U and I - A carta - Prologo I

Um conto erótico de AnothermanNeonC.
Categoria: Homossexual
Contém 2855 palavras
Data: 08/05/2017 01:52:12
Assuntos: Gay, Homossexual

Oi, tudo bem?

Eu sei que é um ato covarde da minha parte mais uma vez falar com você pela internet. Mas estou cometendo os atos mais covardes por medo e aquele sentimento de desespero. Carrego tantas coisas que esperava ter lhe contado, explicado pessoalmente em 2014, mas você deu as costas e não quis me ouvir. Espero que tenha paciência para ler esta mensagem, vai ser longa, e, nem preciso dizer como estou agora é fácil de adivinhar.

Não fique bravo ou ressentimento da Cynthia por eu ter contado para ela, ela é sua irmã e pode ser sua melhor amiga.

Esqueça todos os sentimentos negativos enquanto ler a mensagem abaixo. Leia no fundo quintal onde possa ficar só, como se estivéssemos conversando pessoalmente.

Lembra que quando operou a apendicite e, sua mãe estudava a noite no Vida e Esperança? Pois é, muito antes daquilo eu já sabia o que sentia por você, que te amava e queria você sempre bem. No fundo a gente sabe que havia um sentimento ali, mas eu era muito novo e ainda medroso. Sabe, acho que meu coração devia ter parado por alguns instantes uma tarde que estávamos nos fundos da casa que era da Nana (hoje é a casa do irmão Paulo, pai da Fernanda). Você me disse que eu poderia pedir qualquer coisa e me deu um exemplo, sugestão na verdade: você insinuou um beijo. Meu coração deveria ter parado ali, não sei se pela palavra “beijo” (e eu queria muito um beijo seu) ou pelo fato do vizinho ter aparecido nos fundos da casa e ter olhado para a gente e não ter dito uma palavra se quer.

Não consigo dizer com precisão o mês em que te conheci ou mesmo o dia, eu tinha só 11 ano e nunca me apeguei a datas nem mesmo hoje (exceto a data do teu aniversário). Mas foi ao fim do ano 2001 quando te vi pela primeira vez. E meus pais não queriam que eu ou meus irmãos tivéssemos amizade contigo, você era muito rebelde (ou era assim que meus pais que te viam como má influência naquele primeiro momento, depois você sabe que eles mudaram de ideia, não que isso fizesse qualquer diferença para mim). Não estou certo da ordem cronológica dos fatos em 100%, mas em 2001 eu estudava pela manhã, então foi no final daquele ano que vi o pela primeira vez ou início de 2002 (quase 16 anos já se passaram). Só sei que: uau! Os seus olhos foram a primeira parte que eu me apaixonei, e o seu sorriso? Nem posso comentar.

Mas estou certo que o ano que mudou minha vida foia tarde que você estava parado em frente à minha casa, encostado no poste da rua, você fez a pergunta direta de forma rude e grosseira na frente do meu irmão, e eu caí na risada e meu irmão seguiu para o colégio, mas por algum motivo eu fiquei um pouco mais e sai ainda aos risos olhando para traz.

Acho que o motivo para eu gastar tanto tempo olhando para estrelas e a lua é o fato de que, a gente aconteceu em uma noite de lua cheia. A gente estava brincando de esconde-esconde com a molecada da rua no final da tarde e desaparecemos até depois do fim da brincadeira e ninguém encontrou a gente. Antes daquela noite eu já havia escolhido você. Mas eu tinha medo de te falar e te assustar e perder o que estávamos construindo a partir daquele momento, e sim eu morria de ciúmes de você, mas eu não queria te afastar, afinal éramos apenas dois garotos eu gostava da gente. Por esse motivo eu quase sempre aceitava as suas ideias (para falar a verdade não lembro de ter dito não nenhuma vez).

Mas então as coisas se complicaram, você sumia e voltava e eu ficava sempre te esperando de braços abertos. É eu sumi também quando fugi de casa em 2005, mas em 2006 a minha vida desandou quando minha mãe descobriu o câncer de mama. Me apoia no que tínhamos e ao fato de que precisava cuidar dos meus irmãos mais novos. Mas eu tinha sonhos e planos e em todos eles eu incluí você (ainda incluo, pois sinto algo ainda e a esperança me aquece). Mas em 2009, em janeiro daquele ano aconteceu de que eu estava decidido a te contar sobre como eu me sentia, iria te contar na tarde que eu cheguei em casa do trabalho e você me chamou, mas a nossa sintonia foi para outra coisa e a gente estava no clímax e acabou passando, mal sabia eu que aquela seria a última vez que eu te veria por 5 anos 1 mês e alguns dias. Mas antes de sair do MT eu fui a sua casa eu precisava te falar pessoalmente mesmo que me odiasse por tão repentina decisão. Eu queria que você soubesse que não estava te deixando para traz.

Você havia saído na tarde em que voltei para me despedir, e eu queria voltar no dia seguinte para te ver, mas quando cheguei na casa do meu vô, ele me avisou para que eu arrumasse as minhas coisas que eu sairia ainda aquela tarde. Você não tem ideia do quanto foi doloroso, estar sentado em uma poltrona de ônibus sozinho enquanto todos os meus pensamentos gritavam pelo seu nome.

Dias depois te encontrei on-line no MSN, foi quando falei a primeira vez que assumi o que eu sentia por você, mas você só perguntou “sério” e depois da minha resposta você disse “volte” e então em algum momento você desconversou quando disse: que não era culpa sua por aquilo (E não, não foi sua culpa e se pareceu que eu o culpava, desculpa. Não foi intencional). Aquelas palavras me dividiram em bilhões de partes, no fundo eu queria correr de volta. Jurava que estaria longe por tão pouco tempo que deixei os dias me arrastarem. Dias viraram meses, meses se tornaram o primeiro ano e depois 2, 3, 4 e 5. Nos falamos tão poucas vezes que eu tinha medo de tocar no assunto, as vezes que te liguei te chamei para que viesse para SP (em 2011 e depois ao final de 2013 quando passamos horas no telefone). Você disse para que eu voltasse que me indicaria algum trabalho. Você me disse: a gente era feliz e foi bom o que a gente fez, mas que não poderia corresponder.

E eu pensei muito a respeito, a ponto de voltar no início de 2014. Nos encontramos no Sucão (lanchonete local). Lembra? Eu soube quer era você naquele carro vermelho antes mesmo que você descesse, e eu te encarei sem saber como agir naqueles instantes que se seguiriam, na forma como te cumprimentaria depois de tanto tempo. Por fim acabamos em um aperto de mão que se tornou tão pesado, deveria ter te abraçado ali mesmo que a atendente estranhasse o nosso abraço. E, mais uma vez eu era o medo em pessoa o covarde que eu sempre fui e escondi todas as palavras que eu tinha guardado por todos aqueles anos longe, e era tão simples ter chorado e me livrado do peso ali mesmo, mas eu não consegui. Então, não nos falamos por alguns dias.

Eu estava na mesma Vila onde nos conhecemos quando você passou em uma moto Broz e estava sorrindo para mim, e eu sorri de volta. Juro qualquer pessoa que me olhasse veria um ponto de interrogação gigante andando pela rua. E os meus olhos te seguiram enquanto você passava, e duvidando do que tinham visto até que eu soube que era mesmo você. Não fazia sentido você estar ali naquele momento, um final de semana. Então em uma noite de Sábado eu saí com o grupo de amigos que não eram os mesmo seus (e não entendo o motivo de vocês não se falarem). Lá estava você algum tempo depois, eu prendi a respiração, não esperava te ver naquela festa.

Você veio me cumprimentar e mais uma vez por medo, um aperto de mão, meus olhos se demoram no seu a ponto de ter me feito virar o rosto com medo de cometer alguma besteira. Afinal, você já tinha bebido eu também, quando voltou para seus amigos olhei para você até você olhar de volta, e confesso que te encarei a maior parte do tempo até a risada do meu amigo me trazer para realidade, sim, ele sabe da história toda. E eu queria socar a cara dele, sem um motivo muito especifico.

Álcool vai álcool vem, e então você estava na sua roda de amigos de frente para meu grupo, e eu já alto de bebida, quis sumir quando comecei a chorar e gargalhar ao mesmo tempo, todos estavam me encarando e eu coloquei o capacete na cabeça, depois saí de perto, voltei, e então decidi sair caminhando sem destino certo. Fui para casa e então pensei, e pensei então decidi voltar para festa e falar com você, iria te chamar para ir para outro lugar que pudéssemos conversar, mas ao chegar você já não estava lá. Tive vontade de ir até sua casa para te chamar, então horário me acertou em cheio: como iria te chamar tantas horas da madrugada na casa dos seus pais?

Dias depois, lá estávamos nós na mesma festa bebendo em grupos separados até um breve momento quando me ofereceu alguma bebida e quando terminei não encontrei as palavras que pudessem me manter na sua frente, então saí me desgraçando por mais uma vez perder a oportunidade de falar com você, No fim da festa te vi em uma moto, confesso que te procurei o tempo todo para falar com você, e você ficou para traz e eu saí caminhando com um pack de cerveja na mão e deixando os meus amigos para traz esperava você me alcançar para te chamar e mais uma vez eu queimei a oportunidade e quando você passou por mim você acelerou. E eu fiquei me odiando por ser esse covarde. Mais alguns dias e então você passou a me evitar, parou de falar comigo e quando tentei me aproximar você estava nos braços de alguém. Decidi voltar para SP e lá se foram mais algum tempo, até eu ter coragem de te ligar quando você disse: para de perturbar, eu não mais enviei mensagens e não liguei por 2 anos fiquei no escuro sem saber muito de você por você mesmo.

Ano passado, resolvi voltar e tentar me reaproximar. Então em uma tarde você estava fumando em frente à sua casa e quando me viu na rua entrou para dentro a fim de me evitar. Ali, tudo ali ficou difícil de suportar de respirar. Senti que perdi todos os meus amigos, e vi que eu jamais que aquela casa que eu cresci não era mais uma casa para mim. Em algum momento a partir daquele momento eu soube que não voltaria mais ou pelo menos vou passar um tempo sem voltar. Por isso resolvi te escrever hoje. Eu não tenho mais um lar, estou perdendo tudo sinto. Preso a um desespero tão grande que quando minha mãe disse que acabou o tratamento é agora é só exames de rotina e que voltaria para casa, eu me senti tão vazio, sem sentido, e sem direção. E mais uma vez estou cometendo um ato covarde. Não consigo me imaginar voltando para o mesmo lugar em que você está e não poder falar com você, saber que você vai me ignorar me faz não pensar e eu quando vi eu já estava com uma passagem só de ida para o outro lado do mundo.

No fim de tudo, eu perdi tudo o que eu tinha de importante: minha mãe já pode voltar para casa, meus irmãos são quase desconhecidos para mim. Meus amigos, todos saíram daí e você, você simplesmente tem medo de mim. Você me odeia ou me ama, não sei qual a justificativa para me ignorar. Se eu fosse me basear no que sinto, diria que você sente o mesmo desespero que eu sinto, os mesmos vazios.

Pode ser egoísmo meu, mas você e eu caminhamos uma linha frágil. Você e a minha mãe é algo ao qual eu me segurei para não me transformar em um monstro, o restante me viu desmoronar e nada está parando essa queda. A sua irmã, ela sabe, eu confirmei. Você tem uma pessoa a qual você pode correr e se abrir, ela te ama tanto e em nenhum momento ela criticou o que aconteceu, ela simplesmente te quer feliz. Te adicionei no FaceBook mas você não me aceitou ou mesmo recusou. Eu não queria te falar que estou indo embora por uma rede social, mas ela me convenceu a fazer isso, não que eu não pudesse fazer sem a sugestão dela, só não queria abrir uma ferida depois de você me pedir para não perturbar. Mas ela está certa, eu preciso sangrar, colocar para fora o que eu sinto. Não queria que soubesse por outra pessoa que não tenho coragem de voltar por medo.

Um “professor conhecido” nosso disse uma vez que eu te amava, na época eu já te amava mas negava esse sentimento. Pois é, acho que nunca mais vou amar alguém com todo esse sentimento que tenho por você.

A verdade é você: está tão ferido quanto eu. Essa foi a razão para me ignorar, manter longe o sentimento que perturba. O desespero que eu sinto é o mesmo que faz você se afastar, e você está certo. Mas a questão é eu vou respeitar a sua decisão e me manter longe se você quiser. E sim, eu te amo tanto que eu quero que seja feliz mesmo que não seja ao meu lado. Dia 23 embarco para Portugal, queria muito que você pudesse vir comigo, mas você tem medos tanto quanto eu.

Pensa no que você sente, eu quero tentar novamente, mas longe de tudo que te assusta. Quero você como aquele garoto que eu conhecia, sem medo de ser feliz. Eu quero te abraçar, sentir a tua pele ao invés do desespero que me consome aos poucos. Eu quero o amigo que você é mesmo que a gente não compartilhe mais que abraços. Eu quero você na minha vida não só como uma lembrança que vai se apagar ou se tornar algo que eu me arrependa por não ter tentando mais.

A verdade eu nunca te deixei, não de verdade. Sempre mantive contato com pessoas que são amigos em comum e de vez em quando me falam de você. Quando você se acidentou uns anos atrás e bateu com a cabeça eu queria ter voltado para ficar do seu lado. Perturbei tanto a tua irmã para saber como você estava. Me perdoa por esse jeito idiota meu de querer cuidar daqueles que eu amo, eu só aceitei ficar longe de você por ser por minha mãe.

Se você no meu lugar eu teria te apoiado, eu jamais seria egoísta. Por você ou por qualquer uma das pessoas que eu amo eu moveria o mundo de lugar, por isso eu estava com você as noites em que você as noites em que estava com os pontos depois da cirurgia, você não tem ideia do quanto eu sou ligado ao que sinto. Pode ser contraditório, mas é isso.

Pareço forte para você? Tudo que aprendi eu uso para cuidar das pessoas que amo. Mas por baixo de todo esse aço eu estou aos pedaços lutando para me manter de pé e sóbrio. O que me mantem no mundo real é o fato de ter me apegado à música e a escrever. Quando as coisas ficam realmente difíceis eu começo a fantasiar e escrever, compor. Mas agora isso tem se tornado difícil e não sei até quando vou suportar.

Eu sinto em você ainda tem algo pelo qual eu devo lutar, esse é motivo para eu te escrever hoje. Amo você, não me deixa no silencio. Abrace a mim e deixa eu cuidar de você ou pelo menos tenta. Não quero ir embora, quero que me diga o que sente, onde eu te machuquei. Me pede para voltar, venha para cá. Faça como eu abre a ferida e deixa sangrar e a gente se cura aos poucos. Eu só quero ter você na minha vida, se eu tiver você o resto não faço questão de ter eu abro mão de tudo, te ensino coisas novas. Não sei, só se dê a chance, me dê a chance e a gente descobre.

Aceita vir comigo, pelo menos por um tempo curto depois devagar a gente descobre o mundo. Se tem algum rancor, essa é a hora de ignorar e ser verdadeiro consigo mesmo. Só não quero que sinta culpa por nada, que não pense em fazer besteira na sua vida (me odeie se for o caso, mas esteja bem). Nunca se sinta menos, independentemente de onde eu tenha ido ou o que tenha aprendido, eu quero compartilhar com você o que eu sou.

Me diz que sim.

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Comentários

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Sim, é real. E estou vivendo esse momento de duvidas. Então resolvi contar o agora para chegar aos acontecimentos 2002. Pode acompanhar que tem continuação!

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