Dama de Honra - parte 2

Um conto erótico de Lari
Categoria:
Contém 1923 palavras
Data: 21/04/2017 03:26:37
Assuntos: crossdresser

Voltei para casa meio sem chão. Parecia que aquilo que eu acabara de vivenciar não havia realmente acontecido. Será que era aquilo mesmo, a Renata havia me pedido para me vestir de mulher e ser sua dama de honra no casamento?

Deitei em meu quarto e, olhando para o teto, comecei a pensar acerca da proposta e de tudo o que ela envolveria. A Renata era minha melhor amiga, quase uma irmã; eu faria tudo por ela. Mas ao mesmo tempo, até onde iria esse tudo? Se vestir como uma mulher e apresentar-se em uma festa como um casamento como uma estaria nesse rol de 'tudo'? Não seria essa proposta além do aceitável em uma relação minimamente normal? E pensando naquela história tão absurda acabei adormecendo, sem um veredicto àquela questão.

No dia seguinte, acordei e ao chegar na sala, encontrei Renata e minha mãe, conversando e rindo. Ao me verem, pararam a conversa e me olharam de súbito. Fiquei paralisado, numa cena um tanto quanto bizarra. O silêncio foi interrompido por minha mãe, que, rindo, disse com sarcasmo:

- Bom dia, linda dama de honra.

Fiquei olhando pra ela um tempo e em seguida direcionei o olhar pra Renata que colocou uma das mãos em frente à boca e fez cara de 'eu não falei nada'.

- Bom dia, mãe. Bom dia, Renata. Pelo visto ela já te falou desse plano surreal dela, não é?

- Sim! - disse minha mãe. E se quer saber a minha opinião eu achei formidável. - continuou.

- Como? - indaguei eu com um berro. Você concorda com essa insanidade da Rê? Sério???

- Claro que sim. No começo, quando ela me falou do plano, eu pensei que seria um absurdo, mas, após ela me falar a situação toda entendi que você, como melhor amigo dela, teria mais do que a obrigação em ajudá-la.

Renata me olhou com olhos arregalados e felizes, como se dissesse 'viu?'.

- Mas, mãe, será que você entendeu que se eu concordasse com esse assombro de ideia eu teria que me vestir, agir e interagir em uma festa de casamento como uma mulher, de vestido longo, salto, maquiagem e mais aquilo tudo?

- Claro que entendi! Óbvio que não seria a situação mais confortável do mundo para você, mas em face de o quanto isso significaria para ela, eu entendo como totalmente aceitável.

Fiquei parado, perplexo. Minha mãe concordava com aquilo mesmo? Aliás, concordava e achava legal, pois pelo tom com que falava e defendia a ideia não parecia achar nenhum problema naquilo.

Então, após alguns segundos de desconforto e estupefação, Renata interrompeu o silêncio:

- E então, Lucas, posso contar contigo pra ser uma das minhas damas de honra no meu casamento?

Renata e minha mãe me olhavam ansiosas, como duas crianças prestes a ganharem sorvete:

- Renata, você tem certeza absoluta que quer isso?

- Mais do que tudo, Luquinhas!!!

- Vai querer mesmo seu melhor amigo pagando um mico desses diante de uma multidão?

- E quem disse que você irá pagar mico? Desde quando ser uma dama de honra linda é motivo para vergonha. Pode ter certeza, querido, depois da produção completa ninguém irá desconfiar de que não se trata de uma morena lindíssima, e muito mulher, aquela dama de honra do vestido lilás.

- Vestido lilás?

- Sim! Uma dama irá de vestido rosa, que minha prima quis. Sobrou a dama do vestido lilás, que será você...

- Viu só, Lucas? Nem é de rosa... lilás nem é tão feminino. - disse minha mãe, transbordando ironia, para risada das duas.

Então olhei para ambas, olhei o chão, olhei para o teto... esbocei um discurso abrindo os braços, mas não encontrei forças ou palavras. Então, como que derrotado por aquela situação, baixei a cabeça e disse quase num muxoxo:

- Tá certo, Renata... eu serei sua dama de honra...

Mal acabei minhas palavras e ouvi os gritos de euforia das duas. Em seguida, senti Renata me abraçando e pulando, o que fez até com que parte daquele pavor se dissipasse e eu abrisse um leve sorriso de canto de boca.

- Obrigada, Lucas!!! Eu serei eternamente grata.

- É bom que seja mesmo, porque ainda não sei como estou aceitando isso. - retruquei.

Após o aceite, sentamos à mesa na cozinha, para tomarmos o café da manhã e também tentarmos arquitetar como seria feito aquele projeto inusitado e inacreditável.

- Ok, Renata, mas e para tua família, como vai ser? Eles me conhecem. Vão estranhar minha falta.

- Estava falando sobre isso antes com sua mãe: para todos os efeitos, você irá viajar no final de semana e não poderá ir. Então, para representar nossa amizade a dama de honra lá comigo seria uma prima sua do interior, como que se estivesse representando você e sua família na cerimônia.

- Ok, e... essa minha prima tem nome?

- Claro que tem: Larissa.

- Larissa?

- Sim. - interrompeu minha mãe -. Esse seria o seu nome se você tivesse vindo mulher, filho.

- Eu acho lindo! - disse Renata, com adoração nos olhos.

Realmente, era um bonito nome. Não que isso fizesse grande diferença àquela altura.

Percebendo meu desconforto, minha mãe falou novamente:

- Filho... não há porquê ficar chateado com isso. Será como uma grande brincadeira. Se seu pai ainda fosse vivo e tivesse que presenciar tal fato, ok, concordaria que seria bastante descabido, mas em sendo um segredo entre nós três, não há motivo para pânico.

- Mas, mãe... e se me descobrem?

- Ninguém vai saber. Nós manteremos o segredo e convenhamos, entre nós, você com esse cabelo e esse rostinho delicado, com os equipamentos certos não deixará qualquer vestígio de que se trata de um homem.

- Puxa, obrigado, mãe. - disse eu, num misto de raiva com ironia.

- Hahahahaha... não se ofenda, Lucas. Você é lindo do jeito que é.

- E vai ficar linda no dia do casamento! - emendou Renata, para delírio das duas.

Então continuamos mais um tempo naquele assunto, combinando detalhes pormenores como de onde Larissa viria, o que ela fazia da vida e tudo mais.

Aos poucos aquele papo foi ficando mais descontraído, até que Renata levantou-se e sentenciou:

- Ok, Larissa, vou ali em casa buscar o vestido e os sapatos para você experimentar.

- Mas... mas... agora? Já???

- Sim, querida. O casamento será em duas semanas e precisamos saber se o vestido irá servir ou se será preciso ajustes.

E então, girou nos calcanhares e saiu:

- Já venho!!! - gritou da porta.

Olhei para minha mãe e reparei que ela me fitava com ternura:

- O que foi, mãe? Perdeu algo na minha cara?

- Não... tava apenas olhando pra você e pensando no quão linda você vai ficar.

- Afffee... - grasnei, antes de subir para meu quarto.

Novamente deitei em minha cama e fiquei olhando para o teto. Agora eu estava menos abismado e mais indignado mesmo: o que diabos eu havia concordado em fazer?

Mal tive tempo para me responder, quando ouvi batidas na porta:

- Yoohoo, Lariiissaaa.... hora de experimentar o vestiiidoo...

- Não tem ninguém com esse nome aqui. Foi engano! - falei eu, brabo.

Renata irrompeu quarto a dentro rindo:

- Hahahahahaha... ihhh... tem gente na TPM hoje...

Pensei em responder algo desaforado, mas era inegável que aquela alegria nos olhos dela acabava contagiando e acabei me desarmando um pouco.

- E então... - continuou ela, agora com menos ironia - vamos experimentar o vestido, Lari?

Olhei aquele vestido sobre o braço dobrado dela. Não se podia ver muito a forma, mas o tecido era de um lilás brilhoso, muito bonito.

- E tem outro jeito? - indaguei bufando.

- Não! - disse ela rindo.

- Então...

Levantei, peguei o vestido de seu braço e abri diante de meus braços:

- Como faz para colocar isso?

- Primeiro, vamos abrir o zíper atrás. Assim...

E abriu o zíper.

- Agora você coloca uma perna primeiro, depois a outra, aí eu puxo e fecho o zíper. Simples, não?

- Muito... - resmunguei.

E então segui o procedimento conforme instrução.

Logo após ela fechar o zíper, entrou minha mãe no quarto:

- Deixa eu ver como ficou!

- Mãe....

- Ah, sim... grande coisa.

- Grande coisa sim!

- Enfim... deixa eu ver.

E então, de vestido, virei e encarei as duas.

Ambas me olharam, depois se olharam e em seguida falaram em coro:

- Serviu!!!

Não tenho muita experiência com vestidos, mas me parecia mesmo que o vestido havia ficado bom. Ele ia até a altura dos joelhos, tinha uma fenda que abria sobre a pernas direita, e não havia ficado apertado no corpo.

- Tá faltando preenchimento aí nesse busto, mas nada que umas próteses bem generosas não dêem jeito... - falou Renata, apontando para meu peito.

- Próteses?

- Sim, né, querida? Quer ir como uma despeitada? Ou quer que desconfiem de algo?

Fiquei sem resposta. Em seguida, Renata abriu uma caixa que havia deixado sobre a cama e tirou um sapato de salto alto - altíssimo na verdade - preto, vernizado, com uma tirinha para o tornozelo:

- Hora de experimentar o sapato, Cinderela...

- É Larissa, e não Cinderela! - disse, para delírio das duas.

- Quer instruções para calçar o sapato também?

- Não. - disse seco.

Calcei o sapato e, para meu desespero, ele entrou perfeitamente.

- Essa fivela...

- Deixa que eu ajudo - disse Renata, eufórica.

- Ficou simplesmente perfeito! - disse minha mãe.

E havia ficado mesmo. Exceto pelo fato de que era um sapato de salto alto e eu era um homem, sim, ficou perfeito.

Então de pronto Renata tirou o outro pé e ajudou a calçar.

Ficaram ambas me olhando, como que esperando eu falar ou fazer algo:

- Ok, experimentei. Agora pode tirar pra mim?

- Não, não, não: pra saber se ficou bom mesmo é preciso que você ande com ele um pouco.

Fiquei olhando para meus pés. Os sapatos eram lindos, eu haveria de concordar, mas não pareciam nada fáceis de se andar.

Levantei da cama e esbocei meus primeiros passos. No terceiro passo, dobrei o pé esquerdo para o lado e quase caí, me segurando no armário:

- Pura elegância... - disse minha mãe, rindo.

- É... - foi tudo o que consegui dizer.

Então me reequilibrei e tentei de novo. Dessa vez sem tombos. Fui até o final do quarto e voltei.

Renata então me olhou e indagou:

- Tem certeza de que é a primeira vez que tu usa saltos?

- Óbvio, né?

- Meu Deus... você tem uma espécie de dom natural então, Lucas. Com um pouco mais de treino vai ficar craque.

Não soube lidar com aquilo como uma crítica ou elogio, mas enfim. Tentei andar mais um pouco pra sentir se ficaria desconfortável, mas não, não seguiu mal.

- Posso tirar agora?

- Poder pode, filho, mas acho que seria interessante que você desse uma treinadinha todos os dias até o casamento.

- Verdade. - concordou Renata.

- Ok... mas por hoje chega. - completei, sentando e descalçando-os.

- E agora? - perguntei eu, impaciente.

- Agora é você treinar bastante com esse saltinho 12, peep toe, meia-pata - disse Renata, percebendo meu desconhecimento no assunto sapatos femininos e fazendo graça -, e esperar o grande dia, quando iremos a um lindíssimo salão para meu Dia de Noiva.

- Como assim iremos? O dia da noiva é para a noiva, não para as damas de honra.

- Meu Deus, mas onde que eu fui achar uma dama de honra dessas? Querida, o dia da noiva é um dia de beleza e relaxamento para a noiva e as damas de honra, o que inclui você, lindinha.

- Ademais, você quer que descubram que você é Lucas ou quer se certificar de que todos acharão que és a Larissa? - admoestou minha mãe.

- Óbvio que a segunda opção, né?

- Então. Lá você faz sobrancelhas, maquiagem, unhas e mais todo aquele arsenal de coisas que nós mulheres usamos para ficar ainda mais lindas.

- Siiiiiiimmm... - disse Renata, batendo palmas e saltitando.

Meu Deus do Céu, olha o que eu fui arranjar, pensei.

CONTINUA...

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Comentários

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Tah mto legal esse conto e sem conteúdo erótico. Gostaria q todos os contos daqui fossem assim.

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adorei o conto, bem realista e delicado CONTINUA NO MESMO FOCO.....

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