Os Verões Roubados de Nós/ CAPÍTULO 8

Um conto erótico de D. Marks
Categoria: Homossexual
Contém 1772 palavras
Data: 28/07/2018 18:23:32

Os Verões Roubados de Nós

Capítulo 8

Perto dali.

Antunes estava com o traseiro quadrado por horas de espera. Esperou, esperou e nada.

Eles simplesmente se trancaram dentro da casa. Durante a madrugada saiu em busca de alguma brecha que permitisse sua entrada no condomínio, pois sabia que ficava de frente a uma praia privada, mas nada. A praia era para uso exclusivo dos condôminos que por sinal ele achava um absurdo, mas se tratando de Brasil o impossível se torna possível graças ao dinheiro.

- Esse povo tem muita grana mesmo. – resmungou em voz alta – Tem que ter uma brecha. Nada é intransponível.

Com sua experiência de detetive aprendera a burlar certas leis dentro da lei (irônico não?), a passar despercebido e entrar e sair sem ser visto. Alguns casos exigiam mais que os outros e no final ele sempre conseguia material suficiente. SEMPRE.

Não conseguiu entrar no condomínio e desde então fizera plantão numa rua próxima de onde podia observar o movimento de entra e sai.

- O que vocês tanto aprontam aí, hein rapazes? – sua intuição experiente apontava para um romance entre os dois, mas nem sempre tudo é o que parece – Vamos lá, rapazes, me deem algo, por favor. Quero ir para casa ver minha princesa.

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Narrado por Gabriel

Desde a nossa ‘pseudo briga’ tudo estava as mil maravilhas, apenas pelo fato de que alguns alimentos estão acabando e outros já eram. Eno é magro de ruindade.

- O carinha pra comer, gente! – resmunguei fazendo uma pequena lista – Se engordasse o tanto que come estava é rolando. – e eu mesmo ri da bobeira.

- Quem está rolando, Gabe? – pergunta ele com voz sonolenta entrando na cozinha.

- Você mesmo seu come e dorme!

E o descarado me olha com cara de espanto.

- Eu?!? – apontando para o próprio peito.

- Sim. Você.

Ele ri muito.

- Eu não tenho culpa se meu metabolismo é acelerado e o seu não, meu bem! – ele está muito bicha.

- Sabia que você está muito bicha? – eu sou gay, assumo isso, mas não curto os afeminados em excesso. Ensaio uma cara feia e o boboca ri mais ainda.

- Eu sei amor, mas eu amo te provocar.

- Aaafff... Você é uma mona ridícula! – e tento fazer minha melhor interpretação de afeminado, mas não consigo. Sou muito ogro pra isso.

- Nossa amor, é melhor nem tentar. A comunidade agradece.

Rimos da nossa bobeira.

- O que vamos comer? – Enzo pergunta fuçando as panelas.

- O que eu disse antes? Seu come e dorme! – rio – Não tem nada que você gosta amor, porque você já devorou. Precisamos ir ao supermercado.

- Nós? – ele faz um bico – Você sabe que eu odeio compras.

Eu me aproximo e o abraço.

- Ah bebê! Vamos vai? Lembra que estamos treinando para a vida de casados? Como pode meu futuro marido não querer fazer atividades domésticas? – faço carinha de pidão.

- Gabe, atividades domésticas como o nome diz são ‘domésticas’ – ele faz aspas com os dedos – e que eu saiba não incluem idas ao supermercado. Isso fica para o outro marido, no caso você! – e sorri.

- Tudo bem... Vou sozinho. – suspiro – Mas você sabe o que acontece, né? Lembra-se da última vez...

Ele arregala os olhos e nem me deixa terminar.

- Vai parando por aí! Vou junto.

Sorrio. Ganhei à parada. Ele é ciumento demais.

- Ok. Vamos? – digo liberando do meu abraço.

- Calma aí bonitão! Vou trocar de roupa. – e correu para o quarto sem me dar chance para reclamação.

Enquanto ele se arruma coloco o carro pra fora e o espero pensando sobre nossas últimas horas. Resolvemos ficar reclusos por causa do medo dele de encontrar o tal fotografo. Até entendo o receio dele, mas reclusão não é para mim. Planejei um passeio até Trindade, luau a dois, piquenique e muitas fotos nossas. E claro fazer muito amor, principalmente se for onde eu quero, na praia.

Ainda nos restam quatro dias e quero aproveitar ao máximo. Até pensei em chamar minha irmã, mas desisti. Enquanto o observo fechar o portão penso na melhor forma de convencê-lo a sair de casa.

- Pronto príncipe?

- Sim meu súdito. Guie a nossa carruagem até o supermercado. – e seguimos nosso destino rindo e falando bobeiras.

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Narrado por Antunes.

Eu já havia decidido voltar para a pousada quando olho para a guarita e vejo o carro de Gabriel saindo. Como o vidro está abaixado consigo visualizar os dois.

- Que sorte! Até que enfim. – dou a partida seguindo o carro a uma distância segura.

Passamos por algumas ruas até sairmos numa avenida movimentada. Após alguns minutos vejo o carro entrar no estacionamento de um supermercado.

Parei numa rua lateral e preparei rapidamente a miro câmera. Coloquei um boné e uma jaqueta, apesar do calor. Dessa vez ficaria no meu melhor modo: invisível.

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Narrado por Enzo.

Nossa ida ao supermercado estava divertida. Eu que não curtia compras aceitei ir para deixa-lo feliz e também vigiar, né? Já aconteceu dessas desavisadas darem em cima do meu Gabe... Estou de olho mocréias!

Ele me mima comprando guloseimas, porém com um ‘que’ de remorso... Aaafff

- Amor eu sei que você é magro, mas pensa no futuro, ok? Pressão alta, problemas de coração. – ele está muito sério.

- Ah amor! Sou jovem ainda.

Gabe se aproxima e diz bem baixinho no meu ouvido.

- Eu sei vida, mas imagina meu marido não dando conta do recado porque está com pressão alta?

Meu olhar de pouco caso o faz rir.

- Você está achando que vou brochar? – pergunto bem sério. Ele confirma. – Vai sonhando, meu amor é mais fácil você não aguentar comigo. Quer exemplo? – pergunto todo debochado

- Melhor não... – ele para de rir. – Mas quero realmente que você se cuide, por favor, e também porque eu amo você demais Eno.

- Contra esse argumento não posso discutir. Prometo que na volta a São Paulo vou começar a me cuidar melhor. – e encosto meu corpo no dele. Amo nossa intimidade, nossa troca de olhar. Conversamos sem precisar pronunciar uma única palavra. Apenas por gestos e olhares. Não quero me gabar, mas o único casal que percebo essa troca são meus pais e acho maravilhoso.

Continuamos nossas compras quando um calafrio percorrer meu corpo. Sinto os pêlos da nuca eriçarem e paro o que estou fazendo. Estamos escolhendo um vinho para nosso jantar. Olho por cima do meu ombro e vejo um homem no final do corredor de costas para mim. Ele está de boné e com uma jaqueta. “Quem usa uma jaqueta nesse calor?” pensão enquanto o observo se abaixando para olhar as bebidas. Não parecia suspeito, mas a sensação ficou mais forte.

- Enzooo... – olho assustado, pois Gabe fala meu nome alto.

- O-o quê?

- O que houve? Estou falando com você sobre... – ele para e me observa atentamente – você está com aquele olhar...

Ele para da falar e volta sua atenção para trás de mim.

- O que você viu? – Gabe pergunta. Sua voz está tensa.

- Eu acho que é ele. O cara da praia. – e faço um gesto discreto com a cabeça.

- Mas não tem ninguém ali.

- O quê?!? – eu olho para o corredor – Tinha um homem ali... De boné e jaqueta... Eu juro, Gabe...

Meu olhar de desespero deve tê-lo convencido.

- Eu acredito. Vamos embora agora ok? – ele me olha e confirmo.

Seguimos para o caixa. Na fila meu olhar procura pelo sujeito quando o vejo se esgueirando de cabeça baixa e aviso Gabe. Ele avista e fica tenso.

- É Diego. – sua voz é sombria. – De boné e jaqueta? Com esse calor?

- Sabia e pensei a mesma coisa... Esse filho da puta esta nos seguindo. – estou chocado e com raiva.

Quando olhamos novamente ele já havia sumido. Passamos nossa compra e vamos para casa. Gabe está tenso e olha o tempo todo pelos retrovisores. Ele está cismado e tenho certeza que se Diego aparecesse na nossa frente ele bateria antes e perguntaria depois.

Do nada ele solta:

- Será que ele está nos espionando?

Ele diz o que eu já sabia por causa da minha intuição. Olho para ele e seu semblante está fechado e seus dedos apertam o volante. Resolvo ser cauteloso na resposta.

- Eu não sei amor, mas você sabe que eu não acredito em coincidências. – suspiro – Então acho que sim.

Ele soca o volante.

- Droga!

- Calma Gabe, por favor. Vamos embora e em casa poderemos refletir melhor sobre isso. – aperto seus ombros e eles estão tensos – E de quebra faço uma massagem em você! – tento descontrai-lo.

Ele sorri e concorda.

O barraqueiro no geral sou eu, mas eu apenas grito, xingo, me descabelo, faço caras e bocas, e nunca parto para a agressão física. Sou emocional enquanto ele é o racional. Porém quando irritado Gabriel sai totalmente do prumo, ou seja, ele bate primeiro invertendo os papéis.

- Vida... – ele começa – não vamos mais sair, entendido? Se tivermos que ir a praia vamos à do condomínio mesmo – faço uma careta. Ele ri – Estou falando sério Eno. Entendeu?

- Ok. Por mim tudo bem.

- Eno eu acredito na sua intuição, então eu quero que me prometa uma coisa, ok?

- O que você quiser Gabe!

- Enzo... Seguinte: toda vez que você tiver ou sentir seja o que for, premonição, intuição, aperto no peito, calafrios, sexto sentido ou sei lá como chamam isso conte me imediatamente. Entendeu? – ele despeja num fôlego só.

- Entendi Gabe.

- Então me prometa.

Nesse momento ele estaciona em frente ao portão e vira para me olhar.

- Eu prometo vida.

- Te amo pra sempre! – ele diz.

Eu sorrio.

- Ei, essa frase é minha. – ele me dá um selinho – E eu para toda eternidade.

- Opaaa... De novo.

- E eu te amo para toda eternidade Gabriel Maia. – digo rindo.

- Agora sim! – e me beija com intensidade.

Guardamos nossa compra e nos envolvemos com nosso jantar. Diego foi temporariamente esquecido.

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Narrado por Antunes.

- Droga, droga... – resmungo irritado em meu quarto. Tenho certeza que Enzo me reconheceu no supermercado. Nem segui-los de volta eu pude, pois sei que de imediato ele deve ter avisado Gabriel que desconfiaria mesmo eu ficando a uma distancia segura. Pareci um amador.

- Que porra! Deve ser a minha consciência que até agora não entendi porque está me perturbando tanto.

Pelo menos consegui algumas fotos e um curto vídeo. Nada suspeito, quer dizer, se eu não levar em consideração minha intuição que insiste em dizer que eles são um casal. E agora por conta da minha mancada tenho certeza de que eles irão se esconder novamente.

Os dias estão passando aqui e consegui nada menos que nada. “Inferno!” praguejo novamente. A única coisa positiva nisso tudo é que não preciso ficar de campana por algumas horas.

Resolvo descansar um pouco. Tomo um banho e peço comida. Ligo para minha pequena e conversamos um pouco para matar a saudade.

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Comentários

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Finalmente Gabriel acreditou em Enzo e decidiu não sair de casa. Antunes parece ser boa gente e estar apenas fazendo o seu trabalho mas está sendo um estorvo para eles dois. Ainda não sei se foi Vera quem contratou Antunes, aquele parágrafo em um dos capítulos passados me dixou em alerta. kkkk

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VALTERSÓ... CALMA HOMEM!!! É ótimo saber que o conto mexe com a imaginação do leitor. Missão cumprida!! Abraços.

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AINDA NÃO CONSEGUI ENTENDER O REAL MOTIVO PARA ESSE DETETIVE. SERÁ PARANÓIA DE VERA?

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