lanche e aumentar meu estado de sobriedade. Preciso estar totalmente sóbria e lúcida para o que vou fazer.

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Comentários

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Vera acabará sendo a salvação de todos, inclusive dela mesma. Estou gostando de o autor ter feito Vera agir pelo lado racional. Avancemos!!.

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POBRE VERA! INFELIZMENTE MUITO TARDE PARA ARREPENDIMENTOS. DEVERÁ PAGAR PELOS CRIMES COMETIDOS. MAS O QUE SERÁ QUE ELA ESTÁ PLANEJANDO? SERÁ QUE ESTÁ SÓBRIA O SUFICIENTE PARA CONSEGUIR? ESPERO QUE SEJA PELO MENOS UMA BOA AÇÃO PARA REDIMIR UM POUCO SUA MALDADE. ESPERO QUE ÍTALO NÃO CONSIGA NADA CONTRA OS MENINOS EM PARATY. AFF. SÓ DE PENSAR NO ESTADO DO GANRIEL FICO IRRITADO E NERVOSO AQUI. UM COMENTÁRIO. FOI INFELIZ A FALA DA TATI: ' O MUNDO JÁ SABE SER CRUEL DEMAIS COM ELES POR TEREM ESCOLHIDO OUTRO HOMEM PARA AMAR'. LEDO ENGANO TATI, NÃO SE TRATA DE ESCOLHA. TIRE ISSO DO SEU PENSAMENTO. FOI EXTREMAMENTE INFELIZ NA FRASE.

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Oiii...

Olha; uma crítica construtiva!

Acho que tem muita barriga...

Os últimos 3 capítulos foram exatamente iguais...

Sendo contado repetidamente por cada um dos personagens, sem trazer nada de novo.

Então para não compromenter a história que é ótima, se for preciso encurta, para chegar ao final, pois francamente, mesmo amando a narrativa ta ficando chata de mais essa repetição....

Então querido já que você fala que está entrando na reta final, vamos logo a ela!

PS: Reafirmo o meu amor pela hisrtória.

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Jesus do céu quanto suspense. Fico me perguntando se talvez a Vera soubesse que seu filho esta vivo, será que ela ainda iria continuar com essa vingança?

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