Eu estava deitado no chão. Implorando pra que aqueles homens parassem de me agredir, mas eles não paravam, continuavam me chutando violentamente.
Realmente pensei que fosse morrer.
- Ei! Parem com isso!
- Saiam de perto dele agora.
-Nos vamos chamar a policia!
Escuto vozes gritando ao longe.
Os homens param de me bater e correm me deixando todo quebrado.
- Calma moço, vai ficar tudo bem!
Diz uma moça se aproximando de mim.
- Já to chamando a ambulância.
Disse um rapaz.
Minha cabeça doía muito, visão começa a ficar turva e eu acabo apagando.
Acordo, sei lá quantas horas depois em um hospital.
Eu sentia muita dor.
Com muita dificuldade consigo me levantar. Assim que saio do quarto encontro com uma enfermeira.
- Rapaz, você não pode ficar andando por aí.
Eu – Desculpa. Eu acordei agora, não sei onde estou... O que foi que aconteceu comigo?
- Os garotos que trouxeram você disseram que viram você sendo espancado na rua.
Eu – Ah sim, eu me lembro deles.
- Você sabe quem são os agressores?
Eu – Não. Eram assaltantes.
- Você teve muita sorte que esses meninos apareceram.
Eu – Sim, sou muito grato a eles. Eles deixaram algum contato pra eu poder ligar e agradecer?
- Não. Eles esperaram até terem certeza que estava tudo bem com você, mas foram embora em seguida.
Meus anjos da guarda. Não sei se estaria vivo se eles não tivessem aparecido na hora.
Eu - Eu posso usar o telefone? Preciso ligar pros meus pais.
Ele me acompanha de volta ao quarto onde eu estava.
- Fique aqui. Eu vou chamar a medica que te atendeu e buscar um telefone pra você poder falar com seus pais.
Eu – Obrigado.
Aguardo alguns minutos e médica vem me ver.
- Olá rapaz. Como você está?
Eu – Eu sinto muita dor, até quando respiro dói. O que eu tenho? É grave?
Pergunto assustado.
- Foi feita uma ressonância em você que indicou quatro costelas fraturadas, mas nenhum órgão foi afetado, você recebeu alguns golpes na cabeça, mas esta tudo bem. Eu vou receitar alguns analgésicos pra aliviar as dores. Você vai ficar bem.
Eu – Eu posso ir pra casa?
- Já está um pouco tarde, mas se tiver alguém que possa vir pegar você, vão vejo problema em te dar alta, se prometer que vai repousar bastante. Você não pode fazer nenhum tipo de esforço durante alguns dias. Entendido?
Eu – Sim. Pode deixar.
...
Conversamos mais algumas coisas, ela fez mais algumas recomendações e logo mais liguei pra minha mãe e expliquei o que havia acontecido.
Claro que ele fica desesperada e começa a chorar pelo telefone. Tive que colocar a doutora pra falar com ela pra tranqüilizá-la.
Ela e o meu pai estão vindo me pegar.
Olho no relógio e vejo que já é muito depois meia noite, mas resolvo ligar pro Xande assim mesmo. Ele também deve esta preocupado.
No primeiro toque ele atende.
Xande – Lucas?!
Ele pergunta nervoso.
Eu – Oi Xande...
Xande – Porra Lucas! Eu passei a noite toda aqui louco de preocupação contigo! Como você desaparece assim e não fala nada pra ninguém?! Onde você tá, caralho!?
Ele pergunta super bravo.
Eu – Eu to no hospital XXXXXXXXXXXX
Xande – Hospital? Como assim, o que foi que aconteceu, Luke? Você tá bem?
Agora diz preocupado.
Eu – À tarde minha mãe pediu pra eu no banco pagar umas contas pra ela, mas no caminho eu fui assaltado por dois caras que me bateram muito, acabei desmaiando...
Xande – Calma, espera! Eu to indo te pegar agora.
Diz me interrompendo.
Eu – Não, não precisa. Meus pais já estão a caminho. Me espera em casa.
...
Quando meus pais chegaram ao hospital fizeram questão de conversar com a médica novamente, apesar de eu já ter explicado tudo.
Assim que chego em casa, vejo que Xande me esperava na calçada. Ele vem correndo até mim.
Xande – Luke... Amor... Olha pra você...
Seus olhos ficaram marejados.
Eu – Eu to bem Xande.
Xande – Não, não tá! Você tá todo arrebentado! Me explica direito o que aconteceu!
Diz nervoso.
Eu – Calma, deixa eu chegar primeiro. Quero me deitar.
Eles me ajudam a subir até meu quarto e me acomodar de uma forma que eu ficasse confortável.
Henrique – É melhor você ir pra casa agora Alexandre. Ele precisa descansar, amanha vocês conversam.
Xande – Não! Eu não vou sair do lado dele!
Eu – Não pai. Eu o quero aqui comigo.
Elena – É melhor você ir dormir um pouco, meu filho.
Eu – Eu dormi a noite toda, mãe. Não tô com sono.
Xande – Eu não posso dormir aqui com ele?
Henrique – Até poderia, mas a cama dele é pequena demais pra vocês dois. Ele precisa de espaço.
Xande – Eu durmo na cadeira, não chão...
Elena – Aí você vai ficar cheio de dores também.
Xande – Não me importa. Eu só quero ficar aqui com ele.
Eu – Xande, você não me disse uma vez que tem um colchão inflável em casa?
Xande – Isso! Eu tenho mesmo.
Eu – Pois pronto. Você trás ele pra cá e vai poder dormir aqui sem problemas.
Xande – Eu posso?
Ele pergunta aos meus pais.
Henrique – Pode... Sempre que quiser.
Elena – Claro querido.
Xande – Obrigado. Eu já volto.
Ele vai pra sua casa.
Minha mãe me dar meus remédios e eu fico esperando Xande voltar.
- Voltei.
Disse Xande entrando no quarto.
Xande – Como você tá? Tá doendo muito?
Diz me dando um beijo na testa.
Eu – Só quando eu respiro.
Digo sorrindo.
Ele faz uma cara de choro.
Eu – Hey! Não precisa chorar, Xande. Eu to bem.
Xande – Quando você sumiu de tarde, faltou pouco pra eu enlouquecer. Eu pensei tanta besteira Luke... Você nunca fica sem me dar noticias. Pensei que tivesse acontecido alguma coisa muito grave contigo.
Eu – Mas agora eu estou aqui, você tá vendo que eu estou bem... Machucado, mas vivo, pelo menos.
Digo tentando fazer ele sorrir.
Xande – Isso não é engraçado Lucas! Você poderia ter morrido! Você já percebeu isso?
Que estresse.
Xande - Me conta o que aconteceu logo!
Eu – Então, depois que voltei da academia, minha mãe pediu pra eu ir ao banco pagar umas contas pra ela e no caminho fui parado por dois assaltantes e eles começaram a me bater...
Xande – Que filhos da puta, desgraçados! Se eu pego esse caras, eu mato eles. Eu juro que mato!
Diz irritado.
Eu – Calma amor.
Xande – Calma é o caralho Lucas! Eu to com ódio. Olha o que eles fizeram com você! Que inferno!
Diz dando um soco na própria perna.
Xande – Mas porque você tentou reagir ao assalto Lucas? Você é idiota por acaso? Você sabe que isso é perigoso! Você tá querendo morrer, porra?!
Diz muito bravo.
Parece que a cada palavra que eu falo, ele fica com mais raiva.
Eu – Mas eu não reagi a nada Alexandre! Eu estava disposto a entregar tudo, mas eles começaram a me bater do nada!
Xande - ...
Ele tanta falar alguma coisa, mas não deixo. Continuo falando.
Eu – E para de gritar comigo! Parece que isso que aconteceu foi minha culpa!
Digo também já alterado.
Xande – É CULPA SUA MESMO!
Eu – SIM! É minha culpa mesmo! Eu que pedi pra ser espancado no meio da rua. Era meu sonho de princesa apanhar até ficar inconsciente. Eu to realizado agora!
Digo irônico.
Agora sim, ele começa a chorar de verdade.
Xande – Desculpa Luke, desculpa... Eu tô nervoso, não foi culpa sua... Mas, e se... Me perdoa...
Ele dizia entre soluços.
Xande – Eu não com raiva de você. Tô com raiva da situação. Com raiva de mim, por não ter feito nada pra evitar que isso acontecesse.
Nunca o vi tão angustiado assim.
Eu – Vem aqui, amor. Senta aqui.
Ele senta na minha cama.
Eu – Xande, se acalma. A gente ficar brigando agora não resolver nada.
Eu enxugo suas lagrimas.
Eu - Já passou! Aconteceu! Não tinha como você fazer nada pra evitar. Você nem tava comigo.
Xande – Por que você saiu sozinho? Porque não me esperou?
Eu – Xande, o banco fecha as cinco e você tava no analista. Não dava pra te esperar.
Xande – Você não vai mais sair sozinho!
Eu – Você não pode ficar do meu lado 24h por dia e eu não posso ficar dependendo de você pra tudo.
Xande – Eu não sei o que vai seria de mim se algo mais serio tivesse acontecido com você!
Eu – O pior já passou, amor. Eu só quero esquecer essa historia.
Seguro sua mão.
...
No dia seguinte, meu despertador toca as 6:00 da manha, como de costume.
Eu não iria a aula por alguns dias, mas Xande ainda tinha que ir.
Graças a Deus já passaram as provas!
Eu – Xande, já tá na hora de levantar.
Ele resmunga alguma coisa que não entendo e vira pro outro lado.
Eu – Você vai se atrasar.
Continua deitado.
Jogo um travesseiro na direção dele, mas erro. Tento me levantar pra acordá-lo, mas como sempre, o rei do desastre acaba se machucando.
Solto um gemido de dor.
Xande – O que foi isso?!
Ele levanta assustado.
Eu – Fui tentar levantar e me machuquei.
Xande – Pra que foi se levantar? Ta precisando de alguma coisa? Eu pego pra ti.
Eu – Não. Eu ia te acordar. Já ta na hora de você ir pra facul.
Xande – Eu não vou a aula. Vou ficar aqui com você!
Eu – Claro que vai!
Xande – Mas Luke! E você? Se precisar de algo?
Eu – Minha mãe tá em casa.
Xande – Mas ela vai trabalhar daqui a pouco.
Eu – Ela só sai quase 9:00 horas. Duas horas antes das aulas acabarem.
Xande – Mas ainda assim vai ficar um tempo sozinho.
Eu – Xande, eu só quebrei algumas costelas, não preciso de cuidados extremos. Pode ir.
Xande – Sei não...
Eu – Amor vai, vou me sentir mal se você for prejudicado por minha causa.
Xande – Ta bem, mas só porque tá me obrigando.
Eu sorrio.
Xande – Se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, me liga que eu venho imediatamente.
Eu – Ta bom, não se preocupe. Se precisar eu te ligo.
Xande – Promete!
Eu – Ok! Eu prometo, agora vai que ta ficando tarde.
Enfim ele vai e eu volto a dormir.
Durmo mais algumas horas até sentir alguém beijando minha testa.
Era meu pai. Não meu pai Henrique, meu pai de verdade, Douglas.
Pai – Oh, desculpa. Não era minha intenção acordar você.
Eu – Pai, o que senhor veio fazer aqui?
Pai – Sua mãe me ligou e disse que o tinha acontecido e eu vim correndo te ver.
Eu – Eu nem sabia que o senhor tava na cidade.
Ele é representante comercial de uma grande empresa, então tá sempre viajando.
Pai – Cheguei ontem. Como você tá, bebê?
Olha o meu tamanho e ele me chama de bebê.
Eu – Algumas dores, mas nada insuportável. Vou ficar bem...
Explico a ele tudo o que houve e ele começa a reclamar da violência da cidade.
Pai – Eu vou contratar um segurança pra você! Alguém que não vai sair do seu lado 24 horas por dia.
Eu – O Xande já se prontificou a fazer isso.
Digo sorrindo.
Pai – Quem é esse?
Percebo que nunca falei nada a ele sobre o Alexandre ou sobre minha sexualidade.
Eu – Putz... Pai, a gente precisa conversar...
Pai – Que cara é essa bebê? É alguma coisa grave. Eu sabia que você não tava bem!
Eu – Não é nada grave, mas é importante e é algo que você precisa ficar sabendo de uma vez. É melhor você sentar.
Pai – Eu to ficando com medo Lucas.
Ele se senta na minha cama.
Eu – É uma coisa que eu deveria ter dito ao senhor há muito tempo, mas tinha um pouco de medo da sua reação... Minha mãe e meu pai Henrique já sabem e eles tão super tranqüilos em relação a isso... E... É...
Começo a ficar nervoso.
Pai – Fala Lucas! Você não precisa ter medo de me dizer nada.
Eu – PAI, EU SOU GAY!
Digo um pouco mais alto do que eu esperava.
Ele fica me encarando.
Eu – O senhor não vai dizer nada?
Digo com certo medo.
Pai – Ah, já acabou? É só isso?
Ele pergunta confuso.
Eu – É... O senhor me xingar ou gritar ou me bater?
Pai – Primeiro que eu nunca bati ou bateria em você. E segundo eu fico feliz que finalmente tenha tido a coragem de me contar.
Eu – Como assim “finalmente” contar?
Pai – Luquinhas, não é como se nunca desconfiasse...
Eu – Então o senhor já sabia?
Pai – Não tinha certeza, mas quando você ia passar os finais de semana la em casa e aquele seu amigo Junior ia junto, eu via a forma que você olhava pra ele e achava um pouco estranho, sabe?
Eu – E isso não incomoda o senhor?
Pai – Claro que não, campeão. A maior gloria de um pai é ver seu filho feliz. Se você namora com homens ou com mulheres, pra mim isso é irrelevante.
Ele diz sorrindo.
Eu - ...
Fico emocionado.
Ele me abraça.
Eu – Ai pai, devagar. To todo muido.
Pai – Desculpa. Foi sem querer.
Eu sorrio.
Pai – Esse Xande é seu namorado?
Eu – Sim.
Pai – Hm... Não sabia que o Junior se chamava Alexandre.
Eu – E não chama, eu não namoro com o Junior.
Pai – Ah, entendo. Pensei que fosse ele... Eu vou querer conhecer esse rapaz. Ver se ele é bom o bastante pra meu filho.
Eu – Pai!
...
Continuamos conversando ate que Xande chega.
Xande – Cheguei am...
Meu pai se levanta imediatamente.
Xande – Quem é o senhor?
Pai – Douglas, pai do Lucas. Quem é você?
Xande – Alexandre...
Xande olha pra mim confuso.
Xande – Eu sou o vizinho...
Xande diz serio.
Pai – Vizinho? Pensei que fosse o namorado.
Xande – Você contou a ele Luke?
Eu – Contei.
Pai – A gente vai conversar agora mesmo rapaz.
Continua.
Ivyy SB, Amores_juniores, Martines, Guigo , magus, Renan46a VALTERSÓ, Ru/Ruanito, Regi1069, Greader, #Guh muito obrigado pelos comentários. Espero que continuem acompanhando e comentando. Grande abraço. Ate quarta!
