Laços Do Destino - Capítulo 26: Never Let Me Go

Um conto erótico de Daniel R.M
Categoria: Homossexual
Contém 2152 palavras
Data: 26/01/2018 01:42:58

— Agora já chega Robert, a onde você está me levando?

— Calma, estamos quase lá, cuidado aqui tem um degrau. — Ele tinha me levado para a casa dele, ela era completamente normal, não era tão grande, mas também não era pequena. Uma casa de solteiro normal, mas muito bonita, toda azul. Seus pais não moravam com ele. Eu não sabia ao certo o porque, mas deveria ser algo delicado.

Mas a questão é: Será que eu deveria estar aqui hoje?

Ele colocou uma venda nos meus olhos, me disse que tinha um lugar para me mostrar, mesmo desconfiado eu deixei ele me vendar.

— Pronto chegamos. — Ele ficou atrás de mim para tirar a venda, eu me arrepiei todo e ri disso.

— Eu posso tirar isso!

— Não, eu não ia perder a oportunidade de ficar perto do seu corpo. — Eu ri e ele também.

Ele tirou a venda, e eu me encontrei em uma enorme sala de espelhos, eu era refletido por cada espelho, e logo tinhas varios Vítor's e Robert's ali.

— Que lindo cara! — Falei excitado. Eu nunca tinha entrado em uma sala assim, mas sabia que era em salas como essa que bailarinas dançavam.

— Eu disse que ia trazer você pra dançar. — Ele falou ficando do meu lado.

— É lindo, mesmo. Você dança aqui?

— Eu tinha aulas de dança aqui, é legal, mas eu parei com as aulas a muito tempo. Mas eu gosto de usar a sala para me refletir. — Eu olhei pra ele, e tinha uma expressão encantada nos seus olhos, ele não olhou para mim, também ele não precisou. — Veja para todos esses reflexos. Cada um deles é diferente.

— Bem, eu não acho. — Olhei para os espelhos e virei minha cabeça.

— Eu ouvi dizer que o espelho pode dividir a nossa alma em sete partes. E cada uma delas com uma parte de nós.

— Sete pecados? — Perguntei confuso.

— Talvez, quem sabe, mas eu acredito que cada um desses reflexos são diferentes. — Eu estava encantado olhando ele falar. Algo em Robert me deixava fascinado, quando eu olhava para seu rosto jovem eu não sentia o tempo passar, ele tinha a mesma idade que eu, mas era um pouco maior, e mais jovem. Não que eu me sentisse um velho, Robert tinha aquela coisa de que nunca deixou a alma de criança dele morrer, era doce e cuidadoso, e é aquele tipo de pessoa que você quer proteger do mundo.

Mas ele tinha a expressão de valentão, como eu sempre via na escola, Robert tinha um grupo de garotos velentões, mas eu nunca vi ele provocar ninguém, e nunca vi ele em nenhuma briga, os amigos dele sim, ele não.

Então eu acho que ele era o chefe deles, mas uma cabeça sábia no meio de adolescentes vazios. E eu ficava feliz por ter me enganado com ele.

— Você era tão diferente na escola. — Falei. — Eu achei que você era um garoto problema. — Ele riu como resposta.

— Olha, eu só andava com aqueles caras pra minha segurança, ninguém ia mexer comigo se eu fosse respeitado por aqueles caras, que eram os "donos" da escola. Eu tinha medo na verdade, medo de apanhar pelo que eu sou.

— Olha, isso não tem como escapar, você não pode simplesmente tirar isso da sua vida, oque você tem que fazer é aceitar. — Eu fui para mais perto dos espelhos, onde ficava as barras.

— Você parece tão velente. — Ele me alcançou.

— Eu só não levo desaforo pra casa. — Ele me fitou por um minuto, e eu parei de respirar, e fiquei ereto. Depois ele sorriu e se afastou, esses joguinhos dele estavam me cansando já.

— Ok, vamos dançar. — Falou ele se colocando no centro da sala.

— Eu perdi a vontade,sabe, por que você não me mostra a casa? — Ele cruzou os braços.

— Não sei não, quer conhecer meu quarto? — Eu ri,minha risada ecoou na sala toda.

— Adoraria.

— Depois, eu estou morrendo de fome. — Ele começou a andar para porta que entramos e saiu, eu corri para alcançar ele.

A sua casa era toda branca por dentro, por fora era azul, e eu preferia ficar do lado de fora mesmo, porque uma casa branca me lembra um quarto de hospital, e eu odeio hospitais.

— Mas depois eu quero uma dança em. — Disse ele. Parece que eu não ia me salvar mesmo.

Mas eu estava querendo ganhar tempo, eu não queria admitir, eu não sabia dançar músicas lentas, e Robert não tinha cara de que dançava músicas agitadas.

Seguimos um correndor que levava direto para a grande cozinha dele.

— Me diga, onde estão seus pais?

— Em Roma, ferias com meu irmão.

— Você tem um irmão? — Eu imaginei então, será que esse irmão é parecido com ele? Tem a mesma idade. E será que tem uma história como a minha? Eu sorri com essa última pergunta.

— Sim, o nome dele é Felipe, ele é um cara legal… mas um garoto problema. — Robert estava sendo cuidadoso com as palavras. — Ele se meteu com coisas erradas.

— Ah, eu sinto muito por ele.

— Eu também. — Ele puxou uma cadeira pra mim sentar. — Olha, eu não sei cozinhar... eu quase não como aqui. E hoje a empregada está de folga.

— Então somos dois… eu não sei fazer nada. — Rimos.

— Podemos ensinar um ao outro então. — Eu fiquei vermelho. — Mas eu sei fazer sanduíche.

— Ótimo, isso é a melhor coisa que você pode me dar. — Eu falei sendo verdadeiro.

— Então é isso. — Ele sorriu sem graça.

— Por que você saiu de casa? — Eu queria manter ele falando, ele fez uma cara azeda, acho que ele não gosta de tocar no assunto de família.

— Digamos que eu tive motivos maiores.

— Pode me contar? — Eu me levantei agora e fiquei do seu lado.

— Não sei, ninguém pode me ajudar, na verdade nem eu posso me ajudar. — Ele deu de ombros.

Eu cruzei os braços, eu não ia conseguir fazer ele falar. Olhei pela janela, já era noite. O que meus pais devem estar pensando? Minha mãe já posso imaginar ela falando. "Aquele garoto está me testando, só porque ele é maior de idade pensa que pode fazer o que quiser". Eu ri alto.

— O que foi? — Ele me viu olhando para fora da janela. — Não, por favor não diga que você tem que ir embora. — Ele falava desesperado.

— Não, calma, eu não vou a lugar algum, só estou pensando nos meus pais.

— Ah sim, eles vão me odiar por ter roubado você.

— Talvez. — Eu ajudei ele a cortar os tomates.

ENQUANTO ISSO NA CASA SE VÍTOR...

— Eu vou matar seu filho, sério Roger, aquele garoto ta me testando.

— Calma mulher, ele só está se divertindo.

— Bem coisa de pai falar isso né, nessa casa só eu me preocupo com seu filho, você só fala " ele ta se divertindo!

— É você que está se irritando Taís.

— Como você pode assistir TV com seu filho sumido no mundo Roger, QUAL SEU PROBLEMA?

— Você disse que ele saiu com aquele amigo dele, Rodrigo não é?

— É Robert, você nem sabe o nome do seu genro. — A senhora Taís se sentou na cadeira. Estava irritada a ponto de matar o próprio filho, e não pense que ela não estava pensando nisso.

— Ele não é namorado de Vítor... ou é? — Agora Roger se levantou do sofá e foi até sua esposa.

— Não sei, mas parece que ele gosta do seu filho.

— Nosso. E se ele gosta do nosso Vítor por que você deixou eles juntos? Esse muleque pode obrigar nosso filho a fazer coisas que ele não quer.

— Seja menos, Vítor sabe oque ele quer, e ele sabe bater. — Taís se levantou e sorriu. — Podemos aproveitar isso, se é que me entende.

— Ah sim, entendo. — Roger sorriu maliciosamente.

CASA DE ROBERT...

Robert tinha me deixado na sala de espelhos novamente, ele foi colocar uma música, eu no fim não pude fugir disso, e eu vou pagar o maior mico quando ele descobrir que eu não sei dançar.

Olhei em volta todos os espelhos, que refletiam a imagem de um Vítor desesperado, e sem saída. Talvez se eu saisse pela porta e depois falasse que eu não estava passando bem, ele entendesse. Mas ele ia arrumar uma forma de me fazer dançar depois, então é melhor não adiar isso.

As luzes da sala foram apagadas ficando apenas um pequeno brilho. E as janelas da sala que ficavam na parte do telhado da sala se abriram e a luz da lua inundou o lugar, eu coloquei a mão na boca de tanta excitação. Eu amava observar a lua, eu ficava do meu quarto pensando uma forma para chegar mais perto dela. E agora eu estava banhado pela sua luz.

Uma música começou a soar das caixas de som, e eu segurei as lágrimas, ele não podia me pedir para dançar essa música, não ela que significa tudo para mim, a música que faz parte da minha história.

Never Let Me Go. Robert apareceu e pegou minha mão me levando para o centro da sala.

— Você vai fazer isso comigo mesmo?

— Por que? Não gosta da música, eu posso trocar.

— Não, eu amo essa música, é só que…

— Tudo bem Vítor, deixe seu passado no passado sim, que essa música seja nossa desse dia em diante. — Ele segurou meu rosto com as mãos. — Quando eu escuto essa música eu penso em você. — Eu fiquei vermelho.

Robert colocou sua mão direta na minha cintura, e eu fiquei ereto. Isso seria uma humilhação, eu nem sabia a onde devia tocar ele.

— Eu não sei dançar. — Falei vencido.

— Bem, isso vai ser interresante, eu vou te ajudar. Você coloca sua mão aqui. — Ele pegou minha mão e levou até a cintura dele, era dura como pedra, eu olhava para seus olhos. — Seu braço fica esticado assim. — Ele deslizou sua mão delicadamente em encontro a minha. — Ok, não saia dessa posição. — Eu fiquei imovel enquanto Robert tentou me mover. — Vítor, por faço relaxa. — Ele sorriu. E eu relaxei também. — Tudo bem, os passos são simples, 1, 2, 3 volta 1, 2 e assim por diante.

— Nada de cabalhotas? — Ele riu.

— Não, nada de cambalhotas. Pronto? — Eu fiz que sim com a cabeça. E tentei fazer oque ele fazia, então eu pisei em seu pé, ele fez uma cara feia.

— Me desculpa, ta doendo?

— Vou ficar bem Vítor, vamos tentar de novo. Tente se soltar mais. — A postura de Robert era ereta, e eu imitei ele. Quando tentei me mover eu cai e levei ele junto comigo.

— Calma Vítor. — Ele estava um pouco alterado agora.

— Desculpa, eu não sei fazer isso.

Ele pegou meu rosto com as mãos de novo.

— Você só precisa sentir que essa é a última música que vai ouvir, a última dança, o último toque. Você só precisa seguir seu coração, e deixar a música te guiar. — Ele me colocou de pé de novo.

Eu fechei meus olhos e deixei a música fazer efeito em mim, e então eu estava pronto. Peguei sua mão e agora eu o guiei, coloquei minha cabeça no seu ombro e sorri. Depois já estávamos deslizando sobre a sala de espelhos, iluminados pelo luar.

— Você conseguiu. — Ele me girou.

— Eu tenho um bom professor. — Ele sorriu.

Eu nem acreditava,eu estava dançando Never Let Me Go, ali com Robert como se nada no mundo importasse, não existisse. Que o único que me importava agora era ele, e esse momento.

— Já leu a tradução dessa música? — Ele perguntou.

— Milhões de vezes.

— De baixo, olhando para cima, o luar despedaçado sobre o mar. Reflexos ainda parecem os mesmos pra mim, como antes de eu afundar. — Falou ele no meu ouvido. E sorri a letra dessa música era uma das mais lindas que eu já li.

— E é pacífico lá no fundo, catedral na qual você não pode respirar, sem necessidade de rezar, sem necessidade de falar. — Sorri. — Agora que estou no fundo.

— E está arrebentando sobre mim, mil milhas em direção ao leito do mar. — Ele colocou sua cabeça no meu ombro. — Achei um lugar para descansar minha cabeça. — Eu sorri, nunca pensei que ia deixar Robert me vencer dessa forma, nunca pensei que ia querer alguém como eu quero ele, agora eu preciso dele, pra sempre.

Ele pegou meu rosto outra vez, olhou no fundo dos meus olhos como se estivesse vendo minha alma, e seus lábios encostaram nos meus. E isso me fez chorar, era como se algo tivesse me libertado, como se o beijo dele fosse a última coisa que eu ia provar. Minhas mãos se entrelaçaram no cabelo dele e eu o trouxe para mais perto do meu corpo. E então ele se afastou. Sorrindo.

— Vítor promete que nunca vai me deixar partir? — Ele estava vermelho, e eu estava voltando a repor minha respiração.

— Eu prometo. — E sorri.

Voltamos a dançar e foi assim até que a música chegou ao fim, e desde esse dia Never let me go teve outro significado para mim.

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Comentários

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ESSES PAIS ESTÃO MUITO CONFUSS. NÃO ESTOU ENTENDENDO. E DE FATO VITOR JÁ ESTÁ AMANDO ROBERT EM TÃO POUCO TEMPO RSSSSSSSSSSSSSSSSSS COMPLICADO ISSO

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