lume cotidiano

Um conto erótico de ternura
Categoria: Homossexual
Contém 409 palavras
Data: 28/10/2018 22:40:27

Estava sentada no sofá de casa, lendo um livreto, de modo tão despojado que sequer percebi quando a alça do meu baby-doll deslizou sobre meu ombro.

O fato é que meu seio esquerdo estava radiante, sob a plena luz do sol, vista tarde tão ensolarada e feliz. Tudo tencionava a ser o melhor possível aquele dia, não fosse a saudade que eu tinha do meu amor.

Pensava nela a todo momento. O cheiro, a boca molhada com que agarrava meus seios, os dedos pesados que forçava contra minha vagina, o carinho com que me abraçava e a violência com que me jogava ao céu. Lia o livreto só com os olhos, mas com o coração planejava a ternura do encontro. Me permito jogar as palavras desordenadamente ao papel porque falar sobre o meu amor não é minha obra arquitetônica, impessoal e objetiva, é obra da espontaneidade e da dedicação que destino ao nosso sentimento; com que se constroem as curvas da estrada, seguindo o movimento do horizonte e da natureza.

Ela chegou. levantei a visão, sorri o sorriso mais sorriso da minha vida; meu seio continuava descoberto. Ela correu ao seu encontro, com a boca aberta e os braços enormes, compridos, me levando para nosso quarto. Sequer disse meu nome, foi logo me chamando de saudade.

Mordiscou o canal por onde brotava o néctar materno, tão revigorante, mas que ainda não brotava em mim. Ali se demorou. Era tão paciente e tranquila enquanto descia sobre minha barriga que cheguei quase ao Nirvana, gemendo e arqueando o corpo. De repente, recomeçava, desde a boca até a virilha. E ia se demorando mais, mais, mais.

Ritualizou a entrada da minha vagina; disse que divino era ela, o resto era heresia. Não acreditei, sou profundamente religiosa, mas em nome do bom sexo e da verdadeira antropofagia erótica, até a verdadeira heresia é passível de ser ignorada.

Continuou, continuou e continuou, como se a acidez da intimidade fosse o mel mais doce desse mundo (mas não é).

Me beijava novamente, rapidamente, deliciosamente, demonstrando que não havia repulsa no autoconhecimento, mesmo com o gosto profundamente orgástico de sua língua.

Enfim, me beijou uma última vez, me abraçou, disse ser grata. Dormiu igual a criança que mal compreende a realidade caótica desse planeta, o barbarismo da civilidade e a dureza do cotidiano. Beijei seus cabelos, sua testa, tudo que estava ao meu alcance e finalmente descansei, depois de um pé-de-noite terno como esse tinha sido.

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Comentários

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Oi delicia, adorei o conto..

Ta afim de bater um papo?

thata.gomesdias@gmail.com

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Um conto erótico pleno, mais contado com uma delicadeza que me fez viajar lembrando dos muitos momentos em que vi duas mulheres se amando.

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