Coração Ferido - Capítulo XIII

Um conto erótico de William27
Categoria: Homossexual
Contém 2387 palavras
Data: 05/12/2017 23:18:49

Pessoal, minha vida está muito corrida, sei que alguns leitores entendem, na verdade a maioria. Estou entregando o TCC da pós e fiquei meio sem tempo. Postarei dois capítulos, esse e outro amanhã, tenham uma boa leitura.

Responderei os comentários quando postar o próximo capítulo amanhã, tenham uma ótima leitura e a todos que votam, comentam e até leem na surdina uma boa noite

Coração Ferido - Capítulo XIII

Após a páscoa o ano voou e muita coisa aconteceu. Apesar de tudo consegui ser aprovado em todas as matérias e fui para o sexto semestre sem problemas. Meus pais vieram me visitar no mês de setembro e já haviam me cobrado de passar as festas de fim de ano com eles, eu faria isso assim como Luciano, Valmir e Carmem, foi nessa vinda deles que contei o que aconteceu comigo e com João, foi difícil segurar meu pai, mas no fim fui confortando por eles três, meu irmão jurou que ia matar João, mas não valia a pena. Após nossa conversa ainda em Caxias do Sul, eu e Luciano decidimos voltar a estaca zero e aos poucos aquela antiga amizade foi voltando, mas agora cada um tinha seu espaço, fora que agora nem eu e nem Luciano tínhamos receio de ficarmos perto um do outro, nos respeitávamos acima de tudo, mas confesso que ele estava ficando mais fofo a cada dia.

Outubro chegou com tudo. Estávamos numa correria no escritório preparando a última documentação para um grande cliente e todos se empenharam em ajudar, essa era a vantagem de se trabalhar em família.

- Fabrício...me ajuda aqui com essa memória de cálculo – Valmir entrou apressado na sala com um documento na mão, ele tinha a mania de não bater antes de entrar, isso me tirava do sério e ele sabia.

- Sim...deixa eu ver... – Ele entregou rapidamente o documento para mim e analisei por alguns minutos, ele estralava os dedos – vamos corrigir, o cliente quer especificada a vazão dos tubos em m³/s e não m³/h, o que você acha de usarmos os chumbadores do fornecedor de Chapecó? – Enquanto perguntava abri o mesmo documento no meu notebook e rapidamente fiz a correção e coloquei o documento em rev.0, ele ainda seria analisado e aprovado pelo cliente.

- Podemos indicar um fornecedor no projeto, faça isso, eles fizeram uma ótima cotação e o nosso último cliente elogiou muito a qualidade do produto... – Valmir desabou na cadeira a minha frente.

- Cansado? – Perguntei arqueando a sobrancelha.

- Muito... – ele sorriu – Carmem não me deu sossego a noite e... – Fomos interrompidos por alguém pigarreando.

- Pai, o Fabrício não precisa saber disso e nem eu... – ele entrou todo sério e olhou para mim- Fabrício, cadê aquele relatório que eu te mandei hoje de manhã para você corrigir e conferir o memorial descritivo? – Perguntou Luciano ele abrindo a porta sem bater.

- Qual? – Perguntei olhando assustado para ele.

- Eu te enviei hoje de manhã como anexo...você não viu? – Perguntou um pouco irritado, desviei minha atenção e olhei para ele.

- Luciano, você não me enviou... – Ele me olhou assustado, conferi meu e-mail e mostrei a ele também o que fez com que ele ficasse tenso – não tem nenhum enviado por você, tem um que foi enviado pelo Valmir, mas eu já resolvi... – ele bateu a mão na testa.

- Eu esqueci de te enviar...que droga... – ele respirou fundo.

- Calma...isso acontece... – Valmir interrompeu.

- Você me pede Calma?! – Ele debochou como se fosse eu que tivesse errado.

- Não fale assim comigo Luciano, eu sou teu pai e a culpa não é minha se você esqueceu de enviar um documento tão importante assim... – Nos entreolhamos.

- Vou lhe enviar agora mesmo, me desculpe, mas eu preciso que você comesse a trabalhar nesse documento agora... – ele disse com certa ordem.

- Tudo bem... – assenti um pouco chateado, eu ia ficar sem almoço, de novo.

- Ótimo... – ele parecia aliviado - eu preciso desse documento pronto até as 15:00h, eu sei que foi erro meu, mas eu preciso que você me ajude... – Não era um pedido, era uma ordem, eu poderia simplesmente me recusar e ir almoçar, mas eu não faria isso, ficaria e faria as correções no documento, não por Luciano, mas por Valmir que era quem pagava meu salário e a quem eu era grato e devia explicações.

- Você pode fazer isso Luciano, aliás, você devia ter feito, não é obrigação do Fabrício – Valmir levantou e conferiu a hora.

- Está tudo bem Valmir...

- Ok... – ele se aproximou, fez menção de que ia falar algo, mas eu fui mais rápido – mais alguma coisa que eu possa te ajudar chefe? – Luciano me olhou sério.

- Não... – ele se virou e saiu, mas voltou e pôs a cabeça para dentro – vou trazer almoço para você, não vai ser por culpa minha que você vai ficar sem almoçar... – eu encarei ele, seu cinismo me deixava com raiva.

- Não precisa... – ele ia falar algo, mas não deixei – do restaurante até aqui a comida esfria e eu não gosto que façam meu prato...se a comida chegar morna eu vou jogar fora e não quero fazer isso, muita gente passa fome.... – Ele respirou fundo, eu estava sendo bem chato, mas era assim.

- Como quiser – disse vencido – priorize esse documento, preciso dele o mais rápido possível, eu e a arquiteta do cliente iremos a reunião e... – Interrompi ele, que novidade era essa.

- Como assim, não era eu que ia na reunião contigo? – ele suspirou.

- Por que você não me consultou Luciano? – perguntou Valmir irritado – é o Fabrício que conhece os equipamentos e o projeto – Luciano ficou acuado.

- Eu decidi levar ela comigo, não me leve a mal Fabrício, mas ela é bacharel, você é técnico, ela tem um peso maior e... – Ele se calou, sabia que falar demais ia agravar a situação, Valmir me olhou e assentiu.

- Ok...agora me de licença chefe, eu tenho que correr contra o tempo se eu quiser te ajudar... – ele saiu pisando fundo, se ele quis me fazer ciúmes, ele conseguiu.

- Pronto...enviei – ele gritou da sua sala.

- Recebido! – gritei da minha quando conferi que o documento não era lá tão extenso, eu ainda conseguiria almoçar.

- Lembre-se, eu preciso dele para ontem... – ele me olhou da porta da sua sala e saiu, mas antes de sumir Valmir chamou sua atenção.

- Luciano, já que você vai levar a Paula contigo na reunião eu vou pedir para o Fabrício me acompanhar até Nova Lima... – ele parou e voltou até a sala.

- Mas eu ia contigo... – Ele olhou para o pai dele sem entender.

- Ia, mas vou levar o Fabrício comigo, o que faz dele um ótimo profissional não é um diploma, é a experiência... – Ele me olhou envergonhado, eu mais ainda.

- Faça como quiser, ainda você vai me poupar tempo, é um projeto pequeno, não tem por que eu ir mesmo... – Valmir apertou as mãos, eu simplesmente dei de ombros enquanto Luciano saiu sem olhar para trás.

- Desculpa por isso Fabrício... – Interrompi Valmir – Luciano em dias de entrega de documento fica chato... – Ele deu um risinho sem graça.

- Ele está certo, eu não sou formado, a Paula conhece o projeto, claro, não tão bem quanto eu, mas ainda assim conhece... – Ele me fitou.

- Você está com ciúmes? – Perguntou descarado.

- Não – Estava sim e muito.

- Tem certeza? – Ele cruzou os braços e me fitou.

- Absoluta – fui persistente.

Valmir acabou indo almoçar com Carmem e o resto do pessoal, eu fiquei sozinho no escritório, como tinha um suco de framboesa deu para enganar a fome. O documento não era grande e praticamente só editei ele no word e excel, quando vi já tinha acabado, enviado para o e-mail do Luciano com cópia para o Valmir, pedi ao office boy que imprimisse e encadernasse e quando voltou deixei as duas vias na mesa de Luciano. Pronto, tarefa cumprida.

- Fabrício... – Valmir chamou minha atenção quando eu estava na copa tomando um gole de café para tentar enganar a fome.

- Oi... – sai do transe e sorri para ele que me olhou preocupado.

- Você já foi almoçar? – Ele me questionou.

- Ainda não – respondi.

- Ótimo – franzi a testa – nós vamos almoçar com o cliente de Nova Lima, ele está esperando a gente na Fogo de Chão lá na Savassi – ele disse animado, churrasco era com ele mesmo.

- Mas você já almoçou... – ele negou.

- Não, ele me ligou um pouco depois de sair daqui, fui mais para acompanhar Carmem, tem muito marmanjo metido a esperto naquele restaurante que não pode ver uma coroa enxuta... – ele estralou os dedos, eu ri, Valmir e seu ciúmes.

- Mas o Luciano pode ir contigo... – Ele me encarou.

- Não quero que ele vá comigo, quer dizer, quem merece almoçar um rodízio de churrasco hoje é você que ficou sem comer parar ajudar não só ele como eu e por causa de um erro dele – sorri por ser reconhecido – e ele não almoçou, segundo a Carmem ele botou a comida no prato, mas estava tão preocupado, pedia a toda hora se não era bom preparar algo para você comer...ele acabou não comendo, pediu para colocar em uma marmita e deu a um morador de rua – revirei os olhos – você não almoçou, mas ele também não – Valmir riu.

Não saí da minha sala até a hora de ir para churrascaria.

- Fabrício... – Valmir entrou sem bater, agora eu sei de quem o filho puxou essas manias.

- Sim Valmir... – olhei para ele, o meu cansaço era visível.

- Vamos... – Ele sorriu, me levantei e seguimos para o carro. Quando as portas do elevador abriram tomei um susto.

- Aonde você vai? – Perguntou Luciano saindo dele.

- Almoçar com seu pai e o cliente de Nova Lima – Entrei no elevador – seu documento está encadernado em duas vias na encima da sua mesa – ele ia falar algo, mas ficou me encarando assim como eu até que a porta do elevador fechou.

- Não se chateie por ele não ter te levado – ele deu um soquinho no meu ombro.

- Valmir, eu sei que ele e a Paula estão saindo.... – Era estranho dizer isso, foi bom eu não ter ido almoçar – eu não tenho nada a ver com a vida deles e nem tenho o direito de me meter ou cobrar algo, eu espero que ela seja melhor que a Monica e faça ele feliz... – Me calei, ele me olhou, franziu a testa.

- Ele não vai ser feliz se não for com você – gelei com essa confissão – você sabe disso, para os outros você pode mentir, mas não para mim – ele sentou no pequeno sofá que havia na sala.

- Valmir... – respirei fundo – o Luciano está melhor sem mim, seguindo em frente e... – Fui interrompido.

- Não está não – Ele falou – você tem tirado o sono dele, você acha que esse erro dele de hoje foi sem querer? Não foi, ele está tenso, mas você pode resolver isso – ele botou a mão no meu ombro.

- Eu tenho medo Valmir... – ele deu um sorriso fraco.

- Medo do que? – Ele perguntou espantado.

- De ele me machucar... – Valmir me olhou espantado – de fazer comigo o que o João fez... – respirei fundo.

- O Luciano não seria capaz de fazer isso, eu conheço meu filho, ele pode ter feito o que fez, mas isso não... – Valmir ficou ofendido.

- Eu me expressei mal, eu tenho medo de ser violentado por qualquer outro, ou então ele querer só brincar comigo, matar uma curiosidade... – Valmir me olhou inexpressivo – vai que é só um desejo repentino e depois de tudo ele não queira mais ser meu amigo e me ofenda, eu não quero passar por isso... – engoli em seco.

- Você está enganado Fabrício... – o elevador parrou no térreo e saímos.

O caminho até a churrascaria foi feito no mais absoluto silêncio, nenhum de nós se atreveu a falar nada.

- Chegamos... – disse Valmir um pouco seco estacionando para o vallet manobrar o carro.

- Ok – assenti quando ele me olhou.

- Aquela conversa não terminou... – ele disse quando acionou o alarme.

- Eu sei que não – concordei com ele – mas agora vamos almoçar por que tanto eu como você estamos com fome – ele sorriu e me puxou para um abraço de lado.

- Será que tem rã hoje, eu estou morrendo de vontade de comer uma rã bem assadinha – Ele riu.

- Tomara que tenha javali ao vinho, eles preparam tão bem quanto... – ele me olhou, engoli em seco, dei um risinho sem graça – quase tão bem quanto você... – ufa, Valmir e sua mania de churrasqueiro, se eu dissesse o contrário teria que ouvir depois.

Ao entrarmos a recepcionista nos indicou a nossa mesa onde um senhor de quase 60 anos estava a nossa espera, quando nos viu acenou alegremente.

- Como vai Valmir? – Perguntou ele se levantando.

- Bem Roberto, e você? – eles apertaram as mãos – esse aqui Fabrício, ele é um dos melhores técnicos de edificação que tem – corei envergonhado.

- Para Valmir... – sorri envergonhado – prazer, Fabrício Scopel – cumprimentei o senhor Roberto de maneira cordial, ele me deu uma olhada tão intensa que só um cego não veria que ele estava com interesse em mim.

- O prazer é meu rapaz... – Ele apertou minha mão de ficou me encarando.

- Vamos nos sentar... – Valmir percebeu e quebrou o clima, obrigado.

- Sentem-se, estou esperando meu filho, ele deve estar chegando também - disse ele olhando em direção a porta.

- Senta aqui do meu lado Fabrício – Valmir bateu com a mão na cadeira do lado, odiava isso, mas era melhor do que sentar do lado de um estranho que estava me olhando como um pedaço de carne.

Alguns minutos se passaram, eu estava tomando uma água com gás com gelo e limão e Valmir estava tomando whisky com Roberto que as vezes me dava uns olhares indiscretos quando alguém se aproximou por trás de nós.

- Desculpe o atraso pai... – Roberto sorriu e se levantou, eu gelei, não podia ser.

- Sem problemas meu filho – ele deu abraço no filho – fez boa viagem? Está chovendo lá no Pará? Deixa eu te apresentar, esse é Valmir Cazarotto, o engenheiro civil de quem te falei e esse é Fabrício Scopel, técnico de edificação da empresa dele e seu braço direito... – Quando tomei coragem e olhei para ele minhas pernas tremeram, ele estava pálido e tão surpreso quanto eu.

- Prazer, João Albuquerque... – ele estendeu a mão para Valmir que o cumprimentou, ele me encarava incrédulo, Valmir e Roberto se entreolharam a olharam para nós, eu queria muito sair dali e sumir, isso não podia estar acontecendo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive William28 a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Na minha opinião, o Fabrício deveria ficar na carreira, é dá uma lição de moral no Luciano e no João. Nem sempre temos q perdoar todos, agora vai ficar de papinho pro João q aliás é tão enrustido quanto o pai.

0 0
Foto de perfil genérica

Cara, eu lia tua história na surdina e estou curtindo muito, sou gaúcho e me identifiquei, pois como você também sou descendente de italiano, Escritor vi que você se defendeu de um comentário, alguns leitores não valem a pena responder, dei uma lida nas histórias do tal atonx14 e nem são tão boas assim,ele é escritor iniciante, deve ser novinho ainda, não ligue, tive problemas com comentários que sumiam também, acabei resolvendo quando exclui meu antigo perfil, só assim acabou.

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Mas como esse mundo é pequeno o Fabricio não esperava encontrar o João nem tão cedo......Agora as atitudes do Luciano tem que mudar.........

0 0
Foto de perfil genérica

Eu vi e li seu comentário que inclusive foi muito interessante, gostei do seu ponto de vista.Alguns leitores me mandaram emails reportando a mesma coisa, que seus comentários estavam sendo apagados, inclusive alguns com nota máxima é de leitores fiéis que votam e comentam na maior parte dos capítulos senão em todos.Procurei saber o que aconteceu e descobri que meu login havia sido usado por outra pessoa, como demoro a postar não reportei o erro ao moderador pois sei quem foi, dei mancada ao usar o notebook do meu trabalho e alguém claramente me sacaneou.Mudei a senha e pedi desculpas a todos os leitores que se sentiram de alguma maneira prejudicados e ofendidos, então obviamente você não foi o único, peço desculpas pelo constrangimento que lhe causei.Claramente escrevo a mais tempo que você e com certeza sou adulto o suficiente para saber filtrar as coisas, não tenho 10 anos e nem sou moleque caro leitor,em relação a sua nota pouco me importa, não escrevo a história para você apesar de ter gostado da sua nota e comentário, se você tivesse de alguma maneira entrado em contato comigo saberia o que tinha ocorrido, no mais espero que eu tenha desfeito o mal entendido e que você seja adulto o suficiente para entender, pois vários leitores daqui me conhecem inclusive pessoalmente e sabem que eu não sacaneou. No mais caro leitor tenha uma boa tarde

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Confesso q dou maior força pra no final ficar com o João. Todos podem se arrepender e mudar. Não sinto força no relacionamento com o Luciano

0 0
Foto de perfil genérica

Novo site galera! Visitem! contos e muita putaria https://kxcontos.blogspot.com.br/

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Caramba parece a volta dos que nunca foram. Depois de tudo o que passaram eu estava crente que Luciano e Fabrício iriam se acertar.

0 0
Foto de perfil genérica

UAU, UM REENCONTRO COM O ESTUPRADOR. CADEIA PRA ELE. MEU DEUS COMO LUCIANO É BABACA. PARECE CRIANÇA MIMADA.

0 0
Foto de perfil genérica

Caralho cara, que reencontro tenso. Espero que Fabricio não finja que nada aconteceu e não conhece o João. Tem que rodar a baiana hahahshajs

0 0