Entre Você & Eu

Um conto erótico de Gatinha007
Categoria: Homossexual
Contém 1622 palavras
Data: 25/01/2019 19:10:59

Capitulo 1 - TRIDIMENSIONAL

O coração é uma caixa de pandora. Qualquer menor abertura que seja, pode colocar tudo a perder. Sempre acreditei que sexo sem compromisso era a melhor coisa do mundo, vivendo assim, eu não me preocuparia com prioridades ou disciplina. Apenas com meu desejo de satisfazer meus prazeres e caprichos “egoístas”, às vezes. E, bom isso não me parecia nenhum pouco ruim. Na realidade eu achava uma situação adoravelmente confortável. Pensamento estupido? Talvez, afinal ser uma mulher de trinta anos, vacinada, que ganha seu próprio dinheiro e gozando perfeitamente de suas capacidades mentais não significa, tecnicamente, ausência de estupidez.

Por isso, aquele sentimento, cujo nome começa com “A”, que a maioria das pessoas afirma sentir e que para mim não passava de uma mera troca de favores, não me atraía nenhum pouco. Achava uma completa bobagem ser guiada pelo coração, até porque que graça tem ser tão previsível? Sim!!!! Porque todos os apaixonados são muito previsíveis. Eu prefiro algo mais comum, tipo...como ter as rédeas da minha própria vida sem ter ninguém esperando que eu seja mais do que eu posso ser. E bom, esse ser o meu tipo de pensamento e personalidade costumava dar certo.

Então quando Mariana uma vez comentou comigo que ainda veria o dia em que eu estaria de quatro por outra pessoa, ri como uma desmiolada, pois achava aquilo uma grande piada. Namorar, noivar, casar, ter filhos eram itens que nunca fizeram parte dos meus planos. Principalmente levando em consideração que “até que a morte nos separe” é uma temporada bem considerável. Definitivamente eu jamais me enxergara tendo uma vidinha pacata de mulher de família. Fato.

Ou ao menos era o que eu tentava me convencer dia-após-dia, até Mariana, ah sim, Mariana era minha melhor amiga desde... Desde que eu me lembro, enfim, como eu dizia eu pensava daquele modo até ela me comunicar que estava indo embora, e talvez fosse uma mudança definitiva. Esse “talvez” no meio da fala dela não amenizava em nada a ardência que eu sentia no peito. Ok, eu tinha consciência do que estava acontecendo, mas admitir era algo que estava bem longe de acontecer. Covarde? É... eu sei que sou! Fazia uma semana que estava tentando convence-la a desistir dessa ideia absurda. Tudo bem que ela me achava uma covarde, na verdade, ela nem acreditaria em mim se eu admitisse estar... Sabe?! Aquela coisa? Pois é. No entanto o que ela estava tentando fazer, não era tão diferente, ou era? Se por um lado eu estava em constante fuga, mas isso já fazia parte de mim, agora ela? Logo ela que sempre se gabou de sua coragem? E o que ela estava a fazer agora, não era a mesma coisa? Fugindo?

Eu gostaria que ela tivesse amadurecido esta ideia e ter me dado um pouco mais de tempo para conversar e convence-la de que essa não era a melhor saída, mas ela já havia planejado tudo. E fez desse jeito justamente para que eu não tivesse tempo de persuadi-la. Devo dizer que já havia tentado várias formas de fazê-la mudar de ideia. Conversei, mandei flores, mensagens, músicas, até seduzi-la tentei e nada! Aquela tarde era a minha última chance, quase tive um treco quando ela contou-me que viajaria pela manhã. Nem isso ela teve coragem de me dizer com antecedência, optou por contar-me depois que transamos.

— Mas...???

— Mas nada! — Ela me interrompeu impaciente.

— Você ainda nem fez sua inscrição nesse curso e tem instituições de dança muito boas aqui mesmo. Pra quê ir pra outro lugar?

— Não vamos discutir outra vez sobre isso, por favor!

— Mas e quem vai enfrentar a fila da padaria comigo aos domingos, ou quem vai me acompanhar as visitas ao antiquário mesmo que eu nunca compre nada ou quem vai me obrigar a ir ao restaurante japonês com a desculpa de que é mais saudável? Dois anos é muito tempo! — Resmunguei fazendo beicinho, mas nem isso a comoveu.

— Tenho certeza que você dará um jeito de arranjar um rabo de saia para cada uma dessas atividades — Ela respondeu de forma dura e cortante.

— Eu...você sabe. Você é minha melhor amiga! Eu não quero que vá, eu...eu...

— Você o quê? — ela inquiriu. — Olha nos meus olhos e me dá um motivo pra não partir.

Silêncio.

Foi tudo o que ela conseguiu de mim. E eu baixei o olhar, envergonhada. “Covarde”, eu praguejei em pensamento. E ela balançou a cabeça negativamente antes de voltar a falar.

— Eu sabia! — suspirou vencida. — Não adianta e não quero mais isso — revezou em apontar de mim para ela — eu preciso me libertar de você, eu quero muito mais que apenas noites de sexo sem compromisso...

— E eu sou alguma espécie de Senhor de Escravos pra que você queira se libertar de mim? — interrompi.

— Não seja idiota, mas é claro que não! Só que essa proximidade não ajuda então essa distância, mesmo que por apenas dois anos vai servir como um bom remédio. Não vamos falar sobre isso outra vez, já conversamos bastante naquele quarto, antes de você me levar pra cama essa tarde. E, depois não dou uma semana pra você arranjar outra distração. De qualquer jeito espero que fiques bem, cuida-te — ela se aproximou. Agora preciso ir, já são oito horas da noite e meu voo é pela manhã.

Pegou meu rosto entre as mãos e me beijou delicadamente nos lábios e depois passando os braços em volta do meu pescoço afundou o rosto em meu ombro, meu subconsciente gritava para que eu fizesse alguma coisa. E o que eu fiz? Eu hesitei, meus braços ficaram imóveis enquanto ela me abraçava forte. A inércia me dominara de tal forma que tudo o que consegui racionalizar fora ela soltar-me e me olhar uma última vez com uma visível tristeza dançando em seus olhos. Deu-me as costas e saiu de minha casa e no fundo eu sabia que ela estava saindo de minha vida. Tudo o que fiz foi sentar-me no sofá mirando a porta e pelo resto da noite não consegui voltar para o quarto.

Aquela manhã marcaria a primeira de muitas em que essa cama estaria assim, desarrumada e vazia, mas não de um jeito qualquer e sim como uma lembrança fugidia do que sempre tive medo. Meu único consolo é que ela me deixara uma promessa velada. Ela voltaria. Uma extensa e injusta espera? Talvez. O certo é que não se pode prever o futuro, apenas se pode vislumbra-lo e esperá-lo. Talvez a culpa seja minha, na verdade era apenas e completamente minha, afinal sempre fizera questão de pregar aos quatro ventos o quanto eu era um ser de alma livre. Sentença crucial para não ser levada a sério quando finalmente aquele poderoso sentimento me pegara de jeito.

Foi a coisa mais estranha que senti em toda minha vida! O vazio. Talvez ele sempre estivesse lá, somente camuflado pela presença dela, a quem eu nunca deixara adentrar verdadeiramente. Só que, chega um dia em que as pessoas cansam das migalhas. Eu, por outro lado, nunca havia entendido ou me recusava a entender, a necessidade que as pessoas têm de ser/pertencer ou rotular, nas relações. Pois quem em sã consciência desejaria uma vida de servidão? No fim das contas essa coisa de ser e pertencer não chega aos pés do seu real significado. Contudo, a sensação de vazio, essa sim tem um significado tridimensional.

Respirei fundo antes de voltar para o quarto, quando entrei andei apenas alguns passos antes de dar de cara com aquele cenário. O analisei meticulosamente de cima a baixo, da direita pra esquerda e da esquerda pra direita, desde que ela partira ainda não havia em mim coragem para enfrentar a lembrança do que foi vivenciado entre nós na tarde anterior, fato suficiente para a sensação de vazio intensificar-se. Os lençóis e travesseiros ainda jaziam exatamente como os havíamos deixado, mirei o horizonte através das vidraças e contemplei o amanhecer que se apresentava. Sonolento, arrastado. Era o amanhecer, mas ainda não era dia.

E o dia estava longe de se tornar completo. Cambaleei até a cama e me sentei, arrependi-me no mesmo instante e, como se meu cérebro tivesse vontade própria fez com que meus sentidos imediatamente capturassem o cheiro dela. O perfume tão característico estava impregnado em cada linha daqueles tecidos e, pela primeira vez não tive autoridade sobre minhas ações e todas as emoções eu que vinha tentando conter dentro do peito saíram de controle. Sem nem perceber meu corpo fora sacudido por soluços que ecoaram por aquele quarto, um choro alto, dorido. Agarrei-me ao travesseiro que trazia a fragrância que me entorpecia e sufocava a razão.

Enterrei ainda mais o rosto no travesseiro tentando aplacar a angústia e o vazio. Meus pensamentos se resumiam a uma vontade louca de ir atrás dela e mesmo não querendo admitir, cheguei à conclusão que a semelhança do quarto vazio, o amor possui altura, largura e profundidade. Altura que jamais poderemos alcançar. Largura que jamais poderemos medir e uma profundidade que nos submerge. E eu estava totalmente submersa por ele. Esse pensamento fez toda a diferença, e não consegui mais ficar ali. Olhei novamente o horizonte, o alaranjado do céu já se esvaindo e dando lugar a uma intensa claridade, olhei as horas e ainda dava tempo. Tinha que dar tempo. Nem que eu tivesse que correr até meus pulmões queimarem, ela saberia!

ContinuaEntão meninas, só o primeiro capítulo, o restante estou postando no site chamado Lettera, que é apenas de literatura les.

Vou deixar o link aqui http://projetolettera.com.br/viewstory.php?sid=1976

Me procurem lá, leiam, comentem que ficarei feliz com vcs por lá. Tenho outros textos lá, aguardo vcs pra conferir.. É isso bjin...há braços.

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Comentários

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Genteeeeee, que bom que gostaram, mas infelizmente não estou conseguindo postar o restante aqui....o site não Tá aceitando o texto, por isso vou deixar o link da continuação http://projetolettera.com.br/viewstory.php?sid=1976

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Meu Deus, que conto é esse amei, senti até uma dor no peito como se fosse comigo.

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