Amor além do tempo ㅡ Cap 02

Um conto erótico de LuCley.
Categoria: Homossexual
Contém 4084 palavras
Data: 01/08/2018 20:27:07
Última revisão: 01/08/2018 21:02:37

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Com o passar dos anos, minha mãe e dona Yolanda se tornaram grandes amigas.

Sempre que a patroa ia à fazenda, as duas não se separavam. Sempre juntas e eu admirava a amizade das duas. Achava incrível como duas pessoas que mesmo vivendo em mundos tão diferentes, poderiam ser tão iguais.

Eu também fiquei mais próximo da Yoiô e a cada dia que passava, eu a amava como se fosse minha mãe e seu Otaviano dizia que eu era como se fosse seu filho caçula.

Eu já estava com dezessete anos, e nessa época os patrões iam menos à fazenda. Em suas idas exporádicas, acompanhava a Yoiô pelas terras e ficávamos conversando na beira do riacho. Ela me contava estórias de quando os filhos eram pequenos e eu a ouvia atentamente.

Às vezes ela falava do Ricardo: que ele era um bom filho, que tinha ido visitá-lo no mês anterior e que sentia sua falta.

Durante esses anos conversei duas ou três vezes com ele pelo celular do seu Otaviano e em uma dessas ligações, perguntei se ele não viria ao Brasil. Ele disse que estava fazendo uma viajem pelo mundo e que talvez voltaria com um grupo de amigos.

Antes dele desligar, perguntou como estava o cavalo e disse que o Texas estava bem.

ㅡ por que esse nome? Nunca me disse.

ㅡ é onde você mora...no estado do Texas. E porque achei o nome bem legal e foi uma forma de te homenagear.

ㅡ poxa, obrigado. Aí na fazenda ainda não tem internet?

ㅡ tem não senhor!

ㅡ eita, desde quando você me chama de senhor? Senhor é só o velho Otaviano. Pode me chamar de Ricardo.

ㅡ desculpa, é o costume, mas seu pai disse que iria mandar instalar uma torre de internet via rádio. Parece que ele quer colocar umas câmeras em alguns pontos da fazenda. Tem muito ladrão de gado por aqui.

ㅡ ele me disse. Quando instalarem a internet, a gente pode se falar pelo computador.

ㅡ podemos sim. Cado, seu pai está vindo, vou passar o celular pra ele...se cuida!

ㅡ gostei do apelido! Se cuida também, garoto!

Depois dessa conversa, eu fiquei sem saber dele por um bom tempo. Soube que voltou ao Brasil com o tal grupo de amigos, mas ficou tão pouco que nem apareceu na fazenda.

Novamente seu Otaviano vinha cada vez menos à fazenda e mandava um representante pra que meu pai prestasse conta de toda a produção.

Eles ficaram mais de cinco meses sem ir à Riacho Doce e depois descobrimos o real motivo e fiquei extremamente triste.

Dona Yolanda estava doente. Na verdade, os médicos não deram a ela muito tempo de vida. E pior que fosse sua situação, ela estava forte o suficiente pra dizer que queria terminar seus dias na fazenda; era seu lugar favorito.

Mesmo doente, ela se desculpou com minha mãe por ter omitido seu real estado de saúde e que achou ser algo sem importância no início, mas foi piorando.

Ficamos arrasados. Eu não sabia o quê dizer quando à vi tão abatida e cansada.

Um tempo depois as coisas começaram a melhorar e a fazenda parecia estar dando um novo sopro de vida a ela.

Seu filho mais velho e a caçula, a visitavam todos os fins de semana.

Em várias vezes que estive com ela, consegui falar com o Ricardo e me pediu que cuidasse dela e que na primeira oportunidade, ele voltaria pra vê-la.

Minha mãe ficava a maior parte do tempo com dona Yolanda e seu Otaviano estava cada dia mais dedicado a cuidar da esposa e não saía de seu lado nem por um minuto.

A Yoiô teve um período de melhora e um dia pediu que eu ligasse pro Ricardo.

Sua conversa com ele foi breve e, certamente, ele não queria que ela viajasse, mas estava disposta a vê-lo.

Ela me passou o celular dizendo que ele queria falar comigo e quando atendi, ele deu uma gargalhada e perguntei qual era o motivo da graça.

ㅡ o quê aconteceu com sua voz, Lipo? ㅡ ele disse rindo e sorri imaginando como ele estaria.

ㅡ rsrs, engrossou um bocado, né?

ㅡ um bocado? Tá com voz de homem!

ㅡ tenho quase dezoito já, queria o quê? Aquela voz de moleque já era!

ㅡ hahaha, estou percebendo. Quero que saia de perto da minha mãe. Finge que o sinal está ruim, pode ser?

ㅡ o quê? Não estou te ouvindo...hãm?

ㅡ garoto esperto! ㅡ fui pro quintal e mesmo eu fingindo estar ruim, parecia ter melhorado.

ㅡ pode falar!

ㅡ pede pro meu pai não sair do Brasil com ela. Tenho medo que ela pegue alguma infecção...sei lá!

ㅡ falo, mas quando você vem?

ㅡ eu ainda não sei, mas quero ir o mais rápido possível.

ㅡ Cado, você sabe que no estado que ela está, o seu "rápido" pode não ser o suficiente pra ela, não sabe? Me desculpa estar te falando isso, mas eu estou todos os dias com sua mãe e se ela está melhor, nesse momento e, sente que pode encarar essa viajem, deixa ela ir te ver, cara. Eu sei que não sou ninguém pra te falar esse tipo de coisa, mas sua mãe fala todos os dias em você. ㅡ ele ficou em silêncio e parecia chorar.

ㅡ você é alguém! Não fale bobagem. O médico dela sabe da viajem?

ㅡ sabe, seu pai já conversou com ele e Cado, me ouve...deixa ela ir.

ㅡ tudo bem, esquece o quê eu te disse e não precisa falar nada pro meu pai. Diz pra ela que estou esperando de braços abertos.

ㅡ pode deixar que eu falo. Ela vai ficar tão feliz, você vai ver...

ㅡ Lipo, você é dez, garoto! Sempre que ela fala comigo, derrama elogios sobre você. Sei que você gosta muito dela e fico grato por sempre estar ao seu lado.

ㅡ poxa, não precisa agradecer. Sua mãe é uma pessoa muito especial pra mim.

ㅡ eu sei disso. Seu aniversário de dezoito é daqui três meses. Vou te mandar um presente pelo meu pai.

ㅡ você já me deu tantas coisas, mas obrigado.

ㅡ você merece. Fica bem!

ㅡ você também, se cuida!

Seu Otaviano comprou as passagens e foram todos ver o Ricardo.

Ficaram um mês com o filho e quando retornaram, ela estava radiante e feliz. Era como se não estivesse doente e tudo parecia ser como era antes.

Todos os dias ela e minha mãe trabalhavam na horta e cuidava os pomares. Nos fins de semana, faziam churrasco para os funcionários da fazenda e ela estava sempre de bom humor.

No meu aniversário de dezoito anos, mandou que meu pai matasse um boi e que fizesse um churrasco pra comemorar.

Ela estava bem humorada e sorridente. Eu estava dançando com as meninas da cooperativa e a Yoiô me chamou pra conversar.

Perguntei se estava bem e disse que sim, mas que precisava conversar comigo algo muito importante.

Me sentei ao seu lado e segurou minha mão com todo o carinho do mundo.

ㅡ Lipo, preciso que me faça outra promessa. Será que consegue?

ㅡ consigo! Pode falar!

ㅡ tenho algo pra te dar, mas vai ter que esperar pra receber. Não quero que se preocupe com isso agora, mas vou te deixar algo importante. Preciso que você cuide muito bem e com responsabilidade, vai ser seu ponto de partida na sua vida. Promete que vai cuidar bem?

ㅡ prometo! Dou minha palavra de amigo e filho de coração.

ㅡ muito bem. Na hora certa você vai entender. E saiba que durante esses quatro anos que estivesse ao seu lado, nunca me senti tão amada por alguém sem nenhum grau de parentesco. Você é um homem agora, é maior de idade, mas continue sendo aquele menino que eu conheci no roseiral... ㅡ fiquei emocionado e preocuopado. Previ que algo estava errado e ela me olhava de um jeito estranho, mas com muito carinho.

ㅡ a senhora está falando de um jeito e não estou gostando do rumo dessa conversa. Não se despeça de mim desse jeito. É isso que está fazendo não é?

ㅡ meu menino-grande, se eu pudesse, ficaria contigo pra sempre, mas a vida é assim, Lipo. Só quero você e meus filhos sejam felizes. Sei que uma mãe nunca deve dizer isso, mas o Ricardo é meu filho favorito. E não tenho mais amor por ele do que pelos outros, mas ele, é o filho que mais se parece comigo. O coração daquele rapaz é imenso. E tem você, meu caçulinha, meu anjo da guarda que cuida sempre de mim. Se vocês estiverem bem, eu vou tranquila.

Ela me pediu um abraço e senti todas as suas forças me apertando. Chorei em seus braços e ela me deu um beijo dizendo que queria muito estar com o Ricardo e que ele voltasse pra sempre, mesmo ela não estando mais entre nós.

ㅡ eu também queria que ele voltasse Yoiô. Falo com ele às vezes e sempre está viajando.

ㅡ ele é muito ocupado mesmo. Você gosta muito dele, não gosta?

ㅡ gosto. Gosto muito! Mas é de um jeito que talvez ninguém entenda, nem ele.

ㅡ se falar pra ele, talvez ele compreenda.

ㅡ quero falar disso não. E nem sei porque estou te falando essas coisas. Nunca disse nem pra minha mãe. A senhora deve estar achando que sou doido. Não pensa mal de mim, Yoiô, mas eu gosto dele demais. Me perdoe, mas o quê eu sinto por ele vai além de minha forças. Não consigo lutat contra e tentei, juro tentei, mas não consigo. ㅡ ela me abraçou e chorei em seu braços como se fosse uma criança.

ㅡ o amor é surpreendente não mesmo, Lipo? Mas amar nunca é demais. Não se sinta mal por gostar demais de alguém. Entendeu? Nunca deixe alguém te dizer que sua forma de amar é errada.

ㅡ sim senhora!

ㅡ e te digo mais. Se gosta tanto assim do Ricardo, dê tempo ao tempo...

ㅡ a senhora sabe das coisas. Muito obrigado por me ouvir e entender o quê sinto.

ㅡ te amo e quero que saiba o quanto vocè foi e é importante pra mim. Agora vamos dançar um pouco?

ㅡ vamos sim. Eu te conduso, minha bela senhora!

Foi a conversa mais sincera que tive com alguém em toda a minha vida. E mesmo conversando de forma quase que cifrada sobre meus sentimentos pelo Cado, deu pra perceber que ela sabia do meu amor por ele bem mais que eu podia imaginar.

Três semanas depois, ela começou a piorar.

Sua voz começou a ficar arrastada e sua magreza nos mostrava que o Câncer estava voltando e com toda a força.

Dona Yolanda foi a pessoa mais humilde que já conheci em toda minha vida.

Seu Otaviano estava resignado e ligou pro Ricardo pedindo que voltasse o mais rápido possível e assim ele fez.

Bem abatido e preocupado, o patrão me pediu para buscá-lo no aeroporto e fui com o peito apertado.

Assim que o vi descendo do avião, fui até ele e quando me viu, veio até mim e em súbto, se jogou nos meus braços que abertos, já esperavam por ele.

ㅡ bom te ver aqui! ㅡ ele disse me abraçando.

ㅡ bom te ver também!

ㅡ caramba, está alto! ㅡ ele disse.

ㅡ da tua altura. Lembra quando te conheci?

ㅡ rsrs, você ficou impressionado e parecia um tampinha...

ㅡ verdade! Me senti minúsculo.

ㅡ mas agora está igual a mim. Vamos? Quero ver minha rainha, dar um abraço nela...

ㅡ Cado, você precisa saber que ela não está com a mesma aparência de quando foi te ver. ㅡ ele mirou o céu e uma lágrima escorreu em seu rosto.

ㅡ minha nossa! Não!

ㅡ ei, fica calmo!

ㅡ foi tão rápido assim?

ㅡ foi! Você sabia que seria assim, não sabia?

ㅡ eu sei, mas...poxa, eu sei que ela não vai aguentar muito tempo. Só que não imaginei que fosse tão rápido.

ㅡ seja forte, por ela. Sei que é difícil, mas ela precisa te ver sorrindo e não chorando. Eu me seguro sempre que estou com ela. Você também consegue...

ㅡ vou ser, Lipo. Você é incrível. Eu nem te perguntei...gostou do presente que te mandei?

ㅡ gostei pra caramba. Notebook maneiro. Muito obrigado.

ㅡ quê isso...você merece.

ㅡ quer ir?

ㅡ quero sim!

Minha querida Yoiô partiu cinco dias depois da chegada do Ricardo.

Ela ficou tão feliz quando o viu e ele tentando se manter forte e não desabar.

Como sempre quis, foi sepultada no cemitério de Santo Amaro, cidade onde nasceu e conheceu seu Otaviano quando eram jovens.

Ficamos arrasados, todos!

Seu Otaviano se manteve forte, não deixou rolar uma lágrima sequer, mas quando voltamos à fazenda, se trancou no quarto e lá ficou por horas.

Estávamos na casa grande e minha mãe disse que faria o jantar. Eu estava com o Augusto e a Sabrina na varanda e o Ricardo chegou se sentando ao meu lado. Ficamos conversando e os dois foram pra cozinha ficar com minha mãe e ficou somente o Cado e eu.

Ele estava quieto, era mais que compreensivo, e para confortá-lo, segurei sua mão.

Fiquei alí, olhando pro nada e só se ouvia o barulho dos grilhos em volta da casa.

Eu estava com sede e fui me levantar pra beber água, mas ele não me soltou.

Sua mão apertava a minha, como se pedisse pra não abandoná-lo.

ㅡ é urgente? ㅡ ele perguntou.

ㅡ não, eu só ia beber um pouco de água, mas eu fico se quiser.

ㅡ ela estava tão fraca, Lipo. Como pode de uma hora pra outra uma pessoa ir embora desse jeito?

ㅡ eu queria te dar tantas explicações pra tentar amenizar teu sofrimento, mas se quiser um abraço meu, é tudo que tenho pra te oferecer.

Ele soltou minha mão as colocando no rosto. O choro foi inevitável e meu coração se partiu em dois em vê-lo sofrendo.

ㅡ chora...desabafa. ㅡ disse e ele se jogou no meu peito.

Vi minha mãe se aproximando e me vendo com o Ricardo nos braços, se afastou e fez um sinal pra irmos comer.

ㅡ você foi um grande amigo pra ela durante esse tempo, muito obrigado.

ㅡ Cado, sua mãe era importante demais pra mim e me amava como se fosse seu filho. Seus irmãos e eu fizemos de tudo pra que ela se sentisse bem nesses últimos dias e ela se foi em paz. Você veio, ela ficou feliz demais...

ㅡ como se ela estivesse me esperando pra ir...

ㅡ talvez. Vem comer alguma coisa porque saco vazio não para em pé. Você vem?

ㅡ quero comer não. Vai você.

ㅡ então depois eu como. Quer ir lá em casa comigo? Eu preciso trocar de roupa e tomar um banho. Pelo menos você se distrai um pouco.

ㅡ vamos sim!

Descemos até em casa e pedi que ficasse à vontade. Ele se sentou no sofá e perguntou se podia ligar a tv. Disse que sim e fui até meu quarto.

Tomei um banho rápido e me troquei. Botei um moletom e quando voltei à sala, ele estava dormindo no sofá.

Me senti culpado por estar desejando aquele homem que estava alí, bem na minha frente e que desde moleque se fazia presente em meus sonhos e pensamentos.

Ele se mexeu e abriu os olhos. Sorri e ele riu de si mesmo quando percebeu que tinha cochilado.

Conversamos um pouco e ele parecia mais calmo e até gargalhou quando tentei fechar a porta da sala e prendi meu dedo do pé.

ㅡ caralho! Porra! ㅡ disse emputecido.

ㅡ rsrs, doeu?

ㅡ kkkk, imagina se não? Quer tentar fechar?

ㅡ kkkk, tô fora! Deixa eu ver?

ㅡ ver meu dedo do pé? kkkk pra quê?

ㅡ ué, olha aí...está sangrando!

Ele não estava brincando e comecei a xingar meio mundo.

ㅡ calma neném...só fazer um curativo. ㅡ ele disse rindo e eu o encarei.

ㅡ kkkk, vou te mostrar quem é neném!

ㅡ uia, que medo! Kkkk

ㅡ pelo menos te fiz rir um pouco...

ㅡ rsrs, você sempre dá um jeito de todos se sentirem bem?

ㅡ todos não, só quem eu gosto demais. ㅡ achei que tinha falado além da conta e corri no banheiro lavar meu pé.

Ele me esperava e fomos jantar. Meu pai tinha conseguido tirar seu Otaviano do quarto e os dois conversavam na varanda. Nos juntamos a todos e por mais que estivéssemos mais calmos, todos os cantos da casa nos lembrava a Yoiô e era difícil conter as lágrimas.

Durante os quinze dias que o Ricardo ficou na fazenda, ficamos mais próximos e de certa forma, um dava força pro outro.

Seu Otaviano voltou com sua rotina e os irmãos do Cado, voltaram pra Capital e, claro, disseram que me esperariam de braços abertos.

Sem entender muito bem o assunto, o Ricardo me perguntou o porquê de seus irmãos me esperarem.

ㅡ lembra que te falei do meu vestibular?

ㅡ sim!

ㅡ então, seus irmãos me ofereceram hospedagem caso eu precisasse.

ㅡ entendi. E se você passar? Pretende ficar onde?

ㅡ nem sei. Tua irmã disse que eu podia ficar na casa dela e o Guto também, mas Cado, são cinco anos e eles são casados, tem toda uma rotina e cara...não vou me sentir bem. Sei lá, meu pai está vendo uma pensão que fica perto do campus e o preço até que é razoável. Mas isso tudo se eu passar né?

ㅡ claro que vai. Você é inteligente, pow! Tem outra, se você passar, quero que fique no meu apartamento. Entendeu? Aquilo lá deve estar cheio de poeira e faz tempo que está fechado. Eu ligo pra imobiliaria e você busca a chave. É perto do campus e vai ser uma mão na roda pra ti.

ㅡ cara, eu agradeço, mas não posso aceitar.

ㅡ claro que pode! Finge que sou minha mãe e estou pedindo que aceite...pronto!

ㅡ pow, aí você me quebra as pernas heim? Eu nunca diria não pra Yoiô.

ㅡ então está combinado. E não se preocupe com as contas de água, luz, gás e internet, é tudo incluso e por minha conta.

ㅡ são cinco anos...pelo menos deixa eu pagar essas despesas...

ㅡ rsrs, não vai me custar nada e eu faria qualquer coisa por alguém que esteve ao lado da pessoa que eu mais amei nessa vida. Não estou te pagando, porque isso eu nunca vou poder pagar. Não se paga por amar alguém. Mas faço como teu amigo, e você merece. Sempre foi esforçado e dedicado. Meu pai fala maravilhas de você e sei que ele também aprovaria o quê estou te oferecendo. Converse com seus pais e aceite, por favor.

ㅡ eu vou falar com eles e se concordarem, eu aceito sim. Vou ficar te agradecendo toda hora não, cara...vai cansar minha beleza assim. ㅡ disse rindo e ele me abraçou.

ㅡ kkkkk, não precisa. Caramba, você está forte demais! ㅡ ele me levantou do chão quase perdendo o fôlego e comecei a rir.

ㅡ kkkkkk, ta ficando velho heim?

ㅡ vixi, pior é que eu estou mesmo.

ㅡ está nada. Melhor idade é a sua.

ㅡ hahaha, me dá um motivo.

ㅡ ah, sei lá...dizem que é! Trinta e dois anos é jovem ainda. Você está em forma e continua bonitão.

ㅡ rsrs, deve ser mesmo. Vou sentir sua falta, de verdade.

ㅡ a gente vai se falando pelo computador...se não for incomodar sua excelentíssima pessoa...conversar com um cara sem nenhum assunto interessante como eu. Kkkk

ㅡ sem assunto? Me lembra um dia que não tivemos assunto pra conversar? ㅡ tentei lembrar e ele deu um soco de leve no meu peito.

ㅡ acho que nenhum dia...

ㅡ viu só!? Você foi a única pessoa que conseguiu me fazer sorrir todos esses dias e eu vou embora sentindo a perda da minha mãe, mas feliz em ter podido te conhecer melhor. Sei que não foi o melhor momento, mas sua companhia abrandou e muito meu sofrimento. Vem cá garoto, me dá um abraço.

Meu pai vinha chegando e quando me viu abraçando o Ricardo, perguntou se tinha acontecido alguma coisa.

Disse que era só um abraço de amigos e ele disse ao Cado que estava tudo pronto pra ele voltar à Capital.

Meu pai foi pra casa ficar com a minha mãe e fiquei com ele na casa grande. Queria aproveitar ao máximo sua companhia.

De manhã o levei até o aeroporto. Seu Otaviano e meu pai se despediram dele na fazenda e mesmo querendo levar o filho, o Ricardo disse que não precisava e que era melhor o pai ficar por lá.

No aeroporto, senti novamente aquele mesmo aperto no peito de anos atrás. Àquela angústia havia voltado e no saguão do aeroporto, não consegui me segurar. Foi demais pra mim.

Ele me vendo com os olhos rasos d'água, me pediu um abraço e era como se eu o perdesse pra sempre.

ㅡ está me deixando de novo. ㅡ disse em seu ouvido e beijou meu rosto.

ㅡ poxa, se eu soubesse que você ficaria assim, teria pedido pro seu pai me trazer.

ㅡ eu estou bem...

ㅡ me perdoa por estar te deixando de novo, mas Lipo, eu volto à tempo da sua formatura...prometo!

ㅡ promete mesmo?

ㅡ se digo que prometo, é porque eu prometo. E digo mais, vou voltar pra sempre, rapaz. Eu não falei nada pro meu pai, porque deixaria ele ansioso demais, mas vou cumprir meu contrato com a empresa que trabalho e voltar pro Brasil. Não quero ficar longe do meu velho.

ㅡ ele vai ficar muito feliz quando souber. Quando vai falar pra ele?

ㅡ assim que eu chegar e conversar com meu chefe. Preciso guardar mais uma grana. Quero abrir um negócio em Santo Amaro quando voltar. Tenho dinheiro investido em umas ações lá fora e se certo, volto mais rico que o velho Otaviano.

ㅡ caramba, já tem tudo planejado.

ㅡ eu já estava pensando em voltar quando a Yoiô foi me ver, mas agora...preciso colocar umas coisas nos eixos e resolver minha vida de vez. Não quero perder contato contigo, me manda mensagens?

ㅡ mando sim!

ㅡ poxa, não faz essa cara...

ㅡ rsrs, é a única que eu tenho, Cado. Desculpa!

ㅡ única e a mais bela de todas que já vi. Fique sabendo! Vai ser difícil ir embora com você me olhando desse jeito. Faz isso comigo não?! Também vou sentir muito a tua falta, ainda mais agora que te conheço melhor e sei o tamanho desse teu coração. ㅡ sequei meus olhos com a manga da camisa e ele sorriu assanhando meus cabelos, como sempre.

ㅡ você fala bonito demais pra quem vai embora.

ㅡ falo pra você saber que te gosto.

ㅡ eu sei! Te adoro, cara. Estão te chamando. Que droga!

Ele fez o check-in e antes de entrar na sala de embarque, me pediu o último abraço.

Afundei meu corpo no dele e o senti me apertando forte. Sua mão acariciava minha nuca e me olhando, disse que eu era muito especial pra ele.

ㅡ até a volta, Lipinho! Chora não, meu querido...

ㅡ to tentando, mas ta foda, cara. Se cuida e volta logo!

ㅡ eu volto!

Sem olhar pra trás, ele se foi.

Fui até o estacionamento e quando fui pegar as chaves no bolso da minha jaqueta, desabei novamente.

Naquele momento eu sabia o quanto aquele homem me desafiava a amá-lo. Um sentimento que carreguei desde meus catorze anos e que pensei ser errado e coisa da minha cabeça, mas veio à tona tão facilmente assim que voltei a vê-lo.

Eu não estava sabendo lidar com aquilo tudo e vê-lo decolar, doeu demais e mais uma vez eu o perdia.

Voltei pra fazenda arrasado. Deixei o Jeep na garagem e seu Otaviano veio de encontro comigo, me flagrando naquele estado e me surpreendi quando ele me abraçou.

ㅡ chora, filho! Não precisa ter vergonha de chorar.

ㅡ desculpa, patrão!

ㅡ não se desculpe. Também sinto a falta dele e como eu queria que ele voltasse pra casa. Um dia ele volta!

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Continua...

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Pessoal, estou feliz por demais que estejam gostando e muito obrigado pelo carinho e elogios. Espero que tenham gostado desse capítulo. Obrigado por tudo! ❤😉👍

Happy Pride!! 🌈

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Comentários

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Nossa mas que capítulo, me emocionei muito

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Sensacional a sensibilidade que você emprega na sua escrita, faz a gente sentir um pouco do que o personagem sente. Mal posso esperar a volta do Ricardo.

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Nossa cara.... a sua sensibilidade em escrever cativa qualquer um... Mas você está acabando com todas as minhas emoções... Choro, rio,, sofro, parece que os personagens fazem parte da minha vida e que estou passando tudo com eles... Demais

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Que isso ? Mds Se o segundo capítulo é assim, imagine os próximos

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o tempo é o senhor da razão e o destino é dono do tempo.

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Outra separação, assim eu não aguento

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está muito bom mas aumenta mais o tamanho dos capítulos ae por favor

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NOSSA, DIFÍCIL NÃO CHORAR AQUI TB. VOLTA LOGO RICARDO POR FAVOR. FAZ TODOS FELIZES.

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Emocionado com tua narrativa sensível e escrita de maneira tão sincera. Continue...

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Li esse capítulo com uma tristeza😥😥😥

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