Le Petit Mort

Um conto erótico de Rhadamazan de Oliveira
Categoria: Heterossexual
Contém 3479 palavras
Data: 23/11/2018 15:57:02

Domingo, 28 de outubro deº Turno das Eleições

A obrigatoriedade de voto cumprindo o seu papel impecável de colocar os brasileiros a definir os comandantes desse nosso País, o fizeram acordar cedo em seu “habitual dia de acordar mais tarde”.

Por ser um dia preguiçoso, no qual dentre dez onze não estão querendo nada senão sombra, água fresca e brisa, ou então o almoço de domingo, o futebol da manhã, o churrasco com as cervejas, o desabrochar no sofá assistindo algum programa de televisão, a qual, particularmente é incompreensível tal procedência humana, a equação adequada justamente fora ser um dos primeiros a colocar o dedo no “confirma” para Bolsonaro para Presidente do Brasil. Somente essa a sua obrigação. Governador deixou para o acaso decidir.

Com toda a paciência possível e revestido de uma calma absurda, obstante a demora do coletivo em nada atormentava o seu espírito; pelo contrário, aliava-se a estar por completo em uma realidade paralela à correria, desespero, agito, pressa, nervosismo das pessoas, tudo isso em sua volta. Procurou um assento no fim do coletivo e foi olhando esse universo de perturbações. Pelo adiantado do dia, ainda tão cedo, justificou os poucos passageiros e transeuntes nas ruas. Avistou movimento próximo a duas escolas públicas, locais de votação, mas mesmo assim bem aquém do esperado. Gostava dessa sensação de solidão, quase que sempre pensando no The Walking Dead, em um mundo onde tudo acabou restando poucos. Por uma morbidez estranha em termos de sexo, numa necrofilia sarcástica, em um mundo de mortos-vivos, permitiria aproveitar das mulheres quando recém-mortas, ainda inteiras, podendo “comê-las devassadamente”. Entretanto, pensou no ato de consumir o sexo no ápice poderia ocasionar a contaminação... “Será como uma doença sexualmente transmissível?” Cabisbaixo esboçou um sorriso. Levantou os olhos perscrutando à volta como se pudessem ouvir seus pensamentos. Duas adolescentes estavam em pé ao meio do corredor, de shorts dois números menores ao corpo, coxas grossas, rasteirinhas nos pés e um top vermelho com uma estrela. Alguma coisa do PT? Momentaneamente vendo-as como “zumbis”, já imaginando apenas as duas e ele, as viu presas pelas pulsos nos bancos, impossibilitando “morderem”, indefesas para serem violadas. Com uma descrição profissional observou-as detalhadamente, fixando seu desejo na primeira, cabelos castanhos escuros, na bunda redondinha, empinada, que ornavam deliciosamente as coxas roliças, já na segunda, nas panturrilhas carnudas, como gostava e nos pés de unhas em esmalte rosa escuro. Sim, os pés dessa eram atraentes, sedutores. Mais sexy ainda naquela rasteirinha dourada. Em lapsos temporais recordou-se de sua adolescência com sua irmã em um short azul tão colado a bunda quanto das duas ali na sua frente. Lembrou-se também da Bia, a cunhadinha de seu primeiro casamento, com aquela bunda empinada, um traseiro excitante. Especificamente, daquela tarde em casa a fazendo colocar um short branco apertado. Soltou um longo suspiro de resignação pelo passado ao presente, deslizando as pontas dos dedos sobre o membro dentro da calça, adormecido. “Fosse naqueles tempos, você estaria rasgando o tecido...”. Pensou entre que triste e sabedor dos efeitos da idade.

Caminhando pela Avenida Nove de Julho, dobrando na esquina da Rua das Palmeiras, chegou à escola, seu local de votação. Como previsto, bem tranquilo. Não gastou dez minutos na sua obrigação. Com uma manhã toda sua, mais ainda longe de casa, das obrigações domiciliares, das cobranças da esposa, dos afazeres dominicais, satisfeito por ter cumprido seu papel cívico, como desde cedo em sua alma, caminhou em direção ao centro e desse para chegar ao Mercado Municipal, para então iniciar seu pensamento de retorno à vida. Aproximando-se da Praça da Catedral, um tradicional reduto dos desocupados, dos aposentados, dos “artistas de rua”, das garotas de programa, entrecortado por calçadões e uma rua ornada em tijolos avermelhados cruzando as duas pontas da mesma, tendo no centro o que anos atrás tinha sido um palco elevado para as apresentações públicas de shows e comícios políticos, agora apenas um esqueleto rudimentar, saindo de uma lanchonete, uma jovem garota de vestido branco estampado de rosas em tom azul claro e sandália de salto fino. Cabelos em tom acinzentado e louros, longos. Seus passos singulares denotavam uma gostosa ginga dos quadris, esvoaçando a barra do vestido, como querendo erguer mostrando as coxas, a bunda. Reparou que seus passos cadenciavam um frente ao outro, mesmo sendo ágeis. Sempre prestou atenção ao andar de uma mulher, percebendo que, um pé a frente do outro, não faz a mulher andar, porém, efetua um desfile seduzindo sua curiosa plateia. Poucas têm esse dom, infelizmente, não por não serem donas, contudo pela pressa, pela conveniência atual da vida, obrigando-as a serem mais agressivas, rudes, do que simplesmente delicadas, femininas, desprotegidas. Não é culpa apenas delas mas também do universo masculino, assanhado ao ver uma mulher dentro desses parâmetros, assediando-a qual um animal. Podemos extasiar na magia das estrelas no céu sem com isso ter o direito de pegá-las.

Por um instinto masculino sentiu a essência daquela mulher. Uma garota de programa. Uma “prima”, uma prostituta. Passou pela cabeça os contos da Viuvinha, de seu slogan de que “Puta sofre, mas goza!” Uma atividade antiga, perdoada por Cristo, “Vá e não peque mais”, à Maria Madalena. Com certeza a palavra “prostituta” deveria ser banida da Língua Portuguesa como definir essa profissão. Conciliar-se-ia melhor trata-las como “A Mulher dos Sonhos”. Quando encontramos uma Viuvinha, encontramos a mulher perfeita, a mulher de nossos sonhos.

Incrivelmente ocorre uma química maravilhosa nesse encontro entre o cliente e a mulher, mesmo em sua proibição, pelos tabus sociais, morais, religiosos, legais. É como acomodar o desejo de comer com a fome, a sede com a vontade de beber água, a de respirar com o ato de viver. As esposas tornam-se alheias nos momentos desse contacto, como que elas mesmo assim dissessem aos maridos, “Vá e realize-se nelas, porém, volte pra mim, pra casa, para os nossos filhos”. Uma observação isso ou uma demência? O que acharíamos de nossas esposas encontrando com os “Garotos de Programa” para uma realização pessoal? Não entremos nos méritos, apenas no ato de ter aproximado da garota, olhando-a mais atentamente e ao lado deixar os olhares cruzarem maliciosamente.

-“Oi.” Disse-lhe sorrindo exibindo belos dentes.

-“Oi. Nunca te vi por aqui... É nova?”

-“Sou do Estado do Paraná. Estou a pouco tempo na cidade... Interessou-se?” Abriu-se em uma fisionomia admiravelmente linda quanto gostosa.

-“Sim, bastante interessado...”

-“Então, podemos ir conversar... Tem um hotel logo ali na frente. Vamos?”

-“Sim. Vá andando à minha frente e te acompanho... Vou admirando sua beleza!”

Nada mais tranquilo quanto já sabemos do final dos fatos e o resultado é adequado a nossa vontade. Agora seguindo a garota, ciente que em poucos minutos tudo o que avistava estaria em suas mãos, aos seus delírios carnais, aos seus anseios sexuais, olhá-la tornou-se mais um motivo de fantasia do voyeurismo. Sempre há uma relação curiosa entre o presente que iremos ter em mãos e os momentos que antecedem isso. Qual é mais importante? Aos adeptos de quantidade, o presente em mãos é o que importa, porém, aos que estão entre os que a qualidade importa e os favorecidos pelos anos, a espera pelo presente é muito mais valioso. Olhando-a em seus passos, os pés delicados, as unhas feitas, as pernas, o vestido, oscilava entre a ansiedade e a preocupação de acordar de seu devaneio com a mulher dos sonhos. Momentaneamente prestando atenção a altura da barra do vestido, ao que sensualizava as coxas, repassando pelos minutos que vira as duas adolescentes no ônibus, juntando os idos com sua adolescência, junto a sua irmã, deixou-se vagar nas diversas vezes que chegando das aulas do Ginásio, encontrando-se com sua irmã insistente em aproximar-se dele, quando então acabava buscando um refúgio isolado e grudava nela, alisando-se em sua bunda por cima do vestido. Fora numa tarde com a dispensa das aulas mais cedo que chegou a casa e encontrou-a sozinha.

-“ Cadê a mãe? Cadê todo mundo?”

-“ Foram na tia... Fiquei porque tá doendo o furúnculo...”

-“Não dá pra andar? Você é preguiçosa, isso sim.”

-“Doí.”

Olhando a irmã percebendo-a em seu vestido em tom rosa, blusinha marrom e sandálias de couro, sentiu novamente aquela atração costumeira em agarrar-se nela por trás. Buscou-se disfarçar criando argumentos para isso, como necessário precisasse já que ela normalmente o procurava insinuando-se e deixando-se ambos isolados dos demais da família.

-“Onde é esse furúnculo?” Inquiriu-a seriamente.

-“ Na bunda...“

-“Deixe ver...”

Por mais que vivesse uma eternidade o momento em que se tornou uma rotina à vida dele, a passividade de sua irmã não irá macular-se no seu pensamento, notoriamente sendo um porto seguro em sua vida sexual, marcado permanentemente em todas as relações. Virou-se lhe dando as costas e levantou o vestido, exibindo a polpa da bunda onde visualizava uma área avermelhada e um ponto amarelo ao centro. Não apenas olhou o ferimento, contudo a calcinha grande e branca, a coxa. Impiedosamente levantou o vestido olhando aquela linda bundinha só com a calcinha protegendo. Furiosamente agarrou-se nela esfregando o membro em sua irmã, apertando-a, alisando-se nela. O pau dentro da calça avolumava qual um pedaço de ferro. Abraçou-se a ela cruzando as mãos sobre a barriga e os pés prendendo-se como podia às pernas, forçando mais e mais, a querer entrar nela para saciar aquela estranha coceira, o sentimento de algo buscando explodir de seu corpo. Por fim ergueu-a do chão mantendo-a presa pelos braços, caminhando assim até leva-la ao sofá, onde a atirou literalmente falando. Sua irmã equilibrou-se entre o assento do sofá e o corpo dele, mantendo-se de costas.

-“Fique de joelhos no sofá...”

Ah, fantasia impura e pecaminosa, outrora sem conhecimento do incesto, da proibição dos desejos da carne entre irmãos, na família. Subjugada pôs de joelho submissa ao irmão, apoiando-se no descanso do sofá e ficou. Levou o vestido a cintura desnudando-a sensualmente observando-lhe as coxas, as panturrilhas, a calcinha branca, de algodão, grande. Uma maravilhosa visão. Apenas esfregar-se na bunda com o pau extremamente duro não saciava o seu âmago de alívio. Todavia, o que poderia fazer para isso ocorrer?

Uma corneta ao seu lado, vindo de pelas costas acordou do breve devaneio. Instantaneamente olhou a garota andando e o volume em sua calça. Precisava excitar-se só mais um pouco para um orgasmo. Observou atravessando a rua um cartaz escrito “Agora é vez do Militarismo – Bolsonaro neles”. Analogamente em sua cabeça as lembranças com a sua irmã, a garota de programa à sua frente, a frase, a contemporaneidade e os idos de 1979. Eleito de maneira indireta o então último presidente militar no país, General João Baptista Figueiredo, como eram mencionado, General de Cinco Estrelas, sucessor de Ernesto Geisel. Naquele longíguo recanto do tempo, a democracia brasileira dava seus primeiros passos, começando com a pluralidade de partidos, obstantes atos terroristas como o do inesquecível Rio Centro. Passaram-se os anos e no presente, Capitão da Reserva Jair Bolsonaro, um futuro presidente. Quanto não ocorreu nesse espaço de tempo dentro do Brasil, da política, de si mesmo, do mundo. Curiosamente, foi nesse ano que o Partido dos Trabalhadores surgiu no ABC Paulista, base dos sindicatos, liderados pelo Lula, Luís Inácio da Silva, futuro líder do PT, atual preso por corrupção. Mais importante que isso, mais do que a esperança de um novo militar no comando do Brasil, um país a renascer da crise, foi a descoberta do orgasmo e a forma de aliviar toda aquela tensão existente em seu corpo, via de regra saciado na irmã, depois, em primos, amiguinhos, em suas primas, amigas da irmã, até em sua tia e finalmente na primeira amante, namorada, esposa.

Entraram em uma porta ao lado de duas lojas de roupas. Um balcão alto e atrás desse um senhor sentado em uma banqueta. Levantou-se colocando sobre a fórmica do balcão uma chave com uma plaquinha escrito 17.

-“Quanto?”

-“45, mas na promoção do dia 40.” Respondeu secamente. Sem olhar.

Pagou pegando a chave. Subiram por uma escada ao andar superior e no corredor até o fim pararam à porta com o número 17. Abriu-se dando entrada ao casal. Uma cama de casal, um sofá, penteadeira, dois criado mudos, abajur, uma estante com televisão, um tapete marrom, felpudo. Ao lado da entrada um banheiro. Um cômodo confortável até mesmo para um pernoite.

-“Qual teu nome?” Perguntou à garota que colocava a bolsa sobre a cama.

-“Patrícia”.

Curiosamente sempre se pergunta o nome mesmo sabendo que nas várias oportunidades é apenas um nome de guerra. Não importa o verdadeiro. Toda a situação do casal naqueles momentos de aventura é um sonho, uma fantasia, algo surreal principalmente ao cliente, que está buscando um momento de excitação, o orgasmo e mais nada. A química é definida quanto a garota não somente é uma carne, um pedaço de mulher, porém, atende ao íntimo desejo do cliente, do seu parceiro, do seu homem. Patrícia colocou as mãos às costas para soltar o zíper do vestido.

-“Não. Não tire o vestido... Fique assim mesmo por enquanto. Deite na cama meio de lado, com as pernas esticadas.”

Passiva ao cliente colocou-se de lado na cama, trajada, deixando as pernas esticadas, um pé levemente ao lado do outro, acomodando-se com a sandália. Sobre si colocou um lençol cobrindo-a a altura dos ombros. Não há questionamento das partes do porque, apenas os atos submissos.

-“Faz de conta que está dormindo, um sono pesado... Só isso...”

Calcando passos atrás quase à porta observou o quadro por completo atentamente, peculiar, pessoal. O corpo de sua irmã, coberta, dormindo, alheia a presença dele. O silêncio da madrugada, a leve ressonância das respirações das demais irmãs, dos pais. A noite começara excitante quando sua irmã foi tomar banho e instigado pelos libidos juvenis acabou indo espreita-la pelo vitrô. Pela primeira vez a viu nua. Os seios brotando qual uma pétala de rosa, o ventre liso, a pele alva, a bunda redondinha, as polpas, pêlos em sua região pubiana. Uma imagem eternizada em sua retina. Não apenas restringindo a ocasião, enquanto folheava algumas revistas em quadrinhos em seu quarto, sua irmã chegou ao lado da cama, parando, estática, passiva. Acariciou-lhe por baixo do vestido as polpas, as coxas, descendo nas panturrilhas. Inexplicavelmente pegou na mão dela levando-a ao seu membro coberto pelo calção, duro, estourando em riste. Os dedos dela tocaram levemente. Magicamente, alinhou a palma, os dedos, prendendo o volume, apertando-o carinhosamente. Pela primeira vez isso ocorria, o toque da mão no pau, não apenas os esfregas, as “encoxadas”, a fricção na bunda. Respiração ofegante, um breve delírio da realidade, um estado de torpor, uma excitação nova. Alguns minutos nesse êxtase pecaminoso e a volta à realidade.

Levantou o lençol a altura das coxas, ajoelhando-se ao lado da cama, acariciando os pés, deslizando pelas pernas. Com as mãos segurou os pés e levou a boca neles, beijando-os, lambendo, inalando um doce odor de perfume. Agradou deverasmente pela sensação, pelo cuidado da Patrícia aos pés. Unhas cuidadas, bem tratadas, solas lisas, pele lisa. Sofregamente buscou os dedinhos, um a um, entre que beijos, lambidas e chupadas. As mãos percorreram as pernas ao que podiam, sentindo a maciez, o calor, principalmente o calor daquela carne, como algumas vezes pode ter de sua irmã. Nunca ficaram perdido os beijos aos pés dela naquela noite perdida, como também os que surgiram ocasionalmente. Aos pés da Patrícia em seu interior a doce recordação de sua fantasia.

Acabou puxando o lençol um pouco mais da cintura. Admirou-lhe as pernas, um naco das coxas que surgiam. Os pés no salto. Com uma manipulação de carinho e amor, desabotoou as fivelas do salto, puxando-lhe dos pés, obcecadamente fixando os olhos nas solas. Assemelhavam-se às de sua irmã. Desinibido beijou várias vezes aqueles pés, colocou na boca os dedinhos, acariciou os flancos, as pernas. Por fim, em pé ao lado do corpo despiu-se das roupas. Carregou a barra do vestido para aonde já estava o lençol. Vários passos atrás se prostrou observando-a sobre a cama. A calcinha branca, pequena, cobria sensualmente a bundinha com uma aparência tão macia, tenra. O pau duro, latejando, como há tempos não ocorria. Entre os dedos massageava tirando um prazer todo especial, lembrando naquela mescla de corpos, de sua irmã, da Patrícia, na cama, estendida, a bunda, as coxas, os pés.

Quando se deitou beirando vinte e três horas, sua situação na noite, com tudo, agravara-se. A cena da nudez, a massagem no pau e cenas picantes de uma relação no seriado da Globo, Plantão de Polícia, com Hugo Carvana. Fez diversas leituras agradáveis, de quadrinhos a Agatha Christie, das da Placar a livros de bolsos de faroeste, contudo, seu ânimo não sossegara. Buscara levar os pensamentos para longe daquele tormento, contudo, a situação do pau não permitia aliviar-se. Como quem sente uma dor de dente, insuportável e não enxerga outro remédio senão a extração. Todavia, como extrair aquelas sensações atormentantes de seu corpo, do seu pau? Quase não acreditou vendo quase uma hora da manhã. Levantou-se agilmente e de maneira esquia saindo da cama passando ao corredor, pela porta do quarto de suas irmãs, perscrutando o interior, buscando sua irmã. Como mais uma tentação das tormentas em seu corpo lá estava de pernas esticadas, coxas nuas, a camisola parcialmente levantada, os pés, as solas.

Patrícia passivamente deixou-se na cama sentindo em seus pés o membro deslizando entre as solas, os flancos, prendendo-se entre eles e numa simulação cadenciada de uma penetração. As mãos acariciando de maneira suave as pernas e coxas, os beijos em sua bunda, lambidas. Postou os pés segurando o pau entre eles com as mãos de seu cliente na cintura, tensas, mantendo agora um ritmo mais acelerado, prenunciando um gozo. As nuvens do passado assombreavam o presente quando piscando os olhos revivendo então sua entrada ao quarto, colocando-se de joelhos e beijando mais uma vez os pés de tua irmã, saboreando a maciez da carne. Os dedos avançavam pelas pernas às coxas apalpando a bunda, dando-lhe a sensação causticante em seu peito. Pela posição de sua irmã, pelas circunstâncias, pela falta de privacidade, viu-se impotente de esfregar-se na bunda dela. Tomado pela necessidade de sentir no membro a pressão do corpo da irmã, sem poder grudar nela, deitou-se adequadamente aos pés da cama, levando o pau às solas e pressionou-o contra a carne macia. Com as pontas dos dedos apertava mais a glande aos pés. Inacreditavelmente a sensação que passou a sentir nesse contato o fez sentir-se em estado de graça, como que aquilo saciasse toda a gana de sentidos despertados em seu corpo, já há tempos. Quando mais esfregava, mais duro o membro tornava-se. Foi então que sentiu seu corpo estremeceu, desacordando da realidade entrando em um estado de transe, contorcendo, vergando em si na barriga, ao mesmo que buscasse expandir todo o músculo de seu corpo. Uma deliciosa sensação invadiu seu corpo, seus sentidos. Naquele instante pareceu que tudo, todos, despareceram, ele próprio desapareceu da realidade. Desvaneceu-se em seu primeiro orgasmo, seu primeiro gozo. Soltou sobre os pés da irmã seu sêmen pela primeira vez, esvaindo de dentro aquela sensação atormentante de anos já perseguidora. Alguns anos a essa madrugada, em um livro qualquer, tomaria conhecimento da frase “La Petit Mort”, a Pequena Morte, como os franceses costumavam mencionar em relação ao orgasmo. Um momento sublime que transcende a realidade e perdemos a consciência. As mulheres são mais felizes que os homens, considerando essa sensação de arrebatamento, podendo prolonga-los. Qual a morte, aos homens, passa-se de um ao outro sem perceber.

Patrícia sentiu seus pés molharem como o orgasmo. As penetrações aceleradas, um que de parada e os jatos de porra esvaindo do membro, molhando-a. Como uma profissional, ficou inerte na cama. Avistou pelo rabo do olhar seu parceiro pegando uma toalha e limpando-lhe os pés. Cuidadosamente asseou os dedos, os vãos, os flancos, massageando-os após, com carinho e um amor. Por mais que já tivera outros homens com esses fetiches, notava nesse algo diferente. Não estava apenas sentindo um prazer na fantasia, em seus pés, porém, uma alento de amor.

Sem mesmo entender o que ocorrera apenas que sentiu-se aliviado de toda aquela pressão, relacionando-a como algumas vezes acordara de madrugada após uma ejaculação espontânea de polução noturna, voltou-se ao seu quarto, deitando. Ouviu alguns ruídos provindo do quarto da irmã, de sua cama, uns sons abafados como que se ela gemesse. Em seguida um respirar ofegante e ruídos ritmados do extrato da cama, como que alguém remexendo-se em movimentos circulares. Qual começou cessou. Ficou o silêncio da madrugada.

Passavam do meio dia quando chegou em casa, sorridente, alegre, feliz, com duas sacolas com carne, linguiça, filés de frango, uma caixinha de cerveja, refrigerantes e de maneira esfuziante contagiando sua esposa, filho, sogra, para um churrasco. Além desses uma revista em quadrinho, antiga, garimpada em um sebo, do Zé Carioca, do ano de 1979, onde no canto um logotipo com o slogan Ano Internacional da Criança, como lembrança do desse domingo de eleição.

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Comentários

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Simplesmente fantástico. Na minha opinião, este conto está seguramente entre os 10 melhores aqui na casa. Iniciando pela ida a exercer o ¨direito¨ de votar. Que raios de direito é esse, que não se tem a faculdade de exercê-lo ou não? O termo correto seria obrigação de votar. Obrigação é tudo aquilo que você é forçado a fazer, sob pena de multa. O enredo passa por devaneios com antigas lembranças incestuosas, o desejo pela irmã com furunculo na bunda. Desejo esse finalmente saciado, nas nádegas de uma prostituta. Com direito a uma deliciosa ¨Le Petit Mort¨, em tempos que a tal da ¨redemocratização¨ foi um fiasco fragoroso e todos pediram a volta daqueles tempos, de um militar no poder. A pequena morte só foi possível porque o quarto era numero 17. Se fosse numero 13... Kkkkkk. Abração, amigo!

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