Amor além do tempo ㅡ Cap 03

Um conto erótico de LuCley.
Categoria: Homossexual
Contém 5735 palavras
Data: 04/08/2018 01:12:01

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Recebi o resultado de aprovação do vestibular. Comemorei com meus pais e, seu Otaviano praticamente me pegou no colo. Senti uma alegria imensa em saber que se iniciaria uma nova etapa em minha vida.

Até o dia da minha partida, fiquei extremamente ansioso e na tentativa de aliviar as tensões, fui até as cocheiras.

Selei o Texas e saí à galope pela fazenda.

Fui até a cachoeira e dei um rápido mergulho. Cavalguei por mais de duas horas e quando voltei, fiquei pelo roseiral.

Alí eu me lembrei da Yoiô e de minhas promesas. Agradeci aos céus pela chance de conviver com uma pessoa tão maravilhosa como ela.

Meditei naquele pequenino paraíso e soltei o Texas no quintal. Ele estava cheirando as rosas quando seu Otaviano apareceu e se sentou ao meu lado.

Perguntou se eu estava bem e, claro, se estava animado com a mudança.

ㅡ eu estou é preocupado. ㅡ disse e ele me olhava confuso.

ㅡ preocupado com o quê?

ㅡ com essa ideia absurda do Ricardo custear as despesas. São cinco anos, patrão. Não acho certo, mas o bicho é teimoso.

ㅡ mas é só você e não uma família com cinco filhos. Ele está feliz. Me ligou e contei que você foi aprovado. Te mandou um abraço apertado e pediu pra você entrar em contato com ele assim que chegar na Capital.

ㅡ e como ele está?

ㅡ disse que está bem, mas vive viajando. Ainda trago ele de volta. Quero meus filhos perto. A Sabrina e o Augusto são bons filhos, mas agora estão casados e tem a vida deles. Me visitam quando podem. Por mim moraríamos todos aqui na fazenda.

ㅡ daqui a pouco as crianças crescem e quando vierem aqui, vai ser aquela festa. Vão correr pra tudo que é lado.

ㅡ não vejo a hora disso acontecer. Filho, você anda alimentando esse cavalo direito?

ㅡ sim senhor! Porquê?

ㅡ dá uma olhada alí...

Rimos quando vimos o Texas comendo as flores e ele parecia gostar das rosas. Acho que foi uma das poucas vezes que vi seu Otaviano sorrir depois que a Yoiô partiu.

Pedi pro Texas parar de comer o jardim e o levei de volta às cocheiras, ou ele faria um estrago e tanto.

Tirei a sela e fiz um carinho em sua cabeça. Ele adorava ser mimado e pedi que se comportasse durante minha ausência. Sempre foi um cavalo teimoso e só eu o banhava. Conversei um pouco com ele e troquei a àgua. Me despedi de meu companheiro de cavalgadas e voltei pra casa.

No dia da minha partida, meus pais e eu tivemos uma conversa. Me fazeram prometer que jamais daria nenhuma festa, no apartamento e, prometi dizendo que esse tipo de coisa jamais aconteceria.

Vi o patrão sorrindo com sinceridade e me abraçava me desejando toda a sorte do mundo. Ele estava feliz por mim, me enchia de mimos e queria a todo custo que eu aceitasse uma grana pra eu ir me virando até o mês seguinte.

Minha mãe não se cabia em si de tanta felicidade e pediu pra eu ficar longe de confusão.

ㅡ e desde quando eu apronto, mãe? Nunca me meti em briga nenhuma.

ㅡ isso é verdade, mas lá é diferente. Tem coisas boas e ruins. Jovens como você se deslumbram com qualquer bobagem hoje em dia e brigam por qualquer coisa.

ㅡ rsrs, eu não sou assim. Não se preocupe. Até parece que saio na porrada com alguém...

ㅡ vou sentir tanto a tua falta. Essa casa vai ficar tão sem sentido sem você aqui. Não vou ver esses olhos azuis todos os dias quando acordar.

ㅡ poxa mãe, não me fala isso. Meu coração já está tão apertado.

ㅡ me desculpa! Estou tão orgulhosa de você. Vou te ver assim que puder. Te amo demais, Lipo.

ㅡ também te amo, minha rainha.

Sou o tipo de homem que se emociona facilmente e minha mãe me amparava em seus braços pequeninos.

Me despedi de todos, mas antes de entrar no carro, fui até seu Otaviano e lhe dei um abraço carinhoso. Ele se emocionou. Sabia que eu lhe era grato por tudo e disse ao meu pai que estava pronto.

No avião me senti preso em uma gaiola. Nunca fui fã de aviões e sempre que entranva em um, era como se alguém estivesse me sufocando.

Meu pai ria. Dizia que achava um absurdo eu ser tão medroso. Retruquei dizendo que o medo era meu e ele ria da minha cara.

Agradeci o apoio emocional e fechei meus olhos esperando a aeronave estabilizar.

Assim que chegamos, pegamos um taxi até a imobiliária e lá me avisaram que o Ricardo havia pedido que contratassem uma diarista pra limpar o apartamento uma vez por semana e que a primeira limpeza já havia sido feita.

Agradeci e pegando as chaves e o endereço, fomos direto pro prédio.

Me espantei quando abri a porta. O apartamento era imenso e tinha uma pequena academia antes da àrea de serviço. A sacada era espaçosa e nela havia espreguiçadeiras e uma mesa com guarda-sol. Os quartos eram imensos e quando entrei na suíte, olhei a cama e vi o Ricardo deitado nela. Bom, pelo menos era o quê a minha imaginação queria ver. Estava tudo limpo e arrumado.

Me joguei no sofá da sala e vi meu pai meio cabisbaixo e se sentou dizendo que tinha medo de eu me deslumbrar com tanto luxo e perder minhas raizes e tudo de bom que eu aprendera durante a vida. Me sentei ao seu lado e tentando não chorar, segurei sua mão e ele me encarava tentando não derramar nenhuma lágrima, porque afinal, homem não chora. Era seu lema de vida. Um absurdo aos meus olhos, mas ele acreditava seriamente nisso.

ㅡ eita, seu Erasmo...acha mesmo que vou perder minhas raízes e tudo que aprendi com o senhor?

ㅡ acho que não, mas tenho medo.

ㅡ então jogue fora esse medo e não se preocupe. Outra coisa, a dona Yolanda me fez prometer que jamais eu deixaria de ser quem sou e isso eu garanto. Nunca quebro promessas.

ㅡ se tiver com algum problema, me liga e venho correndo. Promete?

ㅡ poxa pai, claro que te ligo.

ㅡ uma última coisa: não fica trazendo mulherada aqui pro apartamento, já te expliquei.

ㅡ o quê? Não! Quero dizer...claro que não vou fazer isso. O senhor tem cada ideia.

ㅡ pegue um taxi e vai em algum motel, sei lá. Aqui não é sua casa, Fillipo. Sei que o Ricardo te ofereceu isso tudo de coração. Mesmo eu não entendendo o porquê, mas não abusa da bondade de ninguém.

ㅡ como assim não entende? Ele gosta de mim, é isso.

ㅡ gostar de alguém é uma coisa, mas custear as despesas de uma pessoa que mal conhece por cinco anos, é outra.

ㅡ seu Otaviano sempre me ajuda e o senhor não reclama.

ㅡ ele é meu patrão e não da pra discutir com ele, é mais teimoso que uma mula. Sei lá, talvez eu esteja implicando demais mesmo.

ㅡ pode ser. Está com ciúmes, isso sim!

ㅡ estou nada!

ㅡ está sim! Kkkkk

ㅡ larga de bobagem! Não sou moleque pra ficar de ciúmes besta.

ㅡ poxa pai, relaxa! Estou brincando contigo.

ㅡ enfim, não se esqueça do que te disse e se for pra namorar, leve as garotas pra qualquer lugar, menos aqui. Não me faça passar vergonha com os patrões.

Fiquei totalmente sem graça e com medo dele descobrir que eu não era o filho "macho" que ele queria que eu fosse.

Se ele soubesse que nunca fiquei com garota nenhuma, só com meninos, no segundo grau, ele não falaria tanta bobagem.

Enfim, ele se foi no próximo voo. Não podia ficar, pois seu Otaviano iria visitar sua outra fazenda e meu pai iria acompanhá-lo.

Como fui obrigado a aceitar o dinheiro que seu Otaviano me oferecia, aproveitei e fui até um supermercado que vimos quando o taxi nos trazia.

Fiz compras e a moça do caixa disse que entregariam em uma hora.

Foi tempo suficiente para eu tomar banho e conectar meu computador à internet. A senha eu peguei com o porteiro que me fez mil perguntas: quem eu era, de onde vim, se eu era parente do Ricardo.

Até que o cara era bem simpático e me ofereceu ajuda, caso eu precisasse.

Liguei meu notebook, mandei um email pro Ricardo avisando que já estava no apartamento e fiquei vendo tv na sala. Não demorou muito e ouvi uma notificação de mensagem.

Era um email do Cado e me passava seu número pessoal. Adicionei no meu app do celular. Ele não tinha rede sociais. Mandei uma mensagem e sorri feito bobo quando o vi digitando.

ㅡ como você está? Chegou bem? ㅡ ele perguntou e eu estava tão feliz que não me cabia em mim.

ㅡ eu estou bem. Cheguei de manhã bem cedo. Meu pai precisou voltar agora pouco pra fazenda. Como você está, Cado?

ㅡ estou bem e, feliz por você. Eu queria estar aí pra poder te dar um abraço pessoalmente e receber um bem apertado. Igual aquele que tive a honra de receber da última vez que estive aí.

ㅡ poxa Cado, nem me fale. Esse abraço vai ficar guardado pra te receber quando voltar e quero um abração teu, vou cobrar. Só que eu me sinto abraçado por você, sempre que visto uma coisa tua. Espera que já volto!

Fui até o quarto e pegando a jaqueta que ele havia me dado quando eu tinha catorze anos, a vesti e bati uma foto com a câmera do celular. Estava vestindo a jaqueta e uma samba canção.

Enviei a foto e me surpreendi quando ele me mandou convite de uma vídeo chamada. Atendi e era incrível poder olhar pra ele, mesmo pelo celular.

ㅡ kkkkk, não acredito que você guardou essa blusa por todo esse tempo?

ㅡ eu queria ter mostrado quando esteve aqui, mas com tudo aquilo que aconteceu...acabei me esquecendo. Agora ela me serve, fica um pouco comprida nas mangas, mas dobro e fica bem maneira.

ㅡ hahaha, você que é bem maneiro.

ㅡ imagina...eu sou só um cara sonhador que pensa que o mundo é feito só de pessoas boas. Eu queria ser mais realista às vezes.

ㅡ dá pra ser realista e sonhador, um não exclui o outro. Caramba, bom poder olhar pra você, cara. Olha, eu quero que se sinta em casa. Durma na minha suite, a cama é maravilhosa, espaçosa e vai adorar te receber. Use a academia, não que você precise, mas vai te distrair quando ficar entediado e o mais importante, não deixe de me ligar caso aconteça qualquer emprevisto. Ah, tem tv à cabo...

ㅡ você está sendo muito foda me ajudando nessa etapa da minha vida. Sabe disso, não sabe? Eu nunca vou poder te pagar.

ㅡ vai me pagar sim, se formando! Eu não tenho pretenção de voltar antes ao Brasil. Então...até lá, vamos nos falando por aqui mesmo. Eu estou indo para a Inglaterra fim do mês e talvez fiquemos sem nos falar por um breve período. Estarei meio ocupado. Qualquer problema me liga e retorno. Okay?

ㅡ entendido, senhor!

ㅡ kkkkk, que bom! Ah, caso queira levar alguma namorada pro Ap, fique à vontade.

ㅡ rsrs, não trarei ninguém. Vou focar nos meus estudos e curtir a noite da cidade grande, mas sem as namoradas.

ㅡ rsrs, tudo bem! Os estudos em primeiro lugar, não é mesmo?

ㅡ claro! Cado, sei que é muito ocupado e vai fazer essa viajem, mas não quero ficar sem falar contigo. Posso te mandar mensagens? Não precisa me responder todas as vezes e nem prolongar o assunto. Só pra eu saber se está bem.

ㅡ claro que pode. Pergunta mais boba. Assim que eu puder, te respondo. Só não vou poder te dar toda atenção merecida. Mas é só por um tempinho.

ㅡ valeu, Cadão!

ㅡ hahaha, adoro quando me chama de Cadão. Sinto todo teu carinho por mim. Sinto tua falta. Penso demais naqueles quinze dias que fiquei aí. Mesmo com tudo que aconteceu. Me despedir da minha mãe foi a pior coisa da minha vida, mas os cinco dias que fiquei com ela, ouvi muito a seu respeito e, Lipo, você foi a parte boa, a melhor parte de todos aqueles dias. ㅡ tudo que me disse foi de uma sinceridade que me emocionei.

ㅡ saiba que o carinho que tenho por você é real e verdadeiro, man! Te gosto muito. É isso! ㅡ limpei meus olhos com a manga da jaqueta e ele me olhava sorrindo.

ㅡ é rapaz...a Yoiô não exagerou em nada sobre você. Você é demais! Mas preciso ir. Por mim, ficaria o dia todo contigo. Pode ter certeza!

ㅡ valeu, se cuida, Cado.

ㅡ você também, Lipinho.

Minhas aulas começariam na próxima semana. Escolhi estudar Zootecnia. Compreender melhor como lidar com a produção animal era algo que eu queria fazer.

Eu nasci no campo, cresci e quero passar o resto da minha vida aprendendo a lidar melhor com tudo que me foi ensinado. Só que de uma forma mais técnica e profissional.

Acho que não saberia fazer outra coisa. A vida no campo me era sagrado. Estar com os pés da terra e lidar com os animais, era minha religião e não queria mudar de locado.

Antes das aulas começarem entrei em contato com meu tio Paulo e me disse que meu avô estava doido pra me ver. Peguei um taxi e fui visitá-los.

Meu avô pareceia uma criança grande quando me viu e meu tio se assustou com meu porte físico com pouca idade. Brincou dizendo que eu estava parecendo o Thor e, claro, caí na risada. Ser o rei do trovão era extravagante demais pra mim. Sou simples demais pra carregar tal título.

ㅡ Thor? Falta muito pra eu conseguir chegar nesse nível. Prefiro ser só eu mesmo. Kkkkk

ㅡ hahah, falta só deixar o cabelo crescer. Caramba, como você está bonito. Da ultima vez que nos vimos, você ainda não tinha dezoito. Fico feliz que esteja aqui. Seu avô vai pra fazenda semana que vem, está com saudades da sua mãe.

ㅡ bom ele ir, pelo menos ela fica mais distraída com ele lá.

ㅡ e as namoradas?

ㅡ porra, até você? Não tenho namorada nenhuma e nem pretendo ter... ㅡ ele percebeu que fiquei chateado.

ㅡ desculpa, é que você...bonito desse jeito, deve estar correndo de tanta mulher atrás de você. Não está? Lipo?

Me levantei da cadeira e fui até a porta da sala. Fiquei em pé, olhando pra rua e ele veio até mim. Não sei como, mas meu tio sabia que tinha algo de "errado" comigo e se sentou em uma poltrona ficando calado por instantes até que quebrou o silêncio com uma afimação que me deixou desconcertado e um pouco constrangido.

ㅡ você não gosta de mulher! ㅡ ele disparou e eu não tive coragem de encarar seus olhos.

ㅡ talvez! ㅡ admitir minha homossexualidade pra alguém de minha família foi estranho demais.

ㅡ porque nunca conversou comigo?

ㅡ como eu ia saber que você não ia achar um absurdo e, correr contar pro meu pai?

ㅡ porque eu cuidei de você desde que nasceu. Quem limpava sua bunda e lavava seu pinto, moleque? Acha que eu faria alguma coisa pra te magoar?

ㅡ não sei, tio. Meu pai também cuidou de mim a vida toda, me educou e, mesmo com seu amor e carinho, nunca deixou de ser uma pessoa machista e preconceituso. Quando eu era criança não percebia certad coisas, mas hoje, vejo que ele não me aceitaria como sou.

ㅡ te entendo e me desculpa. Imagino seu medo. Só que depois que me mudei pra Capital aprendi a conviver com pessoas que jamais imaginei. Tenho duas amigas lésbicas, meu melhor amigo no hospital Veterinário é um gay enrustido que trabalha como Drag Queen em uma boate quando não tem plantão. E o lugar é bem bacana. Vou te levar lá quando quiser sair e espairecer as ideias. O quê eu quero te dizer, é que vivendo na Capital eu pude me livrar de tantos preconceitos que eu tinha, mesmo não sendo nada extremo, sempre tive a mente bem aberta, à pesar de viver naquele fim de mundo, mas se você tivesse pelo menos entrado no assunto comigo pra saber o quê eu pensava, você não estaria guardando isso pra você até hoje.

ㅡ você tem razão. Eu sempre tive medo. No segundo grau só fiquei com meninos não assumidos como eu e mesmo assim, eu morria só de imaginar se o pai descobrisse.

ㅡ olha, até seu avô está com a mente mais aberta. Esses dias o Reinaldo apareceu aqui em casa toda montada me pedindo carona e sabe o quê seu vô disse?

ㅡ rsrs, nem imagino.

ㅡ " porra, você só vem aqui pra pedir favores, pelo menos me leva pra beber nesse lugar aí que você faz show!".

ㅡ kkkkk, o vô está ficando muito moderno...

ㅡ pois é! Agora eu te falo uma coisa: não se anule pra agradar quem quer que seja. Eu estou aqui e teu avô também. Se precisar, você vem morar com a gente. Quando decidir que é a hora de contar, eu estarei contigo se quiser.

ㅡ valeu mesmo e vou lembrar disso...

ㅡ você gosta de alguém?

ㅡ hahaha, se eu gosto? Eu amo! É um amor que talvez eu nunca vou esquecer e sem a mínima chance de conquistar essa pessoa. Está acima do nível permitido. Eu sou um simples plebeu

ㅡ bom, nada é impossível. Eu preciso ir pro hospital e tenho que passar na casa da minha namorada pra deixar umas coisas que ela esqueceu aqui em casa. Quer uma carona?

ㅡ não, vou de taxi mesmo. Muito fora de mão pra você. O vô está dormindo...sacana! Queria conversar mais com ele.

ㅡ vem almoçar com a gente fim de semana que vem?

ㅡ venho sim e, tio, valeu mesmo pelo papo.

ㅡ Lipo, só se cuida. Você é jovem, bonito pra caralho e tem toda uma vida pela frente, não faça besteiras.

ㅡ entendi, pode ficar tranquilo.

Ele se arrumou pra sair e peguei um taxi logo em seguida.

Me senti aliviado por ter confiado em meu tio algo tão importante pra mim, que um peso parecia ter sido tirado das minhas costas. Bom, pelo menos parte desse peso todo que eu estava carregando. Eu ainda teria que conversar com meus pais.

Minhas aulas começaram e eu estava pirando em Matemática, Química, Biologia, Zoologia e, por não precisar trabalhar, minhas notas estavam se mantendo em um nível muito bom. Foi nessa época que percebi o quão era importante ter tempo suficiente para me dedicar aos estudos, pois muitos na minha sala trabalhavam e o rendimento não era ruim, mas não dava pra comparar com uma pessoa como eu, que só estudava. Ou seja, eu tinha esse privilégio e sabia que não podia falhar com todos aqueles que estavam me ajudando e não poderia falhar comigo mesmo.

Me mantive focado nos estudos, mas conheci pessoas queridas e pude confiar à elas minha orientação sexual. Passei a frequentar lugares que se meus pais conhecessem, certamente mandariam fechar.

Comecei a me divertir mais, mas nunca abandonei meu foco principal que era os estudos e sem me esquecer de meus valores e de quem eu era.

Sempre tive muito cuidado com a bebida, nunca ultrapassei limites e nem me deixei ser influenciado por piadinhas dizendo que eu era um careta, isso ou aquilo.

Continuei com meus dois pés no chão, sabendo que um dia eu me orgulharia de tudo que deixei de fazer para não ser "cool" como todos queriam.

Com o tempo fui presenciando o estado deplorável de alguns amigos meus que se perderam com àlcool, drogas e que simplesmente sumiram da faculdade de uma hora pra outra.

Meses depois descobrimos que a família havia internado os sujeitos em clínicas de reabilitação. Fiquei em choque e minha fixa caiu quando percebi que poderia ser eu no lugar deles.

No terceiro ano de curso conheci um rapaz por quem tive imenso carinho.

Nos esbarrávamos no refeitório e trocávamos olhares sempre que surgia uma oportunidade.

Ficamos em uma balada no fim de semana. Ele me chamou pra sair e aceitei o convite.

Gostei do cara, tinha um papo legal e conforme os dias foram passando, ele me pediu em namoro. Aceitei, mas cinco meses depois, ele disse que queria ter uma conversa comigo. Fiquei com medo. Imaginei que iria propor de morarmos juntos, mas sem hesitar, disse que queria terminar. Fiquei sem saber o quê dizer.

ㅡ tudo bem! ㅡ foi só o quê eu disse e ele ficou indignado de início.

ㅡ tudo bem? É só isso que tem pra me falar?

ㅡ eu não estou te entendendo. Você quer que eu te fale o quê? Se quer terminar, terminamos.

ㅡ minha nossa! Você sempre foi meio distante. Você é carinhoso e tudo mais, só que às vezes parece que está com a cabeça em outro lugar. Nem parece que está comigo. Você gosta de outra pessoa, não gosta?

ㅡ gosto! Me desculpa ser tão sincero contigo, mas gosto de outra pessoa.

ㅡ eu conheço?

ㅡ não! Sabe, eu queria muito que déssemos certo, de verdade, mas enquanto meu coração não resolver certas coisas, não vou conseguir ser um bom companheiro pra ninguém. É coisa minha. Você é maravilhoso, mas essa coisa que sinto toma conta de mim, cara.

ㅡ você é um desgraçado! Um desgraçado honesto e sincero. Tem como ficar puto contigo? Tem não! Porque te olho e vejo que você parece sofrer quando fala desse cara que você gosta. Eu queria muito ser o tal cara da tua vida. Gosto pra caramba de você, mas quando você me olha, não me vê. Não é a mim que você procura na cama quando estamos nela, Lipo. Pelo menos não na maioria das vezes.

ㅡ me perdoa! Tenho imenso carinho por ti, mas...

ㅡ mas não me ama! Sei disso! Amigos?

ㅡ amigos!

Depois desse dia saimos sem compromisso por vários meses até que ele se mudou. Nossa relação era de amizade e carinho. Tinha muito tesão nele e ele em mim, mas não conseguia amar o Jonas da forma que ele merecia.

Depois que ele se mudou passei por uma fase bem safada.

Comecei a sair mais com a galera da faculdade e não podia ver uma bunda desfilando que corria atrás dela.

Aproveitei essa fase. Curti bons momentos e foi libertador ser eu em um lugar que ninguém me conhecia.

A cada ano que passava minha espectativa aumentava em relação ao retorno do Ricardo. Mesmo com tudo que estava vivendo; meus namoricos, minhas paqueras e fases de putaria, nunca me fizeram esquecer do amor por ele. Todas as vezes que nos falávamos meu sentimento só fazia aumentar. Tudo que eu sentia era muito bem guardado em meu coração. Ele e eu passamos a nos falar com mais frequencia. Na verdade, nos falávamos praticamente todos os dias.

Entrei em período de provas na faculdade e teria que me esforçar ao máximo pra continuar mantendo minhas notas.

Como eu não podia deixar o Ricardo no vácuo, caso ele entrasse em contato comigo, mandei uma mensagem dizendo que sumiria por algum tempo.

Não demorou muito e ele me respondeu. Me mandou uma chamada de vídeo, como sempre. Dificilmente ficávamos trocando mensagens. Ele detestava digitar. Dizia que preferia me ver e acho que isso nos tornou mais íntimos.

ㅡ oi! Eu estava no banho. Desculpa, Lipinho.

ㅡ então está cheiroso kkkk.

ㅡ kkkk, acho que sim. Mas que papo é esse de que vai sumir?

ㅡ período de provas, Cadão! Tem coisa mais chata que isso? Me fala, man?!

ㅡ tem! Não falar contigo! Isso é chato pra caralho. Quem vai me fazer sorrir?

ㅡ nossa! Agora me senti "O Cara!"

ㅡ mas você é! É o cara que me recebe todos os dias com um puta sorriso. Abala todas as minhas estruturas.

ㅡ caramba! Ouvir algo assim, ainda mais vindo de um homem como você, é uma honra!

ㅡ um homem como eu?

ㅡ sim! Você é um homem experiente e não falaria algo sem uma razão que o convencesse. Então, acredito nos seus elogios. Pode elogiar bastante, Cadão, meu ego agradece. E o mesmo digo pra ti, que a mim é um homem sem igual, não só na forma física, que admiro na cara dura, mas na forma carinhosa que sempre me tratou.

ㅡ muito obrigado. Lipo, quando eu voltar, quero conversar algo contigo. E nem tente me persuadir com esses olhos de mar, porque não vou adiantar nada.

ㅡ poxa, logo eu que ganho sempre. Kkkkk

ㅡ dessa vez, não! Descarado! Kkkk

Bom se for para um bem maior, eu não posso reclamar dessa tua ausência.

ㅡ como não pode? Era pra você estar chorando agora e implorando pela minha atenção...kkkkk.

ㅡ kkkkk, convencido! Queria estar aí agora. Se eu pudesse chegaria amanhã.

ㅡ eu sei, e te esperaria de braços abertos!

ㅡ alguém já te falou que você é muito sedutor? Minha nossa! Pare com isso!

ㅡ eu, sedutor? Hahaha, essa foi boa, mas muito obrigado. Ah, estou malhando, como você sugeriu e acho que está dando um resultado bem legal! Se bem que demorei a começar. Kkkk

ㅡ como se você precisasse. Fica em pé pra eu te ver?

ㅡ espera, deixa eu me ajeitar. Kkkk

Eu estava sem camisa e vestia um short curto de corrida. Ergui o celular acima da cabeça e fui abaixando. Primeiro mostrei meu torax, braços, pernas e fiz uma careta no vídeo. Ele ele fez uma cara de susto e começou a rir em seguida.

ㅡ caramba! O quê você anda tomando pra ficar desse jeito? Kkkk

ㅡ tomando nada e nem pense besteira. Nunca coloquei nenhuma droga no meu corpo, eu só estou mais definido e tomando uns suplementos. Esqueceu que passei boa parte da minha vida trabalhando no campo? Ajudou bastante.

ㅡ isso é verdade, você só está aprimorando o quê já é belo por natureza.

ㅡ me deixou sem graça agora. Kkkk

ㅡ você sabe que é bonito, não seja modesto, Lipo. Não comigo, pelo menos.

ㅡ eu sou bem gato mesmo! kkkk

ㅡ kkkk, claro que é! Caramba, como você está mudando. Te conheci magrelo. Agora está um homão!

ㅡ te acho um homão também, Cadão! Sempre bem vestido e ostentando esse peitoral nos vídeos e fotos. Está muito bem e quando crescer, quero ser igual a você! Kkkkk

ㅡ kkkkk, mais galanteador impossível. Assim quem fica sem graça sou eu. Mas da trabalho viajar feito doido pra lá e pra cá e, ainda assim, manter um corpo legal. O trabalho me consome muito tempo. Tenho fases de barriga de chop às vezes. Kkkkk

ㅡ e continua lindão! Benza Deus! Kkkk

ㅡ pare com isso! Kkkkk

Ficamos conversando por mais de uma hora e meia, só pra compensar o tempo que eu ficaria sem dar atenção a ele. Sempre bem humorado e me fazendo rir de suas aventuras pelo mundo.

Depois desse dia eu me desliguei completamente de tudo relacionado à redes sociais e aplicativos. Foquei somente nos meus estudos.

Meus pais me ligavam e eu deixava pra retornar no meu horário de descanso, mas eu nunca esticava muito a conversa, ou minha mãe ficaria mais de uma hora falando comigo e reclamando por eu não dar atenção a ela. Coisas de mãe.

Em todos os períodos de provas da faculdade eu praticamente me exilava, e foram muitas as vezes que deixei de sair pra ficar estudando.

Com o Ricardo não foi muito diferente. Ele mandava mensagens fofas e eu respondia sempre que tinha um tempo.

Na realidade, eu estava morrendo de saudades dele. Queria vê-lo sorrindo e estar com ele em meus braços. Queria ele perto e poder sentir novamente seu cheiro natural de homem e poder me perder em seu abraço carinhoso.

Minha rotina estava realmente puxada e eu precisava iniciar um estágio. Consegui em uma fábrica de ração, cujo dono, era amigo do seu Otaviano de longa data.

Eu estudava de manhã e estagiava na parte da tarde.

Sem contar que eu ainda tinha que apresentar meu TCC no final do curso e como minhas notas eram boas, pude me dedicar mais a ele.

Um dia, enquanto digitava meu TCC, me toquei de como o Cado e eu nos tornamos mais próximos, mesmo com a distância.

Muitas vezes implorava por uma mensagem dele e era como telepatia. Eu pensava no cara e mensagens pipocavam na tela do meu celular.

Ficávamos horas conversando, filosofando e destilando elogios para o outro.

Rimos juntos, compartilhamos momentos de muita bobagem e a impressão que eu tinha é de que ele sabia da minha sexualidade, mesmo não me perguntando diretamente e de certa forma, eu acabei percebendo alguns trejeitos vindo da parte dele, mas nunca ousei entrar no assunto. Era impossível iniciar uma conversar com ele sem antes dizer o quanto sentia sua falta e o mesmo acontecia quando era ele quem me mandava uma mensagem.

Foi então que me lembrei da conversa que tive meio que de forma quase cifrada com a Yoiô, antes dela morrer. Fiquei me perguntando se teria dado tempo dela dizer ao Ricardo que eu nutria um sentimento muito forte por ele e agora ele estaria tentando me desvendar. Mas a Yoiô não contaria um segredo que não fosse dela.

Era início de outubro, último ano de curso e como eu estava feliz.

Recebi uma vídeo chamada do Ricardo, mas para minha tristeza, ele só retornaria ao Brasil depois da minha formatura; em fevereiro. Fiquei chateado e em uma de nossas conversas, perguntei se não havia nenhuma possibilidade de voltar antes, mas disse que não. Não fiquei especulando motivos, ele poderia estar com algum problema.

Perguntei onde ele estava no momento e disse que viajava pela Ásia e seu último país, seria no Japão.

Meu coração ficou de verdade apertado. Queria ele na minha colação de grau, comemorando comigo.

Lamentei profundamente e me pediu desculpas, pois quebraria a promessa que tinha feito. Fui sincero em dizer que queria muito que ele voltasse à tempo de me formar e sentiu muito.

ㅡ estou te decepcionando, não é mesmo? ㅡ ele disse e sorri com uma vontade imensa de chorar.

ㅡ não! Só estou chateado. Sei que você trabalha muito. Não posso exigir nada de você. Não está só em suas mãos. Você tem compromissos e precisa cumprir.

ㅡ prometo compensar cada segundo contigo. Faz essa cara não! Conheço muito bem essa expressão...

ㅡ deve me achar um banana quando me vê assim, não é mesmo? Kkkkk

ㅡ pra ser sincero? Eu me sinto envaidecido em saber que sente minha falta. Também sinto a sua, muito mais que você imagina. Preciso desligar, mas saiba que estou de coração partido. Queria te ver logo, moleque! Me faz muito feliz quando conversa comigo. Vou ficar sem tecnologia por uns dias, mas quando eu voltar, quero te ver sorrindo de novo.

ㅡ Cado, fica bem e não se esqueça de mim.

Ficamos uns dias sem nos falar.

E mesmo ele dizendo que não me responderia, mandei uma mensagem já sabendo que ele estava no Japão e no tal retiro com outros executivos.

Fui tomar banho pra continuar digitando meu TCC e assim que saí do banheiro, havia várias notificações na tela do notebook e quando abri o navegador, era um amigo da faculdade me chamando pra sair.

Fiquei chateado, mas respondi dizendo que estava cansado e que dormiria cedo.

ㅡ qual é, Lipo? Você já está aprovado, cara.

ㅡ rsrs, não estou a fim. Deixa pra próxima.

ㅡ bom, você é quem sabe. Se decidir ir, me liga e vou te buscar. Vamos naquela boate onde o amigo do seu tio faz show.

ㅡ tudo bem, mas hoje não vai rolar.

Os dias foram passando e eu me sentia entediado. Cheguei no apartamento e tomei a liberdade de encher a banheira. Fechei meus olhos e comecei a me lembrar de tudo que aconteceu comigo durante os cinco anos que fiquei na Capital.

Em meio a tantas lembranças e reflexões, me dei conta que já passava da meia-noite.

Fui até a cozinha preparar alguma coisa pra eu comer e tive uma sensação estranha. Peguei meu celular e mandei uma mensagem pro Ricardo, já imaginando que ele não responderia, mas o vi digitando.

ㅡ oi! Está ocupado, Cado? ㅡ ele digitava e eu esperava ansioso.

ㅡ eu estou chegando em casa. Está tudo bem contigo?

ㅡ estou! Já chegou de viagem?

ㅡ sim, ia falar contigo assim que chegasse. Lipo, preciso ir, meu taxi ta chegando. Já chego em casa e nos falamos melhor, tudo bem? Me espera!

ㅡ rsrs, claro que te espero. Até!

Fiquei feliz em saber que ele estava bem e fui até a cozinha. Abri a geladeira e fiquei arrasado quando vi que só tinha pizza e revirando o freezer, achei uma lazanha que tinha comprado de uma senhora que passou vendendo na porta do prédio. Pelo menos era uma lazanha relativamete grande.

Tirei do alumínio e coloquei em um refratário de vidro. Aqueci o forno e fui pro quarto ver a tv. Passava Titanic no Telecine Pipoca e eu estava cansado de ver o Jack morrer, quando resolvi trocar o canal e ouvi a campanhia tocar.

Fiquei possesso e dei uma ajeitada no cabelo que aquela altura, estava todo cacheado pelo tempo que fiquei com a cara nos livros. Arrumei meus cachos e não tive coragem de cortar porque achei que estava bonitinho e me deixou com uma cara de anjo. Só que de anjo, eu não tinha nem a respiração.

Imaginei quem seria àquela hora e só poderia ser algum vizinho querendo alguma coisa, ou o porteiro teria interfonado.

A campainha tocou de novo e fui atender. Minha cara estava péssima e quando abri a porta fiquei parado feito uma estátua. Não era pra ele estar ali!

Uma corrente elétrica percorreu todo meu corpo quando o vi parado no corredor me esperando...

*

*

Continua...

Pessoal, obrigado pelos comentários maravilhosos. Fico feliz que estejam gostando, de verdade.

Obrigado à todos que lêem!

Um grande abraço e até o próximo! (Provavelmente posto no domingo)

Se cuidem! 😉👍

Happy Pride!! 🌈

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Comentários

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Finalmente!!!! Estou curiosa sobre a surpresa que d.Iolanda mencionou para o Lipo antes de morrer...

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A suavidade com que a história está sendo narrada é apaixonante... Não há como não ficar vidrado nele... Esse amor de Lipo pelo Cado é tão lindo que nos enche o coração e, se não me engano, é o mesmo que o Cado sente por ele. Agora esta surpresa... Cado chegando de viagem sem avisar... Como será este reencontro?

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UAUUUU. UM AMOR QUE RESISTE À DISTÂNCIA E AO TEMPO. MAS SE FOR CADO, POR QUE TOCAR A CAMPAINHA SE ELE É O DONO DO AP? PENSEI MESMO QUE FOSSE CADO QUANDO ELE DISSE Q JÁ ESTAVA CHEGANDO EM CASA E ERA PRA VC ESPERAR. RSSSSSSSSSSSSSSSS ELE DEU AS DICAS. AQUI SUPER EMOCIONADO E ANSIOSO PELO PRÓXIMO CAPÍTULO UM DOS MELHORES CONTOS ATUALMENTE.

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Tô chorando horrores aqui rsrsrs. Lindo conto! Quero ler um capítulo todos os dias.

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voce so n ganha 10 pq demora pra postar mas os capitulos são ótimos volta logo!!!!

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Lindo o seu conto! Prende a gente do início ao fim. Estou adorando. Parabéns!

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Quando o homem utiliza seu serviço para a caridade as portas se abrem para ele. O universo é feito de coisas lindas e verdadeiras . O importante é saber fazer a caridade.

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Que felicidade. Aí mano eu sou apaixonado por essa história. Por favor postar um capítulo novo hj a tarde e outro a noite, meu ❤️ não vai aguentar de tanta ansiedade.

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É agora que eu morro de ansiedade hahaha

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Divido com Dinho Alcântara as palavras ditas por ele sobre tua narrativa. E digo mais, onde há amor, a emoção passeia sempre. Conte-nos mais sobre esse encontro de almas gêmeas...

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