AMOR DE PESO - 02X15 - O CASAMENTO E REENCONTROS

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 4142 palavras
Data: 07/07/2018 22:21:39
Última revisão: 06/07/2022 20:00:00

Pai e mãe,

Voltei com o Zedu. Sei que prometi que não faria, mas tive que dar uma chance, sabe? Não queria me arrepender no futuro. Espero que agora, a gente possa viver em paz.

***

Eu tenho um encontro com o Zedu. Apesar de estarmos namorando há um tempo, ainda não me acostumei com os encontros. Somos namorados. Assumidos. Felizes. Andamos de mãos dadas, claro que, às vezes, algumas pessoas nos olham torto, mas isso nunca foi uma preocupação.

Nós decidimos ir a um espetáculo de circo, então, escolhi roupas leves, geralmente, os circos são abafados e não queria passar calor. Estava indeciso entre uma camisa dos iniciais de Kanto (Charmander, Bulbassauro e Squirtle) da franquia Pokémon e uma camiseta tie dye, feita por mim.

Do nada, um grito me assustou. A voz era da Giovanna. Vesti a camisa do Pokémon e corri para o quarto da minha irmã. A encontrei chorando sob a cama. Ela usava um roupão rosa chiclete e nos cabelos uma toalha da Barbie.

— O que foi? — perguntei ao entrar.

— Uma tragédia. Eu não posso mais viver. — Giovanna contou desesperada e com as mãos no rosto.

— O que aconteceu, minha filha?

— Oh, titia. — disse Giovanna, andando de uma lado para o outro. — A minha vida, titia. Ela está arruinada. Já não basta o Yuri cantar. Essa coisa ainda acontece comigo. Eu vou morrer.

— É mesmo, você nunca disse para gente que sabia cantar tão bem, fiquei toda arrepiada. — comentou tia Olívia me fazendo soltar uma risada.

— Eu nunca achei que fosse cantar na frente de alguém, mas, precisava me declarar para o Zedu de alguma forma.

— Hello, vocês dois. — Giovanna chamou nossa atenção e estralou os dedos. — Pré-adolescente em crise aqui, Jesus.

Depois de muito enrolar, a Giovanna tirou a toalha da cebeça. Meu Deus!!! O cabelo da Giovanna estava verde alface. Ela explicou que havia comprado uma tinta de cabelo chamada "Unicornio Saltitante". Eu não sabia como reagir. Olhei para a tia Olívia e explodimos em uma risada.

— Parem. Parem. — implorou Giovanna, cobrindo os cabelos.

— Giovanna, como você fez isso no seu cabelo? — tia Olívia indagou, tentando controlar a risada, mas falhando miseravelmente.

— Era para deixar meu cabelo colorido. — explicou Giovanna, chorando.

A formatura de Carlos seria em duas semanas e a minha irmãzinha queria chegar abalando. Alerta de spoiler: ela conseguiu o seu objetivo. A levamos ao salão, mas o cabeleireiro disse que a química era muito forte para os fios delicados de Giovanna, ou seja, qualquer estratégia para mudar a cor poderia trazer prejuízos.

Peguei uma carona para a titia e fui encontrar o Zedu. Eu contei toda a história da Giovanna, quer dizer, tentei, porque as risadas não deixavam.

— Tadinha dela. — soltou Zedu, enquanto calçava o tênis. — Para de rir. — me repreendeu.

— Você teria a mesma reação. — justifiquei deitando na cama dele. — Ainda bem que as aulas estão acabando, né? Foi um ano e tanto.

— E o que o meu namorado deseja fazer nas férias? — ele perguntou, sentando ao meu lado e acariciando os meus cabelos.

— Aproveitar com você. Quem sabe fazer um curso de fotografia. E ficar mais desesperado para escolher um curso para a faculdade. — respondi aproveitando o carinho dele.

— Você arrasa nas fotos. É um excelente fotógrafo. E, por favor, vamos colocar o assunto faculdade só no terceiro ano, por favor. — implorou Zedu, mostrando o lábio inferior e fazendo uma carinha de choro.

Não muito longe dali, outras pessoas tentavam compreender seus sentimentos. Letícia, Bernardo e Arthur se encontraram para conversar. Eles estavam namorando. Sim, eles assumiram uma relação poliamorosa, entretanto decidiram criar regras para não deixar tudo mais confuso do que já aparentava.

A minha amiga queria que os garotos ficassem à vontade para criar suas próprias regras, então, pediu para eles começarem.

— Eu fico com a segunda, quarta e sexta. — disse Bernardo, se referindo aos dias que queria ficar com Letícia.

— Quer dizer que eu fico com terça, quinta e sábado? E no domingo? — questionou Arthur.

— Ela descansa. — Bernardo respondeu dando com os ombros.

— Como assim? Temos que decidir quem vai ficar com ela no domingo. — afirma Arthur.

— Ei. — soltou Letícia, chamando a atenção dos namorados. — Ela está aqui. Seus ogros.

— Desculpa, amor.

— Será que vamos conseguir? — Bernardo questionou, mais querendo saber a própria resposta do que as de Letícia e Arthur.

Aquela semana parecia que não queria acabar. Graças a Deus, consegui me sair bem em todas as matérias. A minha nota mais baixa foi 9,7. Já os meus amigos e meu namorado, principalmente, não se saíram tão bem.

Nos reunimos em uma sorveteria para conversar, apesar do climão entre a Ramona e o Brutus. Continuavámos sendo amigos e nada mudaria esse quadro. Eles ficaram reclamando de suas notas ruins, enquanto eu saboreava uma deliciosa banana split com sorvete de cupuaçu (essa mistura é dos deuses, acredite).

Fiz um pequeno discurso sobre disciplina, afinal, os últimos meses não foram fáceis para mim e, mesmo com os problemas, consegui uma média exemplar. Com certeza, receberia a honra de melhor aluno. Só não me garanto subir ao palco de novo (muitos gatilhos).

— Gente, o Yuri pegou 9,7 em educação física. — disse Zedu, que ficava lindo quando contava uma fofoca. — Eu fiz tudo, peguei 9,0.

— Mas ele passa vários trabalhos para mim, isso só mostra uma coisa: a inteligência vence a força bruta. — afirmei usando a minha expressão de superioridade, antes de dar mais uma colherada no sorvete.

— Deveria dividir essas notas com a gente, quase fico de recuperação em matemática. — disse Brutus com a boca toda lambuzada de sorvete de morango.

— Esse Brutus não aprende. — soltou Ramona, pegando um guardanapo de papel e limpando a boca de Brutus.

Eita. Que cena. Eu sempre shippei os dois. De uma forma estranha, o Brutus e a Ramona se completam. Ela percebeu o fora e se encolheu na cadeira. Para tirar o foco, o Zedu continuou o drama da nota baixa em matemática.

Como o tempo passa rápido, né? Parece que foi ontem que cheguei em Manaus, mas já se passou quase um ano. Infelizmente, por causa da morte de Ulisses, a gente não aproveitou tanto os últimos meses, porém, o Zedu queria seguir e consigo levaria as melhores recordações do seu pai.

Cara, como eu amo ver esse garoto sorrir. Eu já falei que o rosto do Zedu é expressivo. Quando ele ri, duas covinhas nascem em suas bochechas e os olhos fecham. Eu já decorei cada parte deste rosto e quero continuar desvendando todos os seus segredos. Nos últimos meses, já conheci o Zedu amoroso, ciumento, triste, encucado, valente e raivoso. Eu quero mais. Preciso de mais.

— Tá tudo bem? — ele perguntou ao me ver divagando.

— Sim. Eu só quero guardar esse momento comigo. — respondi, colocando a mão na coxa dele e apertando. — Eu te amo.

— Também te amo.

***

De acordo com as teorias do engenheiro aeroespacial, Edward Murphy, se algo pode dar errado, dará. Às vésperas do casamento, a banda cancelou a participação. Aparentemente, a logística para o hotel onde aconteceria o evento não ia mais acontecer. No estúdio, a situação virou um caos total.

George e Jonas tiveram que atrasar o casamento em alguns dias, então, eu já estaria de férias quando eles casassem. No estúdio, as coisas eram um caos total, uma vez que o local era o Quartel General do casório. Eu precisei assumir algumas sessões para George, o Lucas ficou me auxiliando, e aproveitou para fazer um dinheiro.

— Yuri! Me salva! — gritou Hélder de maneira dramática. — Você precisa cantar no casamento.

— Como assim? — perguntei, quase derrubando a câmera no chão.

— Você vai cantar no casamento. Não estou conseguindo uma banda. — Hélder parecia mais desesperado que o normal. — Por favor. Eu te imploro. — ficando de joelhos no chão e me deixando constrangido.

— Eu não sei tocar violão e...

— A irmã do Lucas vai tocar para nós. Precisamos de uma música romântica para a primeira dança dos noivos. — explicou Hélder ainda de joelhos no chão. — Yuri, por favor. Eu não consigo mais dormir. Eu não consigo comer. Ontem, por exemplo, eu desmarquei com um boy gato.

***

Ao invés de lamentar, Mundico focou na fisioterapia. Ele conseguia fazer movimentos que antes lhe causavam dor. Quem ficou feliz com a evolução dele foi Juarez. Naquela tarde, eles receberam um convite para se apresentar em um espaço para jovens LGBTQIA+. A ideia era ser a atração de um evento beneficente.

Apesar de tudo, Mundico ficou receoso, afinal, ele não queria falhar durante a performance ou decepcionar a si mesmo. Depois de muita conversa, Juarez o convenceu a aceitar. Eles teriam alguns dias para bolar uma coreografia.

— Eu estava pensando em chamar a Ramona. Ela tem uma história de vida tão bonita, né? E também convidar outros tipos de corpos, tipo o Yuri. — afirmou Juarez, deixando o namorado orgulhoso.

— Olha, quem te viu, quem te vê. Uma atitude linda, amor. — disse Mundico o beijando.

— Você me fez ver a vida de outra maneira, sempre fui um cretino, mas agora vejo a luz.

Odeio me vestir formalmente. Geralmente ou quase sempre, as roupas nunca ficam legais em mim. O Zedu, por outro lado, fica gato com qualquer look. Sério, esse menino combina com qualquer coisa.

Buscamos algumas opções para o casamento do George. Como eu já tinha juntado uma grana, não era necessário pedir da minha tia. O difícil foi encontrar uma loja que tivesse roupa para nós dois. O Zedu queria que escolhêssemos juntos. Não foi fácil, mas conseguimos achar uma loja com roupas plus size.

"O que vestir em um casamento na praia", digitei no Google e o Zedu soltou uma risada abafada, porque não sabíamos o que usar para a cerimônia. Fora que o clima no Amazonas é louco. Vai do céu ao inferno em dois segundos, apesar de ficar a maior parte do tempo no inferno.

Começamos pela paleta de cor. Segundo o Google, os tons claros ou pastéis eram ideais para casamentos na praia. Em seguida, procuramos pelas minhas roupas, pois, com certeza, existiria uma peça igual para o tamanho do Zedu.

A vendedora trouxe algumas camisas lindas. Fiquei apaixonado por uma camiseta social rosa pastel. O tecido era perfeito para enfrentar o calor do Amazonas. Em menos de um minuto, a vendedora achou uma igual para o Zedu.

Queríamos ir com a mesma cor, porém, nossas personalidades falaram mais alto. Enquanto, eu optei por um suspensório, o meu namorado pegou um colete. Devido à praia, achamos melhor usar uma bermuda cáqui e sandálias, no estilo sandálias de Jesus, na mesma cor das bermudas.

— E você já sabe qual música vai cantar? — Zedu perguntou, parando de falar, porque estava tendo dificuldade para colocar a bermuda.

— Não faço a melhor ideia. Vou dar uma pesquisada, talvez 'Oasis'. — respondi, sem ter a mínima ideia de qual música cantar no casamento.

— Não vai cantar a música da Sally, né?

— Você quer dizer 'Dont Look Back in Anger'? Jamais, essa é minha música.

Jovens podem ser considerados como sonhos ambulantes. No fim do curso, os colegas de Carlos, todos na faixa dos 20, se reuniram para abrir um escritório de advocacia. O namorado da tia Olívia almejava uma carreira nos tribunais. Após me deixarem com o Zedu na loja de roupas, eles seguiram para a casa que serviria como pontapé inicial do negócio.

Na cabeça da titia, um escritório deveria estar localizado em uma grande avenida, ou em algum prédio comercial. A pior parte? A casa estava danificada e eles precisariam fazer várias reformas para deixar o lugar bonito.

— Amor, tem certeza que não quer aceitar a minha proposta? O dinheiro é bom... e...

— Olívia, no momento, eu, eu não procuro dinheiro. — admitiu Carlos, tentando não ser grosseiro com a sua namorada. — Tenho 30 anos. Quero vivenciar a profissão que escolhi. Sabe como é difícil para mim? Meus sócios são jovens, eles têm projetos e sonhos, os mesmos que os meus.

— Desculpa, eu não queria.

— Tudo bem. — Carlos respirou fundo e continuou. — Você deve me achar patético por falar de sonhos aos 30 anos.

— Não, jamais. Se esse é o teu sonho, de verdade, eu vou apoiar. — garantiu a tia Olivia.

Nada melhor do que conhecer uma pessoa nova, né? Ramona decidiu dar uma chance para Julian, o sobrinho de Carlos. Eles saíram algumas vezes para o desespero de Brutus. Uma tarde, a gente saiu para conversar, apenas os garotos do grupo. E o assunto do rolê? O novo interesse amoroso de Ramona.

O Brutus sabia ser dramático, mais que o Hélder. O meu amigo fortinho andava de um lado para o outro e falava tão rápido quanto seus passos. Confesso que não prestei muita atenção, a minha cabeça só pensava na música que eu cantaria no casamento do George e Jonas.

— Menino chato, fica colocando vários emojis nas fotos da Ramona. — reclamou Brutus, olhando para uma atualização no feed das redes sociais de Ramona.

— Não quero ser o chato do rolê, mas já sendo, tú não terminou com ela por causa do, você sabe. — disse Juarez, que estava sentado ao lado de Mundico e o abraçava com o braço direito. — E depois ficou se agarrando com a periguete da Kellen?

— Ele tem uma boa colocação. — salientou Zedu.

— Eu não peguei a Kellen, credo, ela é minha amiga. — se defendeu Brutus, que, realmente, não ficou com Kellen.

— E a Ramona ser hermafrodita não é uma coisa que te incomoda? — questinou Juarez, começando a bolar um plano em sua cabeça.

— Sim, mas, tipo, cara, ela é a Ramona. Eu sonho com ela há anos.

— Então, vai a luta. Olha o Juarez, por exemplo. — falou Mundico, deixando Juarez todo orgulhoso. — Era ruim. Primeiro, tentou me matar. Depois, mentiu, mas, mesmo assim, estava destinado a ficar comigo. O amor pode ser muito estranho.

— Essa doeu. — Zedu aproveitou para brincar com Juarez, que apenas revirou os olhos.

— Ei, nem vem não. Senhor faz barraco bêbado em festa de adolescente. E realmente, eu mudei, e graças ao Mundico. — disparou Juarez, beijando o rosto de Mundico que retribuiu o beijo.

— Amor. — Zedu me chamou com uma voz infantil. — O Juarez falou mal de mim. Bate nele.

— Oi?

— O grandão tá mais distraído do que a minha avó quando acessa a internet. — comentou Brutus, fazendo todos rirem.

O Zedu explicou sobre a minha participação no casamento do George e Jonas. De repente, eles elogiaram a minha apresentação no trabalho de inglês. Eu, particularmente, não sei receber elogios. Tenho certeza que o meu rosto está todo vermelho.

— Gente, para. — pedi mexendo as mãos de maneira engraçada. — E qual é o papo?

— Brutus, namorada hermafrodita, preconceito... essas coisas. — enumerou Juarez me contextualizando sobre o assunto à mesa.

— Não reclama, oras. — respondi de uma maneira grossa, mas sem ter essa intenção. — Você que dispensou a menina. Deve decidir o que quer. Eu não queria deixar o Zedu e fiz uma surpresa.

— Acha que devo fazer uma surpresa, mas qual? — perguntou Brutus.

— Eu tive uma ideia perfeita! — gritou Juarez, ficando em pé e nos assustando. — Meu querido, agradeça por me ter como amigo. — olhando para Brutus e sorrindo.

***

Chegou o final de semana do casamento. O calor de Manaus resolveu ficar ainda maior naquela sexta-feira. O vento também não ajudou. Pegamos um barco na orla da cidade. O Zedu e eu colocamos todas as nossas roupas em uma mala. Então, percebi que essa era a segunda viagem que faríamos como casal.

Todo mundo que participaria do casamento estava hospedado em um hotel de selva, mas eram poucos convidados. Acho que 30 pessoas, infelizmente, os pais do Jonas não aceitaram o convite. Fiquei lisonjeado pelo convite, ainda mais, por levar o Zedu. O preconceito não existia ali, não naquele momento. Muitos casais gays aproveitando a natureza, tomando banho no rio.

— Olha, amor! — gritou Zedu em cima de uma árvore e pulando na água.

— Nota 10. — eu disse fingindo levantar uma placa.

— Que legal esse lugar, né? — perguntou Zedu depois de emergir.

O momento de paz foi atrapalhado por Lucas, que correu e espalhou água para todos os lados. Ele ficou ofegante e quase não conseguiu falar.

— Não se assustem, mas o Diogo está aqui. — ele anunciou.

Puta merda. Como assim? O Diogo estava ali. Fiquei muito nervoso e voltei para o quarto. O Zedu pediu para mantermos a calma. Ele queria que a gente agisse normalmente.

Naquela tarde, tivemos um pequeno ensaio do casamento e, claro, foi inevitável encontrar o Diogo. Ele parecia muito diferente. Os seus cabelos estavam pintados com fios loiros, o corpo mais magro e, até mesmo, uma tatuagem no braço.

Apesar do desconforto, tudo aconteceu de acordo com o planejado. Confesso, que mudei a minha opinião sobre casamentos na praia. O lugar ficou impecável.

Sobre o Diogo, o coitado do George pediu perdão. Explicou que enviou um convite para Diogo, mas não tinha certeza da sua presença. Um momento de constrangimento? O Hélder. Quer dizer, todos os momentos em que o Diogo estava, o meu amigo fazia algum comentário engraçado.

— Gente, esse casamento vai ser BA-BA-DO. — comentou Hélder, abrindo o leque e ventilando o próprio rosto.

— Calma. — pediu Diogo, tirando os óculos escuros. — Pessoal. Eu estou bem. O Yuri e Zedu sempre se gostaram. Estou feliz por eles. Fora que eu trouxe o Andrew. — apontando para um rapaz gordinho que estava ensopado de suor e protetor solar. — Sério. Estou de boas.

— Eu também. — menti me sentindo envergonhado.

— Tudo na paz. — disse Zedu, com certeza, constrangido.

O casamento aconteceria no sábado, às 17h45. De acordo com o google, esse seria o horário que o pôr do sol estaria no seu ápice. Ainda na sexta-feira, rolou uma festinha para os convidados do casamento, afinal, celebrar o amor nunca era demais.

Como os únicos adolescentes da festa. Zedu, Lucas e eu, ficamos bebendo e conversando em uma parte mais distante. A gente já havia dançado bastante. Gostava de ver a felicidade do George e Jonas, era tão genuíno.

— Vocês querem mais bebida? — perguntou Lucas, levantando da areia.

— Quero água. — pedi.

— Eu vou contigo. — disse Zedu. — Quero mais salgadinhos.

A brisa da noite bateu no meu rosto. Estávamos sentados próximo a água e conseguia ouvir o banzeiro quebrando. De longe, enxergava as luzes da cidade e alguns barcos que passavam cruzando o rio.

— Grande, Yuri. Podemos conversar?! — perguntou Diogo se aproximando e me assustando.

— Cla.. claro. — respondi levantando. — Diogo, eu quero pedir desculpas e...

— Ei, não vamos falar do passado. Foram muitas mágoas, você me magoou, depois eu fiz a besteira de cair nos planos do João.

— Escuta, você acha que a gente ainda tem chance? — ele questionou colocando as mãos nos bolsos da calça.

— Diogo. — respondi, dessa vez, esperando um tempo maior para continuar, porque queria escolher as palavras certas. — Eu amo o Zedu. Ele é o amor da minha vida. Infelizmente, a gente não era para ser.

— Tudo bem. Pelo menos, eu tentei. Estou seguindo a minha vida. Espero que em um futuro próximo vocês possam me visitar em Portugal. Vocês vão adorar. Agora, deixa eu ir cuidar do Andrew, prometi a mãe dele.

— Tudo bem, Diogo.

Sim. O Diogo e eu, vivemos uma linda história. Ele ajudou a quebrar vários preconceitos dentro de mim. Hoje, me aceitou mais. Estou de bem com o meu corpo. Enfim, espero que o Diogo encontre a felicidade.

De repente, o Zedu apareceu choroso e deixou os salgadinhos no chão. Ele me contou que ouviu a conversa. Cheguei perto do Zedu e o abracei forte. Nós choramos juntos abraçados. O meu namorado enfrentou coisas ruins nos últimos tempos.

— Tenho que te pedir desculpas também. — Zedu me pediu. — Por ser um babaca. Você sempre faz a coisa certa, amor, sempre. Eu prometo que a partir de hoje vou tentar ser mais maduro. Você tem toda a minha confiança.

— Eu sei amor, também te amo e aceito suas desculpas. — garanti o beijando.

— Eu daria a minha vida por você. — soltou Zedu.

— Também não precisamos ser tão dramáticos, né. — falei fazendo uma careta.

— Você não daria a sua vida por mim, Yuri?

Voltamos para o quarto e aproveitamos a solidão. Sábado pela manhã, acordei e fiquei parado, esperando o mundo parar de girar, o pior? Não havia levado um remédio para ressaca. Que droga. Depois do almoço, ficamos tomando banho no rio.

O cenário era paradisíaco. Pena que não pude levar a minha família ou amigos, mas prometi que faria algo parecido no meu aniversário. Antes do casamento, precisei ensaiar com a irmã do George, que tocaria para mim. Acabei me atrasando e tive que tomar um banho rápido.

— Zedu, cadê a minha meia? — perguntei desesperado.

— Calma, amor. — pegando a meia na mala e me entregando.

— Tô nervoso.

— Ei, você enfrentou toda a escola para fazer uma declaração de amor, lembra? — ele questionou se abaixando na minha frente e colocando a meia no meu pé. — Você vai arrasar.

Tá, confesso. O Hélder arrasou na decoração do casamento. O lugar estava lindo de morrer. Até o clima ficou favorável e o pôr do sol, nossa, maravilhoso. O juiz de paz responsável pelo matrimônio chegou atrasado, entretanto, não tirou a beleza do enlace.

Lágrimas e risos, a cerimônia emocionou todo mundo. Meu namorado segurou a minha mão. Ele era lindo, ainda mais com o cabelo penteado para cima.

Finalmente, o meu momento chegou. Levantei e andei até o local onde foi realizado o casamento. Peguei o microfone e, mais uma vez, me assustei com a microfonia. Respirei fundo e olhei para o Zedu. Ele fez sinal de positivo e sorriu.

— Boa noite. Me chamo Yuri, e sou amigo dos noivos. Estou muito feliz por estar aqui. Quando o George pediu para eu cantar no casamento, nossa, fiquei nervoso e demorei para decidir o repertório, mas, escolhi uma música que escutei um dia desses com o meu namorado. Espero que vocês gostem.

***

Pra maior festa da vida

Quem convida é o amor

O céu acende luzes

E nos faz um favor

Sinceridade no olhar

Linda canção vai embalar

Quero encontrar meu par

Pra minha dança começar

***

Emocionados, George e Jonas dançaram. Eles aproveitaram para fazer declarações um para o outro. Enquanto cantava, olhei para o Zedu que sorria. Diego me observou por um tempo e, em seguida, voltou os olhos para Zedu. Ele entendeu que o nosso amor era verdadeiro.

O coitado do Lucas ficou triste, porque não tinha ninguém especial na sua vida. Na verdade, ele lembrou do João e de tudo que viveu nos últimos anos. Apesar de tudo, ainda existia um sentimento ali.

— Eu te amo desde o primeiro momento que te vi. — garantiu George beijando o marido.

— Obrigado. Você me ama e me protege. Mesmo quando a minha família virou as costas. — agradeceu Lucas, escolhendo aquele dia como o mais feliz de sua vida.

— Não se preocupe, amor. Vamos ter uma família grande e numerosa. — afirmou George, conduzindo a dança.

— Vamos começar com um um gato. — disse Jonas, sorrindo.

***

Segura a minha mão

Você terá que me cuidar

É teu meu coração

Se você for meu par

Ninguém gosta de solidão

Mas escolhi te esperar

Fiz uma oração

Pra este dia chegar

Fiz uma oração

Pra este dia chegar

***

Brutus decidiu fazer uma declaração para Ramona. Ele contou com a ajuda de Juarez e Mundico. O meu amigo era um péssimo dançarino, mas faria de tudo para reconquistar sua ex-namorada. Já Mundico, se mostrou um ótimo professor de dança e, apesar das dificuldades, conseguiu criar e executar uma coreografia para Brutus fazer.

A surpresa do dia ficou para Mundico que conseguiu executar toda a coreografia sem sentir nenhuma dor.

— Amor, você conseguiu. — Juarez observou com um sorriso no rosto.

— Sim, eu consegui. — comemorou Mundico, abraçando o namorado.

— Isso significa que a sua recuperação está dando certo. Muito bom. — parabenizou Brutus, quase desmaiando no chão.

***

Ninguém gosta de solidão

Mas escolhi te esperar

Fiz uma oração

Pra este dia chegar

***

— Eu prometo que vou me esforçar para ser um namorado melhor, Yuri. — Zedu soltou, após deitarmos na cama, aproveitando a última noite no hotel.

— Eu sei, amor. Sabe, eu fiquei olhando para a cidade e me deu um medo. — revelei puxando a coberta.

— Medo?

— Das surpresas da vida. Quero muito construir algo bacana contigo.

— Contanto que a gente enfrente essas surpresas juntos. — Zedu me beijou e acariciou meu cabelo. — Posso te fazer uma pergunta?

— Claro.

— Valeu a pena esperar por mim? Esperar que eu resolvesse todos os problemas na minha cabeça? — ele perguntou.

— Claro que sim. Não me arrependo de nada, Zedu. — respondi o beijando.

Quem não superou o nosso retorno foi José Leonardo. Ele preparou um plano para separar a gente. E ninguém poderia ficar lhe impedir de conseguir o seu objetivo. Naquela noite, JL visitou o antigo terreno da família, o mesmo onde o Arthur rodou o seu curta-metragem. A propriedade foi vendida, mas ele guardou cópias de todas as chaves.

— Está tudo pronto. Agora só preciso colocar meu plano em ação. — olhando para o céu. — Se preparem, vamos encontrar o papai logo, logo.

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Comentários

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Poxa, tava tudo tão bom até que chegou esse final aheuaheua. Giovana melhor pessoa e Yuri com as melhores respostas. Cada dia eu "shippo" mais o Yuri e o Zedu e me impressiono com as declarações e o gosto musical do Yuri, só falta ele cantar More Than Words ou Wish You Were Here pro Zedu, aí eu choro. Sempre bom um episódio de fofura antes da merda acontecer, como nesse caso vai ser culpa do J.L. O mais legal foi ver o Zedu arrependido e não escondendo sentimentos (chorando com tudo, bem eu) o que demonstra que ele realmente ama o Yuri... Ah, e "Dont Look Back In Anger" é MINHA musica, só minha hahaha

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EITA, LÁ VEM O JL COM SUAS TRAPAÇAS. ESPERO QUE DESSA VEZ ELE ENCONTRE O QUE MERECE QUE É O FOGO DO INFERNO. E NEM ME DIGAM O CONTRÁRIO. E NEM ME DIGAM QUE ZEDU VAI PERDOAR PORQUE É IRMÃO. SOU MUITO BOM ATÉ A PÁGINA 2 MAS SE ME PISAM NO CALO EU QUERO QUE SE DANE PRA TODO SEMPRE.

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