Entre Trancos, Beijos, Sexo e Barrancos | Prólogo

Um conto erótico de Lex Castilho
Categoria: Homossexual
Contém 1150 palavras
Data: 04/01/2019 01:30:59

- Ah porra. Vida tirana, fome canina. - resmunguei assim que passei pela porta da sala, com minha amiga logo atrás de mim.

- Que é que você já tá chiando aí? - perguntou enquanto tirava a chave do carro de dentro do estojo de canetas.

- Isso lá é hora de professor liberar turma, Fernanda! Meu estômago já tá comendo meu fígado! Chegar em casa ainda tenho que preparar almoço.

- Oxe, e o problema todo é esse?

Girei sobre os calcanhares só para fitar bem seu rosto.

- Somente cozinhar às 12h30 tendo que estar no estágio às 13h. Somente.

- Alex, são 12h. - estávamos chegando ao fim da escadaria que dava acesso ao primeiro pavimento da faculdade.

- 30 minutos é o tempo que gastarei pra chegar em casa nesse sol quente da porra.

- Eu tô de carro, mongol.

- Adianta de quê se a gente só consegue vaga pra estacionar essa hora com uns 2km de distância?

- Mermão, tu tá precisando dar. Negócio ranzinza da mulesta.

Esse é um dos raros momentos em que eu me arrependo de ter contado à ela que eu pego caras. Mas aí fico de boa assim que presto atenção na cena de uma loira de 1.70, extremamente inteligente e desenrolada falar “tu tá precisando dar”.

- Você lembra que eu sou versátil, né?

- Você podia ter dito que era ativo, que eu continuarei afirmando que você é um dadeiro fino.

- Teu cu.

Fomos em direção ao estacionamento, entramos no Gol bem conservado dela e que naquele momento era uma sauna ambulante e pegamos o rumo do meu apartamento.

- Nós vamos pro treino hoje? - perguntei logo depois de jogar minhas coisas no banco de trás, como ela havia feito quando entramos no carro. Que foi? Eu disse que era conservado, e não organizado.

- Não sei, Alex. Só se eu conseguir finalizar uma pilha de processos que tem na minha mesa. Mas por via das dúvidas já deixei as luvas no banco de trás.

Dei uma olhada rápida e vi que realmente a case das luvas dela estavam no banco de trás junto com roupas de treino. Ainda havia esperança.

- Me avisa se for. Qualquer coisa vou lá do estágio.

- Mas dessa vez a gente vai treinar sério! - exclamou ela ao me dar um soco.

- Arri égua. E quando a gente não treina?

- Mas tu é muito cínico! Treino passado tu me fez ir naquele espetinho perto da academia!

- Eu te fiz ir?? - encarei ela. - Você quem tava dirigindo. Só era mudar a rota.

- Eu me senti muito constrangida em recusar um convite feito por um cara de 1.84m.

Gargalhei como só faço com ela e em algumas reuniões de família, ou em algumas saídas com amigos, e até com memes. Ok, sou bem suscetível a rir de qualquer besteira.

- Eu sou um bebê!

- Só se for quando tira a barba. Bora, desce, vou fazer o almoço da gente. - chamou, já saindo do carro. Havíamos chegado ao meu prédio.

Eu teria pulado em cima dela e dado um xero, se ela não fosse me socar logo após isso, claro.

- Não me olha com essa cara. - disse ela, deixando sair uma breve risada. - Fez pelo menos a feira?

- É mais fácil cortarem a energia do que faltar comida em casa.

- Podia ter brócolis, beringela, gerimun, couve, pepino… mas não. Tem Doritos, Nutella, Fini, Bis…

- Ah, vá! Nem tu come brócolis!

- Não preciso.

- Não? E treina pra que?

- Pra ficar mais gostosa. - disse ao jogar os cabelos longos e loiros por cima do ombro quando um dos moradores saiu do elevador, nos dando a vez de entrar e, claro, segurando a porta para ela.

- Claro, claro. Falou quem come coxinha no café da manhã. - provoquei, vendo que o cara segurou o riso. Ela ficou tentando fazer uma expressão de “não é nada grave” para ele enquanto eu notava pelo espelho do elevador que já tava na hora de cortar o cabelo. Mais uns dias e os fios negros estariam tomando conta da minha testa e servindo de ninho pra passarinho.

- Tu curte me queimar visse? Tu viu o cara? Tava na minha! Já não basta o porteiro achando que a gente se pega.

- Ah, ele nem deve ter ligado. Coxinha é amor nacional!

- Hum. E o porteiro?

- Ah, aquele deve achar mesmo.

- Tu podia dar uma desmunhecada ou afinar a voz quando passasse por ele ou por qualquer outro cara que me desse moral, né?

- Não vai rolar, Nanda. - afirmei depois de soltar uma risada estrondosa e encarar a expressão frustrada dela.

A verdade é que esse lance mais afeminado, não me atrai nada. Respeito quem é/age dessa forma, mas realmente não é minha praia. Gosto da minha postura máscula, embora o lado brincalhão acabe sendo mais visível. Ah, pronto! Creio que me enquadro no estilo garotão, confere? É, deve ser isso.

- Não custava tentar. Mas em troca não tem molho natural de tomate.

- Caramba, sacanagem. Vou engomar minha camisa e tomar um banho enquanto você bola aí alguma coisa.

- Lembra de mandar a arte do aniversário da minha bisa, Lex! - gritou ela depois que eu já havia ido para o quarto em busca da camisa. Passei pela cozinha para ir à sala de serviço e ela continuou. - Ela vai chegar nas próximas bodas e tu não me manda as coisas para impressão.

- É só mandar pra gráfica, já finalizei tudo. - avisei enquanto começava a passar minha camisa.

- Tu vai fazer o que mesmo da sua vida quando sair da faculdade? Direito ou marketing? Porque eu tô achando que tu tá pendendo mais pra esse lado das artes.

- O que aparecer. Recém formado não pode tá escolhendo muito não. E meu estágio já acaba semana que vem. Aí é que não vai dar pra ficar exigindo muito. Ao contrário de você que já passou na OAB e tem vaga certa la no escritório.

- Verdade. E tu, não vai fazer o exame?

- Vou ver se faço o próximo. Nao sei se quero me dedicar integralmente ao direito ainda.

- Certo. Então enquanto não se decide vai se arruma porque você ainda precisa terminar esse estágio pra completar tuas horas complementares, gostando de direito ou não.

- Tá, mãe. Bença?

- Debochado da mulesta. - riu, jogando uma colher de pau em mim em seguida.

Fui ao meu quarto me preparar para o banho enquanto pensava no quanto aquela doida me fazia um bem danado. Ela não queria admitir, mas tava bem a fim de um carinha que havia aparecido umas semanas atrás e desde então não perdeu o contato com ela. Isso significava que eu não teria ela em tempo integral comigo por tanto tempo. Também significava que eu tinha que parar com os lances casuais e tratar de me amarrar a alguém e ter tudo aquilo que casais tem: noites de Netflix com combo de pernas entrelaçadas + um monte de gordice (ou brócolis). Eu só não esperava que um pedido como esse fosse gerar tanta treta.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Lex Castilho a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Parece que vai ser uma história boa... Vamos ver o desenrolar...

0 0
Foto de perfil genérica

Gente do céu... Início meio confuso, mas uma história que tem tudo pra ser sucesso. Vamos vê os próximos capítulos

0 0