Capa 42 - Jéssica Albuquerque

Um conto erótico de R Pitta
Categoria: Homossexual
Contém 1551 palavras
Data: 15/10/2017 02:04:47

- Já me falaram que eu tenho cara de quem gosta de homem e eu não gosto.

Sabe quando a frase fica ecoando na nossa cabeça? Eu não tô preparada pra me assumir. O que as pessoas iam pensar de mim? E minha família? Eu vi o que a família da minha mãe fez com a Tia Lúcia por se assumir. Todos viraram as costas pra ela. Agora imagina meu pai, Advogado. Tendo um título a zelar. E se meus amigos descobrissem?

- Nem abraço?

- Abraço acho que da.

Pra completar ela ainda fica se agarrando com ele. Aff! Melissa olhou pra mim, Não sabia se tinha raiva ou tremia por poder olhar seus lindos olhos. Precisava sair dali.

- Vou no banheiro. Vanessa, vem comigo?

- Tá.

- Pode deixar, morena. Vou com ela.

E foi ali que tive mais uma surpresa.

- Diego? - Só pode ser brincadeira.

- Jéssica? - Sinico!

- Vanessa, Trevor, Mosquito, Melissa e Guilherme. Pronto! agora todo mundo se conhece. Vem, Jé, vamos no banheiro.

Minha amiga saiu me puxando pelo braço para o banheiro.

- Hoje é dia internacional do "Vamos deixar a Jéssica sem jeito"?

- Ain, Jess. Ele não te avisou que vinha?

- Não! Não avisou nada.

- O que eu faço agora? Diego tinha me pedido em namoro.

- E agora que você me conta, Piranha?

- Aff, Vanessa. Drama agora não.

- Vamos acalmar os nervos, heterossexual com defeito. Decide o que você...

- Amanhã é o aniversário dela! - Cortei o assunto dela. - Eu tô fudida.

- Vamos voltar pra mesa e vamos pensando no que fazer.

Concordei e fomos para o salão. A pizza já estava na mesa. Começamos a comer e sinto meu celular vibrar e vejo que uma mensagem do Diego.

* Melissa é lésbica.

**E o que tem?

* E o que tem é que você me disse uma vez que estava gostando de uma garota. É ela?

Travei. Eu queria que ele entendesse mas também não queria admitir.

** É ela, sim.

Ele demorou alguns segundos para responder. Escrevia. Apagava. Escrevia. Apagava. Comia um pedaço da pizza. Escrevia...

E foi assim até enviar.

* Agora entendi muita coisa. Desde quando?

** Pouco antes da festa da Beatriz.

* Conversar por msg é ruim. A gente pode tomar um açaí e conversar.

** Pode ser.

* Saindo daqui a gente vai. Não foi um pedido.

Acabamos de comer e saímos da pizzaria. Diego me chama pra ir com ele na moto. Não neguei e fui até ele. Subimos no veículo, foi feito meia volta sentido a praça central. As luzes da cidade foram acessas quando a moto foi estacionada próximo a um chafariz. Crianças correndo, grupinhos de pessoas conversando. A rua do lado de uma igreja aparentava ter uma feira. Sentamos em um banco mais reservado para conversarmos melhor.

- Eu poderia enrolar mas quero logo entender o que está acontecendo e quero que seja direta.

- Diego, eu não sei o que falar.

- Eu pergunto e você responde.

- Pode ser, comece.

- Você está namorando com ela?

- Namorando não. Estamos ficando.

- Diz como foi desde o início.

Passou um filme na minha cabeça. Comecei a explicar toda a história. Como nos conhecemos, primeiro beijo, a primeira vez nossa, a minha primeira vez...

Ele olhava firme pra mim. Seus olhos estavam avermelhados, parecia querer chorar. Diego sempre foi bem safado, mas respeitador. Nunca fez nada que eu não queria ou qualquer coisa do gêneroE agora estamos aqui. Quer comentar algo?

Com os olhos vermelhos e ainda olhando para mim.

- Eu te amo, Jéssica. - Caralho foi a única palavra que pensei naquele momento. Uma lágrima escorreu de seu rosto. - Desculpa falar isso agora.

- Desculpa por não falar o mesmo. O que você pretende fazer agora?

- Eu pretendo? Jessy, a vida é sua. Acha que vou te bater, xingar, deixar de falar com você por isso?

- Oras, a gente nunca sabe qual é a reação das pessoa.

Ele riu.

- Independente disso, você tem que se preocupar com o que você acha. Meu pai sempre me ensinou a respeitar os outros e saber que cada um tem suas escolhas. Eu escolhi te respeitar e aceitar que meu amor não vai ser correspondido.

- Chegou nessa conclusão em 3 minutos?

- Tenho 26 anos, ja passei por um bocado de coisas e sei que não adianta ficar dando murro em ponta de faca. Não é meu coração que tu queres.

Que homão da porra, cara. Uma maturidade sensacional. Fiquei um pouco perplexa com tudo o que foi dito, porém muito feliz. Imaginei que podesse ouvir tanta coisa, menos isso.

Olhei para o outro lado da rua e vi uma loja de festas e lembrei que no dia seguinte Melissa estaria completando 18 anos e eu não tinha comprado nada pra ela. Cocei a cabeça. O que eu vou fazer? Só me resta ser cara pau.

- Diego... fugindo totalmente do assunto. Amanhã Mel vai fazer aniversário e eu não comprei nada pra ela. Podemos dar uma volta pra procurar um presente?

- Pode ser. Nós vamos conversando no caminho.

Levantamos e fomos a busca de algo para minha ruiva. Di foi falando coisas aleatórias, mas eu estava com a mente em outro lugar. Nao sabia o que comprar.

- Que cara é essa?

- Ain, Diego. Não faço ideia de onde começar a olhar e o que eu vou olhar também.

- Compra um vibrador. - Olhei seria para ele que apenas sorriu. - Tô tentando ajudar.

- O que ela vai fazer com um vibrador?

- Isso foi uma pergunta retórica?

- Irei pensar em outra coisa.

- Mas me diz uma coisa. E seus pais?

- Estão bem.

- Não perguntei isso. Você vai se assumir para eles?

**

Tinha acabado de chegar da escola com Mari. Larguei a mochila de carrinhos no pé da escada e subi correndo pro meu quarto. Era quarta feira, dia de balé, não poderia me atrasar. Passando pelo quarto dos meus pais vi a porta entreaberta e ouvi a voz exaltada.

- Por mim não é minha irmã!

- Para de bobeira, Helena. Não tem mal algum nisso.

- Você fala isso porque é da sua família.

- Manuela é sua irmã, não vai deixar de ser sangue do seu sangue só por casar com outra mulher.

- Porra, Pedro, olha a vergonha que minha família vai passar.

- Vergonha é essa atitude que você está tendo.

- E se fosse a Jéssica, Pedro? Se fosse a sua filha a ser a sapatão?

Meu pai exitou em continuar a conversa. Eu olhava aquela briga pelo pequeno vão da porta aberta. Com 12 anos não entendia Muita coisa. O que era certo ou errado, só sei que duas mulheres juntas seria uma vergonha pra família.

- Ei, meu bebê. Vai se arrumar pra não perder a aula de balé.

Mari chegou e me pegou pela mão. Fui pro quarto me arrumar. Fiquei curiosa pra entender muitas coisas ditas naquela conversa, mas sabia que não deveria comentar. Minha mãe nunca mais me deixou falar com minha tia Manuela.

**

Eu guardei aquele medo e dúvidas entro de mim. Meus pais não iriam aceitar.

- Eu acho melhor não. Por enquanto. - Melissa e eu não tínhamos nada sério até a presente data. Não posso ficar fazendo planos ou jogar minha vida pro alto sem saber o que será de nós. - Quer ser meu namorado?

O lutador me olhou assustado.

- Caralho, tu queres fuder meu psicológico?

- Não de namoro de verdade. E pra me ajudar.

- Acha que vai dar certo?

- Só iremos saber se tentarmos.

Ele bufou e começou a batucar no capacete.

- O que você não me pede chorando que eu não te faço sorrindo?

- Obrigada. - Sorri pra ele.

- Quer mais algo?

- Sim, me ajuda a escolher um presente pra Mel?

- Vi uma loja de bichos de pelúcia próximo a entrada da cidade. Da pra ir andando.

- Tá certo.

Levantei logo após Diego. O rapaz parou pra comprar pipoca e seguimos para a tal loja. Chegamos na loja repleta de bichos de pelúcia pendurados pelas paredes. De todas as cores e tamanhos. Tinha de coelhos a Tubarões. De unicórnios a dinossauros. Fiquei perdida com tantas informações. Não tinha ideia de que iria escolher. Enquanto eu tentava me concentrar nas pelúcias, Diego cantava, ou melhor, tentando cantar a música da Dua Lipa em um novo idioma.

- Não sabia que essa música tinha versão em árabe.

- Para, vai. Já escolheu algo?

- Não. - Olhei ao meu redor. - Tem Muita coisa.

- Pensa direito.

Pensei. Pensei. Pensei e cheguei na conclusão que nada sabia dela. De repente olhei um bicho na vitrine que me causou um flashback.

- Aquele.

- Caralho, vai levar dez metros de presente?

- Deu sorte que não vi um maior.

- Aff, bora então.

Pedi pra embrulhar para presente, paguei e voltamos pro condomínio. Quando cheguei, avistei minha garota sentada com minha amiga.

- Vamos, amor?

Meu namorado de aluguel sorriu pra mim e esticou a mão para que eu pegasse. Retribui o sorriso e fui.

- Está com a mão gelada.

- Tô nervosa por causa do presente. Não tenho jeito pra presentear alguém.

Cada passo meu coração acelerava, me senti uma criança. De perto pude ver seus olhos perfeitos.

- Boa noite, meninas.

Alguns segundos de silêncio.

- Demorou, hein?!

- Estava ocupada.

- Agora de a chave do quarto. Quero tomar banho.

- Toma.

Entreguei a chave pra Vanessa e percebi que Mel nem mais levantava o olhar pra mim..

"Agora é a hora da conversa.''

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Olá, meus amores. Tá aí mais um capítulo. espero que agrade a vcs.

qualquer feedback é bem vindo.

pittaraquel23@gmail.com

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Comentários

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Isso de fato não vai prestar! Se o Diego fosse gay, até daria pra pensar, mas apaixonado, mesmo cheio de boas intenções, difícil! Pior que ainda chegam de mãos dadas, duvido que Mel vai topar isso!

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Nossa tinha que parar na melhor parte rum....perfeito cont

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Essa de namorado q ex ficante e apaixonado Nunk da certo !!! Problemas a vista kkkkkkkk Amo seu conto!!!! Cont. Logo ::)

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