DECADÊNCIA II - Parte I - DE SANTA À PUTA

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 1378 palavras
Data: 30/07/2018 11:16:55
Última revisão: 30/07/2018 15:00:18
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

DECADÊNCIA II – Primeira parte

Maria terminava de pôr o jantar sobre a mesa, naquela noite. O marido chegara com a cara amarrada, como sempre. Era como se ele já não soubesse mais sorrir. Chegava como um porco e sentava à mesa. Como um porco comia e, depois, como um porco roncava no sofá da sala.

Nunca tiveram filhos. Sempre pensara que era “seca”, como o marido lhe fazia acreditar. Na igreja, aos domingos, ouvia o pastor falando sobre ter fé que se alcançaria a glória. Glória para ela só se fosse no Céu, pois na Terra era só o mesmo sofrimento.

Levantava cedo, trabalhava na quitanda do Seu Joaquim, voltava pra casa. Tudo como um autômato. Não sabia mais o que era sorrir de felicidade, mesmo. Sorria mais por fingimento.

A vida naquela cidadezinha medíocre era sempre a mesma: casa, trabalho, casa, marido, choro, tristeza. E noites insones. Maria parecia como uma santa. Nunca reclamava. Nunca falava mal de ninguém, nem tinha qualquer comportamento irrepreensível. Mas, naquela noite, ao ouvir o marido roncar pelo décimo ano seguido, ela chorou lágrimas silenciosas e quentes. Não suportava mais aquilo. Não queria mais pra ela aquela vida.

Maria casara jovem, virgem, pura e imaculada. E logo na primeira noite descobriu o significado do sexo. Coisa suja, dolorida e pegajosa. O marido quase a partira ao meio. Passou a odiar sexo.

Nunca gostara de ler romance, ao contrário de suas amigas. É que não acreditava em amor. Dizia que queria viver com os pés no chão e que os romances – tão irreais – embotavam a razão de quem os lia.

Maria vivia no século retrasado. Usava roupas pesadas, escuras, sóbrias, sempre de mangas compridas. Nunca usava calças. Maquiagem, também não. Porém, Deus lhe havia abençoado com um corpo escultural. Firme e jovem. Longas pernas, lindas curvas. Mas ninguém as via. Estavam sempre encobertas por antiquadas roupas. Nada fazia para realçar aquela beleza quase divina.

Lábios rosados, olhos azuis, pele branca e cabelos negros como a noite sem lua. Nunca soltava as madeixas. Cortava sempre as pontas dos cabelos que já passavam da altura do quadril. Davam um trabalhão danado a ela penteá-los, por isso usava-os sempre em uma longa trança.

Chorou, então, naquela fatídica noite. Chorou muito, até não haver mais lágrimas. Depois, dormiu, como sempre fazia após uma dessas suas depressões. E acordou conformada com a sua sina, também como sempre. Mas já não era mais a mesma. Alguma coisa havia mudado nela durante o sono. Só não sabia bem o quê.

Foi trabalhar na quitanda, como fazia todos os dias, e sentiu-se mais jovial, mais alegre. Seu Joaquim até estranhou seu comportamento, antes tão sisudo. Apesar de respeitar muito a jovem evangélica, era um homem libidinoso. Percebera suas formas volumosas sob as pesadas roupas desde que a contratou a pedido do marido, que passava por dificuldades financeiras. No íntimo, ele achava que ela havia feito sexo gostoso na noite anterior, daí o motivo do seu contentamento. Mas não comentou nada com a funcionária, pois ela poderia pensar que era enxerimento. Maria conhecia a sua mulher e suas filhas, e ele também não queria problemas com o marido dela. E o dia passou depressa.

À noite, enquanto se arrumava para ir ao culto com o marido, sentiu-se incomodada em vestir suas roupas antiquadas. Passou algum tempo admirando-se, nua, diante do espelho do banheiro, coisa que nunca havia feito na vida. Levantou os seios com as mãos, desejando tê-los mais firmes. E achou horrível aquela moita entre as pernas. Não se depilava fazia tempos. Talvez o tempo que estava sem manter relações sexuais. Procurou uma indumentária mais leve e não encontrou. Prometeu comprar alguma coisa mais jovial assim que recebesse a semana de salário da quitanda. E saiu de braços com o marido em direção ao ponto de ônibus, descendo três paradas depois, quase defronte ao templo onde costumavam ir orar sempre que havia assembleias.

Chegaram atrasados e não encontraram mais lugar para sentar. Não sabia por que, o templo estava lotado. Só depois, percebeu o motivo: o pastor era novato. Um jovem bonito e eloquente com quem Maria simpatizou imediatamente. Não gostava do antigo pastor, por isso quase nem ouvia o seu discurso. Passava o tempo todo de cabeça baixa, orando para o Senhor. Mas iria dedicar, a partir de então, a sua atenção ao belo pregador. De repente, sentiu-se ruborizada com esses pensamentos. Nunca ousara pensar em outro homem que não fosse seu marido. Baixou a cabeça, envergonhada. Não queria que o marido percebesse o seu desconforto. Foi quando levantou novamente a cabeça que teve a certeza de que algo tinha mudado dentro dela. Havia sentido um arrepio na nuca e olhou para trás, em direção à entrada do templo. Foi quando viu um homem totalmente despido adentar o recinto e se postar a poucos metros dela.

Olhou em volta, para sentir a reação das pessoas que estavam no culto, mas ninguém parecia incomodado com o homem, que aparentava uns trinta e poucos anos de idade. Achou que o Cão a estava tentando e só ela via o desconhecido. Porém, algumas mulheres o cumprimentaram respeitosamente, e isso derrubou por terra a sua teoria. Sim, lá estava aquele homem lindo, mais bonito que o pastor, totalmente nu entre as pessoas dentro do templo. Tinha um livro nas mãos que mantinha cruzadas, cobrindo o sexo. Mas o livro não era a Bíblia. Tinha a capa preta, como as tradicionais, mas havia alguma outra coisa escrita lá. Apurou melhor a vista e leu: Kama Sutra. Já ouvira essas palavras, mas não sabia bem o que significavam. Aí, o desconhecido olhou em sua direção.

Percebera que ela estivera olhando o tempo todo para ele e cumprimentou-a com um aceno de cabeça e um sorriso delicioso. Maria corou mais uma vez e baixou a cabeça novamente, para o marido não perceber. Entretanto, voltou a olhar em sua direção e ele ainda tinha a atenção voltada para ela. Fez novo aceno em forma de cumprimento, dessa vez afastando as mãos que cobriam seu sexo. E maria viu claramente o pênis em repouso entre suas pernas. Um pênis enorme. Quase que seu coração pula pela boca. Sentiu-se incomodada e cochichou ao ouvido do marido que queria voltar para casa. Alegou não estar se sentindo bem. Ele resmungou uma imprecação, mas fez sua vontade. Ao sair do templo, Maria ainda deu uma olhada para trás, procurando avistar o desconhecido. Ele estava lá, nu, acompanhando-a com o olhar e aquele sorriso maravilhoso nos lábios.

Maria passou muito tempo se banhando. E nada daquela sensação estranha passar. Os seios estavam intumescidos e sentia uma dorzinha no pé da barriga. Achava que estava para menstruar, mas lembrou-se que não fazia nem uma semana que haviam acabado suas regras. A boca estava seca e sentia um formigamento esquisito no grelo. Queria coçar muito ali, mas evitava essa prática pecaminosa. Porém, não se conteve. Untou os dedos com um creme e levou-os à vulva, massageando lascivamente ali. Foi como se seus dedos possuíssem eletricidade, que se espalhava por eles e sentia pulsando lá no íntimo. O útero enfurecido clamava por isso. E, provavelmente, até sua alma também.

Entrou num desvario. Esqueceu-se da vida, dos problemas, do marido, do pecado que estava a cometer. Olhando à sua volta, viu em cima da pia a escova de cabelos de cabo grosso. Nem piscou. Pegou-a e untou-a com creme. Deitou-se no chão gelado do banheiro que contrastava com sua pele em brasa, abriu bem as pernas e enfiou a escova na vagina – vagarosa e profundamente – e se masturbou ofegando. Se existia inferno nem queria saber pois, se morresse sentindo aquele prazer tão intenso, que fazia seu corpo tremer, nem se importava pra onde iria.

Descargas múltiplas faziam Maria entrar num torvelinho de sensações nunca experimentadas. Da sua garganta saíam gemidos primitivos, impelidos pela força natural que há nas mulheres em cio. Quando conseguiu se controlar um pouco, percebeu que de sua vulva escorria algo parecido com uma geleia translúcida. molhou a mão que não estava impregnada de creme ali, levou-a à boca e sentiu, pela primeira vez, o gosto do seu tesão.

Foi tirada do seu transe quando seu marido bateu à porta com violência.

FIM DA PRIMEIRA PARTE

Texto escrito por Ehros Tomasini e Lady M.

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Comentários

Foto de perfil genérica

Um bom início, com mistérios e indicações de que mudanças bruscas de comportamento vão ocorrer.

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