Zumbis e celebridades

Um conto erótico de Zumbi
Categoria: Heterossexual
Contém 2534 palavras
Data: 07/01/2019 10:06:06
Última revisão: 11/07/2019 10:17:59

Zumbis e celebridades

Capítulo 1

Zumbis e celebridades

Essa é uma sequência de contos de ficção inspirado na moda dos zumbis somado a exuberância das sub-celebridades brasileiras. Todos os nomes, fatos e lugares foram criados para o puro entretenimento. Qualquer semelhança com fatos, nomes ou pessoas é mera coincidência.

Nesta introdução não haverá sexo, mas é preciso que eu situe os leitores no momento em que tudo ocorre.

Já tinha vindo para a capital várias vezes. Estava mais que acostumado ao caos da cidade de São Paulo mas nada, nem toda a violência, nem os milhares de usuários de drogas a perambular sem direção por quem eu cruzava em minhas viagens a trabalho, me prepararam para o que estava por vir.

Eu bebericava uma xícara de café em um bar estreito, que mais parecia uma garagem, enquanto me distraía observando o engarrafamento à minha frente. Os sons das buzinas foram aumentando gradativamente, cada vez mais alto, cada vez mais ensurdecedoras. Começaram os gritos. Nem dei bola. Mordi meu pão na chapa extremamente amanteigado e acompanhei com os olhos o dono do bar dirigir-se até a porta.

– Que barulho dos infernos.

Ele disse ao ajudante que segurava a porta de correr aberta.

– É mesmo. Nunca vi nada…

Sua frase foi cortada bruscamente com ele sendo agarrado por um homem que o mordeu ferozmente. O dono do barzinho tentou ajudá-lo e também foi mordido pelo atacante. O ajudante escapou ao passo que o dono caia ao chão. Mais três homens pularam sobre ele e o primeiro atacante, tendo sido empurrado para o lado, avançou sobre o ajudante com a boca escancarada, pronto para tirar mais um pedaço do rapaz machucado.

Sai de minha paralisia e o puxei pelo braço para dentro do bar. O louco continuou a rastejar em nossa direção e minha única opção foi puxar a barra de ferro e deixar a porta de rolar descer com um estrondo e arrancar a mão do homem louco.

Em choque pela violência da cena, corremos para trás do balcão com o rapaz agachando, tapando os ouvidos e repetindo em voz alta: – Vai embora! Vai embora.

Os gritos do lado de fora aumentavam e eu tentava acalmá-lo para não atrair atenção para o bar.

– Calma, rapaz. A polícia vai chegar e resolver tudo. Vão trazer uma ambulância para você também.

Mas ele não me dava ouvidos por isso deixei-o e voltei até a porta. A mão jazia no chão, em um tom branco e azul com vários hematomas e machucados, principalmente nas unhas.

Colei meu ouvido no metal frio e ficar a escutar a barulheira que vinha de fora até que me dei conta de que o ajudante não mais repetia sua frase insuportável.

Chamei-o mas ele não atendeu. Esperei um tempo e tornei a chamá-lo. Como continuei sem resposta, resolvi ver como ele estava e o encontrei desmaiado. Toquei sua fronte e o calor denunciava uma febre muito intensa. Entrei em desespero e corri até a porta para buscar por ajuda, mas batidas no ferro e gritos pedindo socorro e sons de ossos estalando me tiraram a coragem. Aceitei a morte do rapaz. Sentei-me próximo ao balcão, do lado oposto e comecei a chorar, aceitando, também, minha própria morte. Peguei o celular e liguei para minha mulher a centenas de quilômetros.

Ao atender ela disse: – Meu amor. O que está acontecendo.

Os mesmos sons que eu ouvia vindo da rua eu ouvia no fundo da ligação.

– Roberta, o que está acontecendo.

Eu sabia a resposta mas não queria aceitá-la. Eu achava que essa loucura limitava-se à capital mas agora eu sabia que no interior tudo se repetia. Imaginei o restante do país e do mundo na mesma situação.

– Por favor, Léo, me ajude!

Foi a última frase que ouvi de minha amada esposa. Depois vieram apenas gritos e gemidos. Soltei o telefone, agarrei-me aos meus joelhos e fiquei a chorar por mais de uma hora, soluçando de tão forte que era meu pranto.

Me dei conta de que todo o barulho do lado de fora havia cessado. Levantei-me aos poucos e encostei na porta para melhor ouvir. O metal rangeu e um rosnado abafado chegou aos meus ouvidos, mas não vinha de fora. Olhei para trás e vi o ajudante do bar de pé, pálido, as íris dos olhos opacas e quase brancas, o olhar vazio e a boca escancarada, pronta para morder.

Em seu desespero ele vinha para cima de mim, tentando em vão pular o balcão onde eu o deixara me levando a um pavor que durou apenas alguns segundos. Percebi que ele não era capaz de pular a bancada nem dar a volta para me pegar. Aproximei-me e ele ficou ainda mais alvoroçado, mordendo o ar com força ao ponto de quebrar um dente com o impacto.

Aquele não era mais o rapaz que eu salvei. Ele estava morto e se eu não fizesse nada, eu seria o próximo. Com o pouco de barulho que fazia, não demorou para ouvir batidas na porta atrás de mim com o mesmo tipo de rosnado. Todos estavam como ele.

Tomei um banquinho de madeira e o acertei com toda minha força, fazendo-o cair no chão e levantar-se em seguida, como se nada houvesse acontecido.

Os golpes na porta aumentaram. Acertei-o com o banquinho uma segunda vez, agora quebrando o acento e ficando com uma das pernas em minhas mãos. Novamente ele levantou-se. Com o pedaço de madeira em mãos, pontiagudo pela quebra irregular, cravei-o na garganta do morto e mesmo assim ele continuou a me atacar. Repeti o ataque, fazendo um novo furo em seu pescoço. Nada. Minha terceira tentativa foi de baixo para cima, de modo que o pedaço de pau acertasse o cérebro do ajudante.

Ao acertá-lo, seu corpo amoleceu de uma vez e caiu como se fosse um boneco.

Cai no chão exausto, fatigado, chorando de raiva pelo que acontecia comigo. Em meu silêncio, o barulho da porta diminuiu até parar. O rosnado também.

Naquela situação insólita, senti fome. Fui até o fundo do bar e me alimentei. Já passavam das duas da tarde. Fiquei em dúvida se devia ou não abrir a porta e ir embora, fugir para qualquer lugar, talvez voltar para minha cidade interiorana, mas o medo me impedia de subir a porta.

O dia terminou e um novo o acompanhou. Mal dormi a noite de medo e indecisões.

O sol já estava alto quando resolvi que era hora de partir. Levantei apenas um pouco do porta, o suficiente para ver como estava a rua, e me bateu um novo desespero. Mortos caminhando aos milhares, subindo a rua sem direção, marchando em silêncio.

Desci a porta com o máximo de cuidado e fiquei nesse bar por quatro longos dias, olhando pela manhã e percebendo que cada vez havia menos deles a caminhar.

No quinto dia, quando não mais vi qualquer um dos mortos, coloquei algumas provisões na mochila do ajudante, peguei uma faca grande que havia na cozinha e fui para rua ver a catástrofe que havia assolado a cidade. Tudo estava completamente destruído. A cidade estava arruinada. Tomei a direção oposta àquela que os zumbis faziam, mesmo assim não demorou para eu me encontrar com um. Consegui fugir do primeiro, do segundo, do terceiro, mas então vieram cinco de uma vez e me cercaram.

Respirei fundo e ataquei o que parecia ser o mais fraco, chutando-o para frente e acertando a faca no topo de sua cabeça, mas não consegui perfurá-lo. A lâmina resvalou para o lado. Tentei um segundo golpe, dessa vez em sua têmpora, e consegui derrotá-lo. Um dos outros que haviam sobrado me agarrou por trás. Sem conseguir desvencilhar-me de sua mão, cortei-a com um golpe que me doeu o punho para em seguida cravar a faca na lateral de sua cabeça. Antes que os outros me pegassem, ataquei-os e os dei sua segunda morte. Um deles havia sido um policial, ainda carregando sua pistola e algumas balas em seu coldre.

Dobrei uma esquina e me deparei com uma horda de mortos errantes. Alguns me viram e passaram a caminhar em minha direção. Corri na direção oposta e aproveitei-me de um carro que havia batido contra um muro para entrar em uma oficina mecânica. Os mortos passaram perto mas não me encontraram e aos poucos se dissiparam.

A oficina era na garagem de uma casa. Arrombei a porta e entrei, em busca de mantimentos, e encontrei um homem vestido com um macacão azul cambaleante pela sala. Entendi que não era mais um homem e, para evitar me por em risco com a faca mais uma vez, usei uma barra de ferro e a cravei no meio dos olhos do monstro. Por sorte sua despensa estava bem abastecida.

Aproveitei as ferramentas que havia no local e tentei preparar algumas lanças mas tive medo de chamar a atenção das criaturas com o barulho que faria. Até tentei algumas vezes mas tive que desistir. Em meu segundo dia, o céu amanheceu encoberto e logo começou uma chuva que transformou-se em um tempestade forte com muitos raios e trovões. Os sons que vinham do céu encobriram as marteladas e consegui fazer duas lanças de metal.

Ao sair da oficina, após mais um dia, vi que seria difícil ficar parado em um lugar para sempre, principalmente em uma cidade tão populosa quanto essa e me dei conta de que no interior, de preferência em uma fazenda ou algo do tipo, haveria bem menos zumbis.

Depois disso foram seis dias andando, me escondendo, acabando com zumbis que apareciam e procurando o que comer. Os lugares que não haviam sido saqueados geralmente estavam abarrotados de mortos, o que tornava difícil encontrar mantimentos, mas consegui roupas novas, botas, uma mochila, mais munições e carregava o suficiente para me manter alimentado e hidratado por alguns dias. Cheguei a uma rodovia e fui seguindo por ela, apenas saindo da pista para dormir em alguma casa próxima. Sem pressa, segui por mais três dias, caminhando um pouco pela manhã e um pouco à tarde, evitando o sol ardido do meio-dia e sempre parando cedo para encontrar um lugar para passar a noite. Diferente dos verões que já havia passado em São Paulo, esse estava extremamente quente. Fosse dia ou fosse noite, o calor era quase insuportável.

Ainda estava na chamada grande São Paulo, no quarto dia, quando sai da rodovia para encontrar um lugar para dormir e nesse momento vi um mercadinho com as portas fechadas. Mesmo descrente, fui até ele com um pouco de esperança de ele não ter sido saqueado nem ter sido dominado pelos mortos. Com cuidado olhei por uma janela e o lugar parecia vazio. Dei a volta, pulei um muro alto e encontrei uma porta nos fundos que daria acesso ao mercadinho. Usei um pé de cabra que carregava desde a oficina e arrombei a porta.

Ouvi uns gritos abafados e depois cochichos e sussurros. Por precaução, tirei a pistola do coldre e gritei: – Alguém aí?

Foi uma pergunta jogada ao vento pois o que eu queria era saber se eram amigáveis ou não. Continuei: – Não quero fazer mal a ninguém, só queria um pouco de comida para continuar minha viagem.

Ouvi novos burburinhos e levantei a pistola. Poucas vezes eu havia usado a arma desde o começo do caos, e nunca fui muito bom em atirar, mas seja quem fosse que estivesse naquele lugar, se tentasse me derrubar, levaria chumbo. Além dos itens do mercadinho, eu ficaria feliz em ter alguma companhia para conversar depois de tanto tempo andando calado. Porém, como não me responderam, resolvi me calar e encontrá-los de arma em punho para ver se eram ou não amistosos.

Pé ante pé, fui dando a volta pelas gôndolas do mercado, indo em direção aos sons, tentando fazer uma surpresa ao invés de ser surpreendido. Ouvi passos e me escondi atrás do balcão do açougue. As passadas se aproximaram até parar e, pela quantidade, eram mais de duas pessoas. Consegui espiar por um vidro meio distorcido vi quatro pessoas passando, abraçadas, demonstrando o mesmo medo de mim que eu tinha delas.

Levantei-me de supetão, apontando a arma para meus anfitriões do acaso e vi quatro mulheres assustadas, todas de short e camiseta e chinelinhos de dedo, cada uma com um cabo de vassoura para tentar se proteger.

– Não quero fazer mal a vocês. Só quero conversar.

Uma delas respondeu:

– Então por que está apontando essa arma?

– Porque vocês estão com cabos de vassoura prontas para me acertar se necessário.

Minha resposta as deixou um tanto mais calmas. Coloquei a arma no coldre.

– Não vou apontar para vocês. Podemos conversar?

Elas se entreolharam e também abaixaram os cabos e nesse meio tempo minha cabeça sabia que havia algo de familiar nelas.

– Eu conheço vocês.

Precisei de mais alguns instantes para lembrar-me de seus nomes.

– Vocês são da televisão, não?

– Uhum! – Elas confirmaram com a cabeça.

Desconfiadas, elas não me disseram quem eram mas quando uma delas virou-se para as outras para confabularem, o tamanho da bunda me fez lembrar das quatro de uma vez.

– Aline, Aricia, Carol e Wendy! Acertei?

Devo ter feito uma cara confiável pois nesse mesmo momento todas abriram um sorriso e começaram a falar pelos cotovelos: – Por favor, nos ajude! – Disse Carol. – Estamos há dias nesse lugar e só temos visto esses, esses…

Aline completou sua frase: – Monstros.

– Você é da polícia? – perguntou Wendy.

– Bombeiro? – dessa vez foi Aricia.

Então começaram a falar todas em uníssono, tornando impossível discernir o que diziam. Dei três batidas no balcão e falei: – É horrível ser eu o portador dessa notícia, mas acho que o mundo acabou.

As quatro me olharam em um desespero aterrador. Wendy caiu em prantos.

– Como você pode falar isso? – Carol ralhou comigo. – Deve ter alguém por aí para nos ajudar.

Perguntei mesmo sabendo qual seria a resposta: – Tentaram ligar para alguém?

– Nossos celulares estão mudos e sem bateria agora. – Aline disse.

Aricia, tentando dar um apoio a amiga que chorava, falou: – Então é verdade?

Fiz que sim com a cabeça.

– Vim de São Paulo, quase do centro, e vocês são as primeiras pessoas vivas que encontro desde então. E isso já tem mais de dez dias.

Entre choros e reclamações, fiquei sabendo que elas tinham ido até ali para gravar. Haviam combinado com o dono do mercado alguma matéria em que fariam compras com roupas bem sexys e tinham chegado antes da loja abrir. No momento que os primeiros zumbis apareceram, um produtor as fez entrar na loja e fechou a porta atrás delas e ficou gritando. Depois de tantas pegadinhas, elas estavam manjadas e acharam se tratar de mais uma. Subiram em alguns banquinhos e olharam pelas grades próximo ao forro do mercado velho e viram que tudo era de verdade e não tiveram coragem de sair. Viram muitos morrerem ao correr pelas ruas, mesmo tendo passado alguns dias. Viram um desses mortos se levantar algumas horas depois de ter sido quase todo devorado. Viram dois homens atirarem um contra o outro, um morrendo e o outro sendo atacado pelos monstros. Viram os dois se levantarem e juntarem-se a multidão de criaturas que perambulavam sem rumo.

Ficaram em silêncio, esperando uma ajuda que nunca chegou.

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Comentários

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Diz aqui em quais famosas você se inspirou. Só para a gente ler pensando nelas

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Curioso para ver como pode desenrolar putaria com um cenário desses. Ao contrário dos outros leitores que comentaram,não saco nada de zumbi,nunca assisti "The Walking Dead ", e espero pelo menos um mínimo de coerência na passagem do terror para a sacanagem

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Leitor000, não pretendo ir muito para o lado "gore" da coisa mas tentarei deixar as coisas um tanto pesadas mais para frente.

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Jota,S, quanto a Druuna, conheço sim. Histórias muito boas e traços ainda melhor do Serpieri.

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Excelente conto, aguardo ansiosamente a continuação, quero ver como vai rolar a putaria nesse mundo de ficção pos apocalíptico, acho que você pode até fugir do sexo "real" justamente por estar num conto que foge dessa premissa de pseudo realidade. gostei muito!

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Muito bom!Adoro a temática Zumbi e não é de hoje.Em termos de mundo apocalíptico, você conhece Drunna de Serpieri?É uma graphic novel onde a heroína usa sexo para sobreviver numa sociedade apocalíptica. Anos 70 ou 80. Se não conhece da uma googleada a respeito e veja como ela era maravilhosamente gostosa.Por hora parabéns! Está indo muito bem e sei como é difícil escrever sobre o tema porque já escrevi tbm, embora não fossem contos eróticos.

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Breakmen, vou pedir desculpas de antemão. Por mais que eu também goste da história, eu foquei no sexo. Sempre que possível irei detalhar as aventuras pelo mundo apocalíptico que os personagens se encontram, mas não tem como desvencilhar o tema do objetivo final que é a putaria generalizada que vai acontecer.

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Continue pfvr está muito boa a história! Já está sem sexo e com o mesmo ficará ótimo mas fico no enredo não estrague a história para por fatos eróticos!!!!!!

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