Coração de Gelo | 12 |

Um conto erótico de Isaac Cruz
Categoria: Homossexual
Contém 1903 palavras
Data: 01/03/2019 15:17:27

Erik Shulz

Um dia antes de tudo acontecer eu recebi uma ligação do departamento de RH da Millenium a maior construtora do país, sempre foi meu sonho construir uma carreira lá desde que comecei a faculdade, fiquei muito empolgado com a notícia e queria muito contar para minha mãe, mas minha próxima visita a ela no hospital seria na manhã seguinte antes da entrevista. Desci do ônibus com Theo no meu colo e entrei no condomínio, passar por essas ruas não é a mesma coisa de antes, lembro de quando era um garotinho e passava os fins de tarde brincando com meus amigos ou andando de bicicleta.

Naquela época nem imaginava que toda minha vida seria como é hoje, entramos em casa, a pintura já está bastante desgastada, a grama está alta, as contas não param de chegar e nossa comida já está quase escassa.

- Elique! - disse Theo correndo na minha direção - Ola o que eu encontlei! - ele tinha um brilho no olhar e um sorriso de orelha a orelha

Ele segurava um gatinho, na verdade estava mais para esmagar, pois o bichano tentava em vão se livrar dos braços do meu irmão, eu ri de toda aquela situação.

- Ele é muito bonitinho Theo!

- Podemos cliar ele?

- Hum, você promete que será um irmãozinho comportado e obediente?

- Eu plometo, eu plometo Elique!!! - ele disse

- Tudo bem então, como será o nome dele?

- Bolis! - ele disse correndo com seu amiguinho nos braços, eu apenas ri de pena do pobre gato.

Comecei a preparar nosso jantar e estava muito animado a ponto de quase não acreditar que eu havia sido convidado para fazer uma entrevista de emprego na Millenium.

--x--

Na manhã seguinte fiz o ritual de todos os dias - acordar Théo, preparar o café da manhã, levá-lo para a creche e voltar pra casa. Assim que voltei pra casa comecei a me arrumar para ir a entrevista, sai de casa e quando passei pelo jardim do condomínio peguei algumas flores para minha mãe, desci no ponto de ônibus próximo do hospital sorridente. Quando cheguei na recepção Luzia a moça que estava no posto e já me conhecia veio ao meu encontro e me abraçou. A princípio eu estranhei, mas a abracei de volta.

- Bom dia Luzia, o que houve rs?

- Seja forte meu rapaz! - ela disse apertando o meu ombro enquanto me olhava nos olhos.

Naquele momento senti uma pontada no peito e a ficha começou a cair de que o pior havia acontecido.

- Minha mãe... ela? - eu não conseguia terminar a frase.

- Eu sinto muito Erik! - ela disse me puxando para seus braços mais uma vez

Eu não conseguia chorar, havia um nó na minha garganta e meu peito ardia em dor, eu a apertei contra mim tentando apaziguar em vão aquele sentimento.

- Onde ela está?

- Eles levaram ela a pouco para o necrotério...

- Eu quero vê-la!

- Você infelizmente não pode ir lá...

- Minha mãe... o que eu vou fazer agora? - disse sentando numa poltrona e apoiando minha cabeça entre as mãos.

- Ela me confidenciou uma carta a você. - disse Luzia sentando ao meu lado e acariciando minhas costas.

- Uma carta?

- Ele pediu que eu a entregasse caso o pior acontecesse!

Ele me entregou a carta e se retirou para pegar uma água, fiquei olhando para o envelope à minha frente, a angústia aumentava dentro de mim, rasguei a aba e puxei o papel de dentro, ao olhar para as letras dela as primeiras lágrimas correram em meu rosto.

"Olá meu filho, se você está lendo essas palavras agora é porque infelizmente eu perdi a guerra para essa doença horrível, eu juro que lutei com todas as minhas forças por você e pelo Theo! Quero que você saiba que eu te amo muito e onde estiver estarei olhando por você e seu irmão.

Me orgulho do homem que você se tornou e fico feliz que não se pareça com seu pai, sobre isso, eu sei que você e seu irmão devem estar passando por algumas necessidades financeiras, vá até o sotão e procure uma caixinha, ela estará no fundo de um baú grande, dentro dessa caixa estará algumas jóias que eu guardei para uma possível emergência, você conseguirá se manter por alguns meses com Theo. Os meus bens estão todos bloqueados assim como os do seu pai, assim que os advogados conseguirem provar que eu não tinha envolvimento nos negócios sujos de Rodolfo todo o dinheiro e os bens serão liberados e eu já fiz uma procuração passando tudo para o seu nome e do seu irmão.

Quero que você se cuide meu filho, que você seja muito feliz e que jamais deixe de cuidar de seu irmão, continue sendo esse homem honesto e verdadeiro! Eu amo muito você e seu irmão meu ruivinho! Beijos, mamãe!"

Minhas lágrimas ficaram mais intensas, me acalmei depois que Luzia voltou com um copo d'água.

- Sua mãe era um anjo.

- Ela era incrível rs - disse rindo e limpando minhas lágrimas - Eu estava feliz, iria contar a ela que fui chamado para uma entrevista de emprego hoje no emprego dos

- Ela ficaria muito feliz por você, que horas é sua entrevista?

- Na verdade eu estou um pouco atrasado! - disse suspirando.

- Vá lá, pela sua mãe, pelo seu irmão e por você!

- Eu não sei...

- Erik, sua mãe faleceu, você precisa reagir, faça isso tendo em mente que ela ficaria orgulhosa de você.

- Ok - disse suspirando.

Sai do hospital ainda desolado, procurei um ponto de ônibus para ir até a entrevista. Desci do ônibus e passei pela porta da Millenium como um foguete, estava um pouco atordoado, corri para a recepção e na correria eu acabei esbarrando em alguém e cai sentado no chão, quando ergui meus olhos quase infartei estava assustado e nervoso ao mesmo tempo, pois havia esbarrado em Allen Scotty o presidente e um dos maiores arquitetos e engenheiros da atualidade.

--x--

A partir daquele dia não só eu, mas a minha vida esbarrou na vida daquele homem. Agora estou eu com toda essa confusão; não sei o que estou sentindo por ele, mas naquela noite quando ele me beijou eu pude ver um Allen diferente, não era o ser arrogante que era meu patrão e nem o ser frio que tinha me agredido. Ele me mostrou por alguns segundos a sua alma ferida.

Eu e meu irmão fomos despejados de casa, o banco acabou hipotecando a casa, encontrei um apartamento pequeno num beco escuro, é o que eu consigo pagar com os bicos que faço.

Não vi mais o Allen desde a noite do beijo, provavelmente ele tenha se arrependido e voltou a se esconder em sua armadura, talvez isso seja bom, ele mantém distância e eu não quebro a cara criando falsas expectativas, sem falar que preciso encontrar um emprego logo.

No fim da noite, sai do restaurante carregando meu violão, estava chegando no ponto de ônibus quando aquele carro preto que conheço parou ao meu lado, continuei caminhando quando escuto a porta do carro abrindo.

- Vai mesmo continuar me ignorando garoto? - ele disse com a voz irritada.

Eu parei e fiquei estático sem me virar na sua direção, senti ele se aproximando e segurando em meu braço pra que eu me virasse.

- Oi... - disse olhando em seus olhos

- Por que você sumiu? Fui até sua casa, mas não tinha ninguém lá.

- Eu apenas mudei de casa - disse suspirando lembrando que precisava voltar para casa.

- Aconteceu algo? Você está triste.

- Coisas da vida rs

- Está indo pra casa? Eu te levo.

- Não precisa Allen, eu pego um ônibus!

- Eu não estou pedindo sua autorização garoto.

- Arrogante rs - disse olhando para ele que pela primeira vez sorriu para mim.

Demoramos quase meia hora para chegar até o beco, quando pedi para ele estacionar ele me olhou com uma cara de desdém e eu sabia que era pelo lugar que eu estava morando.

- Você está morando aqui?

- É o que eu consigo pagar! - disse me irritando.

- Você poderia falar comigo, eu posso...

- Eu não estou precisando da sua ajuda cara! Qual o seu problema? Nem tudo é sobre o seu dinheiro!

- Ahgr!! - ele resmungou batendo no volante - Olha pra esse lugar garoto!

- Para de me chamar de garoto! A porra do meu nome é ERIK!!!

- Erik, calma! - ele disse tocando na minha mão. - Eu só estou preocupado com você e seu irmão morando nesse lugar, você trabalha até tarde e seu irmão fica sozinho

- É o que eu consigo pagar Allen. - disse com a voz embargada por pensar que realmente eu estava colocando o meu irmão em perigo deixando-o naquele lugar sozinho.

- Deixa eu te ajudar, eu posso fazer isso, por favor! - ele me olhou com cara de suplica, ele estava vulnerável.

- Eu... - suspirei.

- Vamos buscar suas coisas e seu irmão, vou levar vocês para um hotel seguro.

Logo que entrei no quartinho ouvi o choro de Theo, corri até o sofá e ele se agarrou ao meu pescoço.

- O que houve Theo?

- Eu tô tom medo Elique, aqui fica esculo e bicho papão vai pegar eu... - ele disse enquanto eu secava suas lágrimas e notava seus olhinhos vermelhos.

- Eu estou aqui maninho! - disse o apertando contra mim em um abraço - Presta atenção, nós vamos nos mudar, vamos para um lugar melhor ta bem?

Ele balançou a cabeça confirmando e eu notei que Allen nos observava da porta, pedi que ele entrasse e quando ele chegou mais próximo Theo se escondeu em meus braços.

- Calma rs esse é o Allen, ele é amigo do maninho, não precisa ter medo dele ta bom?

Theo tirou o rosto do meu colo e olho para mim e depois para Allen que sorriu para ele, foi uma das raras vezes que vi um sorriso no rosto dele.

- Vamos? - ele perguntou sentando ao meu lado.

- Eu só preciso organizar nossas coisas e entregar as chaves do quartinho para dona Bárbara.

Terminando tudo, coloquei nossas coisas no porta malas do carro de Allen e devolvi as chaves para dona Bárbara, Allen me esperava encostado no carro com seus braços cruzados, ele estava tranquilo, seu rosto estava brando.

Depois de alguns minutos dirigindo Allen parou em um hotel de luxo que ficava há dois quarteirões da Millenium.

- Allen, olha pra esse lugar!

- O que tem? - ele disse me olhando e sorrindo

- Pode ser em um hotel mais barato?

- A Milleniun tem um pacote fechado com esse hotel, para caso algum diretor ou engenheiro precise vir até essa filial, no momento não tem nenhum apartamento sendo usado e você pode ficar a vontade.

- Ok.

- E fica mais próximo da agência, vai facilitar sua ida até a empresa!

- Como assim? - perguntei sem entender.

- Já pedi para organizarem um novo contrato para você, tire o dia amanhã para se acomodar no apartamento e ficar com seu irmão e depois de amanhã eu te espero na empresa. Não me diga não, você é um excelente profissional e por mais que seja um cantor e tanto, é um desperdício não investir naquilo que você sonha em fazer.

- Ok, obrigado por tudo! - disse olhando nos olhos dele,

Abri a porta do carro para sair segurando o Theo em meu colo e ele me puxou e deu um beijo em minha testa. Fiquei ruborizado e rapidamente sai do carro e antes de entrar no hotel olhei para trás e sorri para ele que me observava.

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Demorei mesmo, podem me crucificar rsrsrs

pra compensar postarei dois capítulos

Tchau bbs

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Comentários

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Cara eu te acompanho desde o inicio e esse era um dos meus contos preferidos, mas aqui me despeço rs, infelizmente a escolha do rumo que a história pegou não foi boa

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