Estações - 1º Capítulo (

Um conto erótico de EduardoU19
Categoria: Homossexual
Contém 2080 palavras
Data: 13/10/2018 02:51:50
Última revisão: 21/10/2018 11:47:10

Oi, meu nome é Eduardo e tenho 20 anos. Obviamente você não me conhece, mas em breve saberá quão ruim será descobrir o que está por trás de mim. Nossa, que macabro, espera aí gente, o que eu quero dizer é que há muita coisa pra ser tratada na minha história e vou contar em detalhes quando começar a desenrolar essa trama. Mas antes de tudo, quero situá-los nesse conto superquente e fofo. Você está em 2018, Rio de Janeiro, no Ensino Médio acompanhado de a minha pessoa no 2º ano. Mesmo com essas informações básicas, você já vai poder continuar a partir daqui, espero que gostem de “Estações”. Muito Obrigado e até mais!!!

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(Outono)

26 de Março de 2018

Às 3 horas da manhã sinto uma mão chata me chacoalhando pra lá e pra cá. Era meu irmão, João, de apenas 11 anos de idade. Eu olho pra ele com um olhar fuzilante de raiva e com toda paciência pergunto:

- O que você quer?!

- Eu não estou conseguindo dormir…

- E por que você não está conseguindo dormir?

- Porque eu tive 3 pesadelos nessa noite e não quero ter outro sozinho.

- Então você quer dormir aqui? Mas nem pensar! Volta pro seu quarto.

Ele olhou para mim e ficou com cara de choro mas não recuei. Sei o que devem estar pensando, mas penso que se mimá-lo muito, não vai conseguir dormir sozinho nunca. Mas confesso que me senti mal ao fazer aquilo com meu irmãozinho e fui até o seu quarto e deitei do lado dele até ele dormir. Agora adivinha! Eu que não consigo dormir, em plena 4h da madruga. Depois de relutar bastante comigo mesmo, finalmente caí no sono e ao acordar peguei forças para ir à escola. Logo no portão, às 7h, estava meu melhor amigo, Ulisses, a pessoa da minha vida. Não se confundam, quando digo pessoa, não é no sentido amoroso, mas no sentido de importância, quer dizer, todo mundo tem uma pessoa… Certo? Se você disse não, é um baita de um mentiroso.

Ulisses é um cara muito impaciente, sério. Eu não posso acordar 3 minutos atrasados que ele já se transforma em outra pessoa. Digo isso porque havíamos combinado de sair da minha casa, TODOS OS DIAS, às 7 em ponto, e já são 7h03. Mas desci as escadas do meu prédio com toda paciência possível pra aguentar o falatório que eu vou ouvir quando chegar lá do seu lado.

- Caramba Dudu, eu tô esperando aqui mó tempão!

Viu? Eu disse…

- Foi mal, eu tava procurando meu tênis.

- Toda vez você perde esse tênis! Aff, vamo logo que a Júlia deve estar me esperando também.

- “Te” esperando? No singular? E eu não sou importante?

- Você é, mas quem namorou com ela fui eu, logo eu sou o único motivo dela vir com “a gente”.

- Seu debochado.

Sempre que ele fica irritado o deboche é visto mais frequentemente, mas tudo bem, ele é assim. Não consigo gostar menos de estar com ele mesmo quando está bravo, sei lá, é aquela coisa autenticidade das pessoas, adoro essa coisa espontânea. Ulisses mora com o pai desde os 9 anos de idade, que foi a época em que o conheci e a partir daí fomos como carne e osso. O que acontece é que às vezes sua doença se manifesta subitamente e sempre dá problema pra quem está perto, causando medo nas pessoas, inclusive eu. Ele foi diagnosticado com Hemofilia aos 11 anos, depois de, acidentalmente cair em cima de um caquinho de vidro e que, na verdade gerou uma poça de sangue enorme. Toda vez que ele se corta eu corro imediatamente para estancar o sangramento, mas fiquem calmos, é um grau muito pequeno da doença, geralmente tenho que ficar 1h ou 2h estancando enquanto ele fica parado. É, não é fácil. Mas já se passaram alguns meses desde que o último acidente ocorreu.

Quando chegamos na casa da Júlia, vimos algo incomum em nossa linda e maravilhosa amiga. Ela estava ruiva e como sempre, não perdia o brilho de sua beleza.

- Por que que cê terminou com ela mesmo? - eu o provoquei

- Não começa… - disse ele ao vê-la se aproximando. - Oi Ju!

- Oi Sr. Estressado e companhia! - disse ela

- Ei, eu tenho nome! - disse eu, indignado.

- Estressado??! EU NÃO SOU…. - ops, alguém foi cortado aqui

- Vamos meninos, eu tenho aula de Química e a Professora Margarete não deixa atrasar! - interrompeu ela.

Bem, não vou falar muito da Júlia porque ela não é o foco aqui, mas a característica principal dela é a sua personalidade ácida e inteligente. Sim, ela teve um namorico com Ulisses mas terminaram no 9º ano porque Ulisses tinha medo de ter filhos hemofílicos com ela. Pois é, daí eu perguntei se ele não achava isso meio estúpido porque se ele não vai ter filho com ela por causa disso, por que, afinal ele teria filhos com outra? Ele jamais quis se explicar mas tudo bem, você já sabem como o Sr. Estressado é.

Chegando na escola, Ulisses como sempre estava preocupado com qualquer coisa que apontassem pra ele e eu, sempre tendo que olhar ao redor pra ver se esse tapado não vai bater a cabeça em alguma coisa. Paulo, nosso amigo idiota, se aproximou para dar às boas vindas, afinal ele é o “acolhedor” eleito pela sala pra confortar os novos alunos. Pois é, algo bem inútil mas não diga isso a ele, Paulo adora ter essa função.

Ulisses parecia muito nervoso para entrar na sala e ficou me empurrando pelos corredores até chegar lá. Como sempre ele senta na frente e eu atrás da segunda fileira. Não se engane, o menino não é nerd não, só quer evitar os babacões do fundo. Fazer o que né, todo ensino médio tem desses. Eu pude ver o quão estranho estava meu melhor amigo naquele dia, talvez estivesse sentindo falta da mãe? Ou de namorar Júlia, que atualmente está namorando. Não sei. Existem coisas que eu tenho medo de perguntar a ele, sei lá, posso tocar em alguma ferida muito dolorida. Mas sei que quando ele quiser conversar comigo ele vai me chamar “Dudu” e eu sempre estarei ali para ajudá-lo. Nesse ínterim de pensamentos, foi que aconteceu um desastre total.

- Socorro! - gritou Bárbara (uma menina da sala) – Chamem o Eduardo!

Aparentemente um grampo, isso mesmo, um grampo de grampeador cortou o dedo de Ulisses ao tentar recarregar a droga daquele aparelho. Chamei urgentemente uma ambulância pois não era um corte superficial, ele tinha grampeado o dedo! Imagine como não demorar para coagular esta bagaça. Ele ficou desesperado e pegou a minha mão para se levantar e ir até a entrada da escola.

- Eu achei que você não ia pegar tesouras, nem grampeadores, nem alfinetes e ficar bem! Você não é capaz de fazer isso?! - disse eu nervoso e desesperado ao mesmo tempo.

- Eu não ia Dudu, é que…

- É que nada, agora vamos ter que esperar 300 anos até isso estancar! Se é que vai estancar né!

- Me solta! - gritou ele depois que eu disse aquilo. - Me deixa sozinho…

- Ei, desculpa, eu só tô nervoso. - tentei amenizar o clima.

- Eu tô vendo…

- Vou ligar pro seu pai.

- Não! Não quero que ele saiba disso.

- Tudo bem, mas cê sabe que ele vai perceber né?

- Não vai não porque eu vou dormir na sua casa.

- Ava! Desde quando que eu te chamei?

- Por favor! Ele vai me mandar para aquelas reuniões de hemofílicos pra ensinar como se proteger de objetos cortantes.

- Tabom seu chato – disse eu e ele me deu um sorrisinho maroto.

Agora pensa ficar naquele hospital esperando o bonitão durante 5 horas até acabar o sangramento. Afinal, devem estar se perguntando como é o Ulisses. Bem, ele é de altura média para baixa hahaha, quer dizer, eu sou um tiquinho mais alto. Tem cabelos castanhos, lisos e curtos. Seus olhos são da cor do mar esverdeado e musculatura um pouquinho desenvolvida já que fez natação para ajudar no fortalecimento dos músculos, que auxilia na prevenção de sangramentos. Basicamente é isso, não fico reparando muito nessas coisas, só sei que ele é muito bonito.

No fim do corredor eu vejo um zumbi ambulante chegando perto de mim.

- Vamos… - disse ele cansado.

- Recebeu altas broncas da doutora né?

- Não quero falar disso, chama o Uber e vamo embora por favor. - disse ele com uma voz bem cansada.

Ainda tinha uma sensação de que ele não estava muito bem, mesmo assim não quis perguntar nada. Sem querer mais tempo, chamei o Uber e fomos embora tranquilamente depois daquele dia pavoroso. Certamente que Ulisses sabia que o pai ia ficar ciente do ocorrido porque a escola sempre contata os pais, mas, mesmo assim, saiu cagando pra situação e foi mesmo assim pra minha casa. Folgado como sempre, jogou a mochila no sofá e foi direto pro meu quarto, e, enfim deitou-se junto com o celular nas mãos.

- Ah, claro, você pode deitar na minha cama amigo! - exclamei ironicamente.

- Desculpa, você vai negar repouso para um necessitado?

- Não é um necessitado, só um hemofílico preguiçoso!

Ele deu o mesmo sorriso que fez antes.

- Não tem algo pra comer aí não? - peguntou ele todo manhoso.

- Verei já Sr. Estressado! - respondi.

Eu lhes garanto que olhei na geladeira e não havia nada que pudesse satisfazer nossa fome, senão nossos olhos, pois parecia mais uma horta verdejante. Meus pais não estavam em casa, provavelmente porque estavam no mercado junto com o João. Por fim, achei um bolo de saquinho, sabe, tipo aqueles da Panco, no armário, bem escondidinho. Enquanto eu cortava o bolo, ouvi Ulisses conversando no telefone, obviamente que era o pai dele. Não quis interromper e só entrei no quarto quando acabou de falar.

- Meu pai é um bocó! - gritou ele.

- Que isso, ele deve estar super preocupado com você.

- Sim, ms toda hora ele diz que vai me mandar para aquelas conferências de novo!

- Calma, não há nada que um pedaço de bolo não resolva. - peguei o bolo do prato e dei na boca dele. - Viu, resolvido.

- Vuc..e..dimas..bugado – falou ele com a boca cheia.

Uma hora depois de jogar conversa fora, meus pais chegaram e meu irmão, super empolgado, deu aquele abraço em Ulisses. Sei lá, meu irmão gosta dele mais que de mim. Talvez porque ele joga videogame com ele, ou porque brinca junto dele as vezes. Coisas que eu não faço. Bah, sou muito careta pra essas coisas de irmãos. Minha mãe, receptiva como sempre, disse que o quarto de hóspedes era todo dele.

- Não tia, obrigado, vou dormir no quarto do Edu mesmo.

Deboche é o que não falta nele.

- Você é incrível Ulisses! - respondeu minha mãe sorrindo. - Vou pro meu quarto meninos, tô morta de sono. João quando está comigo no mercado é estresse com certeza. Boa Noite.

- Boa noite! - respondemos juntos.

Depois que meu irmão foi dormir, ficamos eu e o Sr. Estressado sozinhos. Lembram daquela sensação que eu tive antes? Resolvi tomar coragem e verificar se tinha alguma coisa rolando.

- Ei, posso te fazer uma pergunta? - perguntei.

- Que pergunta besta, obviamente que tu pode. - disse ele enquanto escrevia no celular.

- Na escola eu senti você meio...hmm...sei lá, meio distante.

- Distante?! Ué….

- É, você estava nervoso e estranho. Estou certo?

Um silêncio se instaurou naquele momento e só consegui ouvir nossas respirações, mas segundos depois ele se manifestou dizendo:

- Sim. - respondeu e imediatamente começou a sair uma lágrima do seu olho.

- Ei, o que foi?! - perguntei bem assustado e sentei do lado dele na cama.

- Não sei Dudu, eu sinto falta da minha mãe, da Júlia...de você. - respondeu.

- De mim? Eu tô sempre aqui amigo.

- Sinto falta de ter tudo junto, não separado, entende?

Aquilo me quebrou por dentro. Sério, não fazia ideia desse sentimento que lhe ocorria. Foi então que eu segurei na mão dele e deitei a cabeça dele no meu colo, massageando seu cabelo. De fato, aquilo foi inédito, jamais tinha feito aquilo com Ulisses mas vi que a minha ação o deixou calmo e confortável. Fiquei por um tempo daquele jeito e ele dormiu.

Jamais que eu pensaria em dormir com meu melhor amigo, mas naquela noite, fiz questão de dormir do lado dele, segurando sua mão e deixando-o dentro dos meus braços até que eu o ouvi sussurrando:

- Eu te amo, Dudu.

Eu beijei sua cabeça e dormimos juntos durante aquela noite.

Depois disso, nunca mais as coisas foram tediosas como sempre são na época de Outono.

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