Anos Incríveis | Capítulo 3: Beco sem saída?

Um conto erótico de BiaT
Categoria: Homossexual
Contém 2384 palavras
Data: 25/10/2018 14:12:18

Estou de volta! Esse é o capítulo 3 de Anos incríveis. Pessoal, a partir de agora, quando eu escrever a fala do personagem principal, se estiver escrito “Robson:” estarei me referindo ao personagem Robson falando como homem e usando roupas masculinas e quando estiver escrito “Flávia:” será a personagem Flávia falando e se vestindo como mulher, ok? E vamos para o capítulo.

Anos Incríveis | Capítulo 3: Beco sem saída

Após a escolha do nome que queria usar para o meu 'eu' feminino, vi a reação imediata de Monique.

Monique: Huuuummm, Flávia, flavinha, meu amor! Também gostei desse nome, menina! – Monique falou em tom de brincadeira.

Alessandra: Olha Rob... quer dizer, Flávia, por mim tudo bem. Só peço uma coisa: Quando você estiver vestida de mulher, quero que você seja a mais feminina possível! Você terá que se vestir corretamente, e não como uma piriguete. Também terá que falar com a voz mais delicada possível! E trate de se comportar como mulher, feche as pernas e junte seus pés para se sentar, coma devagar e com educação, quando for prender seu cabelo atrás da orelha, faça de modo suave! Nada de arrotos, nada de andar só de calcinha e soutien pela casa e nem pense em ficar coçando o seu 'periquito' aí embaixo na frente de alguém!

Monique começou a rir muito, desesperada, completamente surpresa pela dica inusitada da amiga.

Monique: Hahaha! Ai meu Deus, Lê, assim você me mata! Hahahaha! Até parece que o Robson era um ogro ou algo assim! – Falou Monique, enxugando lágrimas dos olhos.

Alessandra: Estou falando sério Monique! Já que ele quer ser mulher, que seja direitinho!

Robson: Rs! Tudo bem Lê, prometo que vou fazer o meu melhor...

Alessandra: Hum! Acho bom! E aliás, está esperando o quê? Você não disse que queria se vestir de mulher?

Robson: Ha! S-sim, claro! Estou indo! – Falei empolgada.

Monique: Eba! Peraí Flá, vou indo te ajudar! – Falou Monique, toda saltitante.

Robson: O quê?! Você quer me vestir?

Monique: Claro! Senão, qual a graça de ter uma amiga 'sissy'?

Achei engraçado mas preferi não responder nada para a Monique e fomos para o meu quarto. Chegando lá, Monique olhou as peças de roupas que eu tinha e as avaliou.

Monique: É amiga, bem que eu imaginei! Você está pobre de roupas, não tem muitas opções não!

Robson: Mas como assim? Tenho essa malona enorme e cheia de roupas!

Monique: Sim, mas você não tem muitas opções para combinar! Você tem bastante soutiens e calcinhas, que não precisam ser combinados no dia a dia mas faltam mais conjuntinhos na sua coleção! E quanto ao resto das roupas da sua mãe?

Robson: Eu as doei...

Monique: Hum! Tá! Já sei! Vou lá no meu quarto buscar mais algumas roupas e já volto! Espere aí meu bem!

Esperei ansiosamente pela Monique, meu coração acelerou e já sentia um friozinho na barriga quando ela chegou.

Monique: Olha só, vou te emprestar umas roupas minhas, cuide delas com carinho em!? Eu peguei vários conjuntinhos e mais umas roupas que você poderá casar com estas que você já tem...

Monique foi falando e me mostrando toda uma gama de vestidos, blusinhas, shortinhos, tops, saias, etc. Vi todos, um por um, e fiquei encantada! Eram todos muito bonitos e delicadinhos, aparentemente mais jovens, diferentes das roupas que tinha da minha mãe. A Monique tinha bom gosto, suas peças não eram de marca mas foram escolhidas a dedo. Escolhi três vestidinhos, um branco e preto e um todo florido, que iam até a altura dos joelhos e um azul-claro que ia até no meio das coxas, bem folgado. Também peguei dois topzinhos, um branco comportado e um vermelho que deixava meu umbigo quase à mostra. E, por fim, emprestei também uma calça jeans levemente agarrada na bunda e nas coxas que incrivelmente me serviu bem; dois shortinhos, sendo um jeans azul-escuro meio curto e estilo rasgado e um de lycra, cinza, que também ficou o máximo em mim! Achei melhor pegar só estas peças mesmo pois iria usar só lá na república e não tinha motivo para emprestar roupas de festa. Monique ainda me emprestou uma cinta bonita para usar quando vestisse a calça e o shortinho jeans.

Quando terminei de escolher as roupas, Monique pediu que eu fosse ao banheiro e que vestisse calcinha e soutien. Na hora de vestir a calcinha, fiz o famoso 'tucking' que aprendera nos últimos dias, com uma transexual famosa do youtube. Quando voltei para o quarto, Monique estranhou.

Monique: Ué? Cadê o 'bichinho' aí de baixo?

Flávia: E-Então né, você sabe... eu o escondi. – Falei com um pouco de vergonha

Monique sorriu de canto de boca.

Monique: Já entendi! Bom! Quais peças você quer usar hoje? Lembrando que agora já é quase noite e você pode escolher alguma coisa mais confortável...

Flávia: Acho que vou usar esse vestidinho florido e por uma sandália rasteirinha bege que era da minha mãe!

Monique: Ótimo querida! Então veste isso aí e vou dar uma arrumada no seu cabelo e nas suas sobrancelhas.

Flávia: Quê? Mas e se minhas sobrancelhas ficarem muito femininas? Na escola vão desconfiar...

Monique: Minha filha, tá achando que vou te entregar é?? Eu sou profissa esqueceu? Deixe aqui com a mamãe!

Vesti as roupas e Monique ajeitou minhas sobrancelhas e também minhas unhas, de forma que ficassem mais delicadas mas sem parecer demasiadamente femininas. Para o meu cabelo, como eu já o tinha lavado naquele dia, Monique somente o penteou suavemente, fez chapinha e passou um produto para reparar as pontas duplas. No final, pus um par de brincos de pressão nas orelhas que eu tinha. Eles eram brancos, pequenos e com formato de florzinha. Também usei um anelzinho dourado com uma pedrinha transparente na mão direita e fui me olhar no espelho do quarto.

Eu estava deslumbrante! Absolutamente linda! Eu não sabia nem o que falar, pus minhas mãos na frente da minha boca, com um gesto tipicamente das mulheres, quando se surpreendem com algo. Monique se posicionava logo atrás de mim, também olhando para o espelho, sorrindo.

Flávia: E-eu... não sei nem o que dizer Monique...

Senti lágrimas de felicidade brotarem dos meus olhos e escorrerem pelo meu rosto. Eu finalmente era eu mesma! Nunca havia conseguido um resultado tão bom quando me arrumava escondida em casa e Monique tinha acertado a mão: ela conseguiu me deixar encantadora, sem exagerar em nada e ainda por cima sem usar maquiagem, só usou um corretivo. Eu estava simples, mas de certa maneira, arrumada. Monique parecia feliz e ao mesmo tempo orgulhosa do feito.

Monique: Eu te disse que eu era profissa, não disse? Peguei leve com você por causa da Alessandra! Você vai ver o dia que eu te arrumar pra uma balada, pode se preparar porque você vai chorar com certeza hahaha! E terei que refazer a sua maquiagem depois disso, mas tudo bem!

Flávia: Nossa Monique... você me surpreendeu, sério! Muito obrigada!

Monique: Não há de quê, minha jovem! Vem! Vamos lá te mostrar pra Alessandra... – Monique estendeu sua mão, para que eu a pegasse, e me puxou para fora do quarto.

Alessandra estava na sala, sentada no sofá, meio apreensiva com toda a história. Parecia que ainda não estava certa das suas decisões e demonstrava uma certa inquietude. Quando entramos na sala, Alessandra arregalou os olhos e fez cara de espanto. Ficou alguns segundos sem saber o que dizer, muda, e Monique já sabia que iria causar este efeito.

Monique: Alessandra, esta é a minha amiga, Flávia! – Disse sorrindo

Alessandra rapidamente se levantou e estendeu sua mão para o cumprimento, já aceitando minha aparência.

Eu a cumprimentei e, enquanto Alessandra continuava me olhando com cara de abismada, resolvi quebrar o silêncio.

Flávia: E-Então, Lê? Gostou do que viu ou quer que eu... mude alguma coisa? – Disse baixinho, com voz trêmula, olhando nos olhos dela.

Alessandra: Não menina, você está demais! Nenhum sinal do Robson! Mas meu Deus, Monique, como você conseguiu? Quer dizer, ela já não tinha traços masculinos mas isso... isso já é demais, ficou maravilhosa!

Monique: Hehehe! Eu disse que eu era o máximo, não disse?

Alessandra: Você está linda, garota! Está de parabéns. Juro que se te visse assim pela primeira vez, acharia que você era uma menina. Não teria como descobrir que você é homem não!

Fiquei muito feliz e abracei minhas amigas. Elas já haviam me aceitado do jeito que sou. Haviam me dado esperanças. Tudo parecia bom demais!

Durante o resto da noite, Monique e Alessandra agiram normalmente comigo, me deixando mais à vontade ainda. As duas me tratavam sempre por Flávia e usavam pronomes femininos. Aliás, estavam mais carinhosas comigo, pareciam duas irmãs mais velhas. Quase não consegui dormir depois de tudo.

No outro dia, era sexta-feira de manhã e fui para o colégio vestida com roupas masculinas mesmo. Senti frustração mas sabia que tinha que ser assim. Na verdade, eu queria mesmo era ir vestida de mulher já naquele dia mas nunca me deixariam fazer isso. Também senti uma vontade incontrolável de contar o que aconteceu para a minha melhor amiga e paixonite, Heloísa, mas consegui me manter de boca fechada. Eu não sabia se poderia contar para ela, porque ela poderia rir de mim, ou achar estranho. Ela poderia nem querer mais a minha amizade ou algo assim... Achei melhor evitar, resolvi deixar isso para outro dia.

No intervalo das aulas, Heloísa parecia a mesma, sempre cumprimentava todos os alunos que via (ela sempre me pareceu candidata a prefeita em época de eleição) e sorria como sempre.

Mesmo assim, percebi que Heloísa me olhava de uma maneira diferente, meio curiosa. Quando eu ia iniciar um assunto, ela ficava me reparando, tudo que eu fazia ela observava com muita atenção. Quando fui mexer no meu cabelo, Heloísa sorriu e perguntou.

Heloísa: Nossa, Robson, você está diferente hoje, o que aconteceu ontem?

Gelei. Não sabia o que falar. Ela me conhecia há muito tempo e sabia quando eu mentia ou quando titubeava.

Robson: C-Como assim, diferente? Sou eu mesmo, o mesmo Robson de sempre... – Tentei enganar.

Heloísa: Não, é sério. Você.... você fez suas sobrancelhas, Robson?

Agora se acabava tudo! Ela já tinha reparado nas minhas sobrancelhas! O que eu iria falar? Falei uma meia- verdade.

Robson: R-Realmente não dá pra esconder nada de você, Helô! Você me viu só um dia e já descobriu! – Falei meio sem jeito, coçando minha cabeça, com sorriso amarelo. Continuei a desculpa.

Robson: Então, você gostou? Fiquei mais bonito? – Tentei desviar o assunto.

Mas Heloísa era esperta demais para se deixar levar por uma desculpa destas e continuou me fitando...

Heloísa: Sim! Mas peraí! Tem mais alguma coisa....

Ela estava olhando para os meus cabelos, com cara de desconfiada! Foi chegando mais perto e aí, quando pensei “Nossa, agora já era, ela vai ver que eu fiz o cabelo, tô ferrada!”, o sino da escola tocou! Salva pelo gongo!

Robson: N-Nossa, olha o sino, o tempo passou tão rápido! Vamos para a sala?

Falei, virei as costas e já fui saindo. Heloísa percebeu alguma coisa errada.

Heloísa: Peraí! Aonde você vai? Pra quê tanta pressa? – Heloísa parecia uma criança que teve seu doce arrancado das mãos.

Robson: Eu tô indo pra sala ué! Daqui a pouco tem aula de matemática e você sabe que estou sempre no fio da navalha nesta matéria! – Esta desculpa sim, foi ótima.

Heloísa concordou e deixou sua investigação suspensa. Ela sabia que as exatas eram o meu ponto fraco e não queria me atrapalhar mas eu senti que ela não deixaria tudo isso barato! Na sala de aula, ela continuava olhando para mim, quase em transe e, como eu sentava três fileiras ao lado, ela não conseguia concluir o que procurara. Quando eu olhava para ela, ela desviava o olhar ou virava seu rosto para outro lado. E foi assim durante todo o resto da manhã.

Quando o sino da escola tocou novamente, avisando que as aulas haviam terminado naquele dia, a maioria dos alunos saiu correndo da sala, deixando só alguns para trás. E lá estava Heloísa, me esperando na porta da sala, toda confiante de que iria me encurralar outra vez. Desta vez, não tinha saída: Eu iria ser pega. Não tinha escolha, o que poderia fazer? Sair pelas janelas da sala? E, quanto mais eu demorava para arrumar minhas coisas para ir embora, mais Heloísa aumentava seu sorriso de predadora. Ela sabia. Eu podia ver nos olhos dela. Ela sabia que eu escondia alguma coisa.

Então quando comecei a deixar minha carteira para trás, caminhando lentamente para a minha carrasca, a espera de um milagre, eis que um aluno da nossa sala, o Silvinho, chama a atenção da Heloísa com uma dúvida a respeito de uma questão. Como ela era a representante da classe, não podia deixar de ajudar o colega. Foi aí, nesse momento, que saí sorrateiramente da sala, passando por trás das costas de Heloísa e deixando a sala como um raio! Quando ela terminou de ajudar Silvinho e se virou, eu já não estava mais lá! Escapei por um triz! Ela deve ter ficado furiosa...

Após o susto, quando eu já estava quase chegando na república, ainda meio nervosa e pensando em uma maneira de bagunçar meu cabelo para disfarçá-lo na segunda-feira, meu celular tocou e me assustei. Atendi e era Heloísa, me fazendo algumas perguntas.

Heloísa: Robson, por que você não me esperou? Eu queria te acompanhar até a saída!

Robson: É que.... eu estava com pressa pois tinha que preparar o almoço e a janta da república...

Heloísa: Tudo bem mas sair do jeito que você saiu? Nem me disse tchau!

Robson: Hehe! Desculpe Helô, eu sei que dei mancada. Da próxima vez farei certinho, beleza?

Heloísa: Tá, tudo bem! Só queria ter perguntado uma coisa antes que você saísse da escola... Eu já entendi que você fez suas sobrancelhas... mas e suas unhas e cabelo? Achei que ficaram muito bons, querida!

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Pessoal, este foi o capítulo 3. Veremos como o/a Robson/Flávia vai sair dessa, se é que vai...

Bjos!

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