Entre Reinos - 7

Um conto erótico de Beto Paez
Categoria: Homossexual
Contém 2098 palavras
Data: 14/12/2017 15:24:44
Última revisão: 14/12/2017 16:31:01

Estávamos a pouco tempo de Austo. O dia estava quase amanhecendo. Nossa segurança estava bastante reforçada, tudo planejado de última hora para não termos nenhum imprevisto na estrada. Certamente, devido ao longo caminho, os soldados e os cavalos estavam cansados. Fizemos duas pausas rápidas, mas precisávamos chegar o quanto antes ao castelo.

- Meu Príncipe, porque você não esperou até que o dia amanhecesse? Você está muito cansado, não dormiu o caminho todo.

- Você tem ideia do que está acontecendo, meu amor? Minha irmã está desaparecida, meu pai e minha mãe não irão perdoar-me se algo acontecer. Principalmente o meu pai que vai ter perdido outro filho. Bernard, acredito que não serei um bom Rei. Protegi o Reino, mas posso ter sacrificado minha família, minha irmã.

- Você cumpriu o seu dever. Você sabe o quanto é perigoso ter o Reino invadido pelos inimigos. Rulez é uma fortaleza estratégica para o País.

- Sim, mas como eu queria ser plebeu, não ter que sacrificar nada e nem ninguém pela Coroa.

- Não se cobre, meu Príncipe, você é normal. Não sinta-se onipotente. Nem o tio Gael o é. Todos temos dificuldades.

- Estou sacrificando minha vida, meu amor, por um povo que nem sei se vai amar-me.

- É impossível alguém não amar-te. És a pessoa mais adorável, apaixonante, generosa que eu conheço. Não sei se Austo já teve a sorte de ter um Rei como você. Tudo bem, nossa vó, a Rainha Dúlia, era maravilhosa, mas você é mais especial. És o homem da minha vida.

Bernard sentou-se ao meu lado na Carruagem Real, e eu apoiei minha cabeça em seus ombros. Ele começou a acariciar meu rosto.

- Você me traz muita paz, meu amor. Não sei como será minha vida após o meu casamento. Como poderei viver sem te pertencer?

- Nós pertencemos um ao outro. Nada irá mudar. Poderemos viver uma vida juntos.

- Escondidos, Bernard. Nunca teremos uma vida só nossa, de verdade. Ai - falei tirando a coroa da cabeça -, não sei quem inventou isso de usarmos coroa. Machuca muito.

- Você fica lindo com essa coroa. Sabe que serei seu súdito para sempre, não é? Você será meu Rei um dia. Um grande Rei. Não pensa nisso agora, vamos conseguir viver o nosso amor. Seremos felizes.

- Só você para deixar-me mais tranquilo. Onde será que a Mily está? Será mais uma armação do Rei de Honzel?

- Os responsáveis por tamanha ousadia pagarão com a vida. Eu prometo-te que vou punir os responsáveis por isso. Traremos a Mily de volta.

Na capital de Austo, Caluz...

- Alferno, meu amor, porque estás aflito?

- Frida, o Príncipe François me pediu para fazer algo muito arriscado.

- O que o Príncipe pediu?

- Ele pediu-me que levasse ao Parlamento o comunicado de que o Príncipe Hugo deixou o Reino sem autorização legislativa. Isso pode abrir espaço para uma crise na Linha Sucessória, causando instabilidade política.

- Se isso de fato aconteceu, o Príncipe Hugo deixará de ser o primeiro na Linha de Sucessão.

- É o que temo. Caso o Parlamento retire Sua Alteza Real da Linha Sucessória, a Princesa Mily seria a próxima. O que preocupa-me é o desaparecimento dela.

- Sem nenhum herdeiro ao Trono, o Príncipe François reivindicaria-o.

- Que tragédia! O Rei não suportaria saber disso. Como você vai agir agora?

- Consultarei o Gabinete. Em seguida, levarei o assunto ao plenário do Parlamento. Vou pedir ao Príncipe Hugo que explique como se deu sua saída. Ele sabe que isso causaria danos irreparáveis. Não acredito que tenha sido proposital ou uma afronta à Constituição.

Nos aposentos do Príncipe François...

- Tudo saiu como o planejado. Alferno será obrigado a consultar o Gabinete e o Parlamento. Certamente, a essa hora, eu serei declarado o Príncipe Herdeiro. E, para assegurar meu lugar, farei questão de cometer um regicídio.

- Teria coragem de matar o Rei? - a Princesa Catarina falou fazendo massagem no Príncipe François.

- Pessoalmente se for preciso.

Em Vajor...

- Gael, quando pretende partir?

- Amanhã, Tácia. Já assinamos tudo. Estou com um mau pressentimento. Deixar o Hugo como Regente por muito tempo não é bom.

- Nossa nora é linda. Irei prepara-la para ser uma Rainha muito especial.

- Disso não tenho dúvidas. És a melhor pessoa para isso, meu amor.

Os Reis se beijam.

Na Carruagem Real...

Acordei com o aviso do coxeiro de que já estávamos próximos ao castelo. Ao olhar pela janela, vi que estávamos na região de Gartel, uma das cidades circunvizinhas a Caluz, capital do Reino.

Como futuro Monarca, precisei aprender tudo sobre as regiões do Reino. Suas particularidades, principais atividades, a geografia de cada uma, condição de vida da população e a cultura local. Além do mais, precisei conhecer de perto a realidade.

Gartel é uma região próspera. Devido a enorme quantidade de água é muito rica na agricultura e pecuária. Suas lavouras alimentam a maior parte do Reino. Infelizmente, devido ao alto índice econômico, é uma região que possui muitas ocorrências de saques e assassinatos. Toda a segurança na região foi aumentada, mas nem sempre é efetiva. A região é muito próxima as fronteiras de outras cidades, sem contar o tamanho da cidade, o que torna a vigilância difícil. O Governo vem tentando solucionar os problemas de Gartel, mas a batalha ainda é grande.

- Vou descer um pouco.

- Meu Príncipe, você não precisa chegar logo ao castelo?

- Sim, mas antes eu quero respirar um pouco de ar puro. Os cavalos precisam descansar um pouco. Vamos, anime-se, vai ser bom. Além do mais, vai ser bom aliviar toda a tensão.

- Tudo bem, mas seremos rápidos. Coxeiro - Bernard falou pondo a cabeça para fora -, pare a Carruagem. Iremos descansar um pouco aqui.

- Como deseja, Alteza. - O coxeiro respondeu ao Bernard.

O coxeiro parou a Carruagem Real, desceu e abriu a porta para nós. Como sempre faziam, todos os soldados pararam a caminhada e ficaram em guarda para a nossa defesa.

Eu coloquei minha Coroa na cabeça e fui ajudado por Bernard a descer da Carruagem. Coloquei a mão sobre minha espada e fiquei alerta. Meu pai havia me ensinado isso. Um bom guerreiro está sempre pronto e sempre atento. Devo agradecer ao René também. O treino que recebia dele era muito útil em momentos de perigo.

Uma grande aglomeração de camponeses formou-se ao nosso redor. Todos curvaram-se ao ver-nos.

- Olha, os Príncipes vieram até nossa cidade. Que honra! - Falou uma camponesa curvando-se em minha frente.

Ao levantar-se ela ofereceu-me uma rosa das que trazia em sua cesta.

- Alteza, espero que aceite essa gentileza de sua humilde serva.

- Que linda! Muito obrigado, senhora.

Eu e o Bernard cumprimentamos a todos os súditos que estavam ao nosso redor, mas, entre eles, uma senhora de idade avançada me chamou atenção. Ela tinha em seus olhos um brilho diferente. Sua face suplicava para dizer algo. De repente, contrariando meus pensamentos, ela saiu apressada.

- Minha senhora, espere. - Apressei os passos para segui-la.

- Hugo, onde você vai?

- Aquela senhora desejava me dizer alguma coisa. Não sei ao certo, mas é como se devesse falar com ela.

- Eu vou com você.

- Fique, Bernard, eu irei sozinho.

- Guardas, sigam o Príncipe. Protejam-no caso precise de algo.

- Sim, Alteza.

Segui atrás da mulher que entrou em uma casa pequena. Em frente a casa havia uma placa. Ela era conhecida como "Selene, a Maga das Visões".

Entrei na pequena casa e senti um aroma diferente. Olhei para os móveis e pude ver que existiam muitas ervas, plantas aromáticas e muitos amuletos nas paredes.

- Peça para os seus guardas ficarem do lado de fora, Alteza. - Pediu-me surgindo na sala repentinamente.

- Sim, só um minuto. - Fui até a porta e dei ordem aos guardas. - Permaneçam do lado de fora. Se eu precisar de alguma coisa chamo vocês.

Todos assentiram com a cabeça, e eu fechei a porta.

- Por que a senhora correu quando olhei-a?

- Vossa Alteza pode não acreditar, mas eu vejo o futuro. O seu futuro é escuro, Alteza. Não consigo ver com clareza.

- Por que diz isso, senhora?

- Sente-se, Alteza. Contarei o que vejo.

Eu sentei-me numa cadeira de frente para ela. Selene pegou minha mãos e olhou no fundo dos meus olhos.

- A espada será apontada para a garganta do seu inimigo. A prometida chegará ao Reino. Quando achares a rosa, certamente verás a chance de ser feliz. A tempestade levará o obstáculo que estiver em seu caminho, mas o brilho da Coroa trará sua felicidade de volta. Ouça o seu coração. Ele poderá ser traiçoeiro, mas o seu destino é grandioso. Não há como recuar.

- O que significa isso?

- O destino irá explicar tudo a você. A ordem pode não ser exata, mas você se lembrará disso.

- Guardas.

- Sim, Alteza.

- Deem um pouco de ouro a esta senhora.

- Como quiser, Alteza.

- Não falei pelo ouro, jovem Príncipe. Falei porque era necessário. Sua parada em Gartel já havia sido avisada. Ouça o que diz essa velha senhora. O que procuras está mais perto do que imaginas. Um amigo trará aquilo que foi perdido.

- Alteza, precisamos ir.

Despedi-me de Selene e fui em direção a Carruagem. Ganhamos alguns presentes dos súditos de Gartel e continuamos a viagem. Já era de manhã.

No Parlamento...

- Isso é inaceitável, Alferno. O Príncipe não poderia ter saído do Reino sem autorização.

- Sim, Tyrone, mas precisamos entender as circunstâncias dessa saída.

- Alferno, você teme o que o Rei pode fazer. Se fosse qualquer um de nós você já teria concordado com a exclusão do Príncipe da Linha Sucessória. - Falou Sergred, outro Deputado do Reino.

- O povo não vai aceitar isso. O Príncipe Hugo é muito amado. Causará uma grande instabilidade no Reino. A Princesa Mily desapareceu. Os Reis estão em Vajor. É cedo para tomarmos qualquer atitude.

- Esperemos a volta de Suas Majestades ao Reino. A situação precisará ser esclarecida.

- Essa é a decisão mais sensata.

Castelo Real em Caluz...

- Guardas, abram os portões. Suas Altezas regressaram ao castelo.

A Carruagem Real chegou ao castelo. Desci da Carruagem e fui logo em busca de notícias da minha irmã.

- Alteza Real, pensei que voltaria mais tarde. - Johan curvou-se.

- Preciso de notícias da minha irmã, Johan. Onde está meu tio?

- Na Sala do Trono, Alteza.

Entrei na Sala junto com o Bernard, Johan e alguns guardas.

- Desejo notícias da minha irmã.

- Ora, o nosso Regente enfim regressou. - Meu tio falou sentado no Trono.

- Levante-se do Trono, tio. Respeite o protocolo.

- Sempre arrogante. Esse é o filho do meu irmão.

- Pai, não precisamos disso. O Hugo retornou, o protocolo é claro: na presença do Rei ou do Regente, o Trono não pode ser ocupado por ninguém além dos mesmos.

- Eu ainda sou o Regente, Bernard.

- Pai, o Hugo retornou. O senhor não é mais.

- Ele desrespeitou o Parlamento ao sair do Reino sem permissão. Estão discutindo isso nesse momento. Você deixará de ser o Regente, Hugo.

- Eu o fiz para salvar um soldado da morte. Perderia o Trono quantas vezes fosse preciso. Uma vida vale mais que tudo isso

- Alteza Real, perdoe-me por interrompê-lo, mas não sei como agradecê-lo por ter salvo o meu irmão. - René curvou-se aos meus pés.

- Meu amigo, levante-se. Eu fiz a minha parte. Meu dever é proteger todos os súditos do Reino.

- Eu também quero retribuir o favor.

- Não precisa, René. Sua gratidão e amizade já são suficientes.

- Eu trouxe sua irmã de volta. A Princesa Mily está salva.

- Onde ela está?

- No estábulo. Deixei-a dormindo. Ela estava exausta da viagem.

- Leve-me até ela.

- Parem todos. Fiquem onde estão. Não podem virar as costas para mim.

- Pai, o que é isso? O senhor está louco?

- Te desafio para um duelo, Hugo.

- O senhor só pode estar maluco. É absurdo esse desafio.

- Bernard, meu filho, não se intrometa.

- Não aceitarei o seu desafio, tio. Além de estar afrontando o Príncipe Herdeiro, isso é patético. Você não pode desafiar-me para um duelo por não estarmos em igualdade de posição. Eu sou a maior autoridade na ausência do meu pai, seu irmão e nosso Rei.

- Quanto mais você fala, mais eu sinto vontade de transpassar-te com minha espada, tolo.

- François, pare, por favor. Esqueça isso.

- Catarina, eu preciso fazer isso para garantir o futuro do nosso filho.

Meu tio veio em minha direção com a espada em punho, mas René o deteve apontando a espada para sua garganta.

- Você é o meu inimigo. Você quer tomar o Trono do meu pai. Guardas, prendam-no por traição à Coroa de Austo!

Continua...

Peço desculpas pela ausência. Estava muito ocupado com alguns assuntos da faculdade, tive estágio, estava tudo bem corrido. Agora estou de férias e com tempo livre para escrever. Vamos viajar juntos Entre Reinos. Tem muita coisa boa vindo por aí. Gostaram do capítulo de hoje?

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