Amor tem Gênero? Cap. 25 - Amor não têm Gênero (Último Capítulo)

Um conto erótico de Kyle Cristopher
Categoria: Homossexual
Contém 1271 palavras
Data: 12/07/2018 18:20:05

Abri meus olhos com dificuldade, minha cabeça estava pesada. Olhei em volta e vi que mais uma vez estava em um quarto de hospital, minha mãe estava dormindo na poltrona ao lado da cama e percebi que minha cabeça estava enfaixada.

Eu: Mãe? - falei com a voz um pouco pesada

Ela abriu os olhos lentamente e quando me viu acordado levantou e me deu um abraço muito apertado.

Eu: Mãe... a senhora tá me enforcando...

Mãe: Desculpa meu filho, é que eu tive tanto medo de que você não acordasse mais, de que você não pudesse ver seu filho.

Eu: Meu filho, como ele está?

Mãe: Ele está bem, um menino muito bonito, muito parecido com você. Ele está no quarto com a Jessica.

Sorri

Eu: Que bom mãe, estou louco pra ter ele nos meus braços.

Estava muito feliz, só faltava meu casamento com o Cadu pra alegria estar completa. E correndo o risco do Cadu ficar bravo eu decidi contar pra minha mãe

Eu: Mãe, quero te contar uma coisa

Mãe: Diga meu filho

Eu: Eu e o Cadu estamos noivos, estamos esperando a hora certa pra contar pra todo mundo, mas queria compartilhar logo minha alegria com a senhora. Sabe mãe, eu amo ele como nunca amei ninguém.

Quando olhei para minha mãe ela estava chorando bastante

Eu: Porque a senhora tá chorando? Desculpa mãe eu não sabia que a senhora ficaria tão triste por eu não ter contado antes.

Mãe: Não é isso meu filho, é só que...

Eu: O que? Aconteceu alguma coisa? A propósito cadê o Cadu?

Mãe: Kyle, o que você vai ouvir agora não vai ser fácil, mas você precisa superar pelo seu filho meu amor.

Eu: Mãe a senhora tá me deixando preocupado. O que aconteceu?

Mãe: Você e o Carlos Eduardo sofreram um acidente de carro, graças ao Airbag você não sofreu lesões graves. Mas o Airbag do lado do passageiro não foi acionado, por causa dos ferimentos ele perdeu muito sangue.

Eu: Meu Deus mãe, precisamos ajuda-lo! Eu posso fazer a transfusão pra ele.

Mãe: Não meu filho, você não pode.

Eu: Eu posso mãe, eu sou doador universal lembra? Eu preciso salvar o amor da minha vida.

Minha estava aos prantos, as lágrimas não paravam de molhar seu rosto.

Mãe: Kyle o Carlos Eduardo sofreu uma hemorragia e não resistiu. Ele faleceu um pouco depois do socorro ter chegado. Os paramédicos disseram que ele ainda estava consciente e que as últimas palavras dele foram: "Sempre vou te amar".

Aquilo foi como um soco no meu estômago, eu não conseguia mais ouvir minha mãe, eu não conseguia sentir o meu corpo. As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, tudo que eu conseguia sentir era a dor.

Mãe: Kyle? Tá me ouvindo?

Eu: Ele morreu - sussurrei

Mãe: O que você disse?

Eu: ELE MORREU! EU PROVOQUEI A MORTE DA PESSOA QUE EU MAIS AMEI NESSE MUNDO - eu estava descontrolado, arranquei o soro do meu braço, estava tendo uma crise nervosa. Minha mãe saiu correndo assustada e chamou dois enfermeiros que me aplicarem um sedativo. Adormeci com minha mãe me abraçando e dizendo que ia ficar tudo bem.

Dois dias se passaram quando finalmente recebi alta, o enterro do Cadu já havia acontecido e o pai dele não permitiu que eu comparecesse. Ele me culpava pela morte do filho e eu também.

Jessica ficou na casa dos meus pais, eu não conseguia olhar meu filho sem me entristecer, sempre que eu via aquela criança linda e inocente eu me lembrava do acontecido no dia de seu nascimento. Deixei meu pai como responsável pela empresa e viajei para os Estados Unidos, precisava me afastar de tudo. A dor era extremamente grande e tentei acabar com ela diversas vezes. Em algumas quase obtive sucesso.

Eu havia entrado em depressão e sabia que enquanto não resolvesse isso eu não poderia voltar para meu filho.

O Cadu não saía da minha cabeça, ele nunca saiu. Até hoje meu coração pertence somente a ele. E hoje 4 anos depois aqui estou eu diante de uma psicóloga porque ainda não consegui superar sua morte.

Dr. Ana: Nossa Sr. Kyle devo dizer que sua história é impressionante e agora entendi o porquê do senhor ter resistido tanto nos últimos meses para se abrir. Mas e seu filho? O que houve com ele?

Eu: Bom dr. Ana, a mãe dele está estudando arte nos Estados Unidos e hoje ele mora comigo, foi ele quem me trouxe esperança de ainda ser feliz. Continuamos nossa conversa próxima semana, tenho que busca-lo na escola.

Dr. Ana: Até próxima semana Sr Kyle, fizemos um grande avanço hoje.

Saí do consultório da Dr. Ana e entrei no carro onde o motorista já me aguardava para irmos até a escola de meu filho, depois da morte de Cadu eu nunca mais conseguir segurar em um volante.

Cheguei na escola de meu garoto e ele já me aguarda de mãos dadas com sua professora Luciana, quando me viu correu para meus braços. Como eu amava aquela criança, me sentia mal por não ter acompanhado seu primeiro ano de vida, mas hoje tento recompensar isso todos os dias. Ele foi o motivo para que eu começasse as consultas com a psicóloga e as sessões de quimioterapia para tratar o aneurisma.

Chegamos em casa e meu filho saiu correndo para o banheiro tomar banho e foi jogando suas roupas pelo caminho. Ri daquela cena e me sentei no sofá. Relembrar aquilo tudo realmente me afetou bastante. As lágrimas começaram a molhar meu rosto

Eu: Já se passaram quatro anos, mas a dor continua como se tivesse acontecido hoje. Como eu sinto a sua falta meu teimoso...

Meu Filho: Papai? Puquê o sinhô ta cholanu? Eu fui malcliado?

Meu filho estava do lado do sofá só de cueca, seus olhinhos estavam marejados. Rapidamente enxuguei as lágrimas.

Eu: Não meu amor você não fez nada de errado. O papai só tá com saudades de uma pessoa que o papai amou muito.

Meu Filho: Quem é papai?

Eu: Era o noivo do papai e era seu outro papai

Meu Filho: Dois papais? Cadê ele? - falou ele animado

Senti um aperto no peito e a vontade de chorar aumentou, mas tive de me segurar.

Eu: Ele tá no céu meu amor. Ele tá cuidando da gente de lá. Ele era tão bom que Deus pediu pra que ele fosse ficar junto dos anjos.

Meu Filho: Eu tenho um papai anjo? Que legal!! - e começou a pular de alegria com os bracinhos levantados, porém ele parou de repente e me olhou com uma cara confusa - Mas papai a tia Luh disse que menino tem que namola com menina. E você e meu papai anjo são meninos.

Olhei sério para ele, no dia seguinte eu iria conversar com a professora dele

Eu: Carlos Eduardo meu filho, senta aqui no colo do papai. - ele correu e se sentou no meu colo. - a tia Luh tá errada, menino pode namorar com menina e pode namorar com menino também, desde que eles se amem. Você pode amar quem você quiser independente do que os outros digam. Saiba que o papai vai sempre te apoiar. Guarde essas palavras no seu coração meu filho: O Amor não têm Gênero.

FIM

**********

Escrevi essa história em memória de Carlos Eduardo, meu Cadu.

Que me mostrou o verdadeiro significado de amar. Alguém que mudou minha vida completamente e que sempre esteve ao meu lado quando mais precisei. Sei que você olha por mim de onde estiver, e podem passar anos e anos meu amor nunca morrerá. Sinto tanto sua falta meu amor.

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Comentários

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REALMENTE, LITERALMENTE NÃO FOI O FINAL QUE EU ESPERAVA. DEPOIS DE TUDO QUE PASSARAM O DESFECHO NÃO DEVERIA TER SIDO ESSE. LAMENTÁVEL. DECEPÇÃO COM O CAPÍTULO FINAL. MAS SE O CONTO É VERÍDICO, REAL NÃO HÁ O QUE SE POSSA FAZER. LAMENTÁVEL.

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Nunca imaginei que essa história fosse tomar esse rumo. Li esse último capítulo com uma tristeza imensa no coração.

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