Recomeçar - Capítulo 3 - A Proposta

Um conto erótico de Allana Prado
Categoria: Homossexual
Contém 2467 palavras
Data: 17/05/2017 23:04:00

[Martin]

Atualmente...

Quando eu me descobri gostando de um garoto, minha vida inteira ganhou um significado diferente, foi como se eu começasse a viver depois disso e tudo de certa forma realmente começasse a fazer sentido. Não que eu não imaginasse que isso um dia pudesse acontecer, eu sabia que alguma coisa existia, as evidências estavam ali e eu só não as enxergava, mas mesmo assim eu não deixei de me espantar quando tudo aconteceu. Eu sempre fui um garoto muito tranquilo e dificilmente trazia preocupação aos meus pais, aceitava tudo numa boa e sempre me submetia às vontades deles, mas claro, esse fato novo sobre minha vida fez com que tudo fosse modificado. As inúmeras brigas eram constantes e tudo que eu fazia, mesmo que fosse o mínimo, era motivo de critica e momentos de estresse. Tudo isso porque eu estava disposto a não mais ser aquele velho e submisso Martin, o amor tinha me mudado e me feito ver que eu precisava agir caso quisesse vivê-lo.

Nicolas era de longe o cara mais perfeito que alguém poderia conhecer, às vezes eu me pegava observando-o, sem ele perceber, claro, e me orgulhava de ter tido essa sorte de poder estar perto de uma pessoa tão incrível quanto ele. No começo ele fora tão paciente comigo, me esperou quando tudo ainda era só uma confusão na minha cabeça que hoje eu já não conseguia mais me imaginar sem aquela dose diária de carinho, amor e afeto que só ele poderia me dar. Claro que nem sempre tudo era tão fácil, ás vezes as coisas se tornavam extremamente difíceis e nossa relação era colocada a teste, mas nunca deixamos nos enfraquecer por isso. Nos amávamos demais pra ficar longe um do outro.

Levei um tempo pra perceber que estava devaneando demais e sorrindo pro vazio pensando em meu namorado quando o professor pigarreou alto e voltou com a leitura de conteúdo, aquela era umas das aulas que eu considerava mais chatas daquele curso, o tédio sempre tomava conta de mim, fazendo com que eu viajasse no meio da explicação e eu sabia que teria que correr atrás da matéria perdida depois. Fazer o curso que meus pais queriam não estava sendo assim tão fácil quanto pensei que seria, as matérias eram desanimadoras e exaustivas e, com a motivação que me faltava, tudo se transformava em algo muito maior. Mandei uma mensagem pro Nico, avisando que eu estaria no lugar de sempre e saí da sala antes mesmo do professor liberar.

Uma das poucas coisas boas, se assim poderia dizer, é que com o esforço e dedicação aos estudos que eu tive que desempenhar, consegui entrar com louvor pra umas das melhores universidades da cidade, que coincidentemente, era também onde o Nicolas tinha conseguido uma bolsa. Caminhei por entre as mesas e cadeiras da cantina e sentei-me num lugar mais afastado, mas que ainda pudessem me ver e permanecia li, esperando até que as outras aulas acabassem.

-O que aconteceu? – Foi o Nicolas que perguntou, alguns minutos depois que eu estava ali, todo preocupado quando me viu de cabeça baixa e refletindo sobre vários assuntos.

-Nada. – Respondi sem querer trazer aquele assunto chato, e tantas vezes falado a tona.

-Martin, você sabe que eu não gosto de te ver assim, né? Parte o coração.

Nesse momento ele me fez olhar pra ele, pressionando meu rosto entre suas duas mãos e ficou meu olhando sem me dar chances para que eu desviasse.

-É evidente que isso aqui, esse curso, não te deixa feliz e isso acaba me deixando triste também... Eu não me imagino fazendo o que não gosto, quem sabe se você não der um tempo disso tudo, você é novo, não tem problema nenhum trancar a faculdade por algum tempo.

No mesmo instante eu lhe lancei um olhar reprovador, ele melhor que ninguém sabia que existiam sim todos os problemas do mundo se caso eu decidisse que queria parar por um tempo. Meus pais nunca aceitariam isso numa boa e eu ainda tinha medo de que piorasse minha situação com ele.

-Olha, então eu quero que você saiba que eu sempre vou estar junto com você, tá? – Ele voltou a falar, me dando uma injeção de animo só por ouvir aquelas suas palavras.

-Eu sei disso! – Disse sorrindo, dando um beijo rápido nele e tendo a completa certeza disso.

-Vamos embora? Tô com fome, não vejo a hora de almoçar.

-O Murilo pediu pra que a gente o esperasse, aliás, olha ele ali...

Completei quando vi o Murilo aparecer no nosso campo de visão com seu enorme, e inseparável, sorriso no rosto. Ele parecia sempre estar de bem com a vida, pra ele tudo estava perfeito e ás vezes ele até conseguia nos contagiar com isso.

-Eai galera! O pessoal do meu curso tá organizando uma ida a cachoeira hoje, parece que é aqui perto e vai ser da hora, por isso pedi pra vocês me esperarem. Bora?

-O pessoal do seu curso não estuda não, vivem organizando festa e saídas. – Nicolas questionou.

-Que isso, pô, estudamos tanto que precisamos de um descanso. Eai vamos ou não?

Nicolas e eu nos entreolhamos em duvida se aceitávamos ou não, não tínhamos muito o costume de sairmos assim a qualquer momento e sem planejar, então, demoramos um pouco pra responder.

-Cachoeira, né? Eu estou sem sunga, até porque, eu vim só pra estudar. –Falei.

-E eu tô com fome. – Nicolas completou.

-Vocês são chatos, hein, ninguém vai ligar se você ficar de cueca, Tin, todo mundo vai estar assim lá. E Nicolas, deixa de ser morto de fome, o pessoal vai levar coisas pra comer. Agora parem de arrumar desculpa pra não irem.

Ele finalizou não deixando escapatória para que recusássemos, sendo assim, sorrimos e concordamos, seria bom pra relaxar e fazer esquecer os problemas. Rimos da incontrolável animação do Murilo com o programa e fomos guiados por ele até o estacionamento pegar seu carro, recém adquirido no seu aniversário de 18 anos, e que nos levaria até o local. Era evidente notar seu orgulho em poder desfrutar daquele momento, até dias atrás eu tinha que ouvi-lo dizer como seria incrível ter um carro e finalmente ser considerado um adulto pelas outras pessoas, que eu até me alegrava pela felicidade dele. Não fazia mesmo o meu estilo sair ostentando com carrões por aí, mas não pude deixar de pensar que só não tinha um daqueles como forma de castigo por não ser exatamente como meus pais queriam.

Mais ou menos quinze minutos depois, depois de entrarmos por uma estradinha de terra, nós avistamos ao longe a tal cachoeira e o pessoal todo em peso por lá. Não estranhei o fato de que eu ainda não conhecia o local, mesmo que fosse na cidade em que eu morava desde que nasci, quando não se é muito popular isso é uma coisa muito fácil de acontecer. Murilo então estacionou o mais próximo possível, nós pegamos nossas coisas e descemos. O visual era muito bonito visto dali, as enormes pedras na coloração natural se espalhavam pelo lugar, juntamente com a queda de água que podia ser ouvida mesmo de longe. Preferi parar por ali mesmo do que ter que me juntar ao aglomerado de pessoas que se formava mais e frente, Nicolas vendo minha parada também parou e ficamos os dois juntos ali, enquanto o Murilo, como sempre, se enturmava fácil.

-A gente podia vir aqui de novo um dia só nós dois. Já pensou isso aqui tranquilo e sem esse monte de gente? Ia ser incrível.

Nicolas falou dando uma olhada em volta, parecendo estar conhecendo o ambiente e avaliando o que acabara de falar. Ele, assim igual a mim, gostava de curtir o silencio e a tranquilidade o máximo possível a dois.

-Era exatamente isso que eu tava pensando.

Nos sentamos ali na grama e assim permanecemos por algum tempo, observando o pessoal e aproveitando para ficarmos juntos e namorar um pouco. Nunca fizemos questão de escondermos que éramos um casal, na verdade sempre deixamos bem claro isso quando assumimos nossa relação, claro que isso as vezes gerava algum desconforto dos outros, mas nós nunca ligamos com isso.

-Onde você vai? – Perguntei pro Nicolas que se levantava rapidamente e fazia menção de tirar a camisa. – Ei?

-Ué, nós viemos até aqui e vamos ficar só olhando? Vamos achar um espaçinho pra gente também.

Ele disse me puxando, fazendo com que eu saísse do chão e depois acabando por ficar apenas de shorts, tentei não me incomodar com aquilo e deixar passar, todos ali estavam assim e mais um não ia chamar tanta atenção. Mesmo a contragosto, acabei fazendo o mesmo que ele, deixando nossas coisas no chão e me permitindo ser puxado em direção a água. Driblamos o pessoal que estava fazendo farra em nosso caminho, recebendo algumas cotoveladas pelo pouco espaço que existia e finalmente conseguimos chegar à água, molhando cada vez mais nossos corpos à medida que íamos aprofundando.

-Que gelado!

Ele quase gritou se contraindo todo e tremendo em contato com a água, não consegui esconder meu sorriso e o sentimento de vingança por ele ter me feito entrar ali. Passei meus braços por seu pescoço e cheguei mais perto dele, abraçando-o e tentando nos aquecer enquanto acostumávamos com a água.

Nos divertíamos vendo o pessoal pular da parte mais elevada das rochas e causar respingos em todos que estavam mais abaixo, mas nem nos atrevíamos a entrar na brincadeira com medo de que com qualquer movimento o frio voltasse com intensidade. Um assovio misturado com um aceno chamou minha atenção pela visão periférica, era o Murilo fazendo de tudo para que olhássemos pra ele. Tinha consigo duas meninas ao seu redor e inicialmente até pensei que fosse por isso o motivo da sua chamada, mas com um sinal ele deixou claro de que queria falar com o Nicolas.

-O que esse doido quer? – Perguntei.

-Vou ter que ir lá ver.

Ele respondeu me soltando, atravessando devagar o lago até chegar no Murilo que o esperava. Comecei a ficar incomodado quando os dois começaram a se falar e olhar disfarçadamente pra mim com sorrisinhos maliciosos no rosto, Murilo gesticulava e parecia ensinar algo pro Nico que balançava a cabeça concordando. Essa conversa não durou por muito tempo, logo Nicolas já estava voltando e eu agradeci por não ter que ir lá e acabar com a graça dos dois.

-O que o Murilo queria?

-Nada, bobagens como sempre, você sabe. – Respondeu me deixando mais desconfiado ainda, aqueles dois estavam aprontando. – Vem, vamos dar uma volta ali?

Ele completou pra me deixar ainda mais com a pulga atrás da orelha, seja lá o que ele estava aprontando o deixava com um sorriso lindo no rosto, então eu fui. Dei uma ultima olhada para o Murilo que permanecia do outro lado do lago e sustentava o mesmo sorriso travesso vendo nós nos afastarmos.

Nicolas foi me conduzindo, em meio às águas, para um lugar mais afastado de todo o pessoal e ali eu comecei a desconfiar do que se tratava. Entramos num espaço vago em que duas enormes pedras se uniam, fazendo uma espécie de caverna de baixo d’água, e uma grande vegetação que cobria basicamente toda a visão de quem passava por perto. O som das pessoas lá fora já não era tão alto como antes e isso fez com que eu relaxasse e perdesse o medo de que fossemos descobertos.

-Era pra te ensinar vir aqui que o Murilo te chamou? – Eu perguntei desconfiado e ele só fez confirmar com a cabeça. – Safado!

Disse a ele que sorriu em resposta para logo depois vir me beijar. Seus beijos sempre eram calmos, carinhosos e apaixonados, mas dessa vez, com a sensação do proibido, tudo tinha se tornado muito mais intenso. Flutuando nas pequenas ondas que as águas se formavam pelos nossos movimentos, eu enlacei minhas pernas em sua cintura e me entreguei as suas caricias e o que muito mais estava por vir.

Já começava a escurecer quando saímos dali de dentro e procuramos por Murilo para ir embora, estava tarde demais e eu não queria nem pensar na bronca que levaria dos meus pais por não ter voltado logo após sair da faculdade. Com a pressa não deu tempo de muita coisa, Nicolas e eu nos despedimos rapidamente e fui de carona pra casa torcendo, mesmo em vão, para que ainda não tivessem notado minha ausência.

Chegando em casa, ao abrir a porta e guardar as chaves no bolso, logo dou de cara com meus pais sentados no sofá da sala em uma atitude tão formal que pareciam tratar sob trabalho. O desconforto dos dois era visível a metros de distancia e o ambiente parecia tão pesado que eu quis passar direto por eles sem ser visto e ir pro meu quarto.

-Martin, senta, a gente precisa conversar.

Ainda daria tempo de dar meia volta e ir embora, mas eu tinha certeza de que eles colocariam o motorista e até mesmo os seguranças atrás de mim na mesma hora, então, meio que sem escapatória, eu me sentei.

-O que aconteceu?

Tentei ser direto. Eles se entreolharam, como que pra decidir quem falava primeiro e ali, se eu ainda tivesse duvidas, minhas certezas foram confirmadas de que era algo ruim.

-Martin, eu e sua mãe andamos conversando sobre seu futuro.

-Mais coisas sobre meu futuro? Caramba! Nossa, que bom que eu não preciso me preocupar, pois tenho pais que resolvem tudo pra mim. – Não pude segurar meu toque de sarcasmo quando disse aquelas palavras.

-Olha a educação moleque! – Meu pai levantou a voz e eu murchei. – Apesar de você ser um ingrato e não dar valor nas coisas que fazemos por você, nós ainda queremos o seu bem. Não é Marta?

Meu pai passou a fala pra minha mãe que estava controlada e séria esse tempo todo só esperando, foi ali que eu percebi que eles deveriam ter ensaiado tudo muito bem antes que eu chegasse.

-Filho, nós sabemos que você não gosta das coisas que planejamos pra você, tão pouco gosta do seu curso...

-Sim, mas o que isso quer dizer? Onde vocês querem chegar? – Perguntei cansado da embolação.

-Nós resolvemos te dar uma chance e ver o que acontece... é Artes que você deseja cursar, não é?

Eu paralisei por um momento, eu não acreditava que eles estavam querendo dizer aquilo que eu pensava. Só consegui balançar a cabeça em afirmativo e esperei que eles continuassem, foi a vez do meu pai agora:

-Então, nós vamos permitir que você abandone Administração e siga esse seu sonho... mas com uma condição, tem que ser fora do país.

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Comentários

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E que Felicidade em saber q essa pessoa ta de volta e com conto q já começou muito bom, estou aqui só no aguardo, beijão!!

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