Estrada instável - O INÍCIO

Um conto erótico de Wsin
Categoria: Homossexual
Contém 1669 palavras
Data: 27/11/2017 21:17:47
Última revisão: 28/12/2017 01:49:50

“O que esse cara quer de mim? Não suporto mais ficar somente observando-o sem fazer nada. Tenho, devo, necessito tomar alguma atitude agora!”

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Olá, meu nome é Felipe. Tenho 18 anos, cabelos cacheados castanhos médios, 1,74, corpo atlético, moreno. Faço academia nas horas vagas, estudo e curto tentar entender como o mundo funciona. Vou tentar relatar aqui um pouco da minha história que é um misto de confusões e surpresas. Espero que gostem!

05:23 da manhã do dia x de março de 2016

Riptide de Vance Joy tocava na tentativa de me acordar, sem sucesso.

Após mais três vezes seguidas, decidi levantar.

— Bom dia, dia! — eu disse, sonolento, com o olhar fixo para o teto do quarto enquanto a música do despertador terminava.

É engraçado que em todo o meu dia, eu sempre medito de manhã, penso em tudo que ocorreu no dia anterior e fico ponderando se hoje vou fazer diferente.

Enfim, era hoje, o primeiro dia da faculdade, o famigerado primeiro dia.

Levantei e fui tomar banho, fiz minha refeição, escovei os dentes e vazei para o ponto com minha mochila de couro que eu tanto tinha chorado pra minha mãe. Lá me deparei com um grupinho que parecia estar se divertindo à custa de uns menos privilegiados. Avistei que nesse grupo tinha mais meninas do que meninos, só gente bem vestida, com cabelos bem arrumados e etc (white people). Por um instante me indaguei se me sentiria bem no meio de tantas pessoas como essas, mas me esforcei para julgá-los apenas após conhecê-los.

O ônibus já chegava. Quando subi, só tinha um lugar ao lado de uma menina (por sinal, bem parecida com uma do grupo que eu tinha visto, já fiquei com o pé atrás).

— bom dia! licença! — disse, demonstrando um pouco de insegurança em sentar ao seu lado.

— oi, bom dia! — respondeu ela com um sorriso receptivo.

— pode me dizer, por favor, que horas são? — ela continuou.

— são 20 pras 7h.

— kkkkkkkk. você parece minha mãe dizendo as horas.

Rimos juntos dessa bobeira, mas, na real, eu ainda tentava interpretar se isso era bom ou ruim haha.

— a propósito, meu nome é Mary, muito prazer!! — dizia, dando continuidade.

— o prazer é completamente meu! Pode me chamar de Felipe.

— então, Felipe, é calouro? Nunca tinha te visto por aqui, acho.

— sou, sim! Inclusive demorou, viu?! Não via a hora desse dia chegar. Você também é?

— não, já tenho um tempinho de casa por aqui. Ainda bem. — disse, desviando o olhar no último período.

— por que ainda bem?

— nada. Eu só não botaria tanta fé se fosse você. GRAZADEUS tô no 3º ano e já quero que acabe!!!!

— Para o que devo exatamente me preparar? Faço Medicina e agora tô receoso..

— relaxe! Deixe acontecer. Não tem o que temer. — disse, deixando um sorriso confiante.

— certo.

— mas ainda bem que vai ser médico!! Já sei com quem vou pegar meus atestados futuros — dizia ela nos fazendo sair daquele climão e caindo numa boa risada.

Rimos bastante inventando ideias de como um poderia ajudar o outro e isso durou toda a viagem hahaha.

Conversamos sobre como era a universidade, inclusive, soube que ela fazia Direito e também era do Vale. Acabou me prometendo que iria fazer uma tour comigo, dei meu número e tudo. Quando descemos do ônibus, nos despedimos e seguimos para campus diferentes. Saí do ônibus feliz por saber que ela não era como os do grupo, pelo menos não até então...

Cheguei na classe um pouco atrasado e tive que me apresentar em pé. Em geral, a turma é de boa, mas já de início foram formando panelinhas e eu, como todo socializador, caí numa delas também, só esperava que eu tivesse escolhido bem. Teve duas aulas introdutórias. Quando bateu o sinal do intervalo, fui comer algo. Na cantina, pesquisei por uma mesa livre. Só tinha uma quase-livre e nela tinha um garoto que, aliás, me chamou muito a atenção. Me aproximei e perguntei se podia me sentar junto a ele.

— pode, pô — ele dizia, sem notar muito em mim.

— valeu — disse e sentei pensando se deveria iniciar uma conversa.

Comi meu 'pão de queso', fitando-o enquanto ele ficava mexendo no celular. Aproveitei pra analisá-lo. Era lindo: cabelo militar castanho claro, alguns sinais no pescoço que o deixavam uma graça, além de ter um corpo desenhado.

— pensando na morte da bezerra? — dizia ele subitamente com um olhar de inspeção sobre mim.

— e[..] (quase cuspo o pão de susto. Depois de um ano esse viado vem falar?)

— não — ri de nervoso — só viajando mesmo depois dessas aulas.

— ah, sim! — disse soltando um riso quente.

— você deve ser novo por aqui, não é?!

— ah! Sou sim! — respondi me perguntando como ele sabia.

— Se tiver alguma dúvida sobre qualquer coisa, é só me contatar. Meu nome é Renato, sou meio que responsável pelos novatos desse campus.

Lembro que fiquei pensando: MDS, devo estar fazendo algo muito errado porque é o segundo que me diz ser novato."

— tudo bem, Nato.

— Renato — imediatamente corrigi — desculpe.

— pode deixar Nato mesmo — dizia em tom calmo, ainda me analisando.

— e aí, tá gostando do primeiro dia?

— tá sendo bom até então, mas poderia ser melhor! — disse com meu espírito automático de piranha.

— rs, como assim? — ele perguntou com a cara de curiosidade.

Corei com minha indecência, logo no primeiro dia?! Qual é! Minha sorte foi que o celular dele apitava com tamanha frequência que ele teve que parar pra ver o que era. Eu já ia tentar respondê-lo quando ele levantou bruscamente dizendo que tinha que ir, que era urgente e que qualquer coisa era só procurá-lo. Deixando comigo apenas uma piscadela.

Fiquei uma merda que mal pude prestar atenção nele direito. Enfim, voltei pra sala para assistir as últimas aulas. Fiquei me perguntado se valeria a pena procurar por ele, seu rosto vinha sempre em minha mente. Decidido, fui procurá-lo no final das aulas, sem êxito. Me dirigi para o portão e encontrei a Mary. Quando a encontrei, contei tudo que havia acontecido e ela se empenhou para me convencer de que Renato era meu novo crush. Cara, nada a ver! Mas discordando, não me parecia ruim..

Cheguei em casa à noite e, como sempre, todos (tia, irmão mais novo e até meu cachorro) me perguntaram como foi o primeiro dia e blábláblá. Depois de tomar um banho e comer alguma coisa perdida na geladeira, entrei no meu quarto e liguei o notebook pra pesquisar sobre anatomia I. Eu estava muito desorientado pra estudar daí resolvi entrar no Face pra ver o que estava rolando.

— eaí, calouro! não deveria estar descansando depois do dia exaustivo? — questionava Mary.

— na verdade, até que não foi tão pesado. Sobre hoje cedo, confesso que fiquei esperando por algo amedrontador depois do que você disse. Você é muito boba! Ainda acreditei! afs.

— migo, kkkkkkkkkkk. Não quis te assustar! Mas não menti. Comigo foi diferente, mas isso já tem tempo.

— mas, ei! Mudando de assunto, meus amigos já estão falando de você. Um já até pediu seu número, acredita? — dizia ela.

— opa, tô bem assim na fita é? Shiuhadiudhsai.

— claro, lindo! Aqui a gente trabalha com agilidade. Muito formadíssima em criação de casais pela USP, sim.

Rimos juntos disso.

— e quem é esse aí que pediu meu número? — perguntei esperando que fosse o menino da mesa.

— ele estuda comigo, é mestre em sedução e dá aulas ao vivo de como beijar.

— X-X. Você quis dizer o Leandro?

— ué. Você conhece ele?

— conheço. Vi ele praticando os beijos no campus IV. Acabei perguntando quem é por curiosidade, e, bah, não vale a pena — disse meio desanimado.

— adiantado o sr. Vamos focar então no menino misterioso chamado Renato.

— sabe, tem uma festa de inclusão dos calouros no sábado. Se quiser, podemos ir juntos e procurá-lo.

— opa, claro. Vai ser bom inclusive pra me enturmar mais. E também com as coisas rotineiras daqui de casa, tô necessitando de um descanso.

— combinado, então. Vou aqui arrumar umas xérox pra levar para a facul amanhã. Qualquer coisa, te chamo.

— beijão, gata!

Depois disso resolvi deitar um pouco pra pensar sobre tudo que está acontecendo. Está tudo tão rápido... e eu achando que não ia me adapt[...] Minha mãe abriu a porta. Mania de não bater!

— filho, como foi a faculdade?

— oi, mãe, chegou agora? Foi muito interessante, até. Mesmo apesar dos professores terem tentado assustar a gente, foi de boa.. (chorando por dentro de nervorsor, “de boa” foi meu juízo sendo destruído tentando entender tanta palavra difícil).

Eu amo conversar com minha mãe; já tivemos muitas brigas, mas hoje temos uma ligação que me deixa super aberto pra ela, uma pena não tão aberto para contar o que sou de verdade.

— que bom, bb. Cheguei agora mesmo. Trouxe um bolinho pra ti, tá lá em cima da mesa. Vem comer, vem! — dizia ela com uma carinha de ânimo.

— mãe, eu te amo, SÉRIO (kakkakk, amo essa mulher).

Enquanto eu comia, ela me olhava e acariciava meus cabelos, dizendo: “quem diria que meu filho iria cursar uma faculdade que eu não pude, e eu estaria aqui acompanhando isso e vendo como ele cresceu?”

Me segurei pra não chorar escutando isso, minha mãe é uma mulher batalhadora; sempre lutou por o que é dela, no caso, eu, haha, entre outras coisas, eu não consigo descrever ela aqui, é impossível.

— que isso, mãe. Fico até sem ter o que falar — eu disse, sem graça.

Ela me olhou com um sorriso de orgulho, me deu um beijo e disse: "come tudinho que eu quero meu médico forte." Em seguida levantou e foi colocar Nicolas, meu irmão mais novo, pra dormir.

Depois de comer, fui escovar os dentes, dei boa noite pra mom e pro maninho, depois fui deitar ouvindo Aonde Quer Que Eu Vá, Paralamas do Sucesso, ansioso pelo sábado.

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[[[[[SÁBADO]]]]]

“EU PENSEI QUE VOCÊ FOSSE DIFERENTE DE TODOS AQUI, não acredito que fez isso comigo! — eu disse, gritando, e quando não pude mais controlar as emoções, desabei.”

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