Os Verões Roubados de Nós/CAPÍTULOS 26 & 27

Um conto erótico de D. Marks
Categoria: Homossexual
Contém 7980 palavras
Data: 07/10/2018 19:59:05

Os Verões Roubados de Nós

Capítulo 26

Narrado por Enzo.

Nosso primeiro final de semana juntos após tanto trabalho. Quando Gabe me disse que folgaria seu primeiro final de semana em meses trabalhando direto fiquei feliz e empolgado e quis fazer algo diferente. Sair da nossa rotina era o primeiro passo então ao comentar isso com Suzana, Roberto ouviu e ofereceu a sua casa de Campos do Jordão. Bom, para que fique claro Roberto é amigo de longa data do meu tio e acabou se tornando nosso amigo. Ele nos entende perfeitamente porque é gay e diga se de passagem dos bem moderninhos (rsrs).

Chegamos em Campos por volta do meio dia por causa do trânsito. A casa de Roberto fica num morro afastada do centro e dos agitos da cidade. Bom para quem quer relaxar e curtir a paz. Ao chegarmos da casa ficamos impressionados com a arquitetura, linda, moderna e arrojada, mas com requinte e elegância, ou seja, ela é a cara do dono.

— Nossa, realmente é impressionante. – Gabe fala.

Apenas concordo com a cabeça e sorrio. Entramos e conhecemos todos os espaços do térreo e sobre a mesa de jantar havia um bilhete.

#Enzo e Gabriel, pedi aos caseiros que abastecessem a geladeira e a dispensa. Espero que apreciem a estadia e aproveitem para namorar muito. Abraços. Roberto.#

— Que gentil! – falo sorrindo e vou para a cozinha olhar tudo.

Realmente ele abasteceu mesmo.

— ENO! – ouço Gabe gritar no andar de cima e subo para ver o que houve.

— Gabe, onde você está? – chamo do corredor.

— Aqui... – ele sai pela última porta.

— O que houve? – pergunto quando me aproximo.

Ele sorri feito bobo

— Vem olhar isso, amor!

Entramos novamente no quarto.

— Uau! – falo impressionado.

O quarto é lindo. Janelas acompanham toda a extensão da parede juntamente com um sofá de alvenaria e almofadas combinando com as persianas feitas em bambu, a cama fica próxima a esse sofá e subo nela para admirar a paisagem. Estou pasmo porque é incrível. A minha direita fica o banheiro que também tem uma janela imensa de vidro com uma banheira abaixo que nos dá uma visão privilegiada da Serra da Mantiqueira.

— Tem certeza de que é nosso quarto? – pergunto confuso.

— Sim. – Gabe responde olhando a paisagem também.

— Uau! – olho para ele com um misto de felicidade e surpresa – sou eu ou você também está impressionado?

— Somos dois. – ele responde e nos olhamos e acabamos rindo feito bobos.

— O que você quer fazer? – pergunto olhando-o profundamente.

Gabe se aproxima e acaricia meu rosto.

— Quero fazer amor com você... – e me beija suave. – Aqui e agora.

— Leu meus pensamentos, amor! – acaricio sua boca com o nariz – Esse final de semana faremos amor... Muito amor...

Ficamos nos beijando por um tempo até que ele propõe:

— Cama ou banheira?

Meu sorriso safado diz tudo.

— Banheira.

— Espera aqui então! – ele me beija e sai apressado em direção ao banheiro.

Ouço o barulho da banheira e algo sendo derrubado.

— Droga... – ele resmunga.

— Tudo bem aí, amor? – pergunto segurando o riso.

— Sim... Só um instante. – outro barulho – Ai... Caralho...

Solto um riso baixo para ele não ouvir, além de bagunceiro Gabe é desastrado.

— Estou indo, amor... – ele avisa e sai do banheiro todo nu e se masturbando – Estou pronto. Vem me comer, amor...

E volta para o banheiro. Nossa, quando ele fala isso me levanto e começo a tirar minha roupa apressadamente.

— Estou esperando na banheira, amor... – ele fala lá de dentro.

— Ai, caralho! – digo quando minha calça enrosca nos meus pés. Meu pau está latejando de tão duro.

— Enooo... – ele me chama do banheiro.

Consigo me desvencilhar da calça e vou correndo pra lá. Ele está todo indo envolto pelo vapor e seu cabelo molhado lhe dá um ar sexy.

— Demorou, Eno... – fala manhoso.

— Estava enroscado com uma coisa. – dou de ombros e vou para dentro da banheira quando ele me impede.

— Fica aí... – e ele se ajoelha na banheira me puxando para engolir meu pau.

— Nossaaa...

Ele me chupa com vontade e me olhando o tempo todo. O turbilhão da banheira banha sua bunda e já imagino meu pau ali devorando-o.

— Gosta do meu pau, amor? – pergunto acariciando seu cabelo.

Gabe geme em resposta e engole até engasgar. Eu não resisto e forço um pouco mais o liberando apenas para respirar e soco novamente em sua boca. É uma delícia vê-lo desta forma todo putinho querendo ser comido e nem parece o empresário sério. Dou uma risada safada e tiro meu pau de sua boca.

— Levanta! – o dominador em mim desperta – quero esse cuzinho na minha boca.

Ele sorri e me dá acesso a banheira.

— Fica de pé esse apoia no vidro, Gabe! – ordeno – Assim... Agora abra as pernas. – quando termino ele está do jeito que eu quero.

Agacho-me na banheira e puxo seu pau para chupar. Não faço o que ele espera e ouço um rosnado como resposta.

— Ah... Eno...

Engulo seu pau e permaneço assim por um bom tempo entre seu pau e suas bolas que estão contraídas.

— Que delícia... – esfrego meu nariz em sua entrada – Agora vou saborear esse cuzinho gostoso.

Ouço seu urro quando dou uma chupada vigorosa e uma linguada a seguir.

— Maaaiiissss...

Endureço minha língua e começo a penetrá-lo, Gabe tem um cuzinho apertado e delicioso, fora que é todo peludinho o que me deixa mais tarado ainda.

— Eno... Amor... Aaahhh... – ele geme e então começo a masturba-lo – Puta que pariu... Mmm...

Continuo a masturbação enquanto me levanto para ficar bem atrás dele. Colo meu corpo no dele e o puxo para um beijo e então quando percebo que ele está entregue vou enfiando meu pau até sentir sua bunda encostando na minha virilha. Paramos o beijo e nos olhamos. Os olhos de Gabe estão anuviados de tanto tesão.

— Me come... – ele pede – Com força...

Sorrio safado e tiro quase tudo para meter com vontade em cú que me deixa louco. Dou estocadas firmes e fortes e muito intensas e que aceleram a cada pedido dele por mais.

— Mais, Enooo... Aaahhh... Fode... Fode ele todooo...

Sinto seu cú contrair

— Mmmm... Aaahhh... – ele urra e goza forte contra o vidro.

Meto por mais alguns minutos, mas a contração sobre meu pau é intensa, então gozo com gemidos curtos e roucos. Tiro meu pau e vejo seu cuzinho todo aberto e porra escorrendo. Não resisto e me abaixo, assim como ele fez comigo quero fazer igual.

— Empurra, amor... – nos olhamos e sorrio com sua timidez repentina – Vai...

E ele faz. Todo sem jeito, mas faz e tomo tudo o que sai dele. Termino e me sento na banheira. Gabe se senta e me puxa para seu colo para nos beijarmos. Ele acaricia meu rosto e depois me abraça forte.

— Sabe que o que temos é único, não sabe? – ele pergunta com voz rouca.

Estou com a cabeça enroscada em seu pescoço e esta pergunta faz com que me afaste e o olhe.

— Sim, eu sei.

— Sabe também que não acredito em almas gêmeas, não é? – e me dá um selinho.

— Sim.

— Agora eu acredito... Acredito em nós e que somos almas gêmeas, meu amor!

Sorrio e voltamos anos beijar.

— Banho... – ele sussurra por entre nossos lábios – E você me arrombou!

Solto uma gargalhada.

— Você pediu! – digo – E não ouvi reclamações, somente pedidos por mais.

Ele concorda e iniciamos nosso banho.

*************

Após fazermos amor na banheira, Gabe desce para preparar algo para comermos enquanto eu ajeito nossas roupas para sairmos mais tarde. Quando estou descendo meu celular toca. É Tati.

— Oi, empata foda alheia! Tudo bem? – adoro provoca-la.

— Eu vou é empatar a sua cara, bicha louca! – ela grita do outro lado.

Rimos.

— Oi, gatona. Eu amo te provocar!

— Oi, gatão! Onde você está? – ela pergunta – Fui ao apartamento e ninguém atendeu.

— Estamos em Campos do Jordão. – respondo.

Ouço seu grito do outro lado.

— Como assim? – ela pergunta – Seu safadinho!

— É simples. – respondo – O Roberto possui uma casa na cidade e me emprestou. É o primeiro final de semana de folga do Gabe e quero que ele descanse.

— Aahh, Eno... Conta outra! Aposto que você já detonou meu irmão e o coitado está entregue na cama. – ela ri. Filha da puta.

— Quase... – solto uma risadinha – Ele está preparando nosso lanche agora. Está com mais fogo do que eu, querida.

Estou chegando à cozinha e ele aponta para geladeira.

— Amor, pode pegar o suco, por favor? – ele pede.

Pego e me sento a mesa. Nem presto mais atenção ao que Tati está tagarelando do outro lado.

— Quem é? – ele pergunta.

— Tati. – digo dando uma risadinha. Quando ele revira os olhos.

— Enooo... – ela grita do outro lado – Está prestando atenção no que estou contando?

— Ah... Desculpa, Tati. Pode repetir? – ela xinga e conta de novo – Como assim? Está namorando mesmo?

A palavra chama a atenção de Gabe e também a minha. As coisas estão evoluindo para o lado dela.

— Namoro? – ele pergunta estreitando os olhos.

Afirmo com um gesto e resolvo encerrar a ligação.

— Gatona, podemos falar disso quando eu voltar? – pergunto e ouço mais uns xingos – É que seu irmão está pelado na minha frente e...

Ela encerra a ligação.

— Desligou na minha cara! – solto uma risada cínica – Que mal educada.

Rimos com gosto dela. Gabe nos serve e senta-se a minha frente.

— Que história é essa de namoro? – ele pergunta.

Solto um suspiro. Não quero comentar, pois prometi a Tati que não contaria a ninguém, mas como ele ouviu e entre nós não há mais segredos respondo:

— Ela conheceu alguém e parece que está rolando namoro... Pelo menos foi o que eu entendi.

Dou de ombros. Ouço um resmungo.

— Quem é o cara?

— Ela disse que o nome dele é Diego. – ele me olha sério – Pensei a mesma coisa, amor, mas há centenas de Diegos por aí, então... Pode ser coincidência.

— Ou não. – ele suspira – E se for ele?

— Amor, de verdade? – digo fazendo uma careta – Acho que ele mentiu até no nome para você. – aperto sua mão – Vidaaa... Relaxa, ok?

— Se você diz...

Terminamos nosso lanche e fomos nos trocar para sair.

A tarde realmente foi incrível! Passeamos pelas ruas já movimentadas da cidade, tomamos chocolate quente e compramos alguns presentinhos. O único obstáculo foi não poder andar de mãos dadas, beijar e abraçar em público. As pessoas tem mentalidade tacanha e olham torto. Odeio isso. Chegamos em casa já passava das 20h, tomamos um banho e Gabe abre uma garrafa de vinho enquanto eu acendo a lareira. Permanecemos um bom tempo apreciando o vinho e admirando as chamas.

— Está cansado, amor? – pergunto.

— Por incrível que pareça não estou. – ele responde – Estou feliz e relaxado. Obrigado.

— Imagina... Eu faço porque te amo.

— Eu sei... – ele ri.

— Convencido. – eu me viro e olho para ele – Mas eu te amo muito, sabia? Quando eu ficar rico e famoso vou planejar uma casa parecida com essa para nós, o que você acha?

Ele solta uma gargalhada.

— Eu acho ótimo e dou total apoio. – ele beija a ponta do meu nariz – Mas eu quero participar.

— Claro, vida... – ele sorri – Desde que você saiba que a palavra final é minha.

Rimos da nossa bobeira.

— Cama. – peço esfregando meu nariz em seu pescoço.

— Agora.

E partimos para a cama

********************

Abro meus olhos e me deparo com árvores frondosas e cheias de flores a minha volta. Pássaros e o barulho de água corrente me levam a crer que estou no paraíso. Borboletas flutuam em torno de mim e sinto algumas pousarem sobre meu corpo numa leve carícia. Sim, uma leve e suave carícia. Ouço a voz de Gabe sussurrando meu nome e isso me excita e meu pau endurece ao sentir-se acariciado e beijado. Eu nem estou me tocando e sinto tudo isso? E é incrível e mágico. Quero mais e como num passe de mágica os beijos se tornam mais intensos e profundos.

— Nossaaa... – eu me contorço contra a grama e ouço a voz dele mais próxima – Gabeee...

Quero gozar, na verdade eu preciso gozar. E muito. E faço com um gemido profundo. Abro meus olhos e estranho um pouco o ambiente, daí me lembro que estamos em Campos. Olho para os lados, mas minhas pernas estão presas. O quê?

Olho minhas pernas e Gabe está entre elas chupando meu pau suavemente.

— Ai, caralho... – deixo escapar e ele me olha safado.

— Bom dia, amor... – ele diz – Gozou gostoso?

Sorrio extasiado enquanto ele subia e ficava sobre mim para nos beijarmos e sinto meu gosto em sua boca e minha excitação retorna. Começo a esfregar meu pau nele.

— Hmmm... Meu bebê está taradinho? – ele pergunta com voz rouca.

— Gabe... Me come... – imploro.

Ouço uma risadinha safada e fico doido.

— Vem cá, amor! – ele me puxa para o sofá – Fica de quatro e empina essa bunda, vai!

E levo um tapa.

— Aiii... – e rio – O tarado aqui sou eu, sabia?

Enquanto me ajeito ele abre as persianas.

— Puta que pariu! – digo impressionado com a paisagem matutina.

Olho embasbacado para a serra da Mantiqueira e a cidade bem mais abaixo.

— Eu também fiquei assim, amor. – ele está ao meu lado – Sem ar.

Então nos olhamos e vejo seus olhos percorrer meu corpo. O putinho em mim desperta e dou uma reboladinha.

— Vem...

Gabe vai para trás de mim e se inclina sobre meu corpo. Ele começa beijando minha nuca e desce pelas costas enquanto suas mãos alisam minhas pernas até chegar ao meu pau, isso faz com que eu empine mais minha bunda.

— Delíciaaa... – ele fala enquanto beija minha bunda – Delícia de cú... Mmmm...

Sinto sua língua me cutucando, lambendo como se estivesse saboreando o melhor prato do mundo, então ele enterra o rosto e sua língua me penetra.

— Aaahhh... Issoooo... Maaaiiisss...

Gabe puxa meu pau para trás e o abocanha todo até engasgar me fazendo ir ao delírio. Viro meu rosto para observar o que ele faz e nossos olhares se cruzam. Ele se afasta um pouco e dá um tapa em meu cú causando uma dorzinha aguda gostosa. Sorrio.

— Safado! – outro tapa e seus dedos me abrem para dar passagem a sua língua.

Eu só consigo gemer e pedir mais, então Gabe se afasta ficando em pé e esfrega seu pau na minha entrada.

— Quer cacete, amor? – sua voz está rouca.

Rebolo para me esfregar melhor no seu pau.

— Quero... Amor, me come... Vaiii...

Então ele começa a me penetrar lentamente e após entrar a cabeça Gabe empurra de uma vez.

— Aaahhh...

— Shiii... Quietinho... – e acelera o movimento.

Sinto suas bolas encostarem em mim e meu tesão aumenta. De repente Gabe me pega no colo sem tirar de dentro de mim e senta no sofá.

— Cavalga! – sinto um tapa na lateral da minha bunda e faço o que ele manda ora cavalgando ora rebolando em cima dele.

— Vai, Eno... Isss... Issooo...

Cavalgo com intensidade e ele me segura pela cintura parando o movimento.

— Sai, amor... Vai para a cama e abre bem as pernas. – seu jeito mandão com voz rouca me deixa com mais tesão ainda.

Saio rapidamente indo para a cama e enquanto me ajeito nos olhamos. Gabe se masturba em pé diante mim e abro minhas pernas. Ele se deita sobre mim colocando minhas pernas em seus ombros e me penetra devagar com seus olhos nunca deixando os meus. Desta vez é lento, intenso como se ele estivesse querendo prolongar o máximo possível nosso ato.

— Eu te amo... – ele diz e me beija profundamente sem me dar chance de responder.

Os movimentos aceleram e a fricção faz com que eu goze em nossos corpos.

— Aaahhh... Que apertadinho... – ele mal termina de falar e aumenta o ritmo gozando com um rosnado intenso.

Estamos suados, melados, tremendo e cansados. Enterro meu rosto nos seu pescoço para sentir seu cheiro e sussurro:

— Eu te amo para sempre, Gabe.

— E eu te amo para toda eternidade, Eno.

Nossos corpos relaxem e entrelaçados voltamos a dormir.

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Narrado por Gabriel.

Após a conversa com Vera, as mudanças que estavam acontecendo tornaram-se definitivas. Sobrou até para o Eno, salvo algumas situações (rsrs). Nunca pensei que ela nos odiasse tanto. E eu ainda na minha inocência achando que ela ainda poderia estar com raiva sobre a noite na casa da minha tia, mas foi mais que isso. Havia um ódio mortal sobre suas palavras que beirava a insanidade. É o que tia Olga tem a ver com ela? No fundo acho que Vera tem sérios problemas mentais e emocionais. Resolvi conversar com meu pai tanto a respeito da discussão quanto a sanidade mental dela.

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Flashback on.

A noite só não foi mais tranquila, pois a discussão mexeu muito comigo e pela primeira vez tive pesadelos. Sim pesadelos, curtos porém intensos e neles havia alguém tentando me matar. Olho a hora e já está amanhecendo. Não sei se Eno percebeu minha noite agitada porque ele está grudado em mim, então saio de seus braços com o máximo de silencio e cautela. Eu o observo por alguns instantes e sorrio, seus cabelos estão revoltos sobre a testa e seu semblante é de paz.

Vou tomar um banho e preparar nosso café da manhã e pensando na minha agenda do dia. Estou tão entretido com meus pensamentos que levo um susto quando ele me abraça por trás.

— Bom dia, amor. – ele fala – Dormiu bem?

— Sim...

— Mentiroso... – rimos um pouco e me viro para olha-lo – Bom dia. – dou um beijo nele. – Eu dormi um pouco. Nosso café está pronto.

Tomamos nosso café da manhã e eu o deixo na estação do metrô e sigo para o trabalho. Ainda pela manhã ligo para Stela e peço que ela separe um horário ao final do dia na agenda do meu pai.

Volto ao trabalho e me concentro até a hora da saída.

— Gabriel?

— Sim, Ítalo?

— Olha, eu tentei de todas as formas conversar com o fornecedor de queijo, mas ele está irredutível. – seu olhar é sério. – Ele quer conversar com você... Pessoalmente.

Coço minha nuca. Puro nervosismo.

— Que saco! – resmungo – Pode deixar que irei até ele. Já fui uma vez então não custa nada. Por favor, ligue para ele e diga que na próxima terça eu estarei lá.

— Ok. Pode deixar – ele diz – Desculpe, você deve me achar um incompetente.

Ele está sem graça ao falar isso.

— Não se desculpe. E você não é incompetente, Ítalo. – falo sincero – É meu braço direito aqui e consegue resolver coisas que às vezes nem eu consigo. – sorrio – eu só tenho que agradecer.

— Você é como um irmão para mim, Gabriel e obrigado pela confiança. – ele fala – Considero você um amigo, pode acreditar.

— Obrigado, Ítalo! – olho para os lados – Só não deixe o Enzo ouvir você falar assim porque é bem capaz dele surtar.

Rimos e ele vai cuidar de seus afazeres enquanto eu vou para a empresa do meu pai.

Chego no momento em que Clóvis sai do escritório todo sorridente. Cumprimento Stela e ele.

— Oi, Gabriel. Boa tarde. – ele amplia o sorriso. – Tudo bem?

— Oi, Clóvis, boa tarde. – damos um aperto de mão. – Vou bem, na correria com o restaurante. E você?

— Muito trabalho como você, mas estou bem!

Conversamos por uns minutos e Stela sai do escritório e diz que já posso entrar. Despeço-me de Clóvis e entro.

— Oi, pai! – cumprimento – tudo bem?

Ele se afasta da janela com um sorriso no rosto e vem me abraçar apertado.

— Hey... O que houve? – pergunto curioso retribuindo o abraço.

— Ela aceitou. Finalmente. – ele fala.

O alívio é visível em seus olhos quando nos separamos.

— Vera. – ele diz – Mantive minha primeira proposta e permaneci irredutível com o advogado dela, então hoje ele entrou em contato dizendo que ela aceita o nosso acordo. Obrigado, filho.

— Por que, pai? – pergunto – Não fiz nada.

— Sim, você fez. – ele responde – Simplesmente me deu armas o suficiente para lidar com sua mãe e eu venci. Eu estava sendo condescendente por sua causa, mesmo ela abusando. Foi por você, filho. Por amor e respeito que sinto.

— Pai... – digo emocionado. – Obrigado, mas eu não mereço isso. Estou com tanta raiva dela, mas ainda sim me preocupo.

Ele me abraça e aponta o sofá.

— Vem... Senta aqui e me conta tudo o que aconteceu naquela noite. Eu fiquei preocupado.

Dou um suspiro e conto tudo. Ele ouve chocado.

— Uma dúvida: o que sua tia Olga tem a ver com tudo isso? – ele pergunta curioso.

Dou de ombros sem saber o que responder.

— Que ela sempre odiou sua tia isso é fato, mas daí a fazer comparações. – ele está pensativo – Tem caroço nesse angu.

— Pai... Acho que temos que ter cuidado com ela, pois sua sanidade mental naquele dia me deixou assustado, fora a bebedeira. – pausa – Pai, ela está bebendo demais.

Meu pai aperta os olhos cansado.

— Filho, quanto a isso nada podemos fazer. – ele diz – Eu não quero saber de mais nada da sua mãe. Nunca mais.

Confesso que isso me incomodou um pouco, mas me lembro do que ela falou e a sensação logo passa.

— Mas se isto te deixa tranquilo, prometo manter um olho nela, afinal a Judite ainda trabalha lá.

— Verdade... – relaxo um pouco – Ela está colhendo o que plantou... É uma pena, pai. Eu queria que fosse diferente e ela pudesse compartilhar das nossas conquistas e alegrias.

Ele aperta meu ombro e diz:

— Somos responsáveis pelos nossos atos e as reações que vem com eles, filho.

— Eu sei. Sinto muito por ela, mas nossa vida não pode parar por causa disso. Não mais.

— Concordo. – meu pai fala e logo sorri – E agora me conte, como vai o restaurante?

Um sorriso de felicidade toma conta do meu rosto e começo a falar sobre o dia a dia para ele com detalhes, desde funcionários até problemas banais e mais difíceis.

— Fornecedor difícil esse, hein? – meu pai reclama – concordo que você deve ir até ele e conversar pessoalmente... Ah... E proponha um contrato de exclusividade que seja bom para ambas às partes, porém que evite esses chiliques por parte dele, entendeu?

Gosto dessas conversas com meu pai porque ele tem uma visão extremamente apurada das coisas e ótimos conselhos. Um dia quero ser assim como ele.

Conversamos por mais um tempo e nem percebo a hora passar.

Flashback off.

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O dia passa rápido e fico até mais tarde no restaurante. Despeço-me de todos e sigo para casa passando antes na padaria para comprar algumas coisas para lancharmos.

Chego em casa e percebo que Enzo ainda não chegou e resolvo enviar uma mensagem a ele.

#Amor, onde você está? Já saiu do trabalho? Bj.#

Vou preparar nosso lanche para então tomar um banho. As noites estão ficando mais frias, o inverno se aproxima e acho que o deste ano será intenso. Separo minha roupa e abro um pouco a janela para circular o ar. Sorrio porque se Eno estivesse aqui já estaria fazendo um sermão da montanha (kkkk). Observo a rua e os prédios vizinhos. Olho para um apartamento específico e vejo o rapaz na sacada. É o mesmo cara que vi discutindo com a moça outro dia e por incrível que pareça ele está olhando para mim. Ele está com uma garrafa de cerveja na mão e ergue num brinde silencioso e me cumprimenta.

— Que babaca! – resmungo – Aposto que está na sacada com a intenção de ver o Eno. Filho da puta.

Afasto-me da janela irado. Estou com ciúmes.

#Estou saindo agora. Daqui a pouco chego aí. Te amo.#

#Ok. Saudade. Te amo.#

Sigo para meu banho já pensando em proibi-lo de se aproximar da janela por causa daquele tarado sem noção.

— Se ele pensa que vai ficar olhando meu homem está muito enganado. Filho da puta! – do nada rio por causa do meu ciúmes.

**************

É sábado e acordo com um cheiro de café delicioso. Sento-me na cama e vejo duas malas arrumadas no canto.

— Que porra é essa?! – coço os olhos ainda tonto de sono e deito de novo.

— BOM DIAAA, AMOR! – Eno entra gritando dentro do quarto.

Dou um pulo na cama com o susto.

—PORRA... QUER ME MATAR DE SUSTO?!

Ele ri com gosto.

— Não, amor, mas levanta que estamos atrasados. – e me puxa da cama – Vai tomar um banho, sua roupa está separada já e vai pra cozinha para tomarmos café da manhã... Andaaaa, Gabe...

Nossa, o Enzo está doido. Só pode.

— Vida, hoje é sábado, lembra? – acaricio seu rosto para acalma-lo – Vamos tomar café e voltar para a caminha. Que tal?

Ele me olha torto.

— Gabe... – cruza os braços – Levanta agora que nós vamos viajar.

Viajar?

—Viajar? Como assim? Pirou?

— Não e levanta. – ele olha no relógio – Você tem 15 minutos.

Ele sai do quarto. Resolvo levantar e obedece-lo. Cerca de 15 minutos depois entro na cozinha e ele está sentado com um sorriso no rosto.

— Bom dia, amor! – ele me cumprimenta.

— Bom dia. – dou um selinho nele e me sento suspirando. – Que história é essa de viagem?

— Vamos para Campos do Jordão! – ele anuncia todo feliz e me mostra um molho de chaves. – O Roberto me emprestou para o final de semana. Não é incrível?!

Estou olhando feito um pateta para ele, eu sei, mas é inevitável.

— Como você conseguiu? – pergunto curioso.

— Depois conto os detalhes, mas agora toma seu café da manhã porque estamos atrasados.

Ainda estou olhando para ele feito um paspalho.

— Gabeee... – ele estala os dedos para mim – Vamos!

Faço o que ele manda e tomamos nosso café com ele falando pelos cotovelos. “Como consegue falar tanto pela manhã?”

— E o casaco? – ele pergunta quando estamos na porta para sair.

— Não está frio, Eno.

— Aqui não, mas em Campos sim, né? – ele sai para buscar enquanto pego as malas — Pronto. – volta com meu casaco nas mãos. – Vamos?

Passo ao lado dele e o beijo.

— Adoro você mandão!

— E eu adoro você obediente! – ele devolve – Principalmente quando eu comer sua bunda gostosa.

Não posso evitar, meu pau fica muito duro e eu o encosto contra a parede e nos beijamos feito loucos.

— Gabe... – ele fala por entre nossos lábios. – Gabeee...

— O quê? – estou louco e me afasta um pouco.

— Vamos? – ele simplesmente entra no elevador e sorri.

— Você me paga, Eno! – digo parando ao seu lado.

— Pago sim, com juros e correção. – e dá um tapa na própria bunda.

E assim tem início nosso final de semana com direito a passeios, namoro e muito sexo.

No domingo resolvemos não sair para aproveitar a casa e o que ela oferece. Como voltaríamos para SP no final da tarde e eu não estava a fim de enfrentar a galera que como nós estavam “turistando”.

Na verdade eu só quero ficar grudado nele o máximo que posso e mimá-lo muito. Enquanto eu preparo nosso almoço observo-o sorrindo sozinho. Na verdade, eu descobri que tenho ciúmes até do pensamento dele.

— O que foi, Eno? – pergunto curioso.

Ele me olha ainda sorrindo.

— Estou me lembrando do início do nosso namoro. – responde – Dos beijos, do seu ciúmes, da brigas por bobeiras...

— Aaahhh... Meu ciúmes? – ele ri. Safado. – Sei...

— Meu amor, eu sou ciumento por natureza e você sabe disso! – ele fala – Olhou, toou ou veio de gracinha pra cima do meu homem eu arranco a cabeleira na unha... – e me manda um beijo – Simples assim! Seja homem ou mulher.

Solto uma gargalhada.

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Capítulo 27

Narrado por Enzo.

Voltamos para SP no final da tarde mais relaxados e animados para enfrentar os dias seguintes. Nesta semana um novo engenheiro será contratado por Roberto então já estou prevendo a correria, principalmente por parte da Suzana, coitada (rsrs). Eu não sabia, mas o namorado atual do Roberto é o irmão dela e segundo a mesma nosso chefe sofreu para conquista-lo porque Miguel o achava um galinha, o que de fato era verdade, mas Suzana contou o quanto ele mudou após ter se apaixonado por Miguel.

― Pois é, o amor opera milagres. – penso em voz alta.

― O quê? – Gabe pergunta confuso e me dou conta que falei.

Estamos entrando na garagem do prédio e eu desenvolvi essa mania de pensar em “voz alta”.

― Estou lembrando de uma conversa com a Su, vida. – esclareço – Sabia que o Roberto namora o irmão dela.

― O Miguel?

― Sim, você o conhece? – pergunto franzindo a testa.

― Claro amor, eles são amigos do meu pai então acabei conhecendo por tabela.

― Hmm... – respondo. Ai ciúmes! – E... Ele é bonito?

― A Suzana é bonita? – ele me pergunta.

― Sim. Eu acho a beleza dela exótica.

― Então sim, ele é. – ele ri – Mas não é mais lindo que meu Eno. – e me beija.

― Amém. – digo quando nos separamos e rimos.

Tiramos nossa bagagem e estamos indo em direção ao elevador quando um barulho estranho chama a nossa atenção. Gabe me olha apreensivo e me pede silêncio com o dedo e segue na direção do som. Vou atrás e os barulhos, que agora identificamos como gemidos ficam mais audíveis quando nos aproximamos em silêncio das escadas.

― Mmmm... Naomi, você tá me deixando doido!

Caralho! É meu irmão. Gabe dá um sorriso maldoso e abre a porta de uma vez e a cena é cômica. Meus irmão está com as calças arriadas, camiseta levantada e a famosa Naomi engatada na cintura dele.

― Enrico! – berro.

― Eno!

― Ai caramba! – Naomi se solta e vai para trás dele.

Gabe cai na risada e então o papel de adulto sério sobra para mim.

― O que significa isso? – pergunto cruzando os braços.

― É... É... Sabe... Nós...

― Fala logo, moleque!

― Aiii... Não pressiona não! – ele resmunga e respira fundo – Não é nada!

― Não é nada?! – Naomi e eu falamos praticamente juntos.

― Sério?! Não sou nada pra você?! – ela o empurra e fuzila com os olhos – Legal, seu idiota! Você só quer ficar comigo escondido e quando alguém pergunta você diz que não é nada?

― Naomi...

― Cala a boca! Você vai ver o NADA aqui – e aponta para si própria sumir e nunca mais olhar na sua cara! Fui...

Ela o empurra e sobe as escadas.

― NAOMI! – ele tenta ir atrás dela, mas se enrosca na calça e cai na escada – NAOMI... VOLTA AQUI... Por favor...

A voz chorosa dele derrete meu coração. Meu irmãozinho está apaixonado.

― Naomi? – ele ainda a chama e ouvimos uma porta bater – Gatinha?

― Rico...

Gabe ainda está rindo e olho feio para ele que para no mesmo instante.

― Eno... Ela foi embora mesmo... – ele está praticamente de quatro na escada – Tomei no cú...

Ele se vira e senta na escada desolado.

― Se um dia você realmente tomar no cú vai ver que não é assim, Rico! – Gabe dá uma risadinha.

― Gabriel! – chamo seu nome e ele fica sério.

― Desculpa, amor.

Reviro os olhos e vou até meu irmão.

― Vem comigo, maninho! – ofereço minha mão a ele – Mas antes levanta essa calça, por favor!

― É... Ainda mais com essa cuequinha vermelha! – Gabe diz rindo de novo e me olha – Parei...

― Você! – aponto para o meu irmão – Vem comigo e você! – aponto para Gabe – Conversamos depois!

Subimos para o apartamento no mais absoluto silencio. As vezes eu olho para Gabe e ele está fazendo caretas para segurar o riso e confesso que eu também quero rir da cena, porém meu irmão deu a resposta errada perto da namorada e tomou um fora. Chegamos e peço para Gabe guardar nossa bagagem enquanto indico o sofá para Rico sentar.

― Senta que já volto! – vou para cozinha e pego um copo d’água – Toma.

― Não tô com sede, Eno! – ele diz – Tô chateado.

Faço uma careta e eu mesmo tomo a água.

― Está chateado e triste, pois acabou de tomar um fora. – vejo seus olhos lacrimejarem – Gosta dela, não é?

Ele confirma que sim e uma lágrima corre por seu rosto. Mesmo com pena dele resolvo ser firme e tentar colocar juízo nessa cabeça adolescente.

― Se gosta tanto dela, o que estavam fazendo lá? – pergunto sério – Aquele não é lugar para namoro e nem fazer o que vocês estavam pretendendo. Pelo amor, Rico! Não foi isso que nossos pais ensinaram...

― Sem sermão, Eno! – ele emburra.

Dou um tabefe nele.

― Não responda para mim, seu malcriado! Vou chamar sua atenção sim! E se chega alguém estranho? Você teve sorte hoje e...

― A ideia foi dela! – ele me corta – A Naomi que curte essas “aventuras”. Eu sei bem o que papa e mama ensinaram, tá?

Meu queixo cai. “Que safadinha essa minha cunhada” penso com vontade de rir.

― E por que você não disse não? – questiono.

Ele fica vermelho e já sei a resposta, mas vou cutucar.

― Hein?! O gato comeu sua língua?

― Eu tava excitado demais. – ele sussurra e sorri – E ela é um furacão Eno, ‘mó’ gostosa... E eu não consegui... Dizer não... A Naomi é linda demais... – seu semblante ilumina – Aquela cor de canela da pele dela... E o cheiro? Nossaaa... Ela me deixa doido...

E sorri feito um paspalho. Nossa! É muita testosterona aqui.

― Rico! Você quer ser pai antes dos 20? Moleque, você tem 15 anos apenas e eu na sua idade...

― Tava transando com o Gabe!

Outro tabefe nele.

― Aiii, Eno! – e ri – Não é verdade?

― Claro que não! – Gabe responde entrando na sala – Abusado!

E leva outro tabefe de Gabe.

― Rico... É sério, maninho! Não pode ficar se esfregando com sua namorada em qualquer lugar, principalmente se você a ama. – digo sério – Vocês tem que se respeitar e saber que há tempo para tudo.

Ele me olha pensativo e continuo.

― Você a ama? – a carinha dele me faz querer rir. Que dó!

― Eu não sei...

Outro tabefe.

― Gabe! – olho sério e ele dá de ombros – Como assim não sabe? O que você sente quando pensa ou está com ela?

Um sorriso bobo forma-se em seus lábios. Troco olhares com meu amor, pois é exatamente assim conosco.

― Meu coração dispara quando a vejo e quero beijar e abraçar o tempo todo. Quando ouço sua voz me sinto acalentado e quando vejo seus olhos tenho vontade de mergulhar neles. São tão misteriosos. – ele ri todo bobo.

― Está apaixonado, cunhadinho! – Gabe ri.

― Se é assim, então eu tô! – e fica triste – Mas agora eu falei bobagem e ela não vai mais querer saber de mim.

E se encolhe todo no sofá, então eu me aproximo e o abraço.

― Não está não! Deixa que eu falo com ela depois. – olho para ele – mas não usa mais cueca vermelha porque não combina com você!

Gabe ri com gosto e eu acompanho.

― Desculpa, maninho.

― Ha... Ha... Ha... Engraçadinho! – então ele olha para Gabe – Vem cá, cunhado... Quando eu disse que tinha tomado no cú você falou algo... Você dá a bunda pro meu irmão?

Eu não aguento e começo a rir enquanto Gabe está vermelho feito um pimentão.

― Você sabe, né? – Rico faz a medida de um pinto com as mãos – Tamanho família...

Eu me levanto e passo por Gabe.

― Sai dessa, gatão! – dou um beijo e vou para a cozinha.

Ouço gritos, xingos, discussão e por fim altas risadas dos dois e enquanto isso rolava começo a preparar algo para comermos antando mentalmente uma conversa com Naomi.

Lanchamos e conversamos animados até a hora em que meu pai chega para buscar Rico. Já passa das 23h quando vamos dormir.

― Amor... – chamo suavemente.

― Oi, bebê.

― O que você acha sobre fazer amor na escadaria do prédio? – pergunto.

Ouço um rosnado baixo e ele me abraça por trás.

― Você quer? – ele pergunta com voz rouca.

― Quero.

― Eno... – sua mão alisa minha bunda – Quando quiser...

Dou uma risadinha safada e partimos para a diversão.

******

A rotina retorna nossas vidas com uma diferença. Estamos sintonizados e cada vez mais apaixonados. Temos uma rotina? Sim, porém é apenas no dia a dia e em nossos afazeres diários porque quando o assunto é nossa vida afetiva e sexual, a palavra rotina não existe (rsrs).

Sigo meu ritual diário: aula pela manhã, almoço com Gabe e trabalho. Hoje será interessante, pois um novo membro integrará a equipe na RV Arquitetura & Engenharia e estou mega curioso para conhecê-lo.

Chego a sala que divido com Suzana e a cumprimento.

― Oi, Su. Boa tarde.

― Oi, Enzo! Boa tarde. – ela está toda sorridente – E aí, como foi a viagem?

― Eu sei... – ela diz – Roberto planejou e a decorou conforme o gosto do Miguel.

― Uau... Nós ficamos impressionados. – digo – Quando eu crescer quero uma casa assim.

Ela me olha e ri.

― Enzo, sua família é rica então fique sossegado quanto a querer uma casa daquele jeito.

Dou de ombros.

― Disse tudo, Su! Minha família é rica e não eu. Minha mãe nos ensinou que tudo o que queremos devemos conquistar por nossos esforços e méritos. – e fico sério – O que vem de mão beijada raramente damos valor.

Ela me olha boquiaberta.

― Parece que estou vendo meu irmão falar. – ela diz – Roberto diz que é esse tipo de atitude e pensamento que o fez se apaixonar por Miguel. – e sorri orgulhosa.

― Seu irmão deve ser incrível! – falo lembrando do que Gabe me disse.

― Ele é... Você irá conhecê-lo em breve. – ela suspira – Somos pessoas simples, Enzo e valorizamos nossa família, os amigos sinceros e nossas conquistas.

Concordo sorrindo e pergunto:

― O chefe está aí?

― Sim e está com o novo engenheiro de projetos... – e sussurra – e ele é gato.

Fico sem graça com o comentário. Apesar de olhar para outros caras e admirar a beleza deles no meu mundo eu só tenho olhos para o Gabe e nem em pensamento eu o traio. Resolvo mudar de assunto.

― O que temos para fazer hoje?

― Várias coisas...

E então damos início às tarefas da tarde e ficamos entretidos por um bom tempo nelas.

― Você me ajuda tanto, sabia? – ela fala – Eu sei que daqui a algum tempo você terá outros afazeres aqui, mas o quanto eu puder vou mantê-lo juntinho de mim. – e me abraça pelos ombros rindo.

Neste momento a porta se abre e alguns funcionários saem, seguidos por Roberto e o novo engenheiro.

― Fernando?! – meus olhos se arregalam em surpresa.

Ele e Roberto me olham.

―Enzo? – ele sorri – Com licença, Roberto. – e vem me cumprimentar – Como você está?

Eu me levanto e estendo a mão, mas ele surpreende e me abraça.

― Eu estou bem. – respondo sem graça – E você?

― Vou indo... – ele me solta e sorri.

Olho para Suzana que está ao lado de Roberto e ambos me olham curiosos.

― Ahn... É... Somos vizinhos. – digo sem graça.

― Pois é... – Fernando concorda e vai para junto de Roberto – Incrível, não é?

― Sim... Mundo pequeno esse! – ele fala sorrindo – O bom é que você já tem carona garantida quando o Gabriel não vier busca-lo, Enzo!

Concordo com um gesto e sorrio. Caralho! O Gabe... Aproveito para sumir dali.

― Suzana, vou levar esses documentos no departamento jurídico como você pediu. Com licença, pessoal. – e saio apressado.

“Puta que pariu!” penso. Gabe sente ciúmes só de vê-lo vez em nunca, imagina quando souber que ele está trabalhando aqui, junto a mim. Junto a mim? Não, isso não, mas sim na empresa. Levo os documentos ao departamento e vou ao banheiro. Faço xixi e no momento em que estou lavando as mãos a porta se abre. Fernando. Não vou mentir, o cara está gato num terno escuro e gravata vermelha, os cabelos raspados e ele usa óculos de grau.

― Você fugiu. – o cara é direto – Está surpreso?

O descarado vai até o mictório, saca seu pau e começa a mijar dando um gemido. Estou morto de vergonha e viro o rosto. Ele termina e vem para junto de mim na pia e começa a lavar as mãos.

― E então? – ele pergunta.

― Então o quê? – pergunto confuso.

― Está surpreso? – ele sorri.

― É... Estou surpreso. – respondo – Não sabia que você é engenheiro.

Ele termina de secar as mãos e me olha.

― Você não sabe por que nunca conversamos. – fala – Mas se você quiser a qualquer hora dessas podemos sair e bater papo.

― Ah... Não vai rolar.

― Por que não?

― Digamos que tenho um namorado muito ciumento em casa. – respondo com um sorriso.

― E daí? – ele pergunta surpreso – Traga-o junto! Gosto de fazer novas amizades. – ele me encara – E algo me diz que seremos grandes amigos, Enzo.

“Claro... Por que não? Depois que meu namorado cortar meu pinto fora!” penso nervoso.

― Vai sonhando... – respondo – Ele é ciumento.

Fernando gargalha.

― Eu sei. – diz – Outro dia eu estava na sacada e ele me olhou como se quisesse me estripar! – e ri mais um pouco – Mas se eu tivesse um namorado lindo como você também mataria qualquer um que ousasse se aproximar. – ele se aproxima e acaricia meu rosto.

Eu me afasto rapidamente.

― Com licença, Fernando. – digo apressado – Preciso voltar ao trabalho.

― Enzo? – ele me chama – Por mais que eu te ache lindo com esses olhos, meu coração já tem dono. – sua voz muda o tom – E sempre terá...

Olho para ele e seus olhos estão tristes. Apenas sorrio e saio voltando ao meu trabalho.

O restante da tarde passa se arrastando e conto a Suzana como conheci Fernando (excluindo os detalhes) e a louca ficou doida (kkkk) e empolgada, porém quando digo que ele é gay sua empolgação vaia embora rapidamente. Coitada.

― Ainda não é desta vez. – ela diz suspirando exageradamente.

Rimos e continuamos a trabalhar até o fim do nosso expediente.

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Narrado por Gabriel

Para uma segunda-feira que no geral é calma no shopping esta foi atípica. Não parei de trabalhar um minuto sequer e parei para almoçar apenas porque Enzo apareceu senão nem isso e acabei saindo após meu horário. Sorte que tenho Ítalo e ele realmente provou ser meu braço direito. Envio uma mensagem ao Eno e aguardo sua resposta.

― Gabe? – olho e vejo Leila – Tudo bem?

― Oi. Tudo bem! – respondo – Você não deveria estar de folga hoje?

Ela sorri.

― Sim, mas a Pri quis vir trocar uma roupa. – ela faz uma careta.

― Eu quero te agradecer por ter ficado no final de semana e dizer também que o Ítalo foi só elogios.

Ela fica vermelha.

― Obrigada. – e olha para os lados – Onde ele está?

Também o procuro.

― Acho que está na cozinha. – olho para ela – Por quê?

Leila está sem jeito.

― Eu quero falar com você. – diz – Mas tem que ser em particular.

Olho as horas.

― Ok...

Ítalo chega nesse momento.

― Gabriel, o produto... – ele para – Oi Leila, hoje não é sua folga?

― Pois é, mas...

― É sim, mas eu quis dar um oi pra vocês! – ela me corta – Enquanto espero a Pri.

― Ah tá... – ele se vira para mim – Gabriel, o produto para limpar os fornos acabou e coloquei na lista a marca que os meninos preferem, ok?

― Ok, Ítalo. – olho as horas – Eu vou para casa e qualquer coisa você me liga, ok?

― Certo, deixa comigo!

― Leila, depois conversamos. – digo – Agora vou buscar o Enzo. Falo com você na quarta, ok?

― Claro! Ela responde – Até... Ah, dá um beijo no Enzo por mim!

Sorrio enquanto me afasto e respondo:

― Será dado!

E vou buscar meu amor. Sigo para o carro quando a resposta chega.

#Oi, amor. Se você puder eu agradeço. Obrigado#

― O quê? – leio novamente – Que porra de mensagem é essa?

Respondo.

#Estou indo. Te amo.#

Guio até chegar à empresa pensando na mensagem que ele escreveu. Viro a esquina e ele está em pé me esperando. Sorrio e meu coração dispara feliz. Será sempre assim, tenho certeza. Buzino rapidamente e ele me olha sério entrando no carro.

― Oi, amor. – cumprimento.

― Oi, vida. – ele me dá um selinho – Saiu tarde hoje.

― Sim... Segundona atípica. – rio um pouco – Você está sério. O que houve?

Ele me olha e sorri.

― Podemos conversar em casa? – e pisca para mim.

― Claro. – respondo sorrindo – E aí, o novo funcionário apareceu?

― Apareceu.

Silêncio.

―E? – faço sinal de continuidade com as mãos.

― Amor... – ele suspira – vamos conversar em casa? Por favor?

Minha vez de suspirar e seguimos em silêncio. Nem bem entramos em casa e já metralho:

― O que houve? Vai... Desembucha! – sento na poltrona e observo ele tirar a mochila das costas e sentar-se a minha frente.

― Lembra que eu falei sobre o novo engenheiro que o Roberto estava contratando? – confirmo com a cabeça – E... Lembra do Fernando?

― Fernando?

― O cara do prédio...

― Ah... Sei. – faço uma careta – O que tem a ver uma coisa com a outra?

Ele respira fundo.

―Então... O Fernando é o novo engenheiro.

Arregalo os olhos e o ciúmes me faz ferver.

― Mas que porra! – eu me levanto da poltrona – É sério isso?! Por que você...

― Eu só fiquei sabendo quando cheguei para trabalhar. – ele se levanta também – Não começa...

― Não estou começando nada... – sua calma me irrita – Esse filho da puta fez de propósito. Para ficar perto de você e querer te comer...

Enzo revira os olhos para mim e cruza os braços.

― Sabe... – ele começa suavemente, mas a fúria é evidente em seus olhos – eu passei a tarde pensando num modo de te contar porque sabia você sentiria ciúmes. E como eu poderia saber que ele é engenheiro, hein?! Responde! E como ele poderia adivinhar que eu trabalho com Roberto?! Hein?!... Nem em sonho, Gabriel Maia eu poderia saber! E olha o que você está falando... QUE ELE QUER ME COMER! – ele grita e faz uma pausa – Quer saber o que ele disse? Fernando disse que me acha lindo... – agora ele está furioso e bate o dedo em meu peito – Mas que não passa disso, pois ele ama outra pessoa. E sim, ELE É GAY! – ele grita novamente – E quer saber o que mais, seu ogro? Eu estava morrendo de medo de você explodir e me culpar... E foi que você fez! Estúpido! Idiota! – ele respira fundo – Mas agora eu não ligo mais. O mundo está cheio de homens lá fora e eu não quero nenhum deles porque eu amo você. – e me empurra – Seu merda...

E ele me deixa só. E me sentindo... Um merda. Coço minha nuca nervoso.

― Que bosta! – resmungo. Ouço uma fungada no quarto – Amor...

Vou atrás dele.

― Amor... – entro no quarto – Desculpa... Por favor.

— CALA A BOCA! – ele grita e depois para respirando fundo.

Ele me olha sério, deita-se na cama e aponta para o seu lado na cama para eu fazer o mesmo.

― Somos ciumentos, certo? – ele pergunta.

― Sim.

― Então... – ele faz um gesto nos apontando – no nosso caso é normal sentir ciúmes... Mas... Que fique bem claro, Gabriel Maia, se você me disser qualquer coisa do que disse lá na sala ou me acusar de traição ou até mesmo de querer te trair eu corto seu pinto fora. Fui claro?

― Como água.

Colamos nossas testas e ficamos assim por um bom tempo.

― Gabe... – ele sussurra.

― Oi. – sussurro de volta.

― Faz amor comigo? – ele pede – Primeiro no banho e depois aqui... Na nossa cama.

Dou um beijo nele e me levanto primeiro. Tiro minha roupa lentamente com ele me observando e sorrindo. Assim que termino estendo a mão para ele.

― Sua vez...

Enzo para frente a mim e começo a despi-lo. Estamos nus e novamente colamos nossas testas.

― Eu te amo. – ele diz ao ame abraçar e encostar a cabeça em meu peito – Meu lugar favorito no mundo todo.

― Eu te amo também. – de repente uma emoção toma conta de mim e começo a chorar – Vamos para o banho?

― Sim...

É nosso melhor banho, pois é cheio de amor e carinho. Fizemos amor de modo lento e intenso. Não tinha nada das nossas putarias, apenas dois homens apaixonados tornando-se um só corpo.

Quando o penetrei Eno por trás ele me permitiu masturba-lo até ele gozar fato que acho incrível e senti um tesão descomunal e gozei em seguida. Ainda fizemos amos em nossa cama e agora o observo dormir praticamente colado em mim. Eu sou ciumento e só de pensar em outro homem tocando-o fico doido e não vou mentir que não quero esse tal de Fernando próximo a ele, mas é seu trabalho e nada posso fazer.

Eu quero o melhor para o meu amor e isso significa ver outros marmanjos em torno dele.

“É Gabriel, já passou a fase em que ele era só seu 24h por dia.”

Aproximo meu rosto lentamente do seu e dou um selinho de leve.

― Eu te amo para sempre... – sorrio ao dizer a frase dele.

Fecho meus olhos e deixo o sono me dominar.

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Comentários

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Ai meu Deus!!!!! Qual será a história de Vera cão e Olga? Porque tanto ódio? Vera cão falou algo que me intrigou... o fato de Tati e Olga serem parecidas... Será que são mãe e filha? Ainda estou intrigado com esse Italo e uma coisa na conversa dele com Gabe também não me saiu da cabeça: ele dizer que Gabe é como um irmão para ele... isso me intrigou!!!! Será que Vera bruxa teve um filho com o tal amor da vida dela e esse filho é o Italo???? Será que o Italo é quem está ajudando a ela (acho que já fiz esta pergunta a mim mesmo kkkkkk)????? E Rico apaixonado transando na escada... kkkkkk Mas gostei muito da postura de Eno com ele... espero que Eno convença a Naomi de aceitar ele de volta... E agora Fernando aff,,, Espero realmente que ele só queira a amizade de Eno e não tente atrapalhar o relacionamento dos dois. E que se assim for,, Gabe vença o seu ciúme e seja amigo dele também. E tomara que Fernando reate com o seu namorado. Enfim, aguardando os novos capítulos ansiosamente... kkkkk

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NOSSA, ENO INVERTEU AS COISAS. FERNANDO NÃO VAI DAR MOLE. ISSO NÃO VAI DAR EM COISA BOA. TRIÂNGULOS AMOROSOS NÃO FUNCIONAM NUNCA.

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