Era o dia do meu aniversário,eu acordei nesse dia sem nenhum ânimo. Fui para o banheiro e me olhei no espelho, nada havia mudado eu ainda era o mesmo,as mesmas finas olheiras,as poucas imperfeições na pele,meus olhos estavam mais verdes hoje,mais vivos. Tomei um calmo banho,hoje não tinha escola porque os professores estavam em reunião,sério eles vivem em reunião,talvez depois ele saiam para beber e se divertirem,eu não acredito muito que professor passam a maior parte do tempo com os livros na cara.
Minha mãe estava na cozinha fazendo o café.
— Feliz aniversário. — Gritou ela.
— Obrigado mãe. — Falei desanimado.
— A por favor muda essa cara, hoje tem que ser um dia perfeito.
— Ah é sim muito perfeito. — Lá fora estava nublado,grandes nuvens negras estavam no céu.
— Bom,tenho certeza que o dia vai ser bom. — Minha mãe forçou um riso,tenho certeza que ela estava fazendo o máximo para me agradar. — Felipe já te ligou?
— Mãe são 7 da manhã,ele teve estar dormindo.
— Hm pode ser. — Alguém estava batendo na porta. — Vai atender. — Falou minha mãe.
— Tá. — Levantei arranstando o pé, eu estava de pijama ainda. Abri a porta e Felipe estava lá com uma caixa e um sorriso enorme no rosto. Ele me olhou de cima a baixo e mordeu os lábios.
— Bom dia coisa linda. — Ele me beijou.
— Bom dia. — Falei sorrindo, Felipe era o único que conseguia mudar meu humor de manhã.
— E feliz aniversário. — Ele me passou a caixa que ele trazia na mão e outra menor. — Eu quero que você use isso a noite. — Falou ele sorrindo. Eu não tive nenhuma curiosidade de saber o que era. Levei tudo para o quarto,ele veio comigo.
— Não tem curiosidade de ver o que é?
— Não, eu quero ver outra coisa. — Fui até ele e abri o ziper da sua calça ele riu maliciosamente.
°°°
— Você acha que sua mãe ouviu?
— Eu tenho certeza que sim,você gritou Felipe.
— Desculpe. — Ele riu.
— Você é completamente louco.
— Eu louco? Foi você quem me trouxe para o seu quarto,você se aproveitou porque eu sou fraco.
— Ah tá muito fraco. — O beijei. Me troquei na frente dele o provocando,ele apenas sorria.
— Você está brincando com fogo Ewerton, vai acabar se queimando.
— Não me importo se eu queimar com você. — Sentei no colo dele,eu estava só de cueca ele segurou minha bunda.
— Seu garoto malvado,quando eu te conheci você era super certinho.
— Foi você que me mudou, isso é ruim?
— Não, eu adoro esse seu lado.
— Hmm que bom. — Mordi seu lábio.
Terminei de me arrumar e descemos. Minha mãe estava na sala costurando.
— Vocês jovem tem muita energia. — Meu rosto queimou. Felipe riu. — Bem o que vocês pretendem fazer o dia todo?
— Hm não sei mãe. — Falei.
— Eu vou levar ele para sair se você não se importar senhora Anna.
— Ele é todo seu. — Falou minha mãe sorrindo.
— É ele é. — Felipe falou baixinho do meu lado ,eu ri.
— A onde você vai me levar? — Perguntei quando saímos no portão. Felipe me levou para um carro preto conversível,eu já tinha perdido as contas de quantos carros Felipe tinha, esse era muito mais bonito do que eu já vi.
— Você gostou?
— Muito,é lindo,é seu?
— Não, ele é seu. — Ele falou mostrando a chave do carro.
Era inacreditável como Felipe gostava de me surpreender,eu estava com um sorriso maior que o rosto,mas eu não podia aceitar,isso só ia dar mais motivos para as pessoas falarem.
— Eu agradeço,mas eu não posso aceitar. — Felipe fechou a cara.
— Por favor Ewerton, meu presente de aniversário para você.
— Eu agradeço de novo,mas eu não sei dirigir e não posso ter um carro desses nesse lugar,eles me matariam. — Falei rindo.
— Tudo bem,mas você me deixou desapontado.
— Eu posso compensar isso mais tarde não posso? — Me aproximei dele sorrindo.
— Eu não consigo ficar bravo com você mesmo. — Ele me puxou e me beijou ali na rua,não nos importávamos das pessoas ver a gente se pegando no meio da rua,toda vez que eu estou com o Felipe eu me sentia perto de um super herói,ninguém se atrevia a mexer com ele.
— Vamos sair?
— Claro que vamos, senhor. — Felipe abriu a porta do carro para mim,eu odiava esse cavalherismo dele mas era bom. — O que você vai fazer quando terminar a escola?
— Não sei ainda,eu não tenho muita certeza do futuro, ninguém devia ter certeza do futuro.
— Você é brilhante,devia ser escritor ou algo assim.
— Ou cantor. — Falei sem jeito,Felipe me olhou. Eu levava muito jeito para a música, desde muito pequeno eu canto, e minha mãe sabe disso,ela já me colocou em todos os concursos de música que ela viu. Felipe sabe que eu canto, já cansei de cantar para ele.
— Eu acho que isso daria super certo, você sabe cantar e tem um namorado que tem um tio que tem uma gravadora. — Falou Felipe rindo. Eu fiquei sério. — O que foi?
— Isso, eu não quero tudo nas minhas mãos,você faz com que tudo fique mais fácil para mim,tudo que eu quero você me da,e oque eu não quero você também me da.
— Mas eu sou seu namorado esse é meu trabalho.
— Não,não é, o mundo não é assim,você tem que lutar por aquilo que você quer.
— Eu sinto muito, mas para mim sempre foi tudo muito fácil,e sempre vai ser muito fácil!
— Esse é o problema,você nunca vai saber como é ser eu!
Felipe ficou calado,eu acho que ele ficou pensando, eu estava sendo muito mal com ele? Ele só queria me ajudar,mas meu orgulho é muito maior do que qualquer coisa.
— É seu aniversário não quero que você se chateie.
— Não estou chateado,acho que estou ficando velho.
— Não seja bobo. — ele me abraçou. Estávamos em um praça cheia de pessoas que nos fuzilavam com os olhos,Felipe tinha um sorriso tão confiante,e eu estava morrendo de medo embaixo dos braços dele,era sempre assim,Felipe era o homem forte que todos respeitavam,e eu era o garotinho protegido por ele.
— Você não tem medo?
— Do que? — Felipe estava olhando nas vitines das lojas.
— Do preconceito!
— Não,eu nunca sofri nenhum preconceito de nenhuma das partes,nem na rua e nem na minha casa,meus pais me aceitaram super bem,meu pai até ficou aliviado por não ter uma nora interesseira. — Felipe ria. Outra coisa que ele nunca vai saber o que é,sofrer preconceito. Da forma que ele falava até parecia que ele não era o garoto que vivia me xingando de viado no recreio.
Ficamos andando por ai,ele me comprou algumas coisas sob muito protesto meu,não adiantava ele sempre passava por cima de mim. Ele me levou para casa e foi embora, mas disse que ia vir me buscar,ele fazia questão que eu estivesse vestido oque estava dentro da caixa que ele me deu.
— Mãe a senhora não acredita.
— O que foi filho? — Minha mãe estava distraída arrumando a cozinha.
— Felipe me deu um carro.
— O que? Um carro? Você recusou não é?
— Sim mãe,a senhora sabe que eu odeio isso,presentes caros.
— Fez muito bem,você é igual a mim.
— Igual a senhora?
— Nada esquece,porque você não vai lá para cima e vê o que tem dentro daquela caixa. — Minha mãe estava rindo.
— Ah senhora está mexendo nas minhas coisas?
— Eu achei tão fofo. — Eu fui para meu quarto, para minha mãe achar alguma coisa fofa tem que ser muito boa.
A Caixa era grande com uma fita em dourado com um laço. Abri e quando vi o que tinha dentro eu não pude deixar de rir,era uma fantasia,era azul com detalhes em vermelho, era uma fantasia de príncipe, eu não acredito que Felipe quer que eu me vista de príncipe. Estava tudo lá, até a coroa,era muito linda,mas eu não pude deixar de me sentir um idiota. Odeio príncipes,nunca gostei deles. Minha mãe estava na porta.
— Linda não é?
— Mãe isso é estranho, eu não vou me vestir de príncipe.
— Ah mais você vai e já está atrasado. — Eu fui tomar banho e me arrumar,eu não sabia oque ia acontecer mas oque seja, que seja feito logo.
CONTINUA...
