Cap 49 - Melissa Alcântara

Um conto erótico de R Pitta
Categoria: Homossexual
Contém 1575 palavras
Data: 03/01/2019 23:39:39

“Eu sou a maré viva, se entrar, vai se afogar” - Fresno

Minha irmãzinha de rolo com meu amigo que é mais velho. Tá que ele é um ótimo rapaz, galinha, porém um galinha de respeito. Mas isso não quer dizer que eu quero ele ciscando no meu galinheiro. Sem contar na minha franguinha. Até porque frango pequeno não dorme no poleiro, se é que me entendem.

Que legal, agora tô me referindo a minha irmã como canja pros outros. Deve ser o famoso desespero.

Amanda estalou os dedos a frente do me rosto, chamando a minha atenção. Olhei para ela e questionei o que queria.

- Esquece isso e vamos para a sua casa assistir algum filme. – Disse Amanda. Apenas tentei me fazer de indiferente quanto a minha irmã e concordei em irmos para casa. Peguei meu celular e chamei um Uber, não demorou muito para o carro chegar, entramos no veículo e seguimos. Não colocamos o destino final na minha casa, descemos em um supermercado nas proximidades para comprar algumas besteiras de lanche. Após as compras seguimos a pé, conversando e tentando decidir qual filme iríamos ver. Mas confesso que minha cabeça ainda persistia sobre minha irmã.

Após uns bons minutos depois de chegar em casa, decidimos que veríamos Below Her Mouth, na Netflix. Fizemos alguns cachorros quentes e pipoca. Durante o filme ficamos brincando sobre qual das atrizes pegariamos, tivemos até que tirar melhor de três no ímpar ou par. No final acabei perdendo. O filme estava quase acabando quando Larissa chegou, ela tinha um sorriso contagiante no rosto, mentalmente me questionei se aquilo poderia ser por causa do Felipe. Meus devaneios sumiram depois de levar um belisco de Amanda. Olhei para ela de cara brava e depois voltei a ver o filme que estava no final.

Quando o filme acabou Larissa apareceu para falar com a gente. Dentro de uma sacola trouxe alguns chocolates.

- Está tentando me comprar com chocolate? – Perguntei.

- Se eu conseguir, sim.

- Eu tenho a melhor irmã do mundo. – Falei e agradeci pelos chocolates. Claro que, Amanda não perdeu tempo de roubar alguns dos melhores e comer sem ao menos dividir.

Larissa sentou ao nosso lado e ficamos papeando por mais um tempo, até Amanda olhar a hora e decidir ir pra casa. A acompanhei até o portão onde o Uber que ela havia chamado já se encontrava estacionando na frente de casa. Já dentro do carro, antes de fechar a porta, me fez um pedido.

- Cara, conversa com ela. Sem briga, sem nada.

Me mandou um beijo, e sem que eu pudesse responder, foi embora. Respirei fundo e entrei já pensando em como poderia falar. Tranquei o portão, coloquei a água do Sansão que não me deixou nem abaixar a vasilha para beber, deixando tudo a sua volta, inclusive a mim, molhado. Já era tarde e estava bastante escuro, a única luz que tinha na sala era a da televisão, que fazia visível a silhueta de Larissa. Criei coragem e entrei.

Sentei na poltrona ao lado do sofá que minha irmã estava. Buscando uma maneira de conversar com ela, sem que o ciúmes e medo interferisse.

- Mel? – Lari foi mais rápido. – Vamos conversar?

- Vamos. Pode falar.

Larissa levantou e sentou no meu colo me abraçando forte.

- Somos irmãs, não quero você com raiva. Não sabia que ele era seu amigo e nem ele que eu era sua irmã. Nos conhecemos por um acaso e de conversa em conversa, brincadeira em brincadeira começamos a gostar um do outro e ficamos.

Confesso que fiquei com mais ciúmes da minha irmã estar com um namoradinho do que ser o Phelipe ou até mesmo alguém mais velho. Em minhas memorias podia vê-la como uma criança, aquela que corria pelo quintal só de calcinha atrás de mim, enquanto as bolhas de sabão que mamãe fazia sentada na cadeira, voavam soltas pelo céu até que desapareciam ou nós duas conseguíssemos estoura-las numa competição fraternal.

Relembrando essa parte da minha vida, me fez pensar em que esses ciúmes é mais uma forma desesperada de me agarrar a um passado. Um passado que nunca mais voltara. Se bem que qual passado que volta? Ter meus pais morando juntos, mesmo que naquela casa de um quarto, minha irmã no berço ao lado da cama deles e eu dormindo num colchão perto do guarda roupa. Não havia muita coisa naquela casa, mas amor não faltava. Bem, pelo menos para mim e minha irmã. Ao certo eu não sei o motivo do divorcio dos meus pais, eu não passava dos oitos anos de idade. Acho que foi com a frase “Cuide da sua irmã, filhota.’’ De meu pai acompanhado de “Independente de mamãe e eu estarmos juntos ou não, você e sua irmã serão eternamente ligadas” que me fez tão protetora e apegada com aquela melequenta. Há momentos na vida que tudo o que pedimos a Deus é sabedoria para deixar a mente em ordem e conseguir resolver tudo o que existe em um coração inundado de preocupações. As pessoas acham que por ter um sorriso no rosto que não estamos sofrendo. Eu, por exemplo, o meu mais belo sorriso se tornou minha maior máscara para deixar as dores, medos, inseguranças, aflições guardadas dentro de mim, deixando quem eu amo despreocupado. “Sempre que puder, fale de amor e com amor para alguém. Faz bem aos ouvidos de quem ouve e à alma de quem fala.” Acho que foi Irmã Dulce que disse isso. Via muito documentários e foi neste que me deixou mais reservada para o mundo e ligada a minha a. Cocei a nuca antes de abrir a boca e falei:

- Lá, me diga, está feliz com isso?

- Muito. – Ela me mostrou um belo e contagiante sorriso. – Muito mesmo.

Só pude sorrir junto. E foi ali que entendi que amar não é prender e sim deixar voar, mas orientar em qual direção. Minha irmãzinha já não era tão “zinha” assim. O tempo passa, as pessoas mudam, e isso é mais que normal mesmo que nós não aceitamos as mudanças da vida. A abracei com força como se o amanhã nunca viesse. Não havia mais nada a dizer, então fiquei calada. O abraço foi ficando frouxo e nos soltamos. Coloquei a mão no meu bolso e retirei um drops de halls, peguei um pra mim e entreguei o outro para minha irmã que ficou na luta para conseguir tirar a bala do papel.

- Pô, você chupou a bala e guardou no papel de novo? – Diz com o dedo todo melado da bala que estava bem derretida por conta do calor.

- Idiota.

Dei um tapa na bunda dela que já estava em pé. Falei para irmos dormir e ela concordou.

As folhas do calendário continuaram a passar até chegar a véspera da maior festa global. Como uma típica carioca da gema passei a virada na praia para ver os fogos com meus amigos, a única diferença era Larissa nos braços de Phill ao invés do de meu pai. A meia noite surgiu junto com os fogos no horizonte. Começou a gritaria, banho de champanhe, Correção, banho de Sidra de maça. Aquela porra quando bate na pele te deixa mais pegajosa do que a água salgada do mar faz. Um idiota começou a jogar areia pro alto, fiquei parecendo um bife a milanesa. E galera decidiu seguir, após os fogos pararem, para a famosa e já muito falada, pedra do Arpoador. Cara, pra quem gosta de gatos lá é o lugar certo. Tem mais felino por metro quadrado do que água do mar. Ficamos lá ate o nascer do sol e acontecer o ritual de aplaudir o sol. Sério, pra que isso? Que tipo de pessoa fica aplaudindo o sol quando nasce ou se põe? Tudo bem que esse fenômeno cotidiano que a natureza faz é lindo, porem aplaudir, assobios estrondosamente altos que só podiam ser de alguns demônios ou almas perdidas, por que nós, meros mortais, não conseguiríamos efetuar um tão alto como ouvíamos lá.

Depois que toda gloria e alvoroço que nosso “astro rei” trouxe com ele a galera resolveu ir embora. Eu estava sentada em uma pedra um pouco mais afastada mexendo no celular na tentativa de espantar o sono, sendo involuntário o bocejo. Amanda se aproxima de mim.

- Não deixa ninguém dormir ai não, Melissa. O que está procurando aí no Google?

- O motivo da tradição de aplaudir o sol.

- Amiga, te amo só que tem horas que você é meio lesadinha, hein! – Simplesmente olhei com sua direção com os olhos vermelhos e cheia de olheiras por ter virado a noite acordada. Sorri cínica para mim e continuou. – Vamos pra casa? O André bebeu demais e vou leva-lo em casa.

Levantei e a segui para perto do grupinho onde pude ouvir o tom de voz alto do bêbado do falando “Biguini Guindo” na tentativa de elogiar o ‘Biquíni lindo’ da menina que passava por eles. Amanda não perde uma boa oportunidade para zoar.

- Eita, reseta ele que já está travando.

- André.exe parou de funcionar. – Todos riram em coro. Virei para Larissa. – Vamos embora.

Concordando com a cabeça, ela virou e abraçou Phelipe. Como se não tivesse feito isso a noite toda. Descemos a pedra e demos o primeiro mergulho do ano. Em casa fui direto tomar um bom e longo banho, me joguei na cama e peguei o celular. Liguei por vídeo chamada para minha morena. A cada toque a ansiedade de vê-la aumentava.

“Atende, por favor”

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Comentários

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Feliz ano novo, Abelhinha. rsrs

Obg, S.Veneno

Vou tentar manter um bom ritmo de contos publicados esse ano,

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Meu Deus depois de mil anos rsrs saudade do seu conto, reli por quase dois dias fiqei tda feliz qe voltou amooooooooooo continuaaaaa

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Estava com saudades já hehe ótimo como sempre. Ahh e feliz ano novo!!! Apareça mais vezes... um capitulo melhor q o outro👏🏻 bjs

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