Amor além do tempo ㅡ Cap 15

Um conto erótico de LuCley.
Categoria: Homossexual
Contém 6647 palavras
Data: 04/10/2018 11:21:57
Última revisão: 09/10/2018 02:47:20

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Nosso prédio ficava em uma das avenidas mais movimentadas do centro de Erculano.

Não precisava andar muito pra chegar nas principais lojas, cafés, bares e agências bancárias da cidade.

Demos uma volta pela região. Pedi pro Ricardo me levar em uma loja de departamento pra comprar alguns utensilhos de cozinha que estava faltando e, me vendo empolgado, me ajudou a escolher jogo de copo, pratos e talheres.

Parecíamos recém casados e, eu queria que fossémos. Não vou negar!

Precisei tirar a ideia de casamento da cabeça e voltei ao meu mundo real.

Estávamos com os carrinhos lotados, mas antes de irmos pro caixa, ele me perguntou se eu queria comer alguma coisa ali mesmo. Havia um restautante até que charmoso e, quando senti o cheiro da comida, não pensei duas vezes.

Passamos as compras, levamos pro carro e fomos almoçar.

Ele, sempre gentil, me ofereceu assento e agradeci a gentileza com um sorriso.

ㅡ quem olha pra essa sua cara de anjo e sorriso perfeito, nem imagina que me faz ficar de quatro.

ㅡ e você gosta! Vai dizer que não?

ㅡ demais! Nunca fui tão submisso.

ㅡ me da um beijo? É pedir muito?

Ele se levantou e veio até mim. Segurou meu queixo, se inclinou e, me olhando nos olhos, me deu um selinho demorado. Assanhou meu cabelo e foi até o balcão pedir uma bebida.

Mesmo imerso em minha felicidade, notei três ou mais pessoas me encarando. Não me olhavam com reprovação, pois nem mesmo o gerente se incomodou com nosso gesto de carinho. Certamente admiravam duas pessoas que se amavam, pois quando as olhei, me cumprimentaram com um aceno de cabeça. Retribui o cumprimento e o Ricardo voltou dizendo que havia pedido uma jarra de suco natural.

ㅡ é self-service! Pode se empanturrar à vontade. ㅡ ele disse e comecei a rir.

ㅡ kkkkkk! Nem pensar! Vou voltar a malhar. Tem uma academia aqui no shopping. Você viu?

ㅡ quer ir lá depois pra ver o valor da mensalidade?

ㅡ quero. Vai malhar comigo?

ㅡ quando eu estiver disposto, venho contigo. Pago o dia.

ㅡ está certo! O quê foi? ㅡ notei ele pensativo e estava do mesmo jeito que eu ficava quando não conseguia lhe dizer algo.

ㅡ nada! Só estou pensando...

ㅡ em quê?

ㅡ rsrs, não fiquei te pressionando pra dizer que me amava. Apesar de eu ver nesses seus olhos azuis, que são tão lindos quanto você.

ㅡ hum, não te aborreço mais com isso. Ta querendo terminar comigo?

ㅡ minha nossa! Acabei de te beijar em um restaurante praticamente lotado e, na sua cabeça, eu quero terminar contigo?

ㅡ ah, sei lá! É a primeira coisa que me veio em mente.

ㅡ lógico que não tem nada haver com isso. Que bobagem!

ㅡ okay! Tem algum filho por aí?

ㅡ mas quê pergunta é essa? Claro que não! Kkkkk

ㅡ se for pra ter filhos, que seja comigo, né Cadão?! ㅡ percebi que foi a coisa mais estranha que já havia falado e, pedindo licença, fui servir o almoço.

Fui me xingando em pensamentos até o buffet e imaginando o quê ele estaria pensando do absurdo que eu havia dito. Mas será que era tão absurdo assim?

De qualquer forma, decidi ficar de boca fechada e esquecer o tal assunto pelo qual ele estava remoendo e não queria me contar, já que não se tratava de nós.

Vi ele se levantando e veio servir o almoço.

Voltamos juntos pra mesa e, meio sem jeito, perguntei se ele me levaria à fábrica depois do almoço.

ㅡ pode ser, quando você quiser.

ㅡ o quê está achando da comida, Cado?

ㅡ é boa! Podemos vir aqui de vez em quando. Preciso arrumar uma diarista e cozinheira. Pelo menos três vezes na semana.

ㅡ a mãe deixou o número de uma moça que faz faxina pelo prédio. Ligamos e conversamos com ela. O quê você acha?

ㅡ podemos ver isso semana que vem. Está tudo bem? Está quieto!

ㅡ sim! Tudo certo! A comida está deliciosa. Estou apreciando e falando menos, só isso! Em boca fechada, saí menos bobagem.

ㅡ rsrs, você não fala bobagens!

Depois do almoço fomos direto pra fábrica.

Não foi difícil encontrar o endereço, ja que todos conheciam a antiga fábrica do finado Onofre Alencar.

Assim que chegamos, fiquei maravilhado e espantado com o tamanho do prédio.

Perguntei pro Ricardo se ele sabia a dimensão de tudo aquilo e disse que só tinha visto por uma foto que o pai dele havia enviado por email, mas que nem parecia ser tão grande.

Havia seis silos gigantes. A ração produzida era destinada à gado de corte e leite.

Descemos do carro e o vigilante que estava na guarita veio nos receber no portão.

Se apresentando como filho do seu Otaviano, o Ricardo perguntou se poderíamos entrar e o homem de meia-idade disse que ja havia sido informado de nossa visita e que nos esperava.

Certamente seu Otaviano ja havia dado instruçrões.

Entramos no prédio, caminhamos pelo terreno e já me imaginei em meu cargo.

Era muita responsabilidade pra um recém formado. Vi que seu Otaviano esperava muito mais de mim do que eu mesmo.

Fiquei encarando aqueles silos enormes, absorto de tudo à minha volta, até que senti o braço do Ricardo envolvendo minha cintura.

ㅡ está pensando em quê, meu amor? ㅡ disse ele beijando meu pescoço.

ㅡ nessa industria que pensei ser apenas duas portas de beira de estrada. Isso aqui tem renome pra mais de décadas. Desde menino conheço essa logomarca. Seu pai me chamava pra ir com ele até a cidade e sempre o ajudava a carregar a ração até a caminhonete. Quantas vezes vi os caminhões descarregando toneladas de ração lá no galpão e, agora, vou trabalhar aqui. Vou ser o responsável pela parte nutricional de tudo isso? Seu pai é um doido!

ㅡ um doido que sabe dar valor em quem esteve com ele o tempo todo. Cada cerca, cada alambrado erguido naquela fazenda, foi com esforço de suas mãos. Cada árvore plantada em volta do riacho depois do reflorestamento e na cachoeira, foram plantadas por você.

Eu sei de tudo isso. Meu pai me contava que você o ajudava e nunca lhe dizia não. Você era só um menino, mas tem dedo seu em cada canto daquela fazenda, em cada pedacinho de terra. Meu pai sabe o tamanho do teu coração e o valor que dá àquelas terras que não são suas, mas ajudou a cuidar como se fossem. E nem preciso falar da Yoiô, não é mesmo? Você é um rapaz muito especial e merece ser reconhecido por tudo quê faz. Você ajudou meu pai, meu pai te ajudou, é uma troca.

ㅡ seu pai é um homem muito generoso, Cado. Por isso tem tudo que almeja. Nunca negou ajuda a quem quer que fosse. Sempre o admirei.

ㅡ ele realmente é um bom homem. Mudando um pouco de assunto: lembra quando você disse que foi feito pra mim?

ㅡ lembro! Claro!

ㅡ então, também fui feito pra você! Esperamos um pelo outro. Nosso amor foi crescendo e se descobrindo com o passar do tempo. Seu amor foi amadurencendo e, o meu, se libertanto de preconceitos que eu estava impondo a mim mesmo por causa dessa nossa diferença de idade. Mas estava escrito em algum lugar que a gente precisava se encontrar e viver tudo isso. E eu, não poderia ter conhecido uma pessoa melhor! E meu pai também pensa como eu: você é a melhor pessoa desse mundo.

ㅡ te amo, cara! Você sempre me diz coisas lindas. Obrigado por voltar pra mim.

ㅡ seu pai me questionou ontem se eu realmente havia voltado pra ficar.

ㅡ e você disse que voltou por mim, que havia superado seu conflito por ser mais velho e que me esperou amadurecer pra levarmos esse relacionamento à sério sem ninguém se machucar. Não foi isso que disse?

ㅡ foi! Como sabe? Ele te falou?

ㅡ não! Eu ouvi quando fui chamá-los pra jantar. Não foi minha intensão ouvir, mas fiquei curioso pra saber o quê você iria dizer. Kkkkk

ㅡ safado! Percebeu que estamos abraçados aqui e aquele cara está nos cuidando? Não olha agora...

ㅡ agora ele sabe que o filho do patrão namora um cara bem gato! Kkkk

ㅡ kkkkk, agora ele sabe!

ㅡ é tão bom ficar assim contigo. Quero que o mundo saiba o quanto eu te amo.

Ficamos admirando o tamanho da responsabilidade que enfrentaríamos quando seu Otaviano inaugurasse a fábrica e por vários incontáveis minutos permanecemos um nos braços do outro.

Decidimos dar mais uma volta por Erculano antes de voltarmos pra casa e pedi que fóssemos até uma sorveteria.

Havia uma praça muito charmosa e tomamos nosso sorvete enquanto caminhávamos.

Conversamos sobre tudo, andamos de mãos dadas e nos sentamos em um banco de pedra.

Ali ficamos por algum tempo até que o chamei para irmos embora.

Chegamos no meu apartamento e me joguei no sofá da sala. Ele tirou toda a roupa e se jogou em meus braços.

Liguei a tv e estourei um balde gigante de pipocas.

Passamos o resto da noite vendo filme e se empanturrando de pizza.

Adormecemos no sofá. Vi que ele se mexeu e já era mais de 01:30 da manhã.

Perguntei onde ele ia e me disse que estava com sede, mas que iria me acordar pra dizer que iria subir pra dormir.

Me sentei no sofá e me agarrei em sua cintura. Pedi que dormisse comigo e, me dando um beijo na testa, disse que só subiria pra fechar a janela do quarto que havia deixado aberta.

Fui até meu quarto, arrumei a cama e peguei um travesseiro pra ele.

Peguei um edredom king-size e liguei o ar condicionado em vinte e dois graus.

Ouvi a porta abrindo e era o Ricardo com uma pequena mala de mão.

Sorri, achei engraçado e vi que ele tirou de dentro da mala uma bolsinha menor e veio ate mim.

ㅡ trouxe umas coisas pra deixar aqui: escova de dente, creme de barbear...

ㅡ tudo bem, man! Coloca lá no meu banheiro. Tem roupa aí?

ㅡ sim, trouxe algumas. Pro caso de eu dormir aqui e ter o que vestir. Tem espaço no seu closet?

ㅡ tem sim! Vem comigo e arrumamos um lado do armário pra você.

ㅡ não vai te atrapalhar?

ㅡ claro que não! Tem espaço de sobra. Ah, veio um par de chinelos seus nas minhas coisas.

ㅡ então já deixo aqui.

ㅡ deixa aqui no seu lado da cama. Eu estava pensando: porque não come aqui casa? Pagamos uma cozinheira pra nós dois.

ㅡ pode ser, qualquer coisa eu levo alguma coisa daqui pra comer lá em casa.

ㅡ você me diz o quê gosta de comer e deixo tudo anotado na geladeira.

ㅡ amanhã eu faço isso. Quero fazer uma coisa antes de dormir. ㅡ ele disse e me deu um selinho.

ㅡ ah é? E quer fazer o quê?

ㅡ jura que não sabe? Logo você que sempre sabe o quê quero e quando quero?

ㅡ acha mesmo que não sei interpretar seu desejo nesses olhos cor de mel? Eles brilham quando olham pra mim. E só de eu falar assim, em um tom mais baixo no seu ouvido, já sei que está de pau duro e nem preciso olhar pra baixo pra ter certeza; é só ouvir essa respiração ofegante. Vem, Cadão! Vem que vou te levar aos céus!

Não sei por quando tempo nos amamos.

Foi uma das noites mais maravilhosas que já passamos juntos.

Quando acordei, olhei meu relógio e ja passava das 13:00 hrs.

Me virei e ele não estava na cama.

Senti o cheiro de algo que parecia bife, vindo da cozinha e fui completamente nu até onde meu homem estava.

Ele cozinhava e sorri lhe dando bom dia.

ㅡ boa tarde, meu belo adormecido. Pensei que fosse passar o dia dormindo. ㅡ ele disse e me encostei na pia.

ㅡ o quê é isso? Está fritando bife?

ㅡ não! Estou fazendo um arroz carreteiro com a carne assada que sobrou do jantar daquele dia. Não vai demorar pra ficar pronto. Acordei com fome. Gosta?

ㅡ muito! Mas gosto mais de você! Que noite!

ㅡ boa, heim? Fiquei acabadinho!

ㅡ hahaha, bota boa nisso! Caramba, estou cansado.

ㅡ eu que fui rangado e você é quem está cansado?

ㅡ oh meu Cado, e o esforço que faço, não conta?

ㅡ kkkkk, conta sim! Adoro te ver nu! ㅡ ele veio até mim e dizendo que eu era delicioso, lambeu meu cacete meia-bomba.

ㅡ se me deixar duro, vou gozar pra você. Ah, quer saber? Vou bater uma pra você, agora!

Segurei sua mão o levando até a sala e o deitei no sofá. Subi em seu peito com as pernas dobradas pra fora e iniciei uma punheta em cima dele.

Gozei em seu peito e o primeiro jato de porra espirrou em seu rosto.

Gargalhamos muito e me inclinei lhe lambendo a face esporrada e ele sorrindo lindamente me pediu um beijo.

ㅡ agora estou relaxado! Vou tomar banho! ㅡ disse lhe dando um selinho!

ㅡ vou me limpar e cuidar o almoço. Fecha as cortinas e fica pelado pra mim.

ㅡ você é quem manda! Já volto.

Liguei a banheira e me dei ao luxo de ficar dentro dela por meia-hora.

Peguei a toalha e reparei que havia produtos de higiene do Ricardo sobre a bancada, mas que não era os que ele havia levado na noite anterior.

Reparei também que havia algumas roupas a mais na parte do armário que havia separado pra ele e sorri abestalhado com meu homem tomando posse não só do meu coração, mas também do meu lar.

Confesso que gostei. Gostei demais!

Ouvi passos pelo corredor e era ele vindo me dizer que o almoço estava pronto.

Me olhou de cima a baixo e pediu que eu colocasse apenas uma boxer.

Vesti uma boxer branca que ele havia me dado de presente e nos abraçamos indo até cozinha.

Nos servimos do arroz carreteiro que ele havia preparado e fomos pra sala ver tv.

ㅡ minha mãe que não me ouça, mas é o melhor carreteiro que já comi.

ㅡ ah, sério?

ㅡ sério, man! Está delicioso, cremoso e o cheiro despertou minha fome na hora. TE amo!

ㅡ hahaha, também te amo! Fico que feliz que tenha gostado. Tanto tempo que eu não faço.

ㅡ está divino!

ㅡ obrigado! Eu trouxe algumas roupas e coloquei no seu armário. Tudo bem?

ㅡ a casa é sua, meu bem! Trás o quê você achar necessário. ㅡ ele me olhou sorrindo e fui até ele lhe dando um selinho.

ㅡ você é um anjo!

ㅡ não me chama de anjo ou terei que te levar pra conhecer o céu da minha boca.

ㅡ até parece que eu não iria...

ㅡ gosto quando você topa tudo comigo! Delícia heim?!

ㅡ estou vendo que não vou terminar de comer e, nem você!

ㅡ kkkkk, parei! Estou morrendo de fome. Quero comer primeiro. Depois a gente namora!

ㅡ quero só ver! Ah, meu pai me ligou. Disse que está chegando na segunda-feira e já convocou os funcionários. Pediu pra você ficar preparado e disse que minha sala já está pronta.

ㅡ você vai ser meu chefe...

ㅡ pelo menos vou mandar em você em algum momento na vida. Kkkk

ㅡ aham! Vai sonhando! Kkkk

Os dias foram passando e recebemos seu Otaviano no meu apartamento, na segunda.

Enquanto o Ricardo subiu pra pegar uns documentos, meu sogro perguntou como estava indo as coisas e se estávamos gostando da cidade.

Contei sobre os passeios que fizemos e que demos um pulo na fábrica.

Dado momento, fui até a cozinha pegar um copo de suco e quando voltei, ele estava na sacada e quando me viu, elogiou o apartamento.

Perguntou quando iríamos nos casar e fiquei bem sem graça e me lembrei que o Augusto havia feito a mesma pergunta antes de nos mudarmos.

ㅡ o senhor está parecendo o Guto. Não existe esse negócio de casamento.

ㅡ é que não compreendo vocês estarem em apartamentos separados. Além desse anel que ele te deu.

ㅡ ele não me pediu em casamento, seu Otaviano. É só um anel de compromisso. E vou dizer ao senhor, o mesmo que disse ao Guto: não importa o quê o Cado queira ser pra mim, eu o aceitarei do seu jeito. Contanto que ele esteja ao meu lado, é o quê importa. Ele pode querer ser meu eterno namorado e não ligo. O senhor sabe que amo seu filho desde menino, ou não teria me consolado daquele jeito quando a Yoiô se foi e ele precisou voltar para os EUA. Porque eu sei que o senhor sabia.

ㅡ sabia! Mas nunca disse a ele em respeito a você.

ㅡ obrigado! Posso mostrar algo pro senhor? Promete que vai ficar só entre nós?

ㅡ claro! Tem minha palavra.

Pedi que ele me acompanhasse até meu quarto e abri a porta do armário com as roupas do Ricardo. Ele me olhou de um jeito terno e me abraçou. Fiquei pensativo.

A cada dia que passava o Ricardo deixava um pouco mais de suas coisas em meu apartamento. Fechei a porta e levei seu Otaviano até o banheiro e também mostrei o lado da pia que eu havia separado só para o filho dele.

ㅡ em tão pouco tempo e ele já está assim?

ㅡ pois é! O senhor me prometeu não dizer nada. Se ele souber que mostrei, vai brigar comigo e pensar que estou reclamando.

ㅡ se eu digo que não conto, é porque tenho palavra. Só quero ver ate onde ele vai com isso.

ㅡ daqui a pouco ele trás os móveis e nem percebe. Mas deixa ele. Não posso pedir pra que ele se mude pra cá sem que ele esteja cem porcento seguro. Sou paciente! Sempre fui! Não vai ser agora que vou colocar a carroça na frente dos bois.

ㅡ o quê você diria se ele te pedisse em casamento, filho?

ㅡ pra ser sincero? Eu me jogaria nos braços dele na hora!

ㅡ não tenho nenhuma dúvida. Quando ele decidir morar contigo pra sempre, me avisa. Quero rir da cara dele. Porque só ele não vê que estão quase casados.

ㅡ sabe, ele anda meio pensativo de uns tempos pra cá. Estou ficando preocupado e perguntei se queria terminar comigo, mas me garantiu que não tem nada haver com isso.

ㅡ ele te ama. Só acho que ele está com medo de levar essa relação de vocês à outro nível.

ㅡ é, pode ser, mas qual o motivo?

ㅡ só perguntando pra ele, filho.

Eu não era nenhum bobo. Algo estava preocupando o Ricardo em relação à nós desde antes de nos mudarmos pra Erculano.

Às vezes o pegava distante em seus pensamentos e seu olhar mudava quando eu o encarava.

Me sentia completamente impotente diante a tudo que ele estava sentindo; ele não me falava e, mesmo eu querendo tanto, não queria pressioná-lo a me dizer.

Antes do Ricardo descer, voltamos pra sala e ouvi ele abrindo a porta.

Perguntou se eu estava pronto e veio até mim ajeitando meu paletó.

Bem ao pé do ouvido, falou que eu estava lindo de terno e, que se não fosse pelo seu Otaviano, me faria trepá-lo alí mesmo.

Quase tive uma ereção e antes que ficasse duro, apressei os dois e fomos direto pra fábrica.

Já passava das oito quando chegamos e todos os funcionários esperavam seu Otaviano. Haviam centenas de pessoas com um sorriso imenso em seus rostos.

A fábrica não daria somente lucro a seu Otaviano, mas também geraria emprego pra toda aquela gente que de uma forma ou de outra, foram demitidas por uma richa entre irmãos que brigavam por uma herança milionária. Prefeririam fechar a fábrica do que lutarem juntos por ela.

Ver a esperança nos rostos daquelas pessoas me contagiou de uma forma que nem percebi que o Ricardo e eu estávamos de mãos dadas. Senti ele segurando firme minha mão quando percebeu que eu havia notado e, chegando mais perto de mim, disse:

ㅡ você é meu namorado! Melhor todos saberem agora a que pé está nossa relação, do que ficarem pela fábrica especulando e gerando mais fofoca.

ㅡ amo você!

ㅡ eu sei! Nunca tive dúvidas. Quando abrirem os portões, meu pai vai fazer um longo discurso. Apresentar cada um o seu setor e mais discurso. Relaxa, porque vai demorar.

E foi bem o quê aconteceu.

Conhecemos os chefes de cada setor e seu Otaviano me apresentou o Zootecnista que havia contratado pra me ajudar.

Conversando com o Pablo, descobri que todos os pedidos de vitaminas e ingredientes havia sido feitos baseado no relatório que eu havia entregado ao seu Otaviano.

Fui elogiado por minhas pesquisas e não acreditou quando eu disse que era recém formado.

Conversamos por quase duas horas e sempre me mantendo informado sobre tudo que eu faria. Além de dizer que ele havia sido contratado somente por um ano.

Fiquei sem entender. Questionei sua contratação e ele disse que seu Otaviano havia deixado bem claro que eu ficaria responsável pela parte nutricional da fábrica depois desse período e fiquei muito feliz com a confiança que ele havia depositado em mim.

ㅡ Pablo, sei que vai ficar aqui por pouco tempo, mas e depois?

ㅡ vou para a matriz de Menezes. Trabalhei alguns anos aqui antes de fecharem as portas. Foram longos dez anos. Você não imagina o sofrimento desse povo quando os filhos do Onofre resolveram fechar as portas. Essa fábrica era uma das principais fonte de renda desse povo.

Todos esses funcionários que estão aqui, não chega nem perto do que havia antes.

Seu Otaviano está contratando mais pessoal e estou ajudando na seleção junto com o pessoal do RH.

ㅡ seu Otaviano é um visionário e um excelente empreendedor. Quando coloca a mão em algo, é pra fazer acontecer. Isso aqui vai longe.

ㅡ já ouvi falar algumas coisas sobre ele por aí. Nunca imaginei que fosse um homem tão simples. Soube que perdeu a esposa anos atrás. Li em algum jornal da região.

ㅡ sim, foi a pior coisa que aconteceu à essa família. Estão superando com o passar dos anos, mas não é fácil superar a perda de uma pessoa tão maravilhosa como dona Yolanda.

Vi que o Ricardo me chamava e pedi licença ao Pablo.

Perguntou se eu estava bem e me levou ate sua sala no andar de cima.

Fui apresentado por ele à sua secretária.

Jordanna parecia ter minha idade, uma jovem muito bonita e extremamente simpática. A cumprimentei com a mesma simpatia e, pedindo licença, o Ricardo fechou a porta de sua sala e me sentei em um sofá confortável.

ㅡ amanhã vamos dar início a isso tudo. É uma nova etapa na minha vida. Ainda não acredito que meu pai e eu entramos nisso juntos. Ele ficou tão feliz quando lhe disse que entraria de sócio.

ㅡ é porque teve a certeza que você voltou pra ficar.

ㅡ meu maior motivo está bem aqui, na minha frente. ㅡ ele me beijou e me fez deitar no sofá vindo por cima de mim.

ㅡ estou feliz por você, pela sua família e estou feliz por ter você. Sou um cara de sorte.

ㅡ eu sou é que sou um cara de sorte! Me abraça! Gostou do sofá? Pensei em você na hora quando entrei aqui com meu pai. Você e eu, namorano no horário de almoço...

ㅡ hum...levanta e tranca a porta!

ㅡ jura? Agora?

ㅡ agora! Vai desobedecer uma ordem do seu macho? Tranca a porta e fique nu!

Ele correu trancar a porta e era bom demais curtir cada momento ao lado do homem que dizia a todo instante que me amava.

Descemos depois de meia-hora e o pessoal ja havia terminado de tomar o café da manhã de boas-vindas que seu Otaviano havia mandado preparar.

Passamos o resto do dia na fábrica e no fim de tarde fomos pra casa.

Seu Otaviano precisou voltar pra fazenda e deixou tudo nas mãos do Ricardo.

Quando entramos no elevador, perguntei se ele ficaria em casa pra tomar banho comigo e disse que subiria pois tinha que dar uma olhada em seus investimentos.

Fiquei no meu Ap e, aproveitei pra estudar um pouco mais toda a pesquisa nuturicional que eu havia feito para a fábrica e fiquei no quarto relaxando.

As horas passaram voando. Quando olhei meu relógio, ja era 23:30. Fui até a cozinha e havia sobrado o arroz carreteiro que o Cado tinha feito e resolvi esquentar pra eu comer.

Aproveitei que a geladeira estava cheia e fiz uma salada grega com queijo feta que o Ricardo certamente teria pedido pra minha mãe comprar.

Peguei meu celular que estava carregando no quarto e liguei pra ele.

Me atendeu no segundo toque e perguntei se ele já havia jantado.

ㅡ ainda não. Estava até agora estudando os gráficos das ações e perdi a hora.

ㅡ então desce e vem jantar comigo.

ㅡ ainda nem tomei banho.

ㅡ toma banho aqui. Fiz aquela salada grega que a gente adora, mas o arroz é aquele que você fez.

ㅡ não tem problema. Está ótimo. Vou levar uma garrafa de vinho. Não precisamos exagerar, ja que amanhã trabalhamos. É só pra dar uma relaxada.

ㅡ tudo bem! Estou te esperando.

Em dez minutos ele desceu e nos servi.

Fomos comer na sala. Eu havia arrumado a mesa de centro e nos sentamos em almofadas.

Ele me deu um beijo, elogiou a salada e quando terminados de comer, fez questão de lavar a louça que eu havia sujado.

Peguei a garrafa de vinho nos servindo mais uma taça e fomos beber no meu quarto.

Fechei as persianas, fiquei só de cueca boxer e me sentei no meio de suas pernas apoiado em seu peito.

ㅡ amanhã a noite quero ir no shopping comprar umas roupas. Quer ir comigo, Cado?

ㅡ claro!

ㅡ será que corto o cabelo? Pra parecer mais responsável, sei lá. Parece que acabei de sair do colegial.

ㅡ eu gosto do seu cabelo como está. Prende em um rabo de cavalo. Vai ficar tão bonito.

ㅡ pode ser. Eu não queria cortar mesmo e, sei que você gosta. ㅡ senti seus lábios no meu ombro e me ajeitei em seu corpo.

ㅡ está confortável, Lipo?

ㅡ estou! Dorme comigo? Tem roupa sua no armário, nem vai precisar subir pra se vestir.

ㅡ pedindo desse jeito, claro que durmo. Só vou subir e pegar meu blazer pra trabalhar amanhã.

ㅡ oh delícia! Gostoso demais quando durmo contigo. Me senti tão sozinho sem você aqui.

ㅡ também sinto tua falta quando estou lá em casa.

ㅡ não espera eu te chamar pra vir dormir comigo, man. Só vem!

Ele deixou a taça de vinho na mesa de cabeçeira e me abraçou. Me puxou sobre seu corpo e me esfreguei nele todinho.

Senti sua pica crescendo, mordi seu pescoço e quando abri meus olhos, ele me olhava sorrindo.

ㅡ está me espiando? ㅡ disse e ele gargalhou.

ㅡ só estou admirando o rosto mais belo que já vi. Me lembrei de quando conversávamos pela web e eu não via a hora de chegar em casa só pra te ligar. Eu ficava tão ansioso pra te ver. Agora posso te olhar nos olhos todos os dias, mas ainda sinto aquela ansiedade pra estar contigo quando preciso sair pra resolver algum problema na rua. Você é meu planetinha!

ㅡ então me habita! Simples assim!

Passamos a noite juntos. Não só esse dia, mas vários outros.

E conforme os meses passavam eu sentia nossa relação se estreitando cada vez mais e mais.

Era fato que ele estava com medo de me pedir em casamento, mas no meu coração, já estávamos casados desde quando morávamos na Capital. Só faltava ele perceber o óbvio.

Era inicio de junho e meu aniversário cairia em um sábado. A semana foi bem corrida.

Esperávamos um carregamento grande de soja na fábrica e, Paulo e eu estávamos com trabalho acumulado em razão de outros fatores.

Foi a segunda-feira mais estressante até então e a secretária do Ricardo me ligou, disse que ele queria falar comigo.

Fui ao banheiro, lavei meu rosto e mãos. Já estava no andar de cima quando ouvi sua voz alterada.

A secretária disse que ele estava nervoso desde que chegamos.

ㅡ estranho, quando saímos de casa ele estava tranquilo.

ㅡ foi depois que ele recebeu uma ligação. Acho que é sobre aquele carregamento de soja. Está parado no porto.

ㅡ caramba!

Ela avisou que eu estava esperando e quando entrei, ele estava sentado no sofá com as mãos atrás da cabeça bem relaxado.

Tranquei a porta e me sentei ao seu lado. Ele me abraçou e passou o braço por trás da minha nuca e me puxou para si me dando um beijo.

ㅡ acabei de te ouvir gritando...

ㅡ eu não estava gritando. Fiquei um pouco alterado, só isso. Está tudo bem?

ㅡ está! Tirando a correria...

ㅡ falei com o Pablo e ele disse que você está se saindo muito bem.

ㅡ dou meu melhor todos os dias. A Jordanna disse que a soja está presa no porto.

ㅡ estava. Acabei de resolver. Vai sair ainda hoje de lá.

ㅡ que bom! Já estava me sentindo péssimo. Foi eu quem decidiu importar.

ㅡ a culpa não é sua. Você fez seu trabalho e fez muito bem. Eles que demoram demais pra liberar. Seu aniversário é no fim de semana. Já liguei pra sua mãe e para meus irmãos.

ㅡ obrigado! Você é um amor. Não precisava dar esse jantar.

ㅡ vai fazer vinte e quatro anos e não quer comemorar?

ㅡ ah, eu não quero te dar trabalho, só isso.

ㅡ não é trabalho algum. Eu perdi um par de tênis. Comprei mês passado e já perdi. Acredita nisso?ㅡ ele disse e comecei a rir.

ㅡ tem dois pares de tênis seu lá em casa. Você não perdeu. Quando não achar suas coisas, procura lá em casa, man!

ㅡ vou levar minhas coisas de volta...

ㅡ não precisa! Deixa suas coisas lá. Ta tranquilo. Ah, o quê você queria comigo?

ㅡ dizer que o carregamento já está à caminho e te ver. Só isso. Ah, preciso que você refaça as contas de um lote de vitaminas.

ㅡ já refiz. Está tudo certo. O problema é que teve um aumento no frete, só isso.

ㅡ de novo? Droga!

ㅡ vou descer, não gosto de ficar muito tempo aqui contigo. Nada ético.

ㅡ eu sei! Te amo!

ㅡ te amo, Cadão!

Mordi seus lábios antes de me levantar e quando eu estava na porta, me chamou e mostrou o cacete marcado na calça.

Sorri e pedi que abaixasse o fogo.

Voltei pro meu setor e estava vestindo meu jaleco quando o Pablo perguntou sobre o carregamento que estávamos esperando.

Disse a ele que estava à caminho e, pedi que dobrasse a produção.

Fim do expediente e ficamos somente o Ricardo e eu na fábrica. Ele terminava de arquivar uma papelada e fiquei esperando.

Chegamos em casa já passava das 19:00hrs e ele disse que subiria pra tomar banho.

Fiz o mesmo e quando estava deitado no sofá vendo tv, ele chegou trazendo sua mala de mão e me levantei indo até ele. Lhe dei um beijo e tomei a mala de suas mãos.

ㅡ tem roupa sua no armário.

ㅡ essas são novas. Aquelas estão muito batidas.

ㅡ rsrs, depois separamos o quê você não quer mais usar.

ㅡ tem alguma coisa pra comer?

ㅡ claro! É por isso que você paga a Fabí. Pedi pra ela fazer tudo que você gosta. Está na cozinha. Quer jantar agora?

ㅡ daqui a pouco. Adivinha quem me ligou?

ㅡ é alguém importante?

ㅡ não! É so o Guto, mesmo! Kkk

ㅡ kkkkk! Coitado. O quê ele queria?

ㅡ saber como estão as coisas e perguntou o quê você quer de presente.

ㅡ só quero que eles venham! Estar com você, com a minha família e com a sua, já é meu maior presente.

ㅡ ele disse que você falaria isso e pediu pra você escolher sem reclamar.

ㅡ caramba...eu tenho tudo! Mas ja que ele não vai me deixar em paz, pede uma caixa daquele vinho que você adora.

ㅡ kkkkkk, espertinho!

ㅡ eu sou! Vou te deixar tontinho e te rangar depois. Vai, manda mensagem e diz que quero o vinho. Vou servir o jantar pra gente.

Fui até a cozinha e esquentei o jantar pra nós dois. Coloquei em bandejas e levei pra sala. Ele estava vendo tv e deixei a bandeja sobre a mesa.

Me sentei em seu colo e abri os botões de sua camisa. Acariciei seu tórax e mordi seu pescoço devagar. Suas mãos dançaravam em minhas costas e como era maravilhoso estar em seus braços.

ㅡ trouxe o jantar!

ㅡ vai me jantar depois?

ㅡ vou! Olha como estou!

ㅡ delícia! Adoro engolir esse rolão! Tesão do caralho!

ㅡ ah Cadão...se continuar falando assim, vou te rangar antes do jantar...

ㅡ vai nada! Bora comer!

ㅡ kkkkk estraga prazeres!

ㅡ depois você me ranga! Estou com fome. Kkkkk

Jantamos e conversávamos sobre assuntos aleatórios.

Fui levar a louça na cozinha e aproveitei pra servir uma sobremesa que a Fabí, nossa cozinheira, havia preparado.

Assim que cheguei na sala vi o Ricardo falando no celular com alguém e quando desligou, viu que eu o esperava e se sentou no braço do sofá me chamando.

Perguntei se estava tudo bem e, me olhando com os olhos razos d'água, disse pra eu ficar calmo.

Deixei a sobremesa na mesinha e fui até ele sem entender absolutamente nada e perguntei o quê estava acontecendo. Ele me pegou pela cintura e me levou até ele, me olhou nos olhos e disse:

ㅡ seu pai acabou de me ligar. Sua mãe está no hospital.

Foi como levar um soco no estômago.

Fiquei desesperado. Minhas mãos suavam e procurei nos olhos do Ricardo uma explicação que me fizesse entender o quê estava acontecendo.

ㅡ o quê aconteceu com minha rainha? ㅡ disse aos prantos e ele me acolheu em seus braços.

ㅡ seu pai disse que ela sofreu um infarto. Ele tinha acabado de chegar em casa...

ㅡ quero ir até Santo Amaro.

ㅡ claro que vamos!

ㅡ eu vou, você precisa estar na fábrica amanhã. Me empresta seu carro?

ㅡ esta achando que vou deixar você pegar estrada desse jeito, mocinho? Nem pensar! Meu pai está no hospital com seu pai e já falei que vou contigo. Arruma uma mala pra nós dois enquanto subo e pego meus documentos.

ㅡ tudo bem, falei sem pensar!

ㅡ ligo pra Jordanna e peço pra ela abrir a fábrica. Deixamos as chaves com ela no caminho. E não chore meu amor...

ㅡ como ela está, Cado?

ㅡ vai passar por uma cirurgia, mas está estável! Calma...sei que está nervoso, é sua mãe, mas ela está em boas mãos. Estão cuidando bem dela. Olha pra mim! ㅡ ele segurou meu rosto e desmoronei de vez. Chorei mais ainda quando me lembrei de seus olhos tristes se despedindo da Yoiô.

ㅡ não dá, cara! Não consigo!

ㅡ olha pra mim! Isso! Seja forte, por ela! E eu estou contigo, sempre estarei. A menos que você nunca mais me querira ao seu lado, eu estarei contigo até o fim dos meus dias. Não importa a situação, eu estou aqui! Te amo! Agora me ajuda pra irmos logo. São só duas horas e meia de viajem.

ㅡ vai buscar suas coisas que te espero.

Ele subiu e meu coração estava em pedaços. Nunca havia sentido uma dor tão grande em minha vida. Queria ver minha mãe, sentir seu cheiro e abraçá-la apertado e dizer a ela que estava tudo bem.

Fui até meu quarto e arrumei uma mala com algumas trocas de roupa pra mim e quando abri a parte do armário do Ricardo, sorri novamente com a quantidade de roupas ㅡ quase que a porta não se fechava.

Por um átimo de segundo ver tudo que era dele alí, fez meu coração se alegrar. Pois eu sabia que sua presença mais que constante em minha vida me fazia mais que feliz. Ele era meu porto seguro naquele momento.

Quando cheguei na sala, ele já me esperava e conversava ao celular com sua secretária e dizia que levariámos as chaves da fábrica até sua casa.

Deixamos o apartamento já passava da uma da manhã e seguimos até a casa da Jordanna pra deixar as chaves da fábrica com ela.

Vi quando ela abriu a porta e veio ate o carro. Disse que tudo ficaria bem e abri a porta descendo.

Agradeci suas palavras de apoio e me ofereceu um abraço.

ㅡ obrigado e desculpa te incomodar a essa hora. ㅡ disse.

ㅡ imagina. Sei que não somos tão íntimos, mas pode contar comigo pro quê precisar. Já conversei com o seu Ricardo e se precisarem, tomarei conta de tudo, é só me ligarem e dizer o quê precisa ser feito.

ㅡ valeu, mesmo!

Nos despedimos e pegamos estrada assim que terminamos de abastecer.

Fui conversando com o Ricardo durante todo o trajeto.

Eu precisava me acalmar.

Chegamos em Santo Amaro e fomos direto pro hospital.

Meu pai estava na sala de espera com seu Otaviano e quando nos viu, correu até mim e me abraçou com toda a sua força.

ㅡ bom te ver aqui, filho! ㅡ ele disse e me deu um beijo no rosto.

ㅡ como ela está?

ㅡ estável. Está na UTI. Amanhã bem cedo vão fazer a cirurgia. Vai dar tudo certo.

ㅡ eu sei que vai. Aquela baixinha é forte como um touro. Como isso foi acontecer? Ela sempre se cuidou...

ㅡ aconteceu! Eu tinha acabado de chegar com seu Otaviano e ela veio toda feliz me dizer que estava fazendo bolo e botou a mão no peito dizendo que estava doendo e caiu. Botei ela no carro e vim correndo com ela pra cá.

ㅡ minha nossa! ㅡ senti o Ricardo me abraçando e pediu pra que eu me sentasse.

ㅡ se acalma! Não precisa ficar nervoso..

ㅡ estou bem, será que vou poder vê-la antes da cirurgia?

ㅡ acho que sim, daremos um jeito. Quer beber alguma coisa?

ㅡ não, pai. Obrigado!

ㅡ bem, você está em boa compainha, eu vou alí conversar com seu Otaviano e mandá-lo embora. Não faz sentido ele ficar aqui. Já me ajudou e apoiou o suficiente. Eita velho rabujento é teimoso...

Rimos da teimosia do seu Otaviano e o vi vindo até nós.

Me abraçou e disse pra eu não me preocupar.

Agradeci todo apoio e segurou meu rosto dizendo que eu fiz o mesmo anos atrás.

Fiquei com o Ricardo na sala de espera enquanto meu pai e seu Otaviano foram até a lanchonete.

Me vendo cansado, me fez apoiar a cabeça em seu ombro e segurou firme minha mão.

Nunca havia me imaginando naquela situação. Até que me lembrei da Yoiô e era como se eu fosse um dos seus filhos, então, eu ja havia passado por algo triste anos atrás. Porque sofri com sua doença, sofri quando a vi partindo dia após dia, até que se foi para sempre. Eu não estava disposto a sofrer novamente. Fiquei com medo, na verdade, eu estava apavorado. Por mais que dissessem que minha mãe estava estável, ainda teria que passar por uma cirurgia e isso sim me incomodava...

*

*

*

Continua...

Bom dia/tarde/noite! Obrigado pelo feedback. Adoro ler os comentários, me anima. Espero que tenham gostado de mais essa parte. Obrigado a todos por lerem e tenham um ótimo fim de semana. Até! Grande abraço! 😉✌

Happy Pride!! 🌈

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Comentários

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Amo a história destes dois. Que bom seria se todos os homossexuais pudessem ter um amor assim. Um abraço carinhoso para ati.

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Esse conto está cada vez melhor... Cado e Lipo trabalhando juntos e vivendo separados é o grande paradoxo desta história... kkkk Quando Cado vai decidir se abrir e pedir o Lipo em casamento? Ele precisa tirar essa besteira de que o Lipo é novo e pode não querer da cabeça. Por sua vez, Lipo também poderia tomar a iniciativa e tirar esse medo do Cado não querer devido a experiência passada. Mas de qualquer maneira isso vai acabar acontecendo, mesmo que seja naturalmente como já está sendo, só que se um deles tomasse logo a iniciativa teriam menos despesas... kkkkkkk

Senti um impacto muito grande com esse infarto da mãe de Lipo... Espero que ela se recupere e viva pelo menos para ver seu filho se casar e se possível ver seus netos.

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Que capítulo incrível. Espero que a mãe dele fique bem.

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Sabia que estava pra acontecer algo, tudo parecia muito bom.

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COMO SEMPRE EXCELENTE CAPÍTULO. PARABÉNS. QUAL SERÁ O MEDO DE RICARDO? POR QUE NÃO SE ARE LOGO COM FELIPE? QUANTO MAIS DEMORAR PIOR FICA.

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