Meu Loiro! - Capítulo 19 - Quando o Destino Intervém - Parte 2

Um conto erótico de Léo Hanz
Categoria: Homossexual
Contém 4143 palavras
Data: 03/10/2018 17:40:45

Boa tarde mores, como vão? Aqui está a segunda parte do capítulo. Espero que estejam gostando. Críticas são sempre bem-vindas. Um beijão, boa leitura. :)

***

“…Foi diminuindo os passos até parar. Sentiu um misto de medo, raiva e pânico. Um nó enorme na garganta e uma vontade imensa de chorar. Era Alessandra. E ela estava sozinha, olhando na direção deles. Só poderia significar uma coisa: Ela estava com Beto, com o seu Beto!”...

***

Humberto olhou para Fred e o viu diminuindo os passos até ficar parado. Seu semblante estava fechado. Sabia que seu primo não tinha muita afinidade com Alessandra, mas o loiro nunca tinha realmente dito nada a ele sobre o que achava da moça. Se aproximou de Fred e pegou sua mão para irem para a mesa.

Fred estava paralisado. Segurava com todo custo a vontade de chorar. Queria sumir, evaporar, correr, gritar ou até morrer. Qualquer coisa que fosse para ele sair dali. Sentiu uma mão forte segurar a sua e saiu de seus pensamentos. Era seu primo, puxando ele para a mesa. Sem ter como escapar, o loiro se aproximou da mesa onde Alessandra estava sentada. A ruiva levantou da cadeira e ficou em pé ao lado da mesa. Fred se aproximou dela estendendo sua mão, mas foi puxado por ela com um abraço e um beijo no rosto. O loiro estava tão estático que mal retribuiu o beijo. Se separou dela e sentou na segunda cadeira. Buscou o primo com os olhos, que sentou na primeira cadeira, ao seu lado.

- Bom meu loiro, a Alessandra você já conhece, certo? - disse o moreno olhando para o primo. Fred não falou nada, apenas fez um ‘Sim’ com a cabeça. - Eu te trouxe nesse restaurante… - nesse momento, o loiro sentiu uma forte pontada em seu peito. Já sabia o final da frase. - …”para te apresentar a Alessandra, oficialmente, primeiro pra você, como a minha namorada! - disse Beto segurando a mão dela.

Fred estava com uma expressão tranqüila, analisando o primo que estava na sua frente, como se nem mesmo tivesse ouvido a novidade.

Mas ele ouviu. Seu coração tinha se despedaçado e ele estava preso num vazio gritante e silencioso que não lhe permitia nenhuma reação. Sua mente estava trabalhando numa velocidade assustadora, lembrando-o de cada fato num processo retroativo que ia desde o momento a pouco onde ele e Humberto chegaram no restaurante até o momento em que viu seu primo no aeroporto esperando ele, depois de duas semanas sem se verem. O problema era que nada mais respondia.

Humberto e Alessandra olhavam para o loiro. Humberto esperando qualquer reação e Alessandra esperando uma barraco.

Para a surpresa dos dois, Fred vestiu sua mais creatina máscara de falsidade no rosto. Levantou, comprimentou seu primo com um beijo e um abraço, depois seguiu para perto de Alessandra e a abraçou. A ruiva tinha ficado muito surpresa com a atitude, mas tinha gostado de saber que tinha a ‘bênção’ do primo de seu namorado. Humberto quase explodiu de felicidade com a reação do loiro. Contava muito com a aprovação do primo. Os três sentaram e fizeram o pedido.

Fred havia perdido completamente a fome. Pediu um Martíni, uma taça de vinho e um whisky, bebendo devagar para não ficar bêbado. Bebia uma taça atrás da outra, já que não podia fumar. Quando seu prato chegou, começou a comer, mas depois de duas garfadas, ficou remexendo a comida, com um olhar perdido, com o medo de perder Humberto o devastando por dentro. Sua expressão estava desgraçadamente tranquila, como se nada tivesse acontecido.

O almoço havia passado. Os três pediram a conta e foram saindo do restaurante. Assim que chegou na calçada, Fred procurou desesperadamente sua caixinha onde guardava o seu cigarro e o isqueiro. Acendeu e tragou, tendo uma leve sensação de calma. Queria chamar um táxi para ir pra sua casa. Maldita hora em que suas malas estavam no porta malas do carro de Humberto.

- Meu Loiro, meu pai quer muito ver você depois do trabalho. Vou deixar a Alessandra na casa dela e depois seguimos pra minha casa, aí você espera a gente chegar e fica com a Sá, ok?

Fred estava arrasado. Não escutava nada. Não queria estar ali.

-FREDERICO! - gritou Humberto, fazendo com que Fred assustasse. Olhou para o primo.

- Está me escutando? - perguntou o moreno.

- O que? - perguntou o loiro.

- Eu disse que meu pai quer ver você e que vamos pra empresa depois que eu deixar a Alê em casa.

“Alê".

O loiro respirou fundo.

- Eu quero ir pra minha casa. Estou cansado, estou com sono e preciso dormir. - disse Fred com o tom de voz baixo.

Humberto cruzou os braços.

- Tá todo mundo querendo ver você. Vai pra sua casa depois. Eu te deixo lá e você vai poder dormir o quanto quiser!

Naquela hora, Fred notou que pelas palavras do primo, ele não iria para a cobertura junto com ele. Respirou fundo, tentando tirar forças de onde ele não tinha mais.

- Beto, eu estou morto. Preciso descansar. Preciso tirar essa roupa e tomar um banho. Depois eu falo com o seu pai. Esse é o meu ultimato. - disse o loiro, jogando o cigarro no chão, colocando os óculos e entrando no carro, sentando no banco de trás.

Humberto ficou parado, observando o primo entrar no carro. Deu os ombros e entrou também, seguido por Alessandra, que sentou no banco do passageiro.

A curta viagem até a casa de Alessandra foi em total silêncio. Fred estava com o cotovelo apoiado na porta do carro, olhando pela janela. Só conseguia enxergar um borrão no que deveria ser a paisagem. Humberto a todo tempo olhava pelo retrovisor para o primo. Ele estava estranho. Chegou em frente à casa de sua agora namorada, onde ela se despediu dele com um beijo em sua boca. Fred queria morrer por estar assistindo outra pessoa beijando a boca do Humberto. A ruiva se despediu de Fred, que fez o máximo de seu pouco esforço restante para dizer um “tchau, até mais." Humberto continuou parado, esperando que seu primo fosse sentar no banco da frente, mas quando viu que não aconteceria, acelerou o carro e dirigiu até o prédio do primo.

Chegando lá, Humberto estacionou o carro na frente do prédio. Desceu e retirou as malas do loiro do porta malas. Fred pegou uma mala e sua mala de mão, e Humberto pegou a outra. Entraram na portaria e seguiram o corredor para os elevadores. Fred apertou o botão, esperando o elevador chegar. Quando chegou, os dois entraram. O silêncio que pairava sobre eles era sufocante. Fred estava de óculos e sentia seus olhos começarem a lacrimejar. Parece que seu corpo estava sentindo que ele estava chegando em casa. O elevador chegou na cobertura e Humberto abriu as portas. Fred saiu com as malas, seguido de Humberto e foi até a porta de seu apartamento. Abriu sua bolsa, pegou sua chave, colocou na fechadura, destravando a porta. Entraram os dois. Fred deixou sua mala ao lado do sofá. Humberto fez a mesma coisa com a outra.

- Bom meu loiro, agora eu preciso ir. Tenho uma reunião daqui a pouco. Você está bem?

Fred queria morrer. Tudo o que queria naquele momento era matar Humberto por fazer uma pergunta daquela. Óbvio que não estava bem. Às vezes se perguntava como Humberto podia ser tão tapado. Não era possível que ele não enxergasse o amor de Fred por ele. Quem ficaria bem sabendo que está perdendo o amor de sua vida pra uma vadia aproveitadora e falsa?! Mas estava esgotado. Completamente. Queria sua cama.

- Eu estou melhor do que nunca, Humberto. - disse o loiro com mais ironia do que gostaria de mostrar.

Humberto abaixou a cabeça. Se aproximou e abraçou o primo. Fred sentiu o corpo grande e forte do primo e sentiu que estava no limite de suas forças. Ia desabar.

O loiro levou o primo até o elevador. Quando Humberto entrou, deram mais um tchau e o elevador desceu. Fred sentiu seus olhos arderam. Andou em passos largos até seus apartamento. Foi o tempo dele entrar e fechar a porta para que as lágrimas começassem a cair. Chorou, chorou e chorou, escorregando na porta e por fim sentando no chão. Era um choro sentido, cheio de dor. Abraçou suas pernas e colocou sua cabeça entre elas e ali ficou.

No elevador, Humberto começou a repensar todo aquele dia, desde que foi buscar seu primo, até o almoço com ele e sua namorada. Tentava entender o que havia feito de errado. Tinha todas as boas intenções do mundo em apresentar primeiro Alessandra a Fred. Afinal, o loiro era a pessoa mais importante em sua vida. Quando o elevador chegou no térreo, ele saiu se despedindo do porteiro e entrou no seu carro. Deu a partida e seguiu para a empresa.

Sentado na porta da sala, ao lado de dentro, Fred continuava a chorar. Perdeu a noção do tempo que havia ficado ali. E agora? Pensou o loiro. Sentia seu corpo pesado. O estresse da viagem, somado ao estresse daquele almoço e o tanto de álcool que ele tomou fez seu organismo entrar em colapso, fazendo o loiro sentir um enjoo enorme. Teve que correr para o banheiro. Sua vista estava turva e as lágrimas não deixavam ele enxergar direito. Foi o tempo de chegar no banheiro de seu quarto, abrir a tampa da privada e vomitar. Sentiu seu corpo tremer e começou a chorar de raiva por estar daquele jeito. Seu sentimento por Humberto estava começando a afetá-lo fisicamente e se odiou por isso. Quando parou, levantou e foi até a pia, lavar a boca e o rosto. Uma dor de cabeça gigante começou a se manifestar, fazendo com que ele sentisse uma forte tontura. Fred tirou toda sua roupa, suas botas e deixou no chão. Entrou no box, ligou o chuveiro e ali ficou aproximadamente uns 40 minutos, chorando. Apenas não conseguia parar. Precisava colocar toda a dor pra fora. Quando viu que não restavam mais lágrimas, desligou o chuveiro, pegou sua toalha e se secou. Vestiu um roupão e saiu do banheiro, indo até a cozinha. Pegou dois comprimidos de analgésico, tomou com um copo de água, saiu da cozinha e foi para o quarto. Fechou as cortinas da janela, deixando o quarto quase escuro por completo, apesar de ser dia. Tirou seu roupão, ficando completamente nu. Puxou o edredom de sua cama, deitou, cobriu-se com ele e lentamente sentiu o sono o consumir. Pelo menos em seus sonhos, Humberto era seu!

***

Chegando em sua casa, Alessandra foi logo recebida por sua mãe. As duas sentaram no sofá da sala e começaram a conversar. A ruiva contava para mãe sobre como tinha sido seu almoço com Humberto e Fred.

- Então filha, como foi? Fred deu um barraco enorme? - disse sorrindo.

Alessandra sorriu.

- Muito pelo contrário mãe. Ele me abraçou, desejou felicidades a mim e ao Humberto. Eu fiquei sem reação. Eu acho que a Pillar às vezes é muito hostil com relação ao Fred. Eu gostei. Sei que ele não vai muito com a minha cara, mas eu vi que ele foi verdadeiro. Ele sabe que Humberto será feliz. E pode ser que eu e ele nos tornemos amigos.

Marina cerrou os olhos.

Feliz? Fred pode ter concordado com a situação, mas feliz ela tinha certeza que ele não tinha ficado.

- Que bom, filha! Fico muito contente. Mas não se esqueça de focar no nosso plano.

Alessandra olhou com raiva para a mãe nesse momento. Não queria que sua relação com Humberto fizesse parte de um golpe. As duas últimas semanas que passou ao lado dele foram uma das melhores de sua vida. Fez ela lembrar de seu passado. E Humberto era o homem mais cavalheiro e gentil que ela já tinha conhecido. No começo ela estava hostil em relação à Frederico. Mas o comportamento dele no almoço mais cedo a fez logo mudar de ideia. Quem sabe ele não faria o seu vestido de casamento? Afinal, o loiro havia abençoado a união deles.

- Mãe, eu não quero que meu relacionamento seja uma maldita armação. Estou gostando do Humberto de verdade.

Marina revirou os olhos.

- Acho importante você gostar dele. Mas não se esqueça de que o que eu estou pensando é no seu futuro. Humberto é um homem lindo, rico, empresário, de boa família. É o que eu quero pra você. Não deu certo com o ‘você sabe quem’ mas vai dar certo com o Humberto. E eu vou passar por cima da Pillar se for possível para fazer vocês ficarem juntos. Está me entendendo? - disse Marina, segurando a mão de sua filha, aumentando seu tom de voz.

Alessandra ficou com medo. Sabia que sua mãe não descansaria até conseguir juntar ela com o Humberto, e Pillar não descansaria até conseguir separar Humberto e Fred. Ela estava tão cega pelo sentimentos que estava sentindo pelo namorado, que nem contestou sua mãe. Qualquer decisão que sua mãe e sua futura sogra tomassem, não bateria de frente se isso fosse ajudar ela a ficar junto com Humberto.

***

Eram quatro horas da tarde. Na sala de reuniões da Empresa, estavam Humberto, Rogério, Thiago, Henrique e agora Dante. A reunião estava um porre. Humberto olhava para o celular a cada minuto para ver se Fred havia mandado mensagem. Nada! Não estava conseguindo se concentrar em nada. Pediu licença para o presidente do Conselho que presidia a reunião e saiu da sala. Passou pelo corredor e foi até o bebedouro tomar água. Pegou seu celular em seu bolso. Ligou para o primeiro contato de sua agenda.

***

Quatro horas em ponto. Fred estava do mesmo jeito que havia deitado. Um barulho estranho ecoou em seu apartamento. Fred lentamente abriu os olhos, sendo acordado pelo barulho. Era o seu celular que estava dentro da bolsa, que estava no chão da sala, ao lado do sofá. Tentou voltar a dormir, mas não conseguiu.

Que inferno!

Seu celular não parava de tocar. Resolveu levantar da cama, puxando o edredom. Sentiu sua cabeça doer e uma tontura forte tomar conta de seu corpo. Teve que se segurar na parede para não cair. Pegou seu roupão que estava no chão e vestiu. Respirou fundo e foi caminhando lentamente até a sala. Pegou sua bolsa, abriu o zíper e pegou seu celular. Era Humberto. Queria muito atender e falar para o primo vir para o seu apartamento para eles ficarem juntos e Fred poder esquecer tudo aquilo. Mas não. Estava cansado de colocar seus sentimentos debaixo do tapete só para ter Humberto por perto. Desligou a chamada e jogou o celular no sofá. Foi para a cozinha. Precisava de um café.

***

Depois de ligar 26 vezes para Fred e ter a vigésima sétima chamada recusada pelo primo, Humberto desistiu e colocou o celular de volta no bolso. Fred não queria falar com ele. Estava cada vez mais certo de que seu namoro era a causa de tudo isso. Ele e o loiro sempre foram muito ligados um ao outro. Física e mentalmente. Nunca existiu ninguém entre os dois. Humberto sempre saiu com várias mulheres. Tinha fama de mulherengo. Fred também, a cada final de semana era um homem diferente, assim como nas suas viagens. Mas de fato, os dois nunca namoraram. Só existia Humberto na vida de Fred e Fred na vida de Humberto. Até aparecer Alessandra. Humberto sabia que sua mãe “ajudou” bastante nessa questão. Estava gostando de estar com ela. E queria que Fred soubesse que apesar de estar namorado, não se afastaria do primo de jeito nenhum. Ia voltar para a sala, acabar aquela reunião e depois iria para a cobertura do loiro.

***

Fred estava sentado na mesa da cozinha tomando um café e fumando um cigarro. Estava repensando tudo o que aconteceu nas últimas semanas. A morte de seus pais, sua nova casa, o repentino relacionamento de seu primo e principalmente, seu amor por ele, que cada dia que se passava só aumentava. Sentiu uma vontade de chorar, lembrando o que sua mãe havia lhe dito sobre o assunto. Como queria ela ali, pra poder deitar em seu colo e saber que tudo ficaria bem. E como queria seu pai para abraçar forte e desabafar quando se sentia inseguro. Por que tudo tinha que ser assim? Estava começando a pensar em não viajar mais, já que toda vez que ele voltava pra casa, alguma coisa acontecia.

Foi tirado de seus pensamentos quando seu celular tocou novamente.

Precisava atender Humberto, cedo ou tarde.

Levantou da mesa e foi até a sala. Pegou o celular já pensando em inventar alguma desculpa para Humberto, mas quem estava ligando dessa vez era seu amigo. Tudo o que ele queria nesse momento. Alguém que o conhecesse tão bem quanto ele, e que poderia desabafar.

-Oi meu amor! Você não sabe o quanto eu queria te ouvir! - disse o loiro sentando no sofá.

O ruivo sorriu do outro lado da linha.

-Fred, que bom ouvir sua voz. Estou com saudades e preocupado com você.

O loiro respirou fundo.

-Ai Ari, as coisas estão difíceis, sabe?! Eu queria muito te ver, desabafar. Da última vez que esteve aqui nos mal tivemos tempo de conversar.

-Eu sei baby. Foi tudo muito rápido mesmo. Eu na verdade, além de estar te ligando por estar com saudades, também estou ligando porque o seu primo me ligou desesperadamente, dizendo que você não atende as ligações dele. E eu fiquei preocupado. Ele até me disse pra tentar falar com você.

Fred sorriu meio debochado.

-O Beto é uma coisa… Ele sabia que se você me ligasse, eu atenderia. E o que foi que ele disse?

-Nada específico na verdade. Disse que não conseguia falar com você e me pediu pra te ligar. Ele estava entrando numa reunião e disse que me ligaria depois. Vocês estão bem, Fred?

-Eu não sei ao certo, Ari, não sei mesmo. - disse o loiro encostando a cabeça no sofá e massageou os olhos.

Um silêncio pairou sobre a ligação.

-Você quer que eu vá pra aí? Pra gente conversar?

Fred adorou a ideia, mas sabia que não teriam privacidade em sua casa, já que sabia Humberto iria pra sua casa.

-Que tal eu ir pra aí? Eu vou amar ver sua mãe.

-Por mim tudo bem. Eu vou te buscar.

-De jeito nenhum, Ari. Eu chamo um Uber. E você mora à 40 minutos de mim. Chego ai rapidinho. Só vou colocar uma roupa.

-Ótimo. Vamos fazer o seguinte, eu estou no escritório esboçando uns desenhos, mas eu faço isso amanhã. Deixo a chave com a recepcionista e vou pra casa. Não prefere mesmo que eu te busque?

-Não precisa, pode deixar que chego aí lá pelas 5 e meia.

-Ótimo. Pode ir direto pra casa. Eu e mamãe estaremos esperando você.

-Ok baby. Assim que eu estiver chegando eu te aviso.

-Ok. Fico aguardando você. Um beijo.

-Beijo, amore.

E desligaram.

Fred levantou do sofá, foi até o seu quarto, tirou o roupão e colocou um shorts, uma camiseta e um tênis. O dia estava quente. Foi até o banheiro, escovou os dentes e depois os cabelos. Foi para a sala. Pegou seu cigarro e guardou na bolsa. Usou o celular para chamar o Uber e foi saindo do apartamento, trancando a porta. Chamou o Elevador e entrou. Enquanto descia, mandou uma mensagem para Humberto.

“Oi Beto. Estou te escrevendo pra avisar que estou indo pra casa do Ariel. Preciso conversar um pouco com ele. Mais tarde eu ligo pra você e conversamos, ok? Um beijo.”

Saiu do elevador e foi para a portaria, onde o carro o esperava. Entrou no carro e seguiu para a casa de Ariel.

***

A reunião estava quase chegando ao fim quando Humberto sentiu seu celular vibrar em seu bolso. Pediu licença e saiu da sala. Pegou o celular e viu que a mensagem era de Fred. Ficou mais aliviado em receber notícias do primo. Ia para a casa de Ariel assim que a reunião terminasse. Quando estava entrando na sala, foi surpreendido por Rogério.

-Humberto, o que está acontecendo? Por que toda essa distração?

-Desculpa, pai. Mas eu estava tentando falar com o Fred o dia inteiro e ele não me atendia. Agora pouco ele me escreveu dizendo que está indo pra casa do Ariel. Então eu vou terminar aqui e vou pra lá.

Rogério estranhou.

-Mas você não tinha dito que o Fred ia direto pra nossa casa depois do almoço de vocês? - disse Rogério, cruzando os braços.

-Pai, eu não consegui falar com ele direito hoje. Fomos almoçar e depois ele quis ir pra casa dele. Disse que estava cansado. Eu falei que você queria vê-lo, mas ele insistiu que eu o deixasse na cobertura.

-E o que aconteceu entre vocês?

-Nada Pai. O Frederico é estranho às vezes. Estou até chateado com ele. Fui buscá-lo no aeroporto, levei ele pra almoçar e contei primeiro pra ele sobre meu namoro com a Alessandra, que aliás, eu ia formalizar com todos hoje a noite.

A ficha de Rogério caiu. Imediatamente ele se lembrou de uma conversa que teve com Gian Carlo em seu escritório. Seu irmão confessou estar preocupado em relação a Fred estar se apaixonando por Humberto e temia o sofrimento do filho. Essa confissão de Gian Carlo deixou Rogério preocupado, porque ele sempre desconfiou do que o sobrinho sentia por seu filho. Era uma coisa tão natural que Fred não conseguia esconder, por mais que tentasse. Não queria ver o loiro sofrendo caso não fosse correspondido. E ficou em pânico não por medo de seu filho ser gay também ou por eles serem primos ou por serem família, mas sim pela situação. Como todos iriam encarar isso? Sua esposa surtaria. Mas mesmo assim, Rogério lembrou que disse pra seu irmão que protegeria seu sobrinho e seu filho se isso chegasse a se consolidar.

Respirou fundo.

-Olha filho, eu acho melhor você não ir pra lá. Se você está achando que seu primo está estranho, o melhor é deixar que ele te procure. Deixe ele ir pra casa do amigo e depois você liga pra ele. Eu te aconselho a não ser impulsivo. Vai que vocês briguem na casa do Ariel?! Vai ficar uma situação chata.

Seu pai tinha razão.

-Tudo bem. Eu vou pra casa com você então.

Rogério respirou aliviado.

-Ótimo, filho. Vamos terminar a reunião e depois seguimos pra casa. Pena que sem o Fred vai ser chato. Todos estariam em casa.

-Pois é, pai. Eu acho o Frederico meio egoísta às vezes. Custava ele ficar com a família?

-Eu entendo o seu ponto de vista Beto, mas tem sido bem difícil pro seu primo raciocinar durante essas semanas. Você sabe que ele não parou de trabalhar e começou a viajar de novo pra não ter tempo de pensar no que aconteceu.

-Por que defende tanto ele, pai? Você nunca passou a mão na minha cabeça e na dos meus irmãos quando estávamos errados. Então porque essa proteção com ele?

-Primeiro porque eu prometi pro meu irmão que iria cuidar dele como um filho se um dia ele faltasse, assim como ele me prometeu cuidar de você e de seus irmãos se acontecesse o mesmo comigo. E segundo, porque seu primo está em luto. Está inseguro, frágil emocionalmente e com medo de continuar a viver a vida dele sem os pais.

Humberto abaixou a cabeça. Estava envergonhado por dito aquilo. Olhando por esse lado, seu pai tinha razão.

-Desculpa, pai. É que ele nunca disse isso pra mim.

-Eu acredito que não tenha dito mesmo, filho. Seu primo baixa a guarda com qualquer pessoa, menos com você. Ele me disse o que acabei de te contar na semana passada , enquanto ele estava viajando. Me ligou e ficamos conversando por vídeo. E ele me fez prometer não te contar. Disse que não queria parecer fraco pra você, pois você sempre o admirou por ser decidido. Ele não quer quebrar esse escudo que ele criou pra você.

E mais uma vez Humberto viu que seu pai tinha razão. Só não sabia que Fred omitia essas confissões dele. Poxa vida, já passaram por várias coisas juntos. Ele até se permitiu se sentir traído. Mas sabia que estava difícil pro seu primo seguir, por mais que ele tentasse ser forte por fora.

-Eu entendo, pai. Vou esperar ele falar comigo. E saindo daqui nós vamos pra casa e jantamos todos lá. Eu invento alguma desculpa por Fred não comparecer.

-Ótimo, filho. Agora vamos voltar pra dentro da sala antes que venham nos puxar pela orelha. - disse Rogério sorrindo.

Os dois seguiram para a reunião. Humberto tentou não pensar muito no que o seu pai havia dito, pelo menos não naquela hora. Precisava se concentrar para acabar aquela maldita reunião.

***

Prometo postar a última continuação antes do capítulo 20 ainda essa semana. Obrigado pela leitura e pela paciência, rs. Beijo.

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Comentários

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Li tudo num dia, fiquei triste quando percebi que vc demora muito para postar os capítulos, amei seu conto, não vejo a hora do Fred colocar a Pilar no seu lugar, tirar a máscara dela . Que o Beto descubra quais os sentimentos pelo Fred. Se não for o que o Fred espera o liberte para viver um grande amor e fique com a falsa, oportunista que a mãe dele arrumou pra ele. Odeio a Pilar, mas amo todos os personagens restantes ...por favor solta logo o próximo capítulo. Bijinhos Léo

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Não abandona, a história ! Próximo cap pf !!

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RARARA. O FRACO IDIOTA DA HISTÓRIA NÃO ME PARECE SER FRED E SIM BETO. BETO SIM MERECE CASAR COM UMA CAÇADORA DE DOTES E TER O QUE MERECE. É UM CEGO DE FATO EM NÃO PERCEBER OS SENTIMENTOS DO PRIMO E SER TÃO INSENSÍVEL COM ELE. ESPERO QUE FRED ENCONTRE ALGUÉM QUE O AME E QUE ELE AME TB E SEJA MUITO FELIZ. FRED TEM QUE SER SUPERIOR A TODOS. TB NÃO VEJO RAZÃO PRA FRED FICAR DANDO SATISFAÇÃO PRA BETO DE TUDO QUE FAZ PRA ONDE VAI E COM QUEM VAI. É SOMENTE DA CONTA DELE E DE MAIS NINGUÉM. QUE BETO SE DANE. GOSTEI DA ATITUDE DO PAI DE BETO ME PARECE BEM SENSATO. ESPERO QUE CONTINUE A PROTEGER FRED DE TODOS QUE TENTAREM ALGO CONTRA ELE. MUITO ESTUÚPIDA ESSA CENA DE CIÚME DE BETO COM FRED COM SEU PAI. MUITO INFANTIL. CRESCE BETO. SEJA HOMEM.

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Ai que drama, Fred é um lerdo! Conta a verdade pro Humberto, se não for correspondido é só seguir em frente, vai viajar, conhecer pessoas novas, é muito melhor do que ficar chorando pelos cantos, eu hein!

(E Humberto ainda não merece ele, é mais lerdo ainda)

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