Amolecendo o coração do bad boy. (Clichê) XIII

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 2229 palavras
Data: 21/11/2018 02:06:24
Última revisão: 21/11/2018 02:39:16

- ainda insisto na conversa.

- beleza! – ele me venceu.

Junior sorriu.

- vi que lá no teu quintal tem umas partes bem escuras, então da pra gente conversar sem ser interrompidos.

Não entendi muito bem aquela parte de conversar no escuro, mas não retruquei. Junior me ajudou com as sacolas e finalmente reencontramos Miguel, Pádua e Ana.

- affs. Até que enfim chegaram. – reclamou Pádua.

- não é pra tanto. Nem demoramos muito assim. – falei.

- dessa vez tenho que concordar com o Pádua, amigo. Vocês demoraram muito sim. – disse Ana.

- distribuidora estava lotada. – resmungou Junior

- vocês foram em qual?

- na zero grau. E ainda fomos ao supermercado comprar as coisas de vocês. – falei.

- sei. – disse Pádua.

- nós esquecemos de pedir gelo. – falou Ana.

- tem na geladeira.

- então vamos virar a noite! – comemorou Pádua.

- Eduardo, tem problema se eu tirar minha camiseta? - perguntou Miguel um pouco envergonhado.

- não Miguel, fica como você acha melhor.

Junior me olhou com uma expressão estranha.

- se quiser tirar a parte debaixo também ta Miguel!? Não fica acanhado não. – brincou Pádua.

Miguel apenas sorriu e voltou ao violão.

- que tu quer ouvir Edu? – perguntou Miguel.

- toca ai Zé neto e Cristiano. – falei.

- pode ser notificação preferida? – ele perguntou.

- pode uai. Você quem manda. – falei abrindo uma latinha de cerveja.

Junior, com voracidade, puxou a latinha da minha mão e deu uma golada.

A noite estava agradável pacas. Nem quente, nem fria. Com certeza eu iria guardar àquela data pra sempre.

Depois do zé neto e Cristiano, Junior pegou a viola do Miguel e começou a dedilhar.

xxxX

Quem pegou, pegou, pegou Não pega mais! Quem beijou, beijou, beijou Não beija mais! Tem um amor de balada Virando amor da minha vida Quem diria...

xxXX

Eu me impressionei. Não apenas pela música, mas porque eu não sabia que Junior tocava e cantava tão bem. Na verdade não sabia que o Junior era tão povão... Tão humilde.

Enquanto o Junior e o Miguel iam revezando no violão, Ana, Pádua e eu íamos conversando coisas da escola e da vida.

- mas diz aqui pra nós: Pegou ou não pegou? – perguntou Pádua pertinho do meu ouvido.

Pádua falava e o bafo de cerveja vinha direto no meu nariz. Acho que eu estava na mesma situação ou pior.

- peguei o que mano?

- o Junior, viada? O que rolou? Por que vocês demoraram tanto?

- não rolou nada. Demoramos devido o transito.

- transito? Mas não era a distribuidora que estava lotada? – disse Ana.

- também! O trânsito e o movimento na distribuidora.

- que historia estranha, amigo. – disse Ana.

- ta querendo defender o boy porque? – perguntou Pádua.

- não to devendendo ele não, é que realmente não houve nada.

- e ele nem tentou? – Pádua piscou pra Ana.

- não, Pádua. Não rolou nada. – sorri para meus amigos.

- e eu achando que a senhora ia voltar toda esfolada. – Pádua falou quase gritando.

- fala baixo caralho. – falei passando a mão na boca dele.

Ana e Pádua riam do meu desespero.

- vou ‘’mijarme’’ – disse Pádua levantando.

- me espera pão com ovo. – disse Ana indo em seu encalço.

Junior terminou mais uma música e pediu um copo com água.

- la na geladeira tem, Junior. – falei com toda educação possível.

- pega pra mim por favor. – ele pediu de um jeito tão manhoso que não teve como negar.

- beleza. – falei. – quer alguma coisa, Miguel?

- não, Edu. Ta tudo ótimo.

- beleza.

Entrei na casa, peguei a água e aproveitei para pedir que minha mãe fritasse o frango.

Retornei para o quintal e encontrei Junior e Miguel rindo e se divertindo igual dois bobões.

- Advinha o que acabei de descobrir? – Junior lançou-me essa pergunta com um sorriso no rosto.

- fala.

- O Miguel é o gerente da conta dos meus pais.

- serio? Que massa! Mas como vocês chegaram a essa conclusão?

- fomos juntando os fatos. Lembro vagamente do Junior indo lá no banco com os pais.

- que mundo pequeno hen!?

- demais! – respondeu meu amor platônico.

Junior tomou a água em um gole e depois todo tropeiro levantou e pegou uma cerveja nas mãos a admirando por um longo tempo.

Miguel voltou a tocar e Junior parecia flutuar com a lata da cerveja em mãos.

Junior sentou-se a meu lado e por um descuido o relógio caiu de suas mãos.

- tu ta bebão Junior. – sorri.

Peguei o relógio e me ofereci para coloca-lo novamente em seu pulso.

Junior ficou agradecido e me disse que não estava bêbado.

- ainda né!? – brinquei.

- nem vou ficar. Essas brejas são muito fracas para me derrubar. – ele sorriu pra mim.

Junior estava simpático. Na verdade, estava irreconhecível.

- ‘’ces’’ aceitam um desafio? – perguntou Miguel.

- opa! desafio é comigo mesmo. Manda! - disse Junior todo atrevido.

- vamos tomar uma cerva dessa de submarino? - disse Miguel.

- I accept the challenge. - falou Junior.

- de que? como assim submarino? – indaguei.

- submarino é muita loucura. – riu Junior. – eu topo. E digo mais: vou beber tudo em menos de cinco segundos.

- ourra! Aposto! – Miguel duvidou.

- quer valer uma nota de cem? – Junior esticou o braço.

Os dois selaram o acordo com um cumprimento apertado.

- e tu Edu? Vai cair dentro ou vai afrouxar? – perguntou Miguel.

- eu quero cair dentro, mas confesso não saber como é isso.

Miguel me explicou que, popularmente em algumas regiões, submarino era quando a pessoa fazia um furo na lateral da lata e entornava a cerveja pra dentro no menor tempo possível.

- caralho ‘’vei’’. Eu não sei se aguento não.

-Shiii... To sentindo cheiro de caquinha hen!? – zombou Junior.

- I accept the chalenge. – falei fazendo cara de machão.

- agora sim. – disse Junior apanhando três cervejas de dentro do balde.

Assumo que fiquei nervoso. Medo de engasgar talvez, ou até mesmo vomitar. Agora era tarde para voltar atrás. Junior me ajudou a fazer o furo na lata e ao sinal do numero 3 começamos a tomar a cerveja.

Praticamente Junior e Miguel terminaram empatados com uma pequena vantagem para o primeiro.

Junior comemorou a vitória em cima do adversário.

- ta vendo esses cem aqui? – Junior me apontava o dinheiro.

- o que tem ele? Vamos torrar de cachaça? – perguntei.

- exatamente. – disse ele exalando bebida.

Naquela noite ainda saímos mais duas vezes para repor o estoque de cerveja. Em um certo momento da madrugada, estávamos tão loucos e tão bêbados que cantávamos ‘’pais e filhos’’ tão alto que não nos preocupávamos com a vizinhança.

- Edu? Posso usar o teu banheiro? – perguntou Miguel.

- claro que pode Miguel. Fica a vontade.

- eu não sei onde fica. – disse ele entregando a viola nas mãos do Junior.

- eu te levo lá. – falei.

Mostrei o banheiro ao Miguel e retornei. Logo de cara, Junior me chamou pra conversar.

Apenas confirmei com a cabeça.

- pode ser mais lá pra trás? – perguntou.

- ahan. – falei.

Junior passou o violão para o Pádua. Meus amigos não estavam acreditando que o cara mais popular do colégio estava me chamando para uma conversa particular.

Junior me puxou para um canto do quintal atrás de uma mangueira, e logo sentei sobre a raiz daquela arvore.

- vai ficar em pé?- perguntei.

- não to querendo briga, Edu. – ele resmungou.

- nem eu, Junior. Vamos conversar e acertar as coisas de uma vez por todas. Beleza?

- essa é minha maior intenção. – disse ele se aconchegando ao meu lado.

- Junior, antes que tu comece a falar, eu queria mostrar meu ponto de vista.

- claro. Fala ai.

- não é bem um ponto de vista. Quero esclarecer algumas coisas. Quero ser bem sincero contigo.

- beleza, Edu. Fala. Sou todo ouvido.

- Junior, tu nunca reparou em mim, mas eu sempre reparei em você. Ate porque é difícil alguém deixar de reparar né!? Mas eu estava quieto na minha até aquele maldito momento que eu fui pular o muro do colégio, e você começou com as chantagens.

- Edu... – ele tentou falar algo.

- espera um pouco, Junior. Vou falar tudo de uma vez e depois você fala.

Ele apenas baixou a cabeça.

- eu não pedi pra me aproximar de você, e nem pedi pra você se aproximar de mim. Eu não fui atrás de você. Não pensa que eu estou te culpando, Junior. Longe disso.

- Edu...

- ainda não terminei Junior.Eu não quero que você se sinta culpado de alguma coisa. Sei que você veio aqui tentando ser legal comigo. Você foi o melhor presente que eu ganhei hoje, e eu nunca vou esquecer esse dia, mas ta tudo bem Junior. Eu não guardo magoa de nada. A gente é novo pra caramba e erra muito mesmo, a vida é assim.

- resumindo tudo isso, você ta admitindo que gosta de mim? – ele me encarou. A noite escura me impedia de ver detalhes do seu rosto, mas eu via seu olhar penetrando nos meus.

Foi minha vez de baixar a cabeça.

- eu gosto de você sim. – falei tímido.

- você ta bêbado! Não sabe do que está falando.

- bebo não mente. Não é o que dizem por ai? – sorri.

- pra toda regra há uma exceção. – ele sorriu.

- não é o meu caso. Eu gosto mesmo de você. Mas não quero que você tenha pena de mim não. Eu sou forte.

- Eu gosto de você também. Como amigo, mas gosto. Aprendi a gostar de você com o tempo. Eu me arrependo de tudo o que eu fiz, Edu. Eu fui um covarde e te prejudiquei demais.

- relaxa! – falei apanhando pedrinhas do chão e começando a jogar para o alto.

- impossível. Eu fui um cretino. Aquele não era eu, Edu.

- ta de boa Junior. De verdade. Vamos esquecer? – falei mostrando a mão.

Junior me fitou por um instante.

- posso te dar um abraço? – ele perguntou.

- Não vai se apaixonar? – brinquei.

Junior me deu um abraço apertado ali debaixo daquela arvore que eu nunca mais esqueceria.

Pouco tempo depois, meus amigos começaram a ir embora. Primeiro foi o Miguel prometendo retornar em breve.

- vou esperar e vou cobrar aquela aula de surfe.

- pode cobrar. – ele sorriu me cumprimentando.

- bom passar o dia com você parça. – disse Junior dando um abraço e um tapinha no ombro do Miguel.

- foi bom demais, vamos repetir mais vezes.

- com certeza. – disse Junior.

Pádua e Ana aproveitaram pra pegar carona com Miguel, mas antes disso foi a vez de Junior se despedir de todos e sair também. Ele apertou minha mão e eu senti um forte pesar com aquela partida. Eu não podia me iludir. O Junior queria apenas uma forma de se desculpar por tudo e ficar com a consciência tranquila.

Tranquei a porta, e fui direito ao banheiro tomar um banho. Sentei no piso gelado e fiquei lembrando da tarde. Nos meus braços ainda tinham resquícios do perfume do Junior. Entrei debaixo do chuveiro e fiquei ali por um bom tempo. Ao sair, coloquei uma cueca box, deitei no sofá e liguei a tv. Só então lembrei que Junior havia dito que passaria aquela noite ali em casa, mas como já tínhamos tido a conversa, já não era mais necessário.

- como fui bobo. – pensei acertando o controle remoto na minha própria cabeça.

Comecei assistir a um filme chamado ‘’ quebrando regras’’. O filme estava ate legal, mas o cansaço era tamanho que dormi e acordei pelo barulho do celular.

- Junior? – estranhei ele esta me ligando àquela hora.

- e ai Edu, pode vir aqui na porta? – ele falou do outro lado da linha.

De imediato, fui. Ao abrir, encontrei ele ali todo molhado.

- o pneu do carro furou. Posso passar a noite aqui?

Eu fiquei bobo parado ali na porta.

- po...pode. – falei.

- valeu. – disse ele entrando.

- porque tu ta tão molhado? – perguntei lhe entregando uma toalha.

- la fora ta caindo uma chuva.

- serio? Não reparei.

- não é tão forte, mas da pra molhar.

- entendi, e o teu carro?

- o que tem ele?

- como você vai fazer pra trocar o pneu?

- que pneu?

- tu ta precisando dormir, Junior. O pneu do teu carro que furou... nexo!?

- ah! Amanha com calma eu vejo isso. To com um pouco de dor na cabeça. – ele falou por baixo de um gemido agudo.

- quer tomar alguma coisa?

- tem energético? – ele perguntou secando o cabelo.

- não oh, mas eu posso fazer um café forte.

- precisa se preocupar não, Edu. A não ser que você também queira.

- vou fazer pra nós. Beleza?

- tranquilo.

- deita ai um pouco po. – falei.

- vou fazer isso. – disse Junior começando a tirar a roupa.

Não pude deixar de olhar. O Junior não notou que eu observara, então continuou se despindo ate ficar apenas de cueca. Eu sentia medo de minha mãe aparecer ali na sala, mas não queria que nada interrompesse àquela cena. Junior passou a toalha por dentro da cueca e aquilo me deixou excitado.

Junior, finalmente, deitou-se, e eu fui fazer o café. Coloquei uma xicara bem cheia e levei para sala. Lá, encontrei Junior dormindo no sofá. Tão pesado era o sono que ele roncava. Toquei em seu rosto e senti sua pele macia em minhas mãos.

Aquilo era errado. Eu falava pra mim mesmo. Peguei um cobertor e joguei por cima do seu corpo, tomei o café e depois deitei sobre um edredom no chão da sala. Não demorou muito e Junior veio para junto de mim.

- Junior? – falei baixo.

- hã? – disse ele sem abrir os olhos.

- quer ir pra cama?

- ta bom aqui. – respondeu pressionando o seu corpo sobre o meu.

- então eu vou nessa. Se precisar de alguma coisa, você fala. – conversávamos num fio de voz.

Junior segurou meu braço com uma certa força.

- você não vai a lugar algum. – disse ele em tom baixo, porém firme.

Continua...

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Comentários

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Homem bom é assim, que demarca território!

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ok. Esse reencontro precisava de um "final feliz". Minha torcida é para que os dois se acertem de vez e possam se amar sem neuras.

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Junior é dos meus, o cara dos sonhos, pelo menos em algumas atitudes, mas eu sou tipo o Edu, só que mais sincero e debochado kkkk gosto desses dois, e o Júnior nem pra conseguir firmar uma mentira kkkk esqueceu até do pneu kkk só quero ver o que vai rolar na madrugada ....

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O Júnior não está conseguindo controlar seus sentimentos. Não demora postar

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