Os Verões Roubado de Nós

Um conto erótico de D. Marks
Categoria: Homossexual
Contém 4263 palavras
Data: 08/07/2018 18:26:11

INTRODUÇÃO

Acordo com o barulho do celular. Olho as horas. São 7:15 de uma manhã ensolarada de domingo. É verão do ano de 2018.

Levo um tempo para me mexer, pois meu amor esta agarrado em mim. Dormimos sempre assim, agarrados, Enzo morre de medo de me perder novamente. Agora só nos perdemos para morte. Juntos até o fim. Olhos em seu rosto adormecido. Hoje comemoramos 14 anos de casamento. Sorrio e meus olhos lacrimejam ao pensar que quase não chegamos aqui.

Hoje sou um homem de 43 anos muito bem vividos em todos os sentidos, até mesmo naqueles que quase me levaram para longe dele e do nosso amor. Mas nada disso foi culpa nossa. Na minha vida desde que me conheço por gente girou em torno do Enzo. Sim. Enzo. Meu amor, meu companheiro, minha vida, meu tudo. A única pessoa com quem eu realmente me sinto completo.

Levanto-me cuidadosamente para não acorda-lo. Dou um leve selinho em sua boca e caminho até o banheiro. Estava cheio de esperma seco grudado em meus pêlos onde há alguns esbranquiçados pelo tempo. Tomo meu banho rápido, escovo meus dentes e volto para o quarto nu. Olho-me no grande espelho que temos estrategicamente colocado em frente a nossa cama. Ideia de Enzo (rsrs).

Vou até a janela e fico olhando a paisagem. Estamos na praia, mas precisamente na nossa casa em Paraty. Enquanto observo o mar beijar a areia, na minha cabeça passa um filme. As lembranças de uma vida toda, sendo metade sofrimento e a outra de completa felicidade que dura até hoje.

Vocês devem estar pensando o que um coroa está todo emotivo lembrando o passado. Pois é, meus amigos... Nem tudo são verões ensolarados, há primaveras coloridas, outonos avermelhados e invernos cinzentos (explicar ao longo do conto) ao longo dos anos... Enfim, um ciclo de estações completo.

Observo um barco ao longe e meu pensamento volta ao passado...

CAPÍTULO 1

Ano de 1985 – verão em São Paulo

As crianças correm pelos jardins da casa dos Maia. Gabriel (10 anos), Enzo (5 anos) brincavam de pique-esconde com a irmã mais velha de Gabriel, Tatiana de 15 anos, enquanto seus pais conversavam animadamente próximos a churrasqueira. Francisco, pai de Gabriel e Pietro pai de Enzo falavam sobre negócios enquanto suas esposas, Vera e Alice (com a pequena recém-nascida Aline no colo) falavam sobre banalidades.

Os meninos eram muito ativos, principalmente Enzo que tinha um fôlego para todo tipo de brincadeiras.

- Eiii... - Tatiana grita. – vamos parar um pouco, por favor! Estou cansada.

- Nãoooo... – os meninos gritam ao mesmo tempo. Eles eram sintonizados um com o outro de uma forma que beirava o estranho.

- Vamos continuar Tati! – fala Enzo.

Tatiana estava com as mãos nos joelhos tomando ar.

- Nem pensar, Enzo. Não aguento mais. – disse ofegante. – Podem continuar sem mim.

E se afastou em direção aos familiares.

Gabriel, que estava um pouco mais afastado de Enzo chama o primo para mostrar um esconderijo que ele havia encontrado entre os jardins. Os dois correm por entre as folhagens e árvores frondosas até chegarem num pequeno lago. Gabriel conduz o primo até um monte de pedras e entra por trás das mesmas.

- Vem, Eno, eu te ajudo. – diz estendendo a mão para o primo. Nesse momento enquanto ajuda Enzo a subir esse escorrega e com um pequeno grito cai por cima de Gabriel.

- Aii, Gabe... – e ri.

Gabriel cai de costas e ampara o primo no peito. Nesse momento o cheiro dos cabelos de Enzo penetra por suas narinas e ele fica entorpecido.

Enzo se levanta na sua inocência e nem percebe que o primo fica deitado de olhos fechados.

- Gabe, isso é muito legal! Quando brincarmos com a Tati de novo vamos esconder aqui, ta bom?

Leva um tempo para Gabriel se recompor. Enzo percebendo seu silêncio olha na direção do primo e o vê com os olhos fechados.

- Gabe? – Enzo o chama. – Gabriel.... Que foi? – se abaixa perto do primo. – Machuquei você?

Gabriel abre os olhos e vê Enzo acima do seu rosto. Sorri feito bobo.

- Não, Eno (apelido de infância)... Não mesmo. – e se levanta.

- O que é isso? – Enzo pergunta olhando para sua bermuda. Gabriel abaixa o olhar e percebe que seu pinto está duro. Fica confuso e sem entender.

- Acho que quero fazer xixi. – responde.

- Então vai logo senão vai fazer no short. – Enzo diz e ri muito já imaginando a cena. – Tia Vera vai colocar você de castigo.

Eles riem, mas Vera é austera mesmo.

- Vamos pra casa então. - diz Gabriel e os dois correm novamente em direção a casa.

Os dois se aproximam da casa e Gabriel corre para dentro para fazer ‘xixi’ enquanto Enzo senta ao lado da mãe e começa a brincar com a irmã.

- Onde Gabriel foi, Enzo? – pergunta Tati.

- Ao banheiro. Ele estava apertado para fazer xixi. – Enzo ri. – Mãe, me dá suco?

Alice passa a mão nos cabelos do filho e sorrindo o serve.

- Isso são modos, Enzo? – pergunta Vera de forma grosseira.

- O quê? – Enzo pergunta confuso.

Vera revira os olhos e explica mal educada:

- Quando pedimos para alguém nos servir dizemos ‘por favor’ e depois de servidos ‘obrigado’. Simples assim.

- Vera... – Alice intervém. – Ele é uma criança ainda. Não é obrigado a saber tudo.

- Aaahhh, Alice. Se não educar agora, no futuro ele será um perdido. – Vera retruca. – ainda mais que o Enzo é todo saidinho.

- Meu filho é espontâneo, alegre e extrovertido. Sei bem o modo como educo meus filhos, Vera. Não preciso da opinião e nem de ajuda alheia, tudo bem? – Alice é dura, porém num tom de voz baixo. Era a classe em pessoa. Tatiana adorava isso na tia.

- Hun...continua deixando solto para ver no que dá. – Vera solta o veneno.

- Dos meus filhos cuido eu, Vera. Cuide dos seus, ok?

- Eu já faço isso, Alice, não se preocupe. – Vera desdenha.

- Para nosso azar... – retruca Tatiana.

- O que foi que disse, Tatiana? – Vera fuzila.

- Que você cuida da nossa educação, mamãe! – responde Tatiana cínica. – Para o nosso azar.

- Saia daqui, sua insolente! – Vera sibila em voz baixa. – Suba para o seu quarto e não saia de lá até eu mandar.

Tatiana faz caras de pouco caso e se despede da tia e do primo. Alice a abraça e sussurra em seu ouvido que tudo ficará bem.

- Só ficará bem quando eu sair dessa casa para sempre, tia. – devolve a sobrinha também num sussurro. – Tenho inveja do Eno e da pequena Aline. Eles sim têm uma família de verdade.

- Tatiana, eu já mandei você subir. – ordena Vera.

A adolescente bufa e vai para dentro. Sobe as escadas a caminho de seu quarto e ao passar em frente do quarto de Gabriel ouve seu choro. Sem pensar entra no quarto e encontra o irmão chorando de bruços sobre a cama.

- Gabe, meu amor, o que houve? – pergunta preocupada.

- Nada... – ele responde sem tirar o rosto do travesseiro.

Tatiana já havia achado estranha a forma como ele passou correndo por todos e por Enzo ter dito que ele estava apetado para fazer xixi. Aproximou-se da cama e puxou o irmão delicadamente para seus braços.

- Gabe, amor... Fala comigo, vai... – pede com jeito.

Ele olha com os olhos cheio de lágrimas e vermelhos por chorar.

- Tati...

Ela percebe que ele fica envergonhado.

- Pode fala comigo, ok? Eu não sou sua melhor amiga? – e sorri para o irmão. Este concorda e se afasta dela ficando de joelhos sobre a cama.

- Eu quis mostrar ao Enzo meu novo esconderijo, sabe? – ele começa. – Então eu entrei primeiro e peguei na mão dele para ajudar. Ele escorregou e caiu em cima de mim. – e olha para Tatiana. A irmã faz um ar de quem não entende, então Gabriel continua.

- Olha, Tati... – e ele aponta a bermuda. – Meu ‘piru’ não abaixa mais e eu achei que era xixi.

Tatiana olha a bermuda e fica chocada. Seu irmãozinho de 10 anos teve uma ereção ao encostar no primo. “Meu Deus... O que aconteceu lá fora? Será...?” pensa ela.

- Tudo bem, Gabe... Isso é normal acontecer na sua idade, ok? – ela fala.

- Mas eu nunca tive isso antes, Tati... – e recomeça a chorar. – Me ajuda, por favor, se a mamãe ver ela me mata. – agora seu olhar era de puro pavor.

Tatiana pensa rápido. Aos 15 anos ela já era saidinha, beijava os garotos, pegava em seus paus e sabia exatamente como agir numa situação dessa, afinal, já ouviu muito de seus amigos falarem como baixar um pau duro.

- Tudo bem, amor. Vem cá... – e leva Gabriel para seu banheiro. Todos os quartos da casa tinham seu banheiro privado. Ordens de d. Vera que detestava banheiros compartilhados.

Ela adentra o box e muda a temperatura da água.

- Você confia em mim, Gabe? – pergunta ao irmão. Este responde que sim. – ok, então tira a roupa e entra debaixo da água.

Ele obedece a irmão, mas por vergonha da situação coloca as mãos na frente de seu sexo para que ela não veja.

- Aiiii... Tati, ta gelada!! – e faz menção de sair. Ela o empurra para dentro.

- Você não quer que abaixe? – pergunta.

- Ssiiimmm... – Gabriel responde ofegante.

- Então fique aí, ok? – ele acena e ela sai para buscar seu roupão.

Quando retorna Gabriel já estava com as mãos na parede e seu pênis já havia perdido a ereção. “Ufa...” pensou aliviada.

- Tudo bem, Gabe? – pergunta.

Ele vira o rosto pra ela e confirma com um gesto afirmativo.

- Vou deixar seu roupão aqui, ok? – e sai do banheiro.

Gabriel estava confuso, pela primeira vez tinha sentido algo estranho pelo primo que não sabia identificar o que era. Terminou seu banho, secou-se e vestiu o roupão. Ao entrar no quarto percebeu que Tatiana o esperava.

- Tati... – começou, mas ficou envergonhado.

Tatiana sabia que o irmão estava confuso e decidiu ajuda-lo. Sentou- se na cama e o chamou. Gabriel colocou a cabeça em seu colo.

- Gabe, pode perguntar. O que quer saber?

- Por que aconteceu isso comigo? – seu olhar era confuso. – eu não entendo...

A irmã acaricia seus cabelos e começa a explicação.

- Sabe, eu poderia dar várias explicações, mas vamos pela mais simples, ok? – ele acena que sim. – Você gosta do Enzo?

- Sim, eu o amo, ele é nosso primo.

Gabriel se levanta e olha para ela confuso.

- Claro que sim, Tati. Por que ta perguntando isso?

- No geral, quando os homens ficam com o pênis duro, como se fosse uma vontade de fazer um xixi que não vem, nós chamamos isso de ereção. Pode acontecer com qualquer pessoa, Gabe. E como você ama o Enzo como eu isso pode acontecer também. É natural. Entende?

- Então se eu abraçar uma menina isso pode acontecer também? – Gabriel pergunta ainda um pouco confuso.

Tatiana sorri e confirma que sim.

- Então entendi. – parece que ele fica mais aliviado.

“Melhor assim. Ele ainda não tem idade e nem maturidade para entender.”¹ Pensa Tatiana. Se as suspeitas dela se confirmassem haveria sérios problemas na família.

Os dois ouvem uma batida na porta.

- Deixa eu entrar? – era Enzo. – Por favor?

Tatiana ri.

- Claro, meu molequinho favorito!!! – vai até ele e o abraça. – Faz companhia pro meu irmão? Por favor?

- Ta bom, Tati... – ele corre pra cama de Gabe pulando sobre ela. Gabriel havia ido para o banheiro para se trocar.

- Legal, priminho. – e vai saindo. – E cuidado com a bagunça, hein? A d. Vera é brava. – diz com uma careta que faz Enzo rir muito.

- É mesmo... – ele sai da cama e bate na porta do banheiro. – Gabe, sai daí!!

- Já vou, Eno.

Tatiana sai do quarto indo para o seu, afinal estava de castigo. “Saco” pensa ao fechar a porta.

CAPÍTULO 1.1

Ano de 1995 – Verão em São Paulo

Narrado por Gabriel

Faz calor e estamos num domingo quente de verão e todos, ou melhor, quase todos estavam à beira da piscina na casa da tia Alice e tio Pietro. Estou de sunga deitado numa espreguiçadeira, e eu adoro vir pra cá, pois em casa era um saco ter que aturar minha mãe, então sempre que eu tinha chance fugia das suas garras indo para casa da minha irmã Tatiana ou aqui. Minha mãe era exigente, dura, preconceituosa, super ‘carola’ de igreja e definitivamente ela não concordava com o modo que tia Alice educava seus filhos, que, segundo ela era uma educação muito liberal. Para minha mãe a educação tinha quer ser rígida, severa, com castigos infinitos que por vezes quase beiravam a violência. Não que ela nos batesse, meu pai jamais permitiria, mas ela tinha seu ‘jeito especial’ de castigar a mim e Tatiana. E esta foi uma sortuda, pois assim que teve a chance sumiu de casa para fazer faculdade em outro Estado e quando voltou foi morar sozinha alegando que havia conquistado sua independência financeira e queria sua privacidade. Ela até me convidou para morarmos juntos, mas meu pai, influenciado por minha mãe não permitiu. Sortuda do caralho. Então, toda a ‘atenção educativa’ de minha mãe voltou- se para mim.

Ao me formar no ensino médio tive meu período ‘sabático’ e viajei para fazer intercâmbio durante 18 meses pela Europa. Tudo isso conversado antes com meu pai e minha irmã, pois se minha mãe fica sabendo antes, ela foderia com tudo. Aproveitei muito essa viagem, pratiquei meu inglês, italiano e francês, fiz alguns cursos como culinária, alguns voltados para administração de restaurantes. Conheci lugares diferentes, pessoas incríveis, enfim, eu acabei me descobrindo também. Sim, sou homossexual, mas sou enrustido. Um gay enrustido. Retornei faltando uns meses para meu vigésimo aniversário.

Atualmente estou com 20 anos de idade recém completados e passei no vestibular para Administração na FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Gritos me fazem olhar para piscina. Aline e Enrico (irmão mais novos do Enzo) brincavam com minha irmã e seu atual namorado. Faltava uma pessoa. Enzo. Ele ainda não havia descido. Somos grandes amigos e confidentes, pelo menos eu acho que sim, ou éramos até antes da minha viagem. Trocamos algumas, quer dizer, eu enviei muitas cartas e postais para, mas ele respondeu somente algumas. Em cada cartão postal eu dizia que um dia o levaria para conhecer cada um desses lugares. Eu sentia um tesão enorme por ele desde os 10 anos quando ele caiu em cima de mim num esconderijo em minha casa, e com o tempo isso foi aumentando. Mas eu nunca tentaria nada. Primeiro porque ele é menor de idade, segundo porque é meu primo e terceiro que isso causaria um inferno nas nossas vidas. Meu desejo por ele aumentava na medida em íamos crescendo. Minha irmã Tatiana já suspeitava disso desde o episódio com ‘meu pau duro pelo Enzo’ e sempre me incentivou a assumir minha homossexualidade. Mas não dava, minha mãe me mataria. Simples assim.

Em parte meu intercâmbio serviu para me afastar um pouco dele. Transei com outros caras, mas todas às vezes era ele que eu imaginava comendo.

“Porra, sou um pervertido! Ele é menor de idade!” penso voltando minha atenção para piscina.

Enzo agora está com 15 anos e a cada dia que passa fica mais lindo, mais homem e tem uma sensualidade que lhe é natural. “Saco” penso comigo.

- Gabe, meu querido. – tia Alice me chama.

- Sim, tia... Quer ajuda? – no período em passei viajando aprendi a cozinhar (rsrs)

- Não, querido, obrigada. Mas preciso que chame seu primo, por favor? Vou servir o almoço em 30 minutos.

Levanto-me da espreguiçadeira e sigo para dentro encontrando meu pai e meu tio saindo do escritório deste.

- Onde vai, filho? – pergunta meu pai.

- Estou indo chamar o Eno, pai! A tia disse que estará pronto em 30 minutos.

- Opaaa... – meu tio Pietro diz. – Vamos, Chico porque estou morrendo de fome.

E eles saem rindo feito bobos. São os melhores amigos um do outro a vida inteira. Subo as escadas ligeiro e chegando a porta do quarto de Enzo bato e espero ele permitir minha entrada.

- Vai embora! – ouço ele dizer com voz chorosa.

Algo estava errado e resolvo entrar assim mesmo. Foda-se.

- Eno... – chamo delicadamente por seu apelido de infância. O quarto estava na penumbra com as cortinas semicerradas, mas a janela aberta permite entrada de uma leve brisa.

- Sai daqui, Gabe. – ele estava debruçado sobre a cama com o rosto enterrado no travesseiro.

- Não. – respondo me aproximando da cama. – O que houve?

- Nada. – ele responde.

Toco seus ombros ao me sentar na cama e viro seu corpo. Ele me olha e vejo seus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

- O que houve? – pergunto de novo. – Eno... Conversa comigo. Somos amigos, não somos?

Ele apenas confirma com um gesto

- Então me conta o que houve? – pergunto delicadamente abraçando pelos ombros

- Gabe... – ele recomeça a chorar.

- Shiii... – acaricio seus cabelos. Seu cheiro entorpece meus sentidos e meu corpo estremece de emoção. “Não... Agora não. Que porra de tesão é esse?” penso quando sinto uma ereção se formando. Cruzo minhas pernas para disfarçar. – Conta pra mim o que houve.

- Gabe... Eu acho... – ele fecha os olhos e respira fundo. – Eu acho que sou... Gay.

Respiro fundo. Meu coração salta dentro do peito e não sei o que há comigo. Várias emoções tomam conta de mim, um misto de felicidade e pavor, mas não podia pensar nisso agora. Eno precisa de mim.

- Por que você acha isso? – minha voz continua calma. Ainda bem. – Como chegou a essa conclusão?

Enzo inspira e se solta de mim, sinto um vazio quando ele faz isso, mas sei que ele precisa de espaço para me contar. Ficamos frente a frente. Aproveito para admira-lo. Ele usava um short curto branco e uma camiseta regata, seus cabelos estão bagunçados e seus olhos verdes brilhavam intensamente.

- Lembra do Hugo, meu amigo do colégio? – confirmo que sim. – estávamos estudando na casa dele e ele começou a fazer algumas perguntas estranhas para mim.

- Que tipo de perguntas? – já estava odiando esse pirralho do caralho.

- Se já tinha beijado muitas meninas, se gostei e... – ele pausou inspirando profundamente. - E ele perguntou se eu já tinha beijado outro menino. Quando disse que não o Hugo chegou perto de mim e me beijou. Eu fiquei surpreso na hora...

Resolvo incentiva-lo, mesmo já com ódio desse pirralho idiota.

- Enzo, o que houve depois? O que ele fez ou vocês fizeram? – eu desencosto da cabeceira da cama. Desespero.

- Eu correspondi, Gabe. – responde finalmente. – Depois eu empurrei o Hugo e saí de lá correndo, mas... Quando cheguei em casa percebi que meu pênis estava duro. – ele fica corado e baixa o olhar. É tão lindo. – Tem uma menina que gosta de mim. A Ana... Eu fiquei com ela.

Ele se cala novamente. Percebi que ele estava incomodado.

- E você gostou de ficar com ela? – pergunto. Confesso que tive medo da resposta.

- Eu não gostei. – Enzo responde olhando em meus olhos. Vejo sinceridade neles. Meu coração salta. – minha cabeça está confusa desde então. Ou melhor, nem tanto... Olha eu já nem sei. Ao mesmo tempo em que tenho certeza do que sou ainda tenho dúvidas. Você consegue entender isso? Porque se sim, me ajuda... Por favor, Gabe. – seus olhos são dois pontos de esmeraldas suplicantes.

- Eu consigo te entender perfeitamente, Eno. – Claro que sim. Sou um filho da puta enrustido.

- Consegue, Gabe? – seu olhar é de surpresa. Ele se aproxima e coloca sua mão direita sobre meu peito. Eu juro que senti um choque. – Me ajuda, então, por favor!

Respiro fundo segurando sua mão sobre meu peito e pergunto.

- Você quer tirar a prova do que sente? Se realmente gosta de homens ou mulheres?

Ele me olha aturdido, mas confirma que sim com um gesto. Seu olhar agora é de curiosidade.

- Vem cá... – ainda segurando sua mão eu puxo Enzo para meus braços.

- Gabe... – ele começa, mas eu coloco meu indicador em seus lábios.

- Shiii... Calma, Eno. – e traço o contorno de seus lábios com meu dedo delicadamente. – Confia em mim?

- Gabe... Eu...

- Confia, Enzo? – aperto mais em meus braços. – É simples. Sim ou não? – meu tom de voz é mais firme. Apesar de estar com as emoções à flor da pele ainda consigo demonstrar calma.

“Eu sou um filho da puta pervertido!” penso amargamente pelo o que estou prestes a fazer.

- Sim, Gabe... Eu confio.

Sorrimos um para o outro.

- Seu sorriso é lindo, Eno! Você é todo lindo... – acaricio seu rosto e seus olhos escurecem. – Fecha os olhos.

Ele fecha. Como sou mais alto que ele, aproximo meu rosto do seu e sinto sua respiração ficar mais pesada. A penumbra do quarto faz o ambiente se tornar excitante. Desço minha cabeça lentamente até meus lábios tocarem os seus. Suave. Sem pressa.

E então para minha surpresa, ou não, tem inicio o melhor beijo da minha vida. Sim, acredite quando digo isso. Simplesmente beijar Enzo é como ir ao paraíso. E sim, acreditem, eu viajo na maionese e constato algo que sempre esteve comigo e talvez por ignorância, medo ou sei lá o que, descubro que o amo. Foda-se. Coloco todo desejo acumulado por ele durante esses anos nesse beijo. Ao mesmo tempo em que aprofundo o beijo eu aperto e Enzo em meus braços penetrando sua boca com minha língua. Enzo enlaça meu pescoço e geme. Sinto que meu pau vai furar a minha sunga. O beijo fica mais intenso juntamente com nossa respiração. Desço as mãos por suas costas até chegar a bunda e aperta-la. Quero que Enzo sinta o quanto estou duro para ele e por ele. Sim. Somente por ele e por incrível que pareça eu o sinto esfregar seu pau duro em minha coxa, pois Enzo é um pouco mais baixo que eu.

O beijo torna-se frenético, nossas mãos passeiam ávidas por nossos corpos. As roupas se tornam uma barreira. Eu o quero para mim. Quero faze-lo meu. Só meu. Meu Enzo. Meu Eno. Meu amor. “Aiii... eu to fudido!” penso atordoado.

- Gabe... – Enzo geme meu nome por entre nossos lábios. – Gabe... mmm...

Eu me afasto relutante.

- O que foi, Eno? – pergunto beijando de sua bochecha até chegar à sua orelha. Sorrio porque ele se arrepia todo. Lindo.

- Eu já descobri... – ele diz ofegante.

Paro de beija-lo me afasto e olho em olhos. Estes estavam mais escurecidos que antes, as pupilas estavam dilatadas e seu rosto todo corado.

- O que você descobriu? – pergunto.

Ele se aproxima e me beija suavemente. É sua vez de acariciar o meu rosto e como sou um filho da puta carente me inclino para ficar em suas mãos.

- Eu gosto de meninos. – diz ele – E hoje eu descobri que gosto de beijar você, Gabe...

Dou um leve sorriso e encosto minha testa na sua. Sorrimos mais ainda. Feito dois bobos.

- E eu sempre gostei de você também, Eno. Só você! Desde que eu tinha 10 anos. – seu olhar surpreso e questionador me faz completar. – Qualquer dia desses eu te explico, ok?

Ele assenti e diz:

- Então me beija de novo... – ele pede.

E nos beijamos. Dessa vez o beijo é mais intenso que o primeiro. Vamos para cama e me deito por cima dele. Meu pau está tão duro que tenho medo de machuca-lo. Enzo abre as pernas e me coloco entre elas e começamos a nos esfregar um no outro.

- Delíciaaa... Enooo – enquanto falava ia beijando seu pescoço. – Meu lindo..

- Gabe... Eu quero você! – Eno aperta minha bunda e com isso meu pau encosta mais ainda nele. Gememos.

Então escutamos a voz da minha irmã gritando por nós. Dou um pulo da cama. Não há como disfarçar, mesmo minha camiseta encobrindo, minha ereção estava mais que evidente.

- Espera aqui, Eno. – vou até a porta e grito – Já estamos indo, Tati. Estamos conversando.

Ela resmunga qualquer coisa e desce. Fecho novamente a porta e olho para Enzo. Ele ainda estava deitado e seu pau fazia com seu short parecesse uma barraca. Sorrio e volto pra ele e resolvo ser ousado. Abaixo um pouco seu short e seu pau salta diante de mim.

- Confia em mim? – pergunto.

- Sim, Gabe... – Enzo está me olhando.

Então coloco a cabeça do seu pau na minha boca e dou uma chupada. Ele geme alto.

- Shiii... Eno... Mais baixo. – eu paro e olho pra ele – Se eu te chupar promete gozar logo? Não temos muito tempo.

Ele apenas confirma com a cabeça. Sorrio mais uma vez e caio de boca naquele membro delicioso. Enzo era dotado, nada exagerado, mas grosso e com uma cabeça em forma de cogumelo.

Chupo por vários minutos me deliciando com o pré gozo. Sinto que ele endurece mais e acelero um pouco a chupada. Enzo geme um pouco mais alto e goza na minha boca. Tomo tudo e ainda limpo seu cacete.

- Você engoliu? – Enzo me pergunta surpreso.

Sorrio malicioso. Engoli porque é ele.

- Sim, meu amor. Engoli tudo. Só porque é você, Eno. – e me aproximo de seus lábios – Quer sentir seu gosto?

Ele nem espera e me beija. Gememos. Eu o afasto um pouco.

- Precisamos descer. – digo.

Enzo suspira.

- Eu sei. – ele me olha. Agora estava encabulado. – Gabe... O que acontece a partir de agora? Com a gente?

Chego perto dele e o beijo. Estou viciado em sua boca.

- Vamos deixar rolar, ok? – ofereço – Não quero que se sinta forçado a nada. Vamos nos curtir e ver no que dá? Tudo bem pra você?

- Ok. – ele concorda.

- Vou ao banheiro me recompor. Preciso baixar meu fogo. Quer ir na frente?

Ele ri.

- Sim... Espero você lá embaixo.

Dou mais um beijo e entro em seu banheiro. Não rolaria punheta e sim um banho gelado rápido. Vejo Enzo caminhar até a porta. Ele olha para trás e me dá o melhor sorriso do mundo.

A partir daí percebo que estou perdido. Eu o amo.

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Comentários

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Comecei agora a ler seu conto e já de cara gostei muito... Vamos ter muitos problemas nesta relação, mas é bom saber que hoje estão bem.

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Suara meus agradecimentos pelo elogio e sim, eles terão problemas com a Vera e obg por você ter curtido a leitura.

VALTERSÓ... Nunca na minha humilde existência achei que vc fosse ler e gostar do meu conto. Apenas fique calmo querido, essa "enrustidez" (KKKK) do Gabriel tem data de validade. Obg querido!!

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SENSACIONAL. MAS NÃO CURTO ESSE LANCE DE SER ENRUSTIDO. MELHOR SEMPRE É ENFRENTAR TUDO DE CABEÇA ERGUIDA. AQUI ANSIOSO PELO PRÓXIMO CAPÍTULO

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Um conto muito bem escrito, gostoso de ler...já da pra saber a barra que eles vão enfrentar com as famílias, principalmente com a mãe do Gabriel...Agora a pergunta que não quer calar - É verídica essa história? - ...Ansiosa pelo próximo capítulo. Bjs qrdo.

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