ACRÔNICO. #Parte 20.

Um conto erótico de Ralph.
Categoria: Homossexual
Contém 2129 palavras
Data: 10/05/2017 19:39:52
Assuntos: Gay, Homossexual

Meu quadril estava seguro entre as coxas rosadas de Bernardo e meu pau tão rígido pulsava dentro do seu corpo. Ali era o único lugar no mundo inteiro que eu queria estar de verdade. Era onde existia e me sentia vivo.

Nossos movimentos naturalmente iam de uma dança rápida e suada para um rebolar, além de ritmado, suave e apaixonado. Os gemidos manhosos, quando não eram liberados em meu ouvido, eram soltos no calor da minha boca no meio de um beijo molhado.

Naquele instante os lençóis eram extensões de nossa pele morna. Rolávamos no meio deles e nos atrapalhávamos quando estávamos enroscados. O riso só era cortado por um beijo inevitável. Eu não poderia ver os lábios avermelhados em qualquer mínima abertura que já queria penetrar minha língua no meio deles, fazendo Bernardo saborear minha saliva que muito tinha do seu próprio gosto.

O homem manhoso e sutil embaixo de mim se transformava ao montar em meu colo. A fração de segundos entre uma posição e outra era o tempo necessário para algo mais selvagem invadir seu corpo e quando ele escorregava meu pau outra vez para dentro de si, era minha vez de tremer. Gozamos juntos algumas vezes e só paramos quando nada mais pudesse sair do nosso corpo e uma ardência incômoda se instalou tanto no meu pau, quando na bunda que era machucada por ele.

O banho demorado quase nos estimulou a tentar outra penetração, mas entendemos que teríamos tantas outras noites e dias pela frente e ficamos ali entre mãos escorregadias, beijos carinhosos e roçadas intensas.

*

Eu afundei meu rosto no lençol quando as lembranças do que tínhamos feito ao chegar no apartamento de Bernardo na noite anterior foram se afastando lentamente e eu sorri sozinho e sonoramente respirando o cheiro que ainda morava no tecido. Ao me esticar inteiro senti a suavidade do lençol brincar com minha pele sensível e nua. Eu abracei o colchão ainda no meio daquele riso contínuo e gemi um pouquinho ao me espreguiçar novamente.

Com o rosto virado para as janelas abertas, eu não vi que Bernardo se aproximava e só dei conta de sua presença quando senti o seu caminhar sobre o colchão.

Eu achei que ele se juntaria a mim naquele despertar preguiçoso, mas melhor que isso, ele arrancou de mim os lençóis e me deixou exposto. O meu resmungar saiu mais arrastado que meus movimentos e ele imitiu o meu “não”, exagerando na manha.

“Minha coisa preguiçosa”, eu o ouvi dizer enquanto escalava minhas panturrilhas, coxas e sentou-se sobre minha bunda. Ele vestia o que parecia ser um samba-canção muito surradinho, mas ainda assim seu pau adormecido e seu saco pendente caíram sobre minhas nádegas. Ele se ajeitou ali e seus dedos espertos começaram uma massagem ao longo das minhas costas.

– Todas as manhãs serão assim? – Eu ainda estava com o rosto enfiado nos lençóis.

– Só as que você amanhecer aqui.

– Isso quer dizer que...

– Você achou que mais tarde iríamos buscar suas coisas e instalá-las aqui?

Eu tive que rir, pois as provocações dele eram tão doces que eu só conseguiam me encantar ainda mais.

– Ah! Então estamos tendo um caso?

– Um delicioso caso – ele confirmou descendo os dedos até o começo da minha bunda. – Não é melhor assim?

– Você fala do nosso caso amoroso ou das suas mãos ameaçando minhas intimidades?

– Deixe-me ser mais claro. – Ele escorregou para minhas coxas e os dedos delicados se arrastaram pelo comecinho da minha fenda natural. – E agora? Melhorou?

– Não sei se consigo... – Eu precisei soltar um gemido. – Eu não consigo falar.

Ele desceu ainda mais e tomou minhas duas nádegas. Eu estava ganhando uma massagem. Cada mão de um lado e os dedões vez ou outra escorregando para o interior delas.

– Você está quentinho.

– Culpa sua. – Eu tremi para falar.

– Quantas vezes alguém já esteve aqui?

– Pouquíssimas. – Eu forcei ainda mais meu rosto contra o lençol.

– Talvez eu possa... – Propositalmente Bernardo cortou sua própria frase. Ele não queria permissão quando já me acariciava com seu dedo macio. Eu tive que me empinar. E eu o fiz abrindo mais minhas coxas para que o acesso ao meu íntimo se facilitasse. – Ralph, você é lindo aqui atrás.

– Impossível. – Eu ri no meio do suspiro que soltei.

– Eu falo sério. Você é inacreditavelmente bonito. E intocado.

– Mas não intocável. Eu deixo você me experimentar, mas não agora.

E antes que alguma objeção viesse de lá, eu me movi e fiz com que ele caísse sobre o colchão. Como um felino ágil e selvagem, eu o tomei em meus braços e o imobilizei sob o meu corpo. É claro que estávamos duros e o pau dele roçou minha barriga por baixo do short.

– Seu safado – disse roçando minha barriga naquela coisa rígida.

– Não é minha culpa. Você estava lá, se oferecendo para mim.

– Quê? – Eu gargalhei. – Eu me ofereci depois que fui invadido.

– Mas você é lindo lá, sabia? Parece-me delicioso. – A constatação ignorava minhas justificativas.

– Eu sou delicioso ali atrás e você sentirá meu gosto. É claro que vai! Mas agora você precisa me alimentar, ou está achando que casos de amor alimentam fisicamente?

– Talvez eu possa gozar em sua...

– Bê! – Eu bradei em seu rosto provocando-lhe uma risada exagerada. – Que fogo do caramba. Nem parece que estava evitando-me daquele jeito.

Ele roubou-me alguns afagos e beijos em meu pescoço. Umas unhadas nas costas e soltou alguns gemidos que pediam para continuarmos na cama por mais algum tempo e eu não poderia ignorar os pedidos do meu homem.

Sobre seu corpo, o meu eu repousava. Os movimentos de nossas respirações combinavam e sobre o peitoral liso dele deixei cair meu rosto. Permanecemos em silêncio por algum tempo e o que existia ali era confortável para nós, diferente dos que existiam nos dias que antecederam a partida de Bernardo.

– Eu te imaginei incontáveis vezes. – Eu era o escolhido a cortar o silêncio.

– Eu te deixei muitas perguntas?

– Não. Aliás, não que eu tenha me conformado com a partida, mas eu entendi o que você tinha feito. Eu imaginei a sua volta. Tantas vezes eu projetei você naquilo que acontecia. Você me arrancava de uma reunião chata, nos beijávamos no corredor com medo de sermos flagrados. Você cozinhava comigo e até me contatou propondo-me um encontro.

– Eu fiz isso? – Seu sorriso sonoro veio junto de um afago em minha nuca. Eu estava seguro para falar e rir daquilo.

– Na minha cabeça você fez muito mais. Eu o criei incontáveis vezes.

– E se não nos encontrássemos?

– Essa opção não existia. Em algum momento, em algum lugar, em algum tempo universal, você toparia comigo. Está escrito.

– Você que escreveu! – Ele me acusou, brincando com minha profissão.

– Da forma mais cafona possível, eu queria dizer que estava escrito na estrelas.

– As estrelas estão se fodendo para nós.

– E ainda assim são as coisas mais bonitas, não é? – Eu disse outra vez igualando nossos rostos.

– Pode um negócio desses?

O questionamento era uma retórica e naquele instante nos arrancamos da cama. Eu não me importei em continuar pelado e Bernardo não ligou em assistir meu corpo caminhar pelo vão espaçoso da sala/cozinha/o que mais fosse. Enquanto me preparava ovos mexidos e salsicha sobre uma fatia fina de pão de forma, eu o abraçava confortavelmente e acomodava-me em suas costas, tomando para mim sua nuca que me hipnotizava. O cheiro e a textura de sua pele eram os causadores dos meus carinhos súbitos.

Tomamos o café no balcão, em pé mesmo, e somente depois de alimentado eu decidi que seria bom vestir uma roupa.

– Essa bunda branca e gostosa – ele soltou quando eu corri do balcão para o quarto.

– Bate nela? – Eu gritei lá de dentro me preparando para um banho rápido.

– Quantas vezes você pedir, mas não rolará sexo matinal, se é o que você quer.

“Primeiro quer me comer, depois não quer mais. Doido”, pensei.

Eu não o respondi por que precisava entrar no banheiro, mas quando limpo e vestido eu voltei para a sala, o encontrei sentado no sofá e despejei carinhos em seu queixo, acomodando-me ainda de pé atrás de sua cabeça. Fazer sua nuca roçar meu volume era intencional.

– Essa recusa é natural ou...

– Diversão. – Ele completou antes do meu chute. – Eu quero me divertir um pouquinho. Só um pouquinho.

– Então o que eu faço com a insegurança?

Havia um sorriso em seu rosto quando o vi virar e ficar de joelhos sobre o sofá. Seu rosto não alcançava o meu, mas eu me curvei um tanto e pronto, nossas bocas quase se tocavam.

– Eu engulo suas inseguranças com minhas promessas de amor, Ralph. Acrônico, lembra? Nosso sentimento não é mutável. Nem o tempo ousa aproximar-se de nós.

– Diga isso às marcas de expressão hospedadas nesse rosto angelical e meu.

– Viu só? Seu! – Ele repetiu e o sussurro que usou para isso foi tão manhoso que eu me arrepiei e tive que roubar um longo beijo.

– Meu! – Reafirmei.

– Agora suma daqui e me deixe sentir sua falta. – Ele ria, divertindo-se.

– Vai achando que lhe darei espaço para sumir. – Era mesmo uma ameaça.

– Espere que eu o procure – disse-me fingindo não se importar com meus beijos rápidos, mas eu sabia que ele amava cada um deles, até os que escapavam dos lábios e foram parar nos olhos, bochechas, testa e queixo.

Eu saí duro do apartamento. O volume grandioso não baixou mesmo quando eu me escondi do porteiro e passei de fininho, trajando atitudes pertencentes a um adolescente em fase de descobrimento.

As promessas de amor eram mesmo reais e em todo encontro, nosso inventado caso de amor se encorpava e tomava forma de relacionamento. Eu ia a quase toda apresentação e sempre encontrava Bernardo nos bastidores. Algumas vezes até assistimos o espetáculo abraçados, eu emoldurando sua cintura e ele alisando meus dedos cruzados sobre sua barriga.

Eu não ia parar na casa dele todas as noites, mas quando ia, no sexo eu o fazia gemer e implorar por uma clemência vestida de “entra em mim com mais força, meu amor”, ou “eu amo quando você me abre assim. Faça isso novamente.” Quando não me enchia de elogios enquanto gozávamos, eram palavrões que saíam de sua boca entreaberta e sedutoramente avermelhada.

Ele demorou em visitar o apartamento que dividiu comigo antes de sua partida. Ele dizia que isso poderia acordar lembranças pesadas demais e precisava de algum tipo de preparação. Eu o entendia e não tocava mais no assunto, até que um dia, em completo silêncio, ele tomou a direção do carro e colocou-me para o carona para então atravessar a cidade mergulhado em introspectividade. Eu reconheci o caminho que ele fazia e avistei meu próprio prédio no final do trajeto. O silêncio ainda era nosso acompanhante quando ele recebeu minhas chaves e abriu a porta, espiando o que surgia na pequena abertura dela antes de entrar.

Eu não cobrei uma única palavra e ele ficou admirando cada centímetro que em outro tempo era habitado por ele. As grandes janelas da sala pequena, o piso que ainda era o mesmo, o mesmo cheiro e a mesma temperatura e comentou sobre os móveis novos.

– Lembra do nosso primeiro dia aqui?

– Como esquecer o alvo imaculado de suas coxas quando você se abriu para mim? Independente de qualquer coisa – eu já estava outra vez laçando aquela cintura minha por trás enquanto ele falava –, foram dias bonitos. E foi trazer-lhe comigo que me fez entender que só há vida ao seu lado.

– Sentimentalismo barato, esse seu – ele virou-se sorrindo, presenteando-me com seu rosto tão harmonioso e excitante. – Barato e apaixonante. – Ele completou antes de um beijo.

– Não acha que está na hora de voltar?

Eu aproveitava as pausas para falar e respirar, pois nossos beijos pareciam mesmo durar uma eternidade.

– Você esqueceu ainda estamos no meio de um caso de amor. – Ele fingiu aborrecer-se e eu não contive o riso.

– Claro, nosso inventado caso de amor.

Naquele mesmo dia depois de deixar meu homem em casa, beijar sua boca carnuda, apalpar suas intimidades e cheirar sua pele, eu voltei para casa com um sorriso que cobria todo meu rosto.

Sequer me desnudei e sentei à frente da tela iluminada do computador. Abri o e-mail, ignorei todas as notificações sabendo que elas me cobravam uma única coisa e rumei para a criação de uma nova mensagem direcionada ao manda-chuva da editora encarregada dos meus escritos. No espaço em branco ignorei as formalidades e o “boa noite” ficaria para outro momento, pois eu tinha algo mais importante para escrever:

“Eu tenho o seu livro!”

.

.

Pequena nota: oi, minha dúzia de acompanhantes. haha Com esse conto anuncio que estamos muito próximo do fim. É, também já fico em clima de saudade. São só mais dois capítulos depois desse aqui.

Aos escondidinhos, todos os abraços do mundo! ;)

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