A Ilha - Cap 08

Um conto erótico de LuCley.
Categoria: Homossexual
Contém 2632 palavras
Data: 23/02/2018 15:40:04

Para quem não acompanhava meus posts e quer começar a ler, vou deixar o link da conta antiga aqui em baixo. Como perdi o email da outra conta, os novos contos serão postados aqui daqui em diante. Obrigado a todos e comentem sempre que puderem. Abraços! :)

Perfil antigo:

https://www.casadoscontos.com.br/perfil/215222

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Os dias eram longos. Trabalho e mais trabalho. O caso estava repercutindo na mídia e o escritório era assediado por jornalistas todos os dias. Os telefones não paravam de tocar e o Ivan deu ordens explicitas de que ninguém poderia dar entrevistas.

Minha mesa estava cheia. Tinha acabado de chegar uma cópia do processo e a secretária tinha ido me entregar. Começara a chover e bufei, apesar de gostar. Antes dela sair, disse que o Mauro queria falar comigo.

ㅡ ele já chegou?!

ㅡ sim, acabei de entregar uns documentos pra ele. Ele está meio irritado. Você sabe o motivo?

ㅡ e porque saberia?

ㅡ sei lá, vocês estão sempre juntos por aí.

ㅡ não quer dizer nada. Vou lá, antes que ele se irrite mais ainda.

Deixei ela falando sozinha e esbarrei com o Murilo no corredor. Ele como sempre, mostrando seu sorriso simpático, porém falso. O cumprimentei e entrei na sala pedindo licença. O Ivan também estava lá e pediu pra eu sentar.

ㅡ bem, eu preciso que vocês dois vão até o Continente amanhã. ㅡ o velho disse e o Mauro me olhou disfarçando, mas ficou feliz por ficarmos juntos longe da Ilha e eu também.

ㅡ algum problema, pai?

ㅡ Mauro, sei que hoje está ocupado com todo esse processo, mas preciso que vocês dois me ajudem no caso daquele menino que foi espancado no shopping. Eu daria para o Murilo, mas ele está sobrecarregado e os demais também. Vocês dois trabalham bem juntos e Eric, você vai ser muito bem recompensado.

ㅡ muito obrigado pela confiança, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance. Me desculpe, mas eu não me lembro desse caso.

ㅡ homofobia, o rapaz estava na praça de alimentação e dois rapazes chegam batendo nele. Eric, você vai se sentir desconfortável, mas estou com toda a papelada aqui e tem muitas imagens anexadas, mas quero que você dê uma olhada e se intere do assunto. Não são imagens bonitinhas e talvez você fique impressionado. Até eu fiquei...

Pedi a pasta com o processo e comecei a ler. O Mauro me olhava e o Ivan perguntou se eu estava bem. Disse que sim e fechei a pasta entregando pro Mauro.

ㅡ eu fico verdadeiramente feliz que o senhor tenha aceitaso defender esse rapaz. ㅡ disse e o Mauro me olhava com uma certa tristeza.

ㅡ é o meu trabalho, nosso trabalho. Infelizmente temos o lado ruim, de não defendermos somente inocentes e muitas vezes sabemos disso. Posso contar com vocês?

Dissemos que sim e ele se retirou nos deixando a sós.

Ficamos alguns minutos em silêncio e as imagens do rapaz espancado não saía da minha cabeça. O Mauro acabou me tirando de um transe profundo.

ㅡ alguém alguma vez te fez mal? ㅡ eu realmente fiquei estarrecido com as fotos e poxa, poderia ser eu ou até mesmo o Mauro.

ㅡ não fisicamente. Meus pais sempre foram muito presentes na minha vida. Mesmo depois da morta da minha mãe, meu pai nunca me deixou de lado. Sua depressão era por seu coração partido, mas ele nunca se esqueceu de mim. Mas já ouvi muita coisa que não precisava, na escola, na faculdade...depois passou.

ㅡ eu sinto muito. Já volto.

Ele me fez um carinho no rosto antes de sair e voltou uns cinco minutos depois com uma bandeja cheia de bolachas, biscoitos e chá. Eu realmente fiquei impactado e chocado com o que tinha acabado de ver e surpreso pelo rapaz ainda estar vivo. Quase não se via seu rosto nas fotos, só tinha sangue e parecia estar todo retorcido.

O Mauro afastou alguns documentos e colocando a bandeja na mesinha, pediu para eu me servir.

ㅡ porque trouxe tudo isso?

ㅡ pra gente tomar café. Eu ia pedir pra Ana, mas ela sempre trás uns biscoitos horríveis. Acho que ela faz de propósito.

ㅡ rsrs, você é um amor. Não precisa ficar me olhando desse jeito, eu estou bem. Um pouco chocado, claro, mas estou bem.

ㅡ se não quiser, vou sozinho.

ㅡ não, eu quero. Disse ao seu pai que iria e vou.

ㅡ tudo bem. Ah, vou te levar pra casa depois.

ㅡ acho melhor a gente não ficar tanto tempo juntos. O pessoal pode começar a desconfiar e fofocas são rápidas.

ㅡ vem aqui...

Ele estendeu a mão me pedindo pra me sentar em seu colo. Resisti nos primeiros três segundos e me levantei indo até ele. Ele me abraçou e repousei minha cabeça em seu ombro. Com ele me sentia protegido e querido. Suas mãos fortes me faziam carinho. Ficamos em nosso pequeno universo quando ouvimos um estalo na porta. Era o pai do Mauro.

Fiquei sem chão e o Mauro me fez levantar. Ele nos olhava e eu de cabeça baixa sem saber o quê dizer. Antes de me desculpar pela cena, o velho me olhou e olhou em seguida pro Mauro.

ㅡ não pago vocês pra ficarem de namorico. Se recomponham e voltem ao trabalho.

Ele disse e saiu. Eu não sabia o que dizer e nem o Mauro. Me afundei no sofá, me sentando e tentando entender o que acabara de acontecer.

ㅡ você ouviu isso? ㅡ o Mauro disse meio que querendo rir.

ㅡ eu não estou nessa dimensão agora.

ㅡ estou falando sério...

ㅡ eu não sei mais de nada. Preciso falar com seu pai. ㅡ disse e fui saindo.

ㅡ ei, maluco...espera aí...

Saí e o pessoal estava na recepção, passei por todos e o Murilo perguntou se estava acontecendo alguma coisa. Nem dei ouvidos a ele e continuei andando.

Parei em frente à porta da sala e bati. Ele disse pra entrar e quando me viu, se sentou me oferecendo asento, mas eu disse que preferia ficar em pé.

Ele percebeu que eu estava nervoso e me ofereceu água. Pedi um wisk, ele me olhou surpreso e me serviu. Tomei a dose e sem jeito tentei um discurso de desculpas, mas falhei...não saia nada da minha cabeça.

ㅡ está tentando me dizer alguma coisa? ㅡ ele me perguntou.

ㅡ eu amo o Mauro. ㅡ foi a única coisa que consegui dizer diante meu nervosismo.

ㅡ entendi...e eu deveria ficar feliz por isso?

ㅡ deveria. Me desculpe a sinceridade, mas eu acho que o senhor deveria ficar feliz. Todo pai quer a felicidade de seus filhos e acho que com o senhor, não deveria ser diferente. Reparou como ele anda sorrindo mais e menos chato? Eu sei que posso fazer seu filho feliz e ele me faz feliz. Vou terminar com ele não, nem que custe meu emprego, a não ser que ele não queria mais ficar comigo. Agora que o senhor já sabe que estamos juntos, a gente não precisa mais ficar se escondendo como se fôssemos dois criminosos. ㅡ ele me olhava e eu não acreditei que tinha dito tudo o quê disse.

ㅡ muito bem, você já disse o que queria...agora pode ir. Tenho muito trabalho ainda.

Ele me apontou a saída e me levantei. Abri a porta e o Mauro estava me esperando. Perguntou se estava tudo bem e o pai dele o chamou.

ㅡ estraguei tudo, me perdoa. Vai falar com seu pai. ㅡ ele não sabia o que fazia, mas entrou pra falar com o velho.

Fui até minha sala e peguei minha pasta indo pra casa. Cheguei e me joguei na cama querendo que o dia acabasse logo. Acordei já passava das seis da tarde e meu celular vibrava no meu bolso. Era o Mauro. Mandei mensagem dizendo que ligaria pra ele no dia seguinte e que queria ficar sozinho. Ele respondeu dizendo que me esperaria no escritório.

Até parece que eu ia dar as caras lá depois de ter dito o que disse pro pai dele.

Meu pai chegou e perguntou se estava acontecendo alguma coisa e desabei a chorar feito um moleque lhe contando tudo.

ㅡ que vacilo de vocês dois. Não lembrar de trancar a porta.

ㅡ valeu pai, por me fazer sentir mais bosta do que já sou.

ㅡ calma. Só acho que você não deveria ter ido enfrentar o seu Ivan.

ㅡ eu joguei limpo com ele, pelo menos fui verdadeiro. To ferrado, nunca mais vou arrumar emprego na Ilha e nem no Continente. Ele vai acabar comigo.

ㅡ ei, o Ivan tem um temperamento muito forte, mas não é mal caráter. Sempre foi um homem muito justo.

ㅡ só não é justo quando se trata do filho gay dele. Eu posso ficar sem emprego, mas pelo menos disse o que eu queria pra ele. Só estou preocupado com o Mauro. Talvez ele nunca mais queira olhar na minha cara.

ㅡ acho que ele te ama demais pra não querer te ver mais.

ㅡ espero que ame mesmo, porque eu fiz uma bela de uma doideira.

ㅡ vai descansar, amanhã você liga pra ele e conversa.

Ouvi meu pai e lhe dando boa noite fui dormir. Fui um inconsequente e na hora não pensei direito. Eu deveria ter ficado na minha e deixar o Ivan vir falar comigo ao invés de ter ido falar com ele.

Minha reputação estava acabada e se ele quisesse, eu nunca mais trabalharia em outro escritório de advocacia no país. Fui um idiota.

Botei meu celular carregar e me deitei. Apaguei e acordei com meu celular tocando. Já passava das 09hrs e em seguida recebo um telefonema do escritório. Eu não sabia se atendia ou não, mas acabei atendendo, poderia ser o rapaz do RH.

Era a Ana, a secretaria e disse que o pai do Mauro estava na linha. Quase desmaiei.

ㅡ bom dia. ㅡ disse meio nervoso.

ㅡ bom dia, pode me dizer o motivo do seu atraso? Não combinou comigo que iria acompanhar o Mauro até o Continente? ㅡ eu estava confuso.

ㅡ me desculpe, mas depois de ontem achei que o senhor iria me demitir. Eu fui muito atrevido e...

ㅡ vou te demitir se você chegar atrasado de novo sem um motivo que me faça ter certeza que você não serve mais pra esse cargo. Esteja aqui em quinze minutos. É uma ordem.

ㅡ sim senhor, já estou chegando.

Corri pro quarto e troquei de roupa rápido. Peguei um táxi e pedi pro motorista voar de um modo seguro. Ele sorriu, mas entendeu que eu eatava com pressa e fez o caminho mais curto.

Cheguei e o pessoal estava na sala de reunião. A Ana disse que estavam me esperando e espantei o nervosismo com um copo de café. Bati na porta pedindo licença e entrei.

Vi o Mauro e ele fez sinal com a cabeça para que eu me sentasse ao seu lado. Atendi e me desculpei pelo atraso. O Ivan começou a falar e meu coração parecia saltar pela boca. Em determinado momento eles discutiam sobre o caso e entreguei a eles os papéis do processo.

Estavam todos concentrados lendo e fazendo anotações, quando senti a perna do Mauro encostando na minha. Ele me olhou meio de canto de olho e retribui o carinho da mesma forma.

Ficamos mais de uma hora e meia discutindo e o Ivan elogiou me trabalho. Agradeci o elogio e disse estar aprendendo com os melhores. A reunião acabou e fui para a minha sala.

Entrei e me joguei na cadeira. Fiquei quase que sem fôlego e o Mauro entrou.

ㅡ você fez um ótimo trabalho hoje. ㅡ ele disse e eu sorri.

ㅡ eu preciso urgente do teu abraço.

ㅡ vem aqui. Você merece abraços de uma vida inteira. ㅡ me levantei e fui até ele.

ㅡ seu pai deve estar muito, mas muito bravo comigo.

ㅡ hahaha, pode apostar que sim. Ah, ele disse pra você não sair correndo depois do expediente. Digamos que ele quer ter um particular com nós dois, mas lá em casa.

ㅡ eu não vou na casa dos seus pais.

ㅡ vai sim, depois da ousadia de ontem, você vai sim senhor.

ㅡ ele te falou?

ㅡ falou. Você fez por mim o que eu deveria ter feito todos esses anos. Ele me chamou e assim que entrei disse que você teve a ousadia e o atrevimento de dizer que não terminaria comigo, mesmo que te custasse o emprego. Senti um orgulho gigante de você.

ㅡ falei mesmo. Tô tremendo até agora, mas falaria tudo de novo. Ninguém mais vai te tirar seu sorriso.

ㅡ rsrsrs, você trouxe ele de volta, não é mesmo?

ㅡ é isso aí. ㅡ ele me beijou e começamos a rir juntos.

Não durou muito nossa alegria e o Mauro pediu para eu organizar a papelada. Iríamos para o Continente depois do almoço. Ele voltou para sua sala e peguei tudo que precisava.

Uns vinte minutos depois o Murilo bateu e disse que podia entrar.

Fui logo pedindo pra ele ser rápido pois estava ocupado e ele se sentou.

ㅡ o quê está acontecendo? Vocês andaram discutindo? Você ontem foi embora e não voltou mais.

ㅡ você não tem nada pra fazer, ao invés de ficar cuidando da vida dos outros?

ㅡ ei, calma. Só estou preocupado contigo...

ㅡ Murilo, não precisa se preocupar comigo, eu estou ótimo. Mas se você quer mesmo saber, pergunte pro seu patrão.

ㅡ tudo bem, já entendi...não precisa me dar satisfação. Desculpe se estou sendo inconveniente.

ㅡ está desculpado, pode se retirar? Daqui a pouco vou pro Continente e preciso terminar de organizar esses processos e nem almocei.

ㅡ que sortudo heim?

ㅡ só faço meu trabalho, até!

Ele ficou sem graça e saiu. Peguei tudo que precisava e fui até a sala do Mauro que já me esperava. Almoçamos em um restaurante perto do escritório e no caminho pedi que comprasse água, antes de chegarmos na ponte. Ele parou em um posto de gasolina e desci rapidamente.

Quando eu voltava, notei que ele falava ao telefone com alguém e comecei a andar devagar, não queria atrapalhar a conversa e tão pouco ser bisbilhoteiro. Ele desligou o celular e ia em direção ao carro quando ele desceu e veio ao meu encontro.

ㅡ se importa se ficarmos no lado de lá essa noite?

ㅡ não, mas e a conversa com seu pai?

ㅡ eu ligo dizendo que o carro deu problema. A reunião com os pais do garoto vai demorar mesmo.

ㅡ por mim tudo bem. Aconteceu alguma coisa?

ㅡ você é muito curioso...

ㅡ desculpa, eu não queria...

ㅡ estou brincando, amor. Lembra daquele projeto que te falei?

ㅡ lembro. Você nunca mais tocou no assunto. Pensei que tinha furado.

ㅡ não, está quase concretizado. Meu amigo acabou de me ligar e disse que precisa me ver, como estamos indo pra lá, marquei de vê-lo amanhã bem cedo.

ㅡ espero que esse amigo seja feio.

ㅡ kkkkkk, bobo. Não fique com ciúmes sem necessidade.

ㅡ eu estou bem tranquilo.

ㅡ rsrs. Tudo bem, meu anjo...vamos?

ㅡ eu dirijo!

Ele começou a rir e foi me incomodando durante todo o trajeto. Estávamos na metade da ponte quando ele me perguntou se eu tinha mesmo coragem de enfrentar qualquer um pra ficar com ele. Olhei em seus olhos e estavam marejados.

ㅡ se for pra gente ficar junto e você me tratar como sempre me tratou, eu tenho sim. Enfrento seu pai, a porra toda.

ㅡ você é maravilhoso!

ㅡ eu sei, você tem muita sorte de namorar esse cara aqui.

Ele me deu um selinho rápido e continuei dirigindo rumo ao Continente cinzento.

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Continua...

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Comentários

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esse conto assim como todos os outros é maravilhoso

so to triste pelos 2 contos abandonados Destino e EU Puto

será q algum dia vc vai contar como acaba?

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UM EXTREMAMENTE CORAJOSO E O OUTRO MUITO COVARDE. VEREMOS...

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