No fim... 10 - O furacão

Um conto erótico de cookie
Categoria: Heterossexual
Contém 2062 palavras
Data: 26/04/2017 17:43:25

A viagem até o parque foi tipicamente uma viagem de adolescentes, muita conversa e zoação, cheia de músicas de duplo sentido, bem animada, dando o tom que o final de semana teria. Chegando lá, fomos direto para a área de camping, onde montamos nossas barracas, todas fornecidas pela escola. Elas tinham espaço para duas pessoas, por tanto formamos duplas e, como era de se esperar, os meninos ficaram num extremo do acampamento e as meninas, no outro. Minha dupla foi Júlio, um dos meus amigos na sala, Aninha acabou fazendo dupla com Mônica, uma das suas amigas da festa do pijama, e Bia com Ellen, o que me pareceu estranho mas soube o motivo tempos depois.

Depois de tudo isso fomos almoçar, comemos na grande cabana que servia de cozinha/refeitório/salão de festas, também era la onde ficavam os banheiros. Depois que cada um lavou seu prato, fomos todos reunidos no lado de fora, para escolhermos as atividades, haveria uma trilha mata a dentro liderada pelas professoras de educação física, uma visita a uma aldeia indígena assistida pelos professores de filosofia e história, além de uma observação de pássaros e outros animais comandada pelo professor de biologia. Boa parte da turma, incluindo Aninha e Bia, preferiram a visita aos índios, eu, Júlio e mais uns 10 escolhemos a trilha e o grupo de nerds da sala ficou com os pássaros.

Pegamos salgadinhos e garrafas d'água, além de uma muda de roupas, seguindo as instruções das professoras, e elas deram um corda a cada um, a surpresa era que a trilha terminava em um rapel na cachoeira. Todos comemoramos e começamos a seguí-las pela trilha. Como a mata era mais fechada, a trilha era estreita, porém, devido à grande movimentação, não tinha árvores, arbustos ou outras plantas atrapalhando o caminho, desde que seguíssemos em fila indiana. Seguimos em um bom ritmo durante cerca de meia hora, a partir dai a mata começou a abrir um pouco mais e o terreno, menos acidentando, paramos um pouco pra tomar água, mas já continuamos caminho, agora ombro a ombro. Júlio chegou ao meu lado e me puxou a camisa para esperá-lo, se curvou botando a mão no joelho e arfou de cansaço.

-Cara, essa caminhada ta me matando...- comentou, meio que disfarçando o porque de ficarmos mais pra trás.

-Mantém o ritmo que daqui a pouco a gente chega!- tentei animá-lo.

-Cara, tenho que falar com você.- disse voltando ao normal quando viu que o grupo se distanciou o suficiente.

- Diz aí.

-Você não vai acreditar, mas a Ellen tá me dando muito mole!

-Agora sim, Julião! Se deu bem ein, ela é muito gata.

-Você que eu não sei, cara. Sempre fui gamado naquela menina!

-Pois é, mas e aí, já pegou ela, ou ta so nesse papo furado?

-Já, mano, claro que já! Só que esse final de semana vai tr coisa melhor!

-Oxi, como assim?

-Então, cara. Ela quer transar...

-Ai sim, Julio! Finalmente vai perder o cabaço!

-Vai se fuder, viado! Perdi muito antes de você!

-Cara, todo mundo já te falou. Prima não conta.

-Pra mim conta! Enfim, mas pra isso acontecer vou precisar da sua ajuda.

-Tá querendo umas dicas?

-Não, caramba, escuta! Você vai ter que dormir com a Bia, hoje e amanhã.

-Ué, mano, como assim?? Você sabe que aquela menina e eu não nos damos bem...

-Calma, velho, não to falando que você vai ter que fazer nada com ela. É o seguinte, hoje, depois que todo mundo for dormir, eu vou fingir que vou no banheiro e vou trocar de lugar com a Bia, dai ela vai pra nossa barraca pra não ter que dormir no chão né.

-Isso ta me cheirando mal, vai dar merda! E se alguém ver você indo pra lá ou ela voltando pra nossa barraca??

-Cara, a gente pensou em tudo, vai dar certo! Se liga, eu vou sair enrolado em uma coberta, vai ta frio mesmo, ninguém vai estranhar, entro no banheiro e espero. A Bia vai fazer a mesma coisa, do mesmo jeito, a gente da uma disfarçada e troca de cobertor, e daí ela vai pra nossa barraca e eu vou me dar bem!

-Não sei não, me parece querer muito confiar na sorte. E se os outros perceberem? Pior, e de manhã, como a gente vai explicar??

-Cara, não é como se aqui tivesse algum santo, agente so tem que fugir dos professores. E antes de amanhecer vai acontecer o mesmo esquema! Amanhã na festa vai ser ainda mais fácil!

-Sei lá, cara...

-Qual é, Xande? Nunca vi você ter medo de mulher. Além disso, não é nenhum sacrifício dormir com a Bia, ela é muito gata também.

-Você não conhece ela do jeito que eu conheço...

-Tudo bem, mano. Mas você não precisa nem olhar pra ela se não quiser. É só ficarem na mesma barraca, mais nada. Quebra essa pelo seu amigo, vai?

-Beleza, mas você fica me devendo duas!

-Claro, mano, qualquer coisa! Valeu mesmo!!! Não se preocupa, vai dar tudo certo!

-Tomara.

-Vai sim! Olha aí, já até chegamos na cachoeira!

De fato estávamos no nosso objetivo, o resto do dia aconteceu como os professores tinham planejado, fizemos rapel, nadamos um pouco, e andamos de volta ao acampamento. Era perto das 6 da tarde quando todos os grupos voltaram. O último a chegar foi o nosso, e assim que chegamos partimos para a fila do banho.

Mais ou menos as 8 horas, todos havíamos tomado banho e o jantar começou a ser servido, jantei junto aos amigos da sala, ficamos conversando e rindo até a hora que a comida foi retirada. Durante todo esse tempo fiquei pensando no que ia acontecer, como eu ia reagir dormindo na mesma barraca que Bia, sobre o que conversar, se eu devia conversar, como agir. Mas acima de tudo, eu pensava em falar com Ana Clara sobre isso, tinha que saber o que ela ia achar, contar pra ela antes de acontecer, caso contrário iria parecer uma traição. Mas até aquela hora, ela não havia saído e perto das amigas, e eu tentava, em vão, mandar sinais pra ela vir falar comigo.

Após todos ajudarem com a louça, fomos para o acampamento, onde os professores acenderam una grande fogueira, sentamos todos em volta dela e eles começaram a cantar e contar histórias, enquanto queimávamos marshmallows, como nos filmes. Em certo momento, Ana se levantou e foi ao banheiro, percebi a oportunidade e fui atrás.

-Ana!- chamei quando a alcancei.

- Oi, maninho!- disse ela se virando em minha direção e me abraçando - Que saudade que eu taca de você! Não sei como eu consegui ficar tanto tempo longe do seu cheiro...

-Nem me fale, fiquei pensando em você o dia todo.

-Mentiroso.

-É serio, meu amor! É que, a gente precisa conversar...

-Nossa, o que aconteceu?

-É muita loucura, eu nem acredito que eles vão fazer isso, mas é o seguinte. O julio...

-Ah tá, nossa você assustou, achei que tinha acontecido alguma coisa mesmo.

-O quê?

-Eu já sei, Xande. A Ellen me contou faz tempo, foi eu que ajudei ela a fazer o plano.

-Como assim?

-Lembra naquele dia da festa do pijama?

-Claro...

-Então, ela ainda tá naquela aposta de vocês dois. De provar que a Bia é apaixonada por você.

-Ahn? Como assim? O quê tem a ver?

-Por que você acha que ela escolheu a Bia de dupla e o Júlio escolheu você?

-Ele também tá metido nessa??

-Não, a Ellen que pediu, pro plano dar certo.

-Então estamos todos sendo usados?

-Deixa de ser bobo, Xande. A Ellen só uniu o útil ao agradável,ela gosta dele mesmo...

-Mas e você?

- Ela precisava de alguém pra ajudar a convencer a Bia, porque ela é muito teimosa e orgulhosa pra aceitar a oportunidade.

-Que oportunidade?

-De vocês ficarem juntos, conversarem sozinhos, e quem sabe...

-Você só pode tá maluca! Da onde tirou essa ideia??

-Maninho, ela gosta de você. Desde sempre. Eu sou a melhor amiga dela, eu sei disso, sem ela me contar com palavras. É mais uma coisa que eu e ela temos em comum...

-Mas... Não faz sentido, ela sempre me tratou mal.

-Eu também não entendo isso, é coisa dela, mas eu conheço ela a mais tempo, pra saber o que ela sente de verdade.

-Mas, porque você ta envolvida nisso? A gente... Você sabe... Não entendo porque você quer que eu fique com outra garota... Eu achei que você me amasse...

-Alexandre. Olha pra mim. Nos meus olhos. Você sabe que eu te amo. E vai ser assim pra sempre. Mas a gente é irmão e irmã. Não podemos viver isso do jeito que eu quero, do jeito que você e a Bia podem. Não ache que isso é fácil pra mim, nem que eu goste disso. Mas é assim que tem que ser...

-Você ta terminando comigo.

-Não! Não é isso! Por favor, não entende errado! Eu te quero comigo, mais que tudo! Mas eu não posso roubar de você a sua vida. Não posso te privar das coisas que eu não posso te dar. Eu vou estar sempre com você, é só você querer e eu vou estar lá. Mas não dá pra gente ficar junto, namorar, casar, ter uma família. Eu não quero roubar isso de você.

-Mas você não vai estar roubado, se eu não isso vai ser escolha minha, eu largo tudo por você, tudo mesmo. Se você quiser a gente foge, va pra outra cidade, outro estado, começa uma vida nova, só você e eu.

-Alexandre, para...

-Não para você. Por que você tá fazendo isso comigo? Por que você me fez te amar só pra partir meu coração? Você acha isso divertido?? Não queria que ninguém me machucasse, sei... Você queria que a dor que eu sentisse fosse maior, só isso. Não basta ser traído pela namorada, tem que doer mais. Você me fez te amar como nunca amei ninguém, pra me deixar em pedaços depois.

-Alexandre, para! Não é isso! Por favor, me escuta! Entende o que eu to falando! Não estou te largando, eu quero teu amor, pra sempre! Eu vou estar aqui pra você! Mas eu quero você seja feliz, que você tenha uma vida normal, eu não posso te dar isso.

-Foi sempre assim... O que você quer, o que você acha melhor... Já se perguntou o que quero?

-Maninho, por favor...

-Não me chama assim! Você não me quer mais como homem, eu também não te quero mais como irmã.

-O quê?? Alexandre, você não tá me entendo.

-Eu estou sim, agora eu entendo na verdade. Teria sido melhor se nunca tivesse acontecido nada. Teria sido melhor se eu não te amasse. Se eu não tivesse meu coração arrancado como foi agora.

Eu sequei o rio de lagrimas que teimava em descer e me virei de costas. Ana no mesmo momento segurou meu braço. Ela se pôs na minha frente, olhou nos olhos, chorando sem parar.

-Eu te amo.

Ela me disse, eu soube que era verdade, sabia desde sempre, mas naquele momento mais que nunca. Ela me beijou, longamente, então se afastou e olhou novamente nos olhos. Então começou a chorar copiosamente, sem controle, não conseguia mais respirar. Ela correu e se trancou no banheiro. E eu fiquei ali parado, encarando o vazio, Deus sabe por quanto tempo. Como aquele salão, meu coração agora era vazio, oco, sem propósito, apenas solidão. Até que Bia entrou no salão.

-Xande, você ainda tá aqui? A reunião acabou. Tô procurando a Aninha.

-Ela tá no banheiro...

-Meu deus, ainda? Será que ela tá passando mal?

-Acho que sim...

-Você também não parece bem, aconteceu alguma coisa?

-Não... Não foi nada, deve ter sido a comida.

-Talvez... Eu acho melhor eu ir tirar a Ana do banheiro. Daqui a pouco a galera vai vir escovar os dentes e trocar de roupa.

-É verdade, né? Acho melhor eu ir pra minha barraca então...

Me virei e andei em direção a saída.

-Xande!-gritou Bia- Tá tudo certo pra hoje a noite?-perguntou hesitando.

-Acho que sim...

-Ok, então. Te vejo mais tarde.

-Até.

Sai de lá meio alheio ao mundo. Se alguém falou comigo eu não ouvi. Só andei até a minha barraca e me deitei lá. Sozinho. Por alguns minutos, pelo menos.

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Comentários

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Eu só sei que quero a suã irmã: lux.ufo@gmail.com

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Cara seus contos são nota 1000, pfv posta logo a continuação.

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