Coração Ferido - Capítulo XXXIX

Um conto erótico de William28
Categoria: Homossexual
Contém 4100 palavras
Data: 14/09/2018 16:56:02

Rick respirava fundo enquanto mama Enola tentava a todo custo conforta-lo segurando sua mão e alisando suas costas, essa italiana era dura na queda, seu olhar era de compaixão, talvez fosse algo que ele não tivesse em casa. Josh, Luciano e Marcelo olhavam surpresos a situação e eu fitava Rick como se dissesse: "eu sabia". O olhar envergonhado de Rick como se tivesse cometido um crime era impagável, mas não cabia a mim julga-lo, não cabia a ninguém fazer isso, mas sim saber o que talvez o motivou a humilhar, ofender e agredir Pablo.

- No banheiro da faculdade?! Isso é sério mesmo?! - Josh acabou com o silêncio constrangedor deixando escapar essa observação, olhei para ele e o repreendi.

- Você é safado hein cara - Luciano cutucou Rick - você curte banheirão, bem que eu imaginava isso, quando se é muito marrentão é por que apronta - Luciano fitou Rick que ficou vermelho como um pimentão.

- O que é banheirão? - Perguntou Marcelo todo curioso deixando Enola toda apavorada.

- É quando se faz... - Luciano é interrompido, mas não por mim.

- É quando literalmente você transa em um banheiro público com um estranho ou conhecido e pode ser tanto sexo gay como hétero - Josh respondeu com tanta convicção que até estranhamos - qual é gente, eu sou canadense, mas não sou nenhum santo, isso rola demais em Toronto - comentou frustrado me fazendo questionar qual era a vibe dele.

- Rola em Turim também? - Perguntou Luciano todo interessado.

- Sim, e como rola... - provoquei com malícia, então Luciano fechou a cara.

- Você mesmo adora no banheiro e como eu sei disso... - quase fuzilei Luciano com o olhar.

- Nós sabemos - disse Josh revirando os olhos - o xvideos deve estar perdendo dois excelentes atores - minha cara caiu no chão e um buraco se abriu com esse comentário.

- Que vergonha... - Luciano encarou Josh - ouvindo o que os outros fazem nos quartos, isso é estranho... - Ele comentou fitando Josh.

- Na verdade você ouve os nossos gemidos rapaz - Marcelo sorriu e Enola concordou com malícia.

- A mama tem que castigar muito esse homem malvado, a mama tem fogo e o papai aqui tem uma bela mangueira para me apagar as chamas - disse ela fitando o marido e logo olhando para nós - rapazes, vamos deixar o Richard explicar o por que de tudo isso, acho que ele tem o direito de desabafar, vamos deixar ele fazer isso, a mama não quer que ninguém fale, muito menos você Marcelo - ela deu um olhar ameaçador a Marcelo e a nós.

- Ok, general... - ele se calou, Luciano deu uma risadinha arrancando uma carranca da mama.

Me aproximei de Rick, ele estava de cabeça baixa, todos ficaram calados e apreensivos com medo que eu fizesse algo que pudesse agravar a situação, mas não, não era isso que eu faria.

- Rick, por que esse ódio todo então? - Me aproximei e agachei na frente dele o encarando, assim ele não teria como escapar. Mama Enola fez menção de falar, mas se calou. Rick então me encarou, seus olhos vermelhos, ele havia chorado.

- Eu sou do Texas, então vocês podem imaginar como é minha vida lá né? - Ele olhou para nós e todos olharam uns aos outros.

- Na verdade eu não sei - comentei indiferente - não conheço o Texas - Luciano olhou para mim.

- Eu conheço e sei como as pessoas podem ser bem ignorantes por lá - ele me olhou e deu de ombros - fui a Houston com minha ex mulher, a irmã dela morava lá com o marido, você não lembra? - Ele parecia me tratar como burro.

- Não, se fosse algo importante eu lembraria, como não é então - respondi sem muito interesse.

- Pois então - Rick continuou para evitar mais conversa fiada - eu sou de uma família religiosa, meus pais são metodistas, eu cresci em uma família onde o pastor da igreja era tão ou mais importante que um membro dela e que por isso era tão presente em nossa vida - ele nos olhou e franziu a testa, seu olhar foi para longe - na verdade meus pais o deixavam influenciar nossa vida - ele então olhou com raiva para gente - eu nunca gostei do estilo de vida que levava, tudo era errado ou pecado, tudo era mundano, os homossexuais, ou quem não amava de maneira convencional ou segue o padrão e conceito de vida considerado descente, os falsos hipócritas e moralistas que eram tão ou mais sujos do que outros que eles consideravam como tal - mama Enola o abraçou acariciando sua cabeça.

- Pobre rapaz, crescer em um lar frio e sem carinho - ela beijou seu rosto - a mama está aqui, pode desabafar, você está entre amigos - todos nós sorrimos para ele, inclusive Josh.

Rick demorou alguns minutos se recompondo e quando estava confortável ele se ajeitou na poltrona a suspirou.

- Descobri aos 17 anos que só não sentia atração por mulheres como sentia com homens também... - interrompi ele.

- Você é bissexual?! - Perguntei surpreso.

- Sou, quer dizer...tipo, hétero eu não sou né... - Ele confirmou - lembro que no começo foi difícil lidar com isso. Eu fiquei tranquilo quando entendi o que isso queria dizer, eu achava que era errado e que eu tinha que tomar jeito e virar homem - ele massageou os cabelos - eu lembro que passei noites em claro com medo de que descobrissem, apontassem para mim na rua, mas logo quando comecei a pesquisar e ver que tinham outros iguais comecei a ficar tranquilo, a me soltar e até entender melhor isso tudo - ele sorriu e apertou a mão da mama.

- Mas como você fazia Richard? Digo, como fazia quando a vontade de transar ou ficar com outro cara era grande? - Marcelo parecia muito interessado e até mesmo assustado com essa conversa.

- Sabe Marcelo, no início foi difícil, mas quando eu entendi que era ativo e que a oferta de sexo com outros caras era enorme, até maior do que com mulheres e que todos prezavam pela discrição foi que ficou mais fácil para mim - Marcelo olhou para Enola que fez sinal para ele - quando não conseguia nenhuma mulher na balada ficava com os veadinhos e depois de gozar ia embora - nesse momento queria quebrar a cara dele, mas me contive, não era problema meu - eu até tive alguns casos com outros homens, mas eram coisas de momentos, eram sempre transas frias e mecânicas, que sempre acabavam depois do sexo, do orgasmo ou da terceira semana - ele suspirou levantou a cabeça fechando os olhos.

- E ninguém mais sabe disso? - Perguntou Marcelo.

- Não, mas acredito que minha irmã desconfia, pois, um dia ela jogou uma indireta que deixou todo mundo desconfiado - ele mordeu os lábios.

- Aí é complicado, você ter que se esconder é foda - comentei com pesar.

- Sair de casa e ir para uma universidade longe foi bom, mas quando recebi a notícia que tinha conseguido a bolsa na Itália foi melhor ainda, decidi aceitar sem pensar duas vezes e então quando chegou aqui me deparo com outra realidade, que teria que morar com uma bixinha fresca, do tipo que eu costumava foder nos fundos da balada e que depois largava como se fosse um objeto... - Ele é interrompido, a bofetada que Josh deu nele pode ser ouvida em todo o corredor.

- Essas bichinhas também são gente e tem sentimentos, é gente como você que devia sofrer agressão e não quem quer ser feliz - ele parecia um outro Josh.

- Josh, olha para mim - mama pegou em sua mão, sua voz estava autoritária - o que o Richard fez não cabe a você julgar, nem a mim ou aos rapazes, cabe a nós ajuda-lo, para que isso não aconteça novamente - ele olhou para ela e depois olhou para Rick.

- Me desculpa... - pediu sem graça.

- Tudo bem, eu mereço essas porradas - ele deu de ombros.

- Continue sua história - continuei observando ele que suspirou e encarou a todos.

- Lutar contra o instinto é difícil - confessou ele - ver Pablo de shortinhos, aquele jeito mais afeminado e carinhoso estava me matando, eu adoro um veadinho assim, que sabe dar carinho a um macho, mas confesso que me odiei por desejar demais algo que não poderia ter ou fazer - todos olhamos uma para o outro.

- Você era afim do Pablo? - Marcelo perguntou o que todos queriam perguntar.

- Digamos que passaria minha pica nele, mas confesso que era mais tesão - ele olhou com malícia para Marcelo.

- Está bem rapaz, só não me olhe assim de novo - repreendeu ele.

- Desculpe - respondeu Rick - o Pablo parecia não me notar, ou melhor, não perceber quais eram as minhas intenções, então decidi que se ele não me notasse por bem seria por mal - seu rosto tomou um assombro estranho - foi quando eu comecei a implicar com ele, o humilhar e até fazer pressão psicológica em cima dele, eu queria que ele fosse embora, para longe, eu não conseguia ter sossego, fora o medo de saber que era outro homem por quem eu estava atraído, antes eu achava que isso só era momentâneo, mas não, então comecei e pirar, ver Pablo como um inimigo e o que poderia ser algo bom virou algo ruim - ele tinha uma expressão sofrida no rosto.

- Então você passou a evitar ele... - comentou Josh.

- Sim, por vezes o evitava e ficava bem, mas como morávamos na mesma casa eu acabava tendo uma recaída, então começava tudo de novo - Rick olhou para Luciano - acho que você é o que mais me entende - disse a ele que ficou surpreso.

- Porquê? - Perguntou Luciano.

- Não somos muito diferentes, somos grandes, com cara de mal-encarado, pagamos pela nossa aparência e precisamos de atenção - olhei para ele e concordei mentalmente - a única diferença é que você pode viver sua vida a pleno, eu não, eu tenho que me esconder... - Luciano franziu a testa.

- Você tem uma escolha, viver escondido ou ser feliz - ele me encarou, nem eu acreditei que disse isso - não se esconda, é pior - comentei.

- Vocês estão sendo legais comigo, porquê? - Perguntou ele confuso.

- Por que você está deixando - sorrimos com a resposta dada por JoshTudo ficou mais leve. Rick ficou calado por alguns minutos, Luciano e eu trocávamos olhares e conversávamos sobre a próxima etapa da obra. Mama Enola foi com Marcelo até a cafeteria, segundo ela um bom ristretto com algumas gotas de amaretto resolveriam o problema.

- Eu sabia que você não era um babaca - Luciano fitou Rick que deu uma risadinha concordando.

- Verdade - comentou Josh - estou até começando a gostar de você - ele sorriu e foi atender o celular que tocava.

- Muitas vezes eu me comportei como um, mas eu tinha que bancar um personagem, babaca, bombado e popular que não dava a mínima para os outros - ele deu um riso triste.

- Então se você nunca odiou o Pablo e sempre teve um certo desejo nele por que foi que você bateu nele? - Perguntou a mama que havia voltado com um misto de raiva e tristeza.

- Eu não bati, ou melhor, dei um soco nele, mas quando vi seu sangue em minhas mãos e seu olhar assustado e todo frágil eu vi que tinha que fazer a coisa certa - ele nos encarou.

- O que você fez e... - Eu e Josh fomos interrompidos por Luciano.

- Como foi que de um oral no banheiro ele acabou na cama de um hospital? - Rick sorriu com malícia, Luciano retribuiu, percebi ali que os dois realmente tinham algo em comum.

- Hoje de manhã eu tive que sair mais cedo, nós tínhamos um aquecimento de treino e foi quando vi o Pablo chegando no campus cheio de sacolas, eu não sabia que ele teria aula no mesmo horário do treino, mas eu sabia que teria que participar das provas de roupa na parte da tarde - Rick relaxou o corpo na cadeira e respirou fundo - eu sabia que ele estaria sozinho, meu pau chegou a pulsar, não passaria de hoje, minhas bolas estavam cheias de leite e ele iria tomar tudinho - seus olhos brilhavam conforme ele contava o que pretendia fazer.

- Mas, Pablo mesmo me falou que tinha medo de você e... - Rick me interrompeu.

- Eu entrei na sala de costura, ele estava sozinho lá, foi tão rápido, ele me olhou assustado, eu puxei ele e o prensei na parede e então alisei seu rosto, cheirei seu pescoço, aquele cheiro doce dele estava me deixando louco - Josh arregalou os olhos, eu e Luciano trocamos olhares - o clima entre nós não podia estar melhor, ele então segurou em meus braços, foi tão rápido, eu segurei firme em seus cabelos, olhei em seus olhos, eu queria ser o seu macho, eu queria domina-lo, via a excitação e medo ao mesmo tempo em que eu mesmo não sabia o que estava fazendo - Rick respirava fundo - aquele veadinho estava me deixando maluco, eu não iria aguentar muito tempo, então peguei ele e o levei até o banheiro - ele nos encarou envergonhado - foi tudo tão rápido, quando notei estava apoiado na parede e ele de joelhos segurando em minhas pernas com meu pênis na boca fazendo movimentos de vai e vem enquanto eu o ajudava guiando os movimentos com minha mão... - Olhava pasmo para Rick, Luciano sorria e Enola e Marcelo se entreolhavam procurando entender tudo aquilo -

- Se for pensar bem, parece uma história de amor, você não acha Enola? - Marcelo perguntou a esposa que sorriu.

- Acho sim - ele respondeu trocando carícias com o marido.

- Eu fui um sacana com ele - Rick pareceu se lamentar - não o deixei tocar meu rosto e nem me beijar, disse que eu era macho, que só mulheres podiam me tocar e me beijar, que ele foi uma distração, um passatempo e que se contasse para alguém eu o mataria da pior forma - Rick baixou a cabeça.

- E parece que você quase conseguiu - meu comentário saiu ácido.

- Eu não queria - Rick rebateu - Andrei me seguiu e viu o que tinha acontecido entre mim e Pablo, ele então usou isso para me atiçar e me obrigar a bater nele alguns minutos depois quando ele estava assustado e chorando em um canto do campus - Rick pareceu se agitar - dei o primeiro soco, vi ele cair e se encolher assustado, ele ainda tinha um pouco de sêmen, eu não tinha o direito, Andrei não tinha o direito - seu olhar de raiva era estranho, parecia o de Luciano - me virei e desferi um murro em Andrei, mas ao fazer isso os outros dois que estavam com a gente vieram para cima de mim tentando me agredir, foi tudo uma confusão, quando acabou eu tinha quase matado Andrei de pancada e Pablo chorava assustado, ele não deixou eu me aproximar, me chamou de monstro e de doente, dizendo que a pior coisa que aconteceu na vida dele foi me conhecer e que eu o usei e que agora ele estava sujo... - Rick parou por um momento - contra a vontade o peguei e o trouxe para casa e o resto vocês sabem - disse por fim, ele então se esticou e relaxou na cadeira.

- E a tinta? - Perguntamos eu e Josh.

- Foi no momento que me distrai, um dos caras pegou tinta do laboratório de arte e jogou nele como forma de o humilhar - Rick também tinha um pouco de tinta na camisa.

- Mas você não apanhou muito - Marcelo comentou.

- E nem iria, ali todos são uns fracos - Rick riu presunçoso - esses músculos são de lidar com gado e trabalho pesado lá em casa - disse apertando um dos braços.

- Mas você não mora na cidade? - Perguntou mama.

- Sim, mas eu sou do Texas, é normal termos parentes na parte área rural - respondeu como se fosse o óbvio.

- Eu acho que entendi - ela sorriu e bagunçou o cabelo de Rick - vocês rapazes só me dão dor de cabeça, um bando de marmanjo que não sabe expor os sentimentos e me fazem isso, caspite - ela cuspiu a última palavra.

- Calma amor, os rapazes aprenderam - disse Marcelo abraçando a esposa.

- Assim espero - ela olhou para Rick, ele quase caiuMama Enola e Marcelo após trocarem algumas palavras com o médico nos avisaram que iriam até em casa buscar roupas para Pablo e para nós também já que ela entendeu que nenhum de nós sairia dali enquanto não falasse com ele. Luciano se propôs a tomar conta da gente como se fossemos adolescentes irresponsáveis, era legal vendo ele dar uma de tiozão.

- Você sabe que vai ter que resolver toda essa situação, não sabe? - Comentou ele para Rick.

- Como assim? - Ele pareceu não entender.

- Você vai ter que ir atrás do seu amigo ou sei lá o que e encher ele de porrada e... - Me aproximei e interrompi o que Luciano dizia.

- Você pode fazer isso Rick, mas pode também preparar uma armadilha para ele, se você diz que foi Andrei que começou com a agressão e que te forçou você pode fazer com que ele caia, sem tocar em um fio de cabelo dele - Luciano me olhou surpreso com a minha frieza - qual é Luciano, você sabe que eu sempre fui assim, antes de agir pense - ele coçou a cabeça, o que deixou ele engraçado.

- Eu cairia de porrada para cima dele - Luciano e sua mania de resolver tudo na porrada.

- Não e... - Rick nos interrompeu.

- Como eu faria isso? - Perguntou ele.

- Bom, eu posso te ajudar, vamos conversar mais tarde, é melhor irmos almoçar - Luciano sorriu ao ouvir essa última palavra - é só falar em comida que você anima né? - Ele sorriu e me deu um soquinho.

- Eu amo comida - disse ele.

- Será que um dia eu vou ter isso? - Perguntou Rick nos observando.

- Isso? - Rick coçou a cabeça.

- Essa cumplicidade de vocês dois - corei.

- Antes de tudo eu e o Luciano somos amigos, muito antes de nos envolvermos sexualmente, sentimentalmente, ele já era uma das pessoas que eu mais confiava, então o que você vê nem sempre é um carinho sexual, é apenas de amigo - Luciano concordou.

- Com licença, familiares do paciente Pablo? - Perguntou uma enfermeira se aproximando.

- Somos nós - disse Josh.

- Ele acordou - disse ela - ele quer ver vocês, é permitido a entrada de duas pessoas por vez - ela sorriu e deu as costas a gente.

Josh estava pronto para seguir o corredor, mas tive uma ideia.

- Vem, vamos almoçar - puxei ele que estranhou.

- Mas... - Rick entendeu e disparou.

- Sabe de uma coisa, vocês podem ir almoçar, eu quero ficar com o Pablo, eu que comecei isso, eu fico com ele no quarto, é bom, talvez eu possa conversar com ele e então vocês sabem né... - Ele parecia desconfortável em estar falando assim.

- Relaxa Rick, aqui todo mundo é adulto e esclarecido - Luciano piscou para ele que ficou vermelho.

- Vem Luciano, no caminho a gente liga para Enola e o Marcelo e ver se eles querem comida para viagem, ele está carrancudo e ela já blasfemou a sagrada família inteira de tanta fome - Luciano riu e então me seguiu.

- Você quer algo para comer? - Luciano virou e perguntou a Rick.

- Pode ser, traga macarrão com almondegas com bastante molho e queijo e uma Pepsi zero bem gelada, por favor - assentimos.

- Depois de comer tudo isso você ainda vai querer tomar uma Pepsi zero? - Josh não deixava passar nada.

- Está bem xarope de bordo, me traz uma normal - ele sorriu e concordou.

- Xarope de bordo é teu cu - ele virou e seguiu com a gente, não sem antes sorrir com sarcasmoNo fim da tarde tudo parecia estar voltando ao normal. Fui o último a visitar Pablo, na verdade só eu entrei, Luciano não quis, ele teve que ir para a casa do casal para pegar suas coisas, por algum motivo no meio da tarde ele me avisou que ia um dia antes para casa o que me deixou mais encabulado ainda.

- Você pegou todas as suas coisas? - Perguntei assim que entramos no táxi que o levaria até o aeroporto.

- Sim, peguei - respondeu ele forçando um sorriso que me deixou muito desconfortável, era hora de tirar o que estava acontecendo a limpo - Luciano, está acontecendo alguma coisa que eu não sei? Ou que você queira me contar? - Ele por um momento ficou estático, mas logo respirou fundo.

- Não, absolutamente nada, por que pergunta? - Perguntou ele cinicamente.

- Por nada, devo estar inventando coisas na minha cabeça - respondi com sarcasmo.

No caminho para o aeroporto ficamos em silêncio. Luciano horas mexia em seu celular horas olhava para mim, eu só prestava atenção na paisagem lá fora e tentava tirar da minha cabeça pensamentos obscuros. Em um momento ele tentou pegar em minha mão e eu me esquivei o que o deixou sem graça.

Ao chegarmos no aeroporto desembarcamos e corremos para a fila do check-in. O terminal estava muito cheio e um pouco bagunçado então ele tratou logo de despachar sua bagagem. Ele embarcaria para Roma e de lá para São Paulo e depois Belo Horizonte onde era seu destino.

Ao chegar próximo da sala de embarque percebi que ele sorriu e acenou para alguém, olhei na direção e vi uma moça alta e com o corpo esguio sorrindo, ela estava escorada em uma pilastra e estava absolutamente sexy usando calça social e terninho preto com blazer. Ao nos aproximarmos Luciano tratou logo de nos apresentar.

- Fabrício, essa é Renata, a arquiteta que substituiu o André nos nossos projetos, Renata, esse é o Fabrício, um amigo meu - Olhei quando ele me apresentou como amigo, se fosse outro homem ele estaria com ciúmes e deixaria bem claro, mas como era uma mulher talvez ele não queria se expor.

- Olá - respondi um pouco constrangido, mas extremamente cordial e educado.

- Oi... - percebi pelo seu cumprimento uma certa frieza e simpatia forçada - Você é o tão falado Fabrício, Luciano falou muito de você - ela olhou com malícia e acariciou seu peito me fazendo tremer de raiva, mas para todos os sentidos nós éramos apenas bons amigos, já que eu queria assim e ele também pelo jeito.

- Acho que o Luciano fala demais - olhei para ele que sorriu sem graça - mas é um bom amigo - comentei.

- O Lu é um bom amigo e um excelente profissional, você precisava ver como ele conquistou os fornecedores e principalmente a chefe de projetos... - Ele então arregalou os olhos.

- Para com isso, não conquistei ninguém - eu conhecia Luciano para saber que ele estava mentindo, então resolvi dar corda.

- O Luciano sempre foi pegador - disse a ela, ele me olhou surpreso.

- E não é... - Ela riu - a reunião estendeu noite a dentro tanto para mim como para ele...nem sei a hora que aquela gostosa saiu do meu quarto - Olhei surpreso, ela era lésbica e o Luciano dormiu com alguém?

- Você é lésbica? - Perguntei.

- Digamos que tenho meus momentos - ela respondeu e piscou para mim - cá entre nós, você não é de se jogar fora também não - ela mordeu os lábios.

- Não mesmo, eu sou muito gostoso, mas meu negócio é homem, só homem - ela olhou surpresa, Luciano então interviu.

- Renata, deixa eu me despedir do Fabrício, eu já te alcanço, pode ser? - ela assentiu.

- Foi um prazer - ela deu as costas - divirta-se, ouvi dizer que os italianos são bem quentes - ela olhou com malícia.

- E como são... - mordi os lábios deixando Luciano puto, ela piscou para mim e seguiu em direção ao portão de embarque.

- Fabrício eu... - interrompi ele.

- Não quero saber, aliás, somos só amigos - ele fechou a cara.

- Não faz assim... - Ele tentou se aproximar, mas eu não deixei.

- Veremos daqui uns meses, mas acho que por enquanto é melhor cada um seguir sua vida, você não acha? - ele respirou fundo.

- Eu não fiz nada, mandei a garota embora, eu não queria transar com ela, foi isso - ele tentou mudar.

- Quem não quer não abre a porta do quarto, mas Luciano, a vida é sua e você sabe bem o que faz - me aproximei dele, uma lágrima escorria do seu rosto, passei meu dedo e sequei.

- Eu não transei com ela... - ele segurou meus pulsos, eu sabia e não sabia o que pensar, o dia tinha sido cheio e eu só queria voltar para casa.

- Luciano, isso não importa - sorri para ele, se aconteceu, fazer o que, era um baque para mim, mas eu nem sabia se tinha rolado mesmo e Luciano não costumava mentir.

- Pro favor... - ele suplicou.

- Se cuida... - Abracei ele, Luciano me abraçou forte.

- Eu não transei com ela... - no fundo eu sabia que ele talvez não tivesse transado, ou talvez sim, mas nem eu sabia lidar com uma situação dessas, preferia deixar rolar, ele longe era melhor do que perto.

- Nós vamos falar disso outra hora - apertei sua mão - boa viagem Luciano, espero que tudo de certo na sua volta para casa e mande um abraço aos seus pais por mim - me afastei dele, Luciano limpou o rosto e me olhando com dor deu as costas e sumiu portão de embarque a dentro.

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Comentários

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Nossa depois do telefonema o Luciano ficou bem estranho

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