Amor além do tempo ㅡ Cap 13

Um conto erótico de LuCley.
Categoria: Homossexual
Contém 5441 palavras
Data: 16/09/2018 18:13:55

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Acordei às três e meia da manhã com sede. Fui até a cozinha e servi um copo gigante de água bem gelada.

Indo até a sacada da sala, puxei um pequeno banco de madeira e me sentei pra olhar a rua que apesar de ser madrugada, estava bem movimentada.

Fixei meu olhar no horizonte e me lembrei da conversa que tive com meu pai e, respirei profundamente aliviado em sempre atrair coisas boas pra minha vida.

Confesso que fiquei com medo dele me abandonar. Suas atitudes nos últimos anos colaboraram pra que eu sentisse medo de contar a verdade sobre minha sexualidade. Me sentia inseguro e desprotegido.

Felizmente seu amor por mim falou mais alto e pude respirar aliviado quando disse que me amava.

Voltamos a nos falar com mais frequência. Em uma semana, trocamos mais mensagens do que os últimos cinco anos que fiquei na Capital.

Era como se nos reconhecessemos novamente no outro e, claro, estávamos felizes. Eu sentia o tom da sua voz menos carregada e mais descontraída. Meu pai estava se tornado o quê sempre foi: um pai amorozo e compreensivo.

Meu sono se foi. Lembrei que meu notebook estava na sala de jantar e peguei uma extensão na lavanderia.

Voltei pra sacada e entrei em um site imobiliário.

Procurei por apartamentos pra alugar em Erculano e salvei alguns que me interessei.

Decidi que ligaria no dia seguinte.

Vendo mais alguns imóveis, me deparei com uma casa de esquina em um bairro de auto padrão. Pensei: é bem a cara do Ricardo, morar em um lugar bacana assim.

Comecei a rir de mim mesmo quando me peguei criticando as casas como se fosse ele. A última que inventei de mostrar, ele até que foi com a cara, mas quando ligou, desistiu na hora. Perguntei o motivo e me disse que a piscina estava com rachadura e teria que reformar toda a lateral.

Nesse ponto ele estava certo, seria um transtorno, mas sempre encontrava um defeito em tudo que via.

Decidi salvar a página da super casona pra ele ver logo pela manhã.

Desliguei o notobook e dei um último gole na água quando ouvi passos pelo apartamento. Era ele.

ㅡ estou aqui! ㅡ disse e ele veio reclamando não sei o quê.

ㅡ o quê está fazendo aqui sozinho uma hora dessa?

ㅡ acordei com sede e vim aqui tomar um copo de água. Aí perdi o sono e fiquei olhando uns imóveis na internet. Salvei algumas páginas pra eu entrar em contato amanhã e também vi uma casa maravilhosa pra você. Já que não gostou das outras cinco que te mostrei.

ㅡ rsrs, o bairro é bom?

ㅡ é ótimo. Esnobe e metido, igual você.

ㅡ então eu ligo amanhã pra saber os detalhes. Sou metido, mesmo! Mas não sou esnobe. Kkkk

ㅡ bobo! Estou brincando, você é um fofo, mas se demorar demais, seu pai vai te ligar e nos dar uma bronca. Não quero ele achando que não honro meus compromissos. Combinamos que estaríamos em Erculano na segunda semana de março e ainda não conseguimos um lugar pra morar.

ㅡ eu sei que sou um amor! Mas acho engraçado o jeito que você fala. E meu pai precisa entender que essas coisas demoram. Não da pra alugar ou comprar qualquer coisa que aparece. Encontrou algum apartamento? Vai comprar ou alugar?

ㅡ vários! Mas achei grande demais. Quero algo pequeno e confortável. Nada que chame muita atenção. Mas tem uns apartamentos aqui que gostei bastante, vou ser também. Não penso em comprar. Tem o aluguel que recebo pelo meu Ap e vou usar essa grana pra pagar o outro. Vamos ver...

ㅡ entendi. Volta pra cama comigo?

ㅡ sentiu minha falta na cama, Cadão? ㅡ disse e fiz carinho em seu rosto.

ㅡ senti. Acordei e não estava lá. Pensei que tivesse acontecido alguma coisa contigo.

ㅡ estou bem, fica tranquilo. Vem, vou te colocar pra dormir.

Acordei já passava das dez. Vi uma mensagem de minha mãe e respondi assim que fiz minha higiêne matinal.

Ricardo ainda dormia. Pensei em acordá-lo, mas queria fazer uma surpresa.

Fui até a cozinha e preparei o café da manhã com todo capricho pra nós dois e levei até o quarto.

Coloquei a bandeja sobre a cama e me deitei ao seu lado o chamando, mas ele não acordou. Chamei novamente e me levantei um pouco pra ver se ele não estava me sacaneando e vi que tinha sangue no travesseiro.

Fiquei depesperado e, mais uma vez o chamei. Ele acordou confuso e me viu nervoso.

ㅡ amor, levanta...cara! Teu nariz tá sagrando. Cado?

ㅡ hum? ㅡ ele passou a mão no rosto e me olhou sorrindo. Pediu que eu pegasse uma toalha e fui até o armário.

ㅡ aqui! Bora pro médico, man! Levanta!

ㅡ ei? Da pra ficar calmo? ㅡ senti meu corpo tremer e fiquei apavorado, mas ele me fez sentar na cama.

ㅡ como quer que eu fique calmo se está todo sujo de sangue?

ㅡ amor...relaxa! Pega gelo pra mim? Por favor?!

Corri até a cozinha e levei uma pedra de gelo pra ele.

ㅡ viu? Só colocar o gelo na toalha e ficar pressionando. Senta aí e se acalma. Daqui a pouco passa. ㅡ me sentei ao lado dele e encostei minha cabeça em seu peito. Ele segurava o gelo no nariz com a cabeça erguida e com o outro braço, me abraçou.

ㅡ você está bem, Ricardo?

ㅡ estou ótimo! Isso aqui é só um inconveniente. Não é nada de mais. Sempre sangra quando o ar está muito seco.

ㅡ caramba! Que susto! Nunca me disse nada, como eu ia saber?

ㅡ é o tipo de coisa que nunca lembro. Porque só acontece com baixa umidade. Agora já sabe! Poxa, está tremendo?

ㅡ claro! Vim te acordar pra tomar café comigo e te vejo sangrando...queria o quê?

ㅡ estou mesmo com fome. Quando parar, vou me lavar e tomamos café. Enquanto isso, fica aqui no meu colo...meu Gigante! Não fique preocupado, meu menino!

ㅡ porra! Que susto! Mas se você está bem...fico mais calmo.

Cochilei em seu colo e acordei com ele gargalhando. Disse que eu estava roncando baixinho e se levantou pra tomar banho.

Demorou uns vinte minutos pro sangramento parar e vi ele lavando o nariz com soro fisiológico pra umedecer as vias nazais.

Liguei a tv e nos sentamos na cama pra tomar o café, que por sorte, ainda estava bem quente.

Ele me pediu pra ver a casa que eu havia encontrado e ligou em seguida pra imobiliária.

Por coicidência, os apartamentos que vi estavam pela mesma imobiliária e ele marcou de irmos no dia seguinte dar uma olhada em tudo. Esperei ele desligar e perguntei que não tinha como chegar à tempo em Erculano.

ㅡ como não vamos chegar à tempo? Vamos de avião até Santo Amaro e de lá alugo um carro até Erculano. Se precisar, passamos a noite lá e vemos mais alguns imóveis no dia seguinte.

ㅡ é, você tem razão. Sempre me esqueço que tem uma locadora de carros no aeroporto de Santo Amaro. Além dos carros da fazenda. Levo uma mala de mão pra nós dois. Duas trocas de roupa no máximo pra cada. Ah, e se não gostarmos de nada?

ㅡ impossível não gostarmos de nada. Teremos dois dias. O chato aqui sou eu. Kkkk

ㅡ isso é verdade!

ㅡ não era pra concordar. ㅡ eu ria e ele me roubou um beijo.

ㅡ pouquinho chato...

ㅡ melhorou! Kkkk

ㅡ Cado, tem um problema. Eu tenho dinheiro, mas não tenho emprego. Com certeza vão pedir um avalista pra eu poder alugar o Ap. Que ironia, man!

ㅡ kkkkk. Não se preocupe com isso. É o de menos. Serei seu avalista. Vou pedir duas passagens pra gente e ligar na locadora de Santo Amaro. Liga para seus pais e avisa que passaremos na fazenda na volta. Preciso resolver uns assuntos com meu coroa. Fazemos tudo nessa ida.

ㅡ tudo bem. Vou arrumar a mala e depois vai me levar pra almoçar fora. Não estou afim de cozinhar e pela sua cara, também não está.

ㅡ mas acabamos de tomar café!

ㅡ mas vai me dar fome daqui três horas de novo. Mora comigo e não sabe que vivo com fome? Que tipo de namorado é você?

ㅡ o tipo que faz todas as suas vontades e que adora te ver sorrido.

ㅡ pro teu bem, né?

ㅡ kkkkk, mas olha...

Passamos a tarde toda na rua. Almoçamos em uma churrascaria e aproveitei pra comprar alguns produtos de higiêne pessoal, enquanto o Ricardo resolvia pendências no cartório.

Fiquei pelo centro e vi o Augusto, irmão do Ricardo, entrar em uma loja de artigo de pesca.

Fui até lá e o chamei. Quando me viu, veio até mim e me levantou do chão me abraçando.

Conversamos um pouco. Ele me disse que o Cado estava feliz por meu pai ter aceitado nosso namoro e perguntou se estava tudo bem comigo.

ㅡ estou ótimo! Amanhã bem cedo vamos pra Santo Amaro e, de lá, vamos até Erculano ver alguns imóveis. ㅡ disse e ele me convidou pra beber uma cerveja em um barzinho ao lado.

ㅡ Ricardo me disse. Ele me ligou ontem pra saber como estava indo a papelada das fábricas. Vocês vão morar juntos?

ㅡ não! Vou alugar um Ap e seu irmão está querendo comprar uma casa. Até separei alguns imóveis pra ele ver, mas sabe como ele é, não sabe?

ㅡ exigente! kkkkk

ㅡ muito! Mas ele está certo. Não tiro suas razões.

ㅡ mas vão casar quando?

ㅡ hum? Quem?

ㅡ como quem? Vocês!

ㅡ quem está falando em casar? Kkkkk

ㅡ pra quem já mora junto...

ㅡ por que lá é a casa dele e só estou lá porque me emprestou o Ap. Talvez ele nem queira mais se casar. Já passou por essa experiência e pode ser que não queira passar por isso de novo. Sei lá.

ㅡ não vai saber, se não perguntar pra ele. Vai me dizer que não quer? ㅡ fiquei sem graça e não sabia o quê dizer. Na verdade eu sabia, mas ele poderia comentar com o Ricardo e eu não queria influênciar nenhuma de suas decisões.

ㅡ o quê ele quiser ser pra mim, eu aceito. Amo demais teu irmão, cara. Se ele disser que nunca mais quer se casar de novo, tudo bem. Isso não vai mudar o quê ele sente por mim e nem o quê sinto por ele.

ㅡ isso é verdade. E ele te ama, heim?! Nunca vi meu irmão tão apaixonado por alguém. Quando nos falamos, sempre terminamos o assunto falando de você. Fico feliz por vocês!

ㅡ valeu. Significa muito pra mim o apoio de todos vocês.

Meu celular tocou e era o Ricardo. Perguntou onde eu estava e foi se encontrar comigo.

Bebemos mais uma cerveja e os dois conversavam sobre negócios.

Depois que nos despedimos do Augusto, fomos pra casa e ele separou as roupas pra eu colocar na mala.

Percebi que ele estava meio impaciente e parecia preocupado com alguma coisa. Perguntei se estava com problema, mas disse que estava bem e que era imprenssão minha.

Deixei pra lá. Talvez ele não quisesse conversar naquele momento e terminei de arrumar o quê faltava pra gente levar.

Jantamos em casa. Fiz um espaguete ao molho funghi.

Ele me viu preparando tudo e, vindo até mim, pediu que jantássemos no quarto. Concordei e ele mesmo arrumou as bandejas.

Quando terminamos de jantar, me animei em assistir um filme. Perguntei se ele queria, mas achou melhor nos deitarmos mais cedo e acabei concordando.

Fui ao banheiro escovar os dentes sem entrar na neura de que poderia estar acontecendo alguma coisa de extrema seriedade pro Cado estar agindo de um jeito meio estranho, mas não consegui.

Pensei em perguntar mais uma vez se ele estava com problemas, mas fui abraçado por ele e senti seus lábios quentes no meu pescoço.

ㅡ está lindo com essa boxer. ㅡ ele disse me mordendo os ombros e comecei a rir pelas cócegas.

ㅡ presente teu! Primeira vez que eu uso.

ㅡ acertei em cheio! Vai demorar? Quero te namorar um pouquinho antes da gente dormir. ㅡ aproveitei que ele estava mais animado e resolvi puxar assunto.

ㅡ já acabei! Você falou que está tudo bem, mas sei que está empaciente com alguma coisa. Tem certeza que não quer conversar?

Ele me botou sentado na bancada e ficou entre minhas pernas. Tirou a camisa, o short e ficando apenas de boxer, me pediu um abraço.

Foi prontamente atendido e senti ele tenso. Eu sabia que ele estava preocupado com alguma coisa, mas não queria me falar. Fiqueo com medo e comecei a achar que aquele sangramento pela manhã tinha haver com o fato dele estar estranho. Parei de pensar bobagem e caso notasse algo errado, eu perguntaria novamente.

Ficamos alguns minutos só abraçados e decidi não insistir mais no assunto.

O prendi em minhas pernas e lhe beijei a boca com carinho. Eu queria que ele soubesse que independente dele me dizer ou não, eu não estava chateado.

Desci da bancada e segurando sua mão, o levei até a cama.

Me deitei sobre ele o cobrindo de beijos e ele se ria quando sentiu minha língua em seus mamilos.

ㅡ desde quando sente cócegas, man? Kkkk

ㅡ não sei! Foi o jeito que passou a ponta da língua. Olha aqui, me arrepiei todinho.

ㅡ kkkk, estou vendo. Bobo!

ㅡ deita aqui comigo! Quero te abraçar pra sempre.

ㅡ então me abraça. Já que só vai rolar esse carinho inocente, mesmo. Sacanagem, Cado. Eu queria sexo!

ㅡ acho engraçado o jeito que você fala, mas olha aqui como me deixa? Fico duro na hora. Adoro saber que te excito.

ㅡ você é o homem mais atraente que já conheci nessa vida. Nunca duvide do tesão que sinto por você.

ㅡ eu não duvido, mas não vai rolar nada. Precisamos acordar cedo e quando você começa, não quer mais parar.

ㅡ que chato! Kkkkk

Acabei dormindo em seus braços e fui despertado por ele bem cedo.

Reclamei e, me olhou sorrindo. Pediu que me arrumasse rápido ou perderíamos o voo.

Pulei da cama e antes dele pensar em me chamar novamente, eu já estava na sala.

Me ofereceu uma xícara de café com leite e perguntou se eu queria comer alguma coisa, mas agredeci. Eu não estava com fome.

ㅡ está pronto, Lipinho?

ㅡ aham!

ㅡ então vamos! Você dorme mais um pouco no avião.

Ele praticamente me arrastou até a garagem.

Assim que chegamos no aeroporto de Santo Amaro, havia um carro nos esperando. Pegamos as chaves e me joguei no banco do carona.

ㅡ você está bem? ㅡ ele me deu um selinho e me ajeitei no banco.

ㅡ estou ótimo! Só estou com sono.

ㅡ então aproveita pra dormir. Te acordo quando chegarmos.

ㅡ obrigado! ㅡ senti sua mão no meu rosto e fui dormindo até Erculano.

Quando ele me acordou, já estávamos em frente à imobiliária.

Um rapaz aparentando uns vinte e sete anos nos esperava e veio nos receber.

Nos ofereceu café e estava com uma pasta em mãos.

Fizemos um lanchinho e lá fomos os três bater perna o dia todo.

Deixamos pra ver os apartamentos que eu havia salvo, por último. O prédio ficava no centro.

Ficava um pouco longe da fábrica e considerei comprar um carro.

Não era um apartamento pequeno como eu queria, tinha três quartos e a suite era bem ampla. Tinha acabado de passar por uma reforma. Estava lindíssimo e todo mobiliado. Na verdade, era bem acima do que eu havia planejado, mas o aluguel do Ap da Capital cobriria e ainda sobraria uma boa grana.

Demos mais uma olhada nos apartamentos no mesmo prédio e estava quase na hora do almoço. O corretor nos sugeriu um restaurante por perto e combinamos de nos encontrar depois.

O lugar era bem sinpático e agradável.

Fiz os pedidos e fiz sinal pro Ricardo me acompanhar até o banheiro.

Bem que ele queria se fazer de besta e fingir que não tinha entendido, mas não adiantou muito.

Fui na frente e fiquei esperando por ele que foi logo em seguida.

Eu lavava as mãos e ele entrou tentando não demonstrar que estava adorando aquela situação.

ㅡ vai querer trepar comigo aqui? ㅡ ele disse e comecei a rir.

ㅡ claro que não! Só quero te namorar um pouquinho.

ㅡ aqui no banheiro?

ㅡ sim, bem rapidinho!

ㅡ então vem aqui meu, bebê!

ㅡ teu bebê quer leitinho!

ㅡ kkkkk sossega! Gostou de algum apartamento?

ㅡ gostei daquele recém reformado.

ㅡ você falou que queria algo pequeno.

ㅡ é, mas deixa eu aproveitar enquanto tenho dinheiro pra pagar. Kkkk

ㅡ kkkkk está certo! Também gostei. É muito bonito e vou alugar um no prédio também.

ㅡ mas e a casa? Desistiu?

ㅡ vai me dar muito mais despesa.

ㅡ não é tão grande quanto o seu Ap da Capital.

ㅡ quando você estava vendo a suíte, o Orlando me disse que a cobertura estava desocupada. E como sou metido, estou pensando em ficar com ela. O quê acha?

ㅡ kkkkk! Eu iria adorar se você alugasse no mesmo prédio. Só não se sinta obrigado, Cado. Fica onde você se sentir mais confortável.

ㅡ já está decidido. Depois do almoço pedimos pro Orlando nos levar novamente no centro e dou uma olhada na cobertura. Ele disse que é bem espaçosa e tem um ufurô no terraço. Imagina que gostoso?

ㅡ hahaha, vai ser metido assim lá longe. Agora me da um beijo? To doido pra sentir o gosto da tua boca.

Almoçamos e voltamos ao prédio com o corretor pro Cado olhar a cobertura e era bem maior que o Ap que eu havia escolhido. A vista da suite era incrível.

Eles conversavam e fiquei olhando cada detalhe.

Fiquei na sacada olhando o horizonte e vi o Ricardo entrando com um sorriso no rosto. Disse que ficaria com a cobertura e me abraçou. Fiquei feliz em tê-lo por perto. Confesso que estava meio chateado por ele querer ficar em uma casa e seria em outro bairro. Mas eu não queria que ele fizesse nada contra sua vontade, por isso não o pressionei.

Acertamos a papelada e demos a entrada no primeiro mês de aluguel.

Estava tudo resolvido. Era só fazer a mudança e a imobiliária faria a limpeza.

Já passava das 17:30hrs quando e meu celular tocou. Era seu Otaviano.

Como sempre, o Ricardo estava sem bateria.

Atendi e ele disse que nos esperavam na fazenda. Meu pai havia colocado uma costela pra assar e minha mãe ja estava organizando tudo pro jantar.

ㅡ seu filho e eu estávamos aqui na dúvida de pernoitar aqui em Erculano, mas já que o senhor ligou, pode nos esperar que estamos chegando. ㅡ disse e o Ricardo me olhou sem entender.

ㅡ ah que bom! Vou avisar sua mãe. Dirijam com cuidado.

ㅡ fica tranquilo!

Desliguei e disse pro Ricardo que assumiria a direção até Santo Amaro e sem muito o quê argumentar, se sentou no banco do carona e disse que iria dormir.

ㅡ vai descansando, Cadão!

ㅡ vou mesmo! Já que meu homem decidiu pra onde vamos, vou aproveitar pra descansar minha beleza. Não é assim que você fala? Kkkk

ㅡ kkkkk, é bem isso! Poxa, estão preparando um jantarzinho e nos esperado. Eu não faria uma desfeita dessas.

ㅡ nem eu! Agora pé na estrada, mas não corre muito.

Ele dormiu até Santo Amaro e o acordei na entrada da cidade.

Passamos no supermercado e vi na prateleira a marca de vinho favorita do meu pai. Falei pro Cado que meu pai adorava aquele vinho e o vi pegando duas garrafas. Comecei a rir do desespero dele em agradar meu coroa.

Estávamos indo pro caixa e ajeitei a gola da camisa dele que estava toda amassada. Quando olhei pro lado, vi a Clotilde que nos cumprimentou rapidamente e me dei conta de que não precisávamos mais nos esconder de ninguém.

Me senti livre e eu sabia que o Ricardo compartilhava do mesmo sentimento. Ele me viu pensativo e segurando minha mão, disse:

ㅡ há tanto tempo que não sinto isso em um relacionamento. ㅡ ele disse e sorri lhe fazendo um carinho no rosto.

ㅡ eu sei. É bom se sentir livre, não é?

ㅡ é sim! Você pode até dizer que não, mas sei que se assumiu pensando mais em mim do que em você. Foi um gesto muito bonito da sua parte.

ㅡ você merece alguém que esteja contigo por inteiro e não pela metade. E só fiz por saber que eu não estaria sozinho. Estou errado?

ㅡ está certíssimo! Jamais te deixaria sozinho se seu pai criasse caso. Eu te levaria embora comigo se fosse preciso. Voltei pra ser feliz contigo!

ㅡ não fala assim que eu choro. Kkkk

ㅡ mas é verdade! E mesmo você não se assumindo, não te deixaria. Não sou egoista a esse ponto. Ainda mais sendo você.

ㅡ acredito em você, mas eu também não estava mais aguentando ficar no armário. Estava me sentindo sufocado. Agora está tudo certo e bola pra frente.

Passamos as compras e fomos direto pra fazenda.

Meu pai veio nos receber. Estava feliz, parecia mais relaxado e quando descemos, o Ricardo lhe entregou os vinhos e meu pai o agradeceu. Senti sinceridade em suas palavras.

Minha mãe veio me abraçar e me carregou pra dentro de casa. Fui interrogado por quinze minutos e contei que só faltava fazer a mudança.

ㅡ quer ajuda com a mudança? Você avisa a imobiliária e seu pai e eu buscamos as chaves.

ㅡ se não for atrapalhar a senhora, eu quero sim.

ㅡ não me atrapalha em nada. Bom saber que vocês vão ficar no mesmo prédio. Fico mais tranquila com o Ricardo perto de você.

ㅡ caramba, eu não tenho mais dez anos.

ㅡ pra mim, você sempre será uma criança. E não adianta reclamar.

ㅡ kkkkk. Tudo bem!

ㅡ até parece que ele ficaria longe de você. Te cuida como se fosse um tesouro. Não fala nada pro seu pai, mas ele está morrendo de ciúmes do carinho que o Ricardo tem por você. Se já não bastasse o patrão, né?

ㅡ eita, seu Erasmo. Depois converso com ele. A senhora está mais feliz?!

ㅡ estou aliviada por seu pai não ir mais à cidade pra jogar. E sempre que ele vai, me convida. Parece que tudo está voltando a ser como era antes.

ㅡ fico feliz por vocês! A senhora merece alguém que te faça sorrir.

ㅡ a gente vai se acertando. Quer tomar banho?

ㅡ acho que depois da janta. Vou ficar lá fora e vou feder fumaça.

ㅡ tudo bem, filho. Vou terminar de preparar a salada.

ㅡ quer ajuda?

ㅡ obrigada, mas já está quase tudo pronto.

Lhe dei um beijo e fui ver o quê os três estavam fazendo.

Os vi conversando em volta da churrasqueira e quando me aproximei, meu pai me ofereceu uma taça de vinho.

Aceitei e seu Otaviano chamou o Ricardo pra assinar alguns papeis no escritório.

Ficamos só meu pai e eu. Bebi o vinho e meio sem jeito, veio conversar comigo.

ㅡ o filho da mãe sabe ser simpático! ㅡ ele disse e não consegui segurar uma gargalhada.

ㅡ kkkkk! Ainda mais contigo, né?

ㅡ burro ele não é! Você quem falou pra ele comprar o vinho?

ㅡ eu disse que você gostava dessa marca, mas foi ele quem comprou as garrafas.

ㅡ hum, tentando me ganhar com o líquido sagrado...

ㅡ kkkk, poxa...da um desconto!

ㅡ eu não disse que não gostei. Na próxima, pode trazer uma caixa.

ㅡ kkkkk, já é um bom começo, obrigado por estar de cara boa.

ㅡ o quê eu posso fazer? Eu te amo e, se ele te ama como diz, lhe tenho respeito. Sua mãe arrumou seu quarto pra vocês dormirem.

ㅡ valeu! Mas não precisa de tudo isso. Ele dorme lá com seu Otaviano. Não quero abusar do senhor.

ㅡ é estranho! Muito estranho! Mas quero que vocês se sintam confortáveis quando vierem aqui. Confesso que andei me preparando pra certas coisas e sua mãe está me ajudando bastante. Me botou sentado na frente do computador pra eu ler depoimentos de alguns pais que também tem filhos gays e, posso ser sincero?

ㅡ sempre!

ㅡ eu nunca teria coragem de virar as costas pra você. Fui um babaca por muito tempo e não queria te enchergar, mas se tem uma pessoa que dou minha vida em qualquer situação, essa pessoa é você. Ouvi e li tantas estórias... ㅡ fiquei tocado com sua declaração e ele estava emocionado.

ㅡ só me abraça, pai!

Nunca senti tanta sinceridade em seu abraço. Me apertou forte e senti suas lágrimas no meu ombro. Pra descontrair, brinquei dizendo que ele estava muito sentimental e ele disse que era por minha culpa.

Rimos de nossa palhaçada e fomos até a varanda. Seu Otaviano conversava com o Ricardo e puxei um pequeno banco de madeira me sentando de frente à eles.

Meu pai disse que ajudaria minha mãe e

Seu Otaviano foi até a casa grande levar os documentos e tomar banho, então me arrastei com o banco até o Ricardo que estendeu sua perna esquerda e a colocou no meu colo. Tirei seu sapato, a meia e iniciei uma massagem em seu pé, que de tão macio, parecia de bebê.

ㅡ quer tomar banho, Cadão?

ㅡ depois da janta. Você está bem? Vi você e seu pai se abraçando. Está tudo certo?

ㅡ melhor impossível! Acredita que ele disse pra dormimos aqui? Quer que nos sentimos confortáveis quando viermos pra cá. Falei que não precisava, mas insistiu. A mãe já arrumou meu quarto pra nós dois.

ㅡ seu pai não é bobo. No mínimo sacou que já rolou alguma coisa entre a gente quando viemos pra cá na primeira vez. Ainda mais depois daquela estória do motel. Ficou sem graça agora. Escondido era mais gostoso. Kkkkk

ㅡ cara de pau! Kkkk

ㅡ mas é verdade. Agora nem quero mais dormir aqui. Kkkkk

ㅡ kkkkk, palhaço! ㅡ lhe beijei o pé e meu pai chegou bem na hora e nos chamou pra jantar.

Ficamos meio sem graça por nos flagrar em nosso momento de intimidade, mas vi que ele não se abalou tanto, pois se sentou ao lado do Ricardo e começamos a conversar.

Seu Otaviano chegou e minha mãe também se juntou à nós.

Acabou que jantamos na varanda mesmo e estava tudo na mais perfeita tranquilidade.

Me senti acolhido pela minha familia e, claro, não poderia estar mais feliz ao lado de pessoas tão queridas.

Depois do jantar. Minha mãe levou nossos pratos pra cozinha e o Ricardo disse a ela que nós dois lavaríamos a louça, já que ela havia preparado tudo com tanto carinho.

Ela foi pra varanda ficar com meu pai e seu Otaviano e fiquei na cozinha ajudando o Ricardo.

Enquanto eu secava a louça, vi que ele estava meio nervoso. Novamente tive a sensação de que ele estava querendo me dizer alguma coisa, mas não tinha coragem.

Fiquei em silêncio por instantes e me vendo pensativo, perguntou se estava tudo bem.

ㅡ estou bem. É você que não está tão legal. Sei que está querendo me dizer alguma coisa. Estou preocupado e tentando não pensar besteiras. Se quer me falar alguma coisa, diga. Coisa ruim? Coisa boa? Mas fale, Ricardo. Estou preocupado contigo, amor!

Ele terminou de secar a pia e me segurando pela mão, me arrastou até o meu quarto.

Me fez sentar na cama e tirou a carteira do bolso me entregando.

ㅡ abre! ㅡ ele disse e fiz o quê havia me pedido.

ㅡ tem dinheiro e seus documentos. Vai me dar toda essa grana? Kkkk

ㅡ ah, claro! Só porque você quer! Kkkk

ㅡ me fala logo!

ㅡ alí, puxa o aquele zíper e enfia os dedos ali dentro.

ㅡ o quê tem?

ㅡ enfia os dedos aí e pega o motivo da minha preocupação.

Quando enfiei os dedos e tirei o quê havia dentro do bolsinho, comecei a rir. Ele se sentou ao meu lado e beijou meu rosto.

ㅡ caramba, Cadão!

ㅡ não é um pedido de casamento, okay? Nem vem se achando o noivo.

ㅡ kkkkk, eu sei! São aneis de compromisso, é isso?

ㅡ isso! Mas eu estava com medo de te dar. Você é jovem...

ㅡ e apaixonado por você! Cado, eu estou comprometido contigo desde meus catorze anos, quando decidi te guardar no meu coração. Achou mesmo que eu não aceitaria?

ㅡ ah, sei lá! Vai que não queria se comprometer com um cara assim, já meio passadinho? E sua mãe disse que estamos indo rápido demais, mas quando vi essas belezinhas na vitrine, achei que seria legal ostentarmos por aí.

ㅡ kkkkkk! Você não está passadinho! Só coloca no meu dedo! ㅡ ele colocou o anel no meu dedo e fiz o mesmo com ele.

ㅡ agora pare de pensar besteira. Te amo demais. Eu ia acabar te dando ainda essa semana. Ia te levar pra jantar e tudo mais, mas te vendo agora pouco tão preocupado, não queria você imaginando bobagem. Me desculpa?

ㅡ oh meu Cado, claro que desculpo. Te vi tão estranho, mas em nenhum momento imaginei algo relacionado a rompimento. Na verdade, fiquei preocupado com aquele maldito sangramento e ja fiquei boladão.

ㅡ pensou que eu estivesse doente e não queria te falar? É isso?

ㅡ pensei! ㅡ ele me abraçou e a única coisa que eu queria, era poder tê-lo pra sempre. Senti medo quando o vi sangrando. Me lembrei da Yoiô e de tudo que ela passou.

ㅡ estou vendendo saúde, meu bem. Fique tranquilo.

ㅡ é bom mesmo! Agora estamos comprometidos. Temos anel e tudo. Kkkk

ㅡ vai ficar tirando onda agora? Kkkkk

ㅡ todos os dias! Quer tomar banho?

ㅡ quero!

Fiquei todo bobo com o anel de compromisso que não parava de olhar pra ele.

Ricardo entrou no banho e vi meus pais entrando. Seu Otaviano já tinha ido dormir e fiquei conversando com meu pai na sala.

Minha mãe me deu boa noite e percebi quando meu pai fez um sinal pra ela que já ia. Eles estavam felizes demais. Vi o olhar safado do meu pai pra cima dela e, sinceramente? Foi bem estranho! Minha vontade era de rir, mas meu pai provavelmente me daria uma bronca pela ousadia. Fiquei na minha.

Vi que o Ricardo havia saído do banheiro e pedi licença pro meu pai.

Peguei minha roupa e fui pro banho.

Quando desliguei o chuveiro, ouvi algumas gargalhadas vindo da sala e meu pai tentava explicar pro Ricardo a posição dos jogadores no futebol. Estava no canal de esportes e se tinha uma coisa que o Ricardo não tinha a mínima paciência, era com futebol.

Me sentei ao lado do Cado que tentava argumentar com meu pai o fato dele não achar graça alguma no esporte e meu pai se levantou nos dando boa noite e que havia desistido de fazê-lo entender.

Me vendo com o cabelo molhado, tomou a toalha da minha mão e me fez sentar no chão entre suas pernas.

ㅡ você deixou pra lavar o cabelo muito tarde. Vai encher de caspa, garoto.

ㅡ mas estava fedendo fumaça...

ㅡ estava mesmo! Caramba, seu pai quase me deixou doido.

ㅡ kkkkk, percebi. É bom ver que vocês estão de boa.

ㅡ ele disse pra eu ficar à vontade. Faz tanto tempo que não passo por isso. Antes do Alexandre só namorei um rapaz. Os pais dele eram queridos e nos dávamos bem. Eu ia na casa dele e tinhamos uma relação muito amigável.

ㅡ e porque terminaram?

ㅡ eramos amigos desde o colégio e ficamos em uma festa no primeiro ano de faculdade. Namoramos por um ano. Só que éramos mais amigos do que namorados de fato. Terminamos numa boa. Depois dele não namorei sério com mais ninguém, até que conheci o Alexandre e, o resto você já sabe. Pronto! Seu cabelo está praticamente seco.

ㅡ obrigado!

ㅡ me agradeça na cama!

ㅡ kkkkk! Então vamos deitar, safado!

ㅡ olha só, o santo falando. Kkk

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Continua...

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Olá, pessoal!! Desculpe a demora. Peço que compreendam pois estou trabalhando praticamente todos os dias. De dia preciso aproveitar pra dormir e fica difícil escrever nesses intervalos. Estou fazendo o possível. Obrigado a todos que comentam, fico muito feliz. Obrigado também a todos que lêem. Vocês são incríveis.

Grande abraço e se cuidem! 😉✌

Happy Pride! ! 🌈

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Comentários

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Ufa!!!! Um capítulo mais tranquilo, porém maravilhoso... Estou adorando essa história que você está contando nos mostrando uma relação familiar tranquila porém muito real. Essa forma de abordagem está linda e nos mostra um lado não muito comentado por aí. Demais!

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NÃO SEI SE O MAL ESTAR DE CADÃO ERA SÓ OS ANÉIS DE COMPROMISSO. ACHO QUE TEM ALGO MAIS POR AI. NEM QUERO IMAGINAR... NÃO SEI PORQUE ESSES DOIS NÃO QUEREM CASAR. LIPINHO TEM QUE CONVERSAR COM CADÃO SOBRE ISSO.

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Estou amando esta saga.Não se sinta pressionado

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Eu estou apaixonada pelo amor deles ,lindo e verdadeiro . bjs

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Amo seus contos, envolventes, bem escrito. Estava esperando ansiosamente você escrever. Li vários contos de sua autoria e tem muitos que você parou de escrever...continua!!! É delicioso ler seus cintos e sonhar....maravilhoso!!! Abraço

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Fiquei numa angústia esperando esse conto hahahahahImpossível não se emocionar com este conto. Só tenho que te agradecer por nos trazer essa história maravilhosa. Obrigado!

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Não demora mais não ok. Estava sentindo falta já.

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Venho acompanhando a tua narrativa desde o primeiro momento, e a emoção toma-me sempre. A história é de uma delicadeza, de uma maestria na escrita que me move para dentro do teu conto. Agradecido por nos presentear com algo tão singelo e grande: o amor de Filipo e Ricardo.

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Incrível como sempre. Abração.

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