Água doce, água do mar... - Um relato sobre pai e filha: capítulo 01

Um conto erótico de Débora Mz
Categoria: Heterossexual
Contém 2199 palavras
Data: 10/03/2017 01:30:09

Prólogo

O que o estimado leitor passará a ler aqui é um relato da minha experiência pessoal neste que é um dos mais controversos tabus em nossa sociedade. Não sou escritora profissional e nem sequer por hobby; não tenho habilidades nem formação que confiram coesão ou deixem o texto de maneira fluida e agradável de ler. Talvez o estilo pareça truncado e cansativo de acompanhar, até porque acho que não seja possível omitir certos detalhes que considero pertinentes ao entendimento do leitor e que, conseqüentemente, deixará o texto longo e dividido em capítulos (ainda não terminei de escrevê-lo e publiquei a parte que está pronta). É importante frisar que estou relatando fatos; não é um conto fictício, principalmente daqueles curtinhos do tipo “meu pai me viu nua e tornamo-nos amantes descontrolados desde então...”. Na verdade é uma história cheia de conflitos internos, de sentimentos como culpa e remorso; para aqueles que procuram algo que os deixe languidamente excitados após lerem dois parágrafos talvez seja melhor não prosseguir com a leitura. Avisado você foi…

Se continua a ler, creio que seja o momento de apresentar a mim e outras personagens deste conto (leia-se relato): Meu nome é Débora, hoje tenho 20 anos e moro em uma pequena cidade da região central do Paraná, cuja maior cidade é a vizinha Guarapuava. Já que minha cidade é pequena, sinto-me receosa em usar os nomes reais dos meus pais ou alguma outra pessoa mais próxima, por isso vou utilizar alguns nomes fictícios, porém mantendo a primeira letra dos nomes verdadeiros. Faço isso porque ao mesmo tempo em que desejo manter o anonimato das pessoas mais íntimas, também não quero sentir que estou adulterando minha história por introduzir pessoas, locais ou eventos que sejam fantasiosos. Meu pai chama-se Irineu (fictício), hoje tem 43 anos e é bancário. Já minha mãe se chama Regiane (fictício), é um ano mais nova que meu pai e trabalha como servidora pública na área de contabilidade.

Outro detalhe que talvez possa incomodar o estimado leitor, mas é o cerne deste relato, é o fato de sermos membros de uma tradicional comunidade evangélica. Estou bem ciente que ler palavras como “igreja” ou “Bíblia” em um website como este colide frontalmente com a intenção daqueles que por aqui navegam (a não ser, creio eu, no caso de algum fetiche bem distinto…); vocês (e eu também, por que me enganar?) chegaram aqui ávidos por erotismo e luxúria, então qual o propósito de querer misturar água e óleo, o santo e o profano? Como já fora explicado, trata-se de fatos, com sentimentos conflitantes e detalhes que não podem ser omitidos. Sugiro reler o primeiro parágrafo. Avisado você foi pela segunda vez…

E já que o caro leitor decidiu permanecer apesar do segundo aviso sobre continuar com a leitura, podemos de fato passar ao início da minha história:

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Capítulo I

Fui criada neste lar de classe média-baixa no interior do Paraná sob a tutela de pais cuidadosos e com todos os mimos costumeiros reservados aos filhos únicos. Ao ler sobre minha família ser de uma tradicional igreja evangélica talvez o leitor esteja inclinado a deduzir que fui criada de modo rígido, alienado, com uma infância cheia de privações, etc. Nada disso. Foi tudo “normal”: tínhamos TV, computador, água encanada, um cachorro... Claro, fui educada segundo os princípios que norteiam nossa fé e isso se refletiu no meu comportamento em relação a alguns assuntos, sobretudo na adolescência. Eu tinha um bom exemplo de caráter a ser seguido em casa: meus pais. Ou melhor: meu pai. Não que minha mãe fosse uma pessoa ruim ou não tivéssemos uma boa relação, ela apenas não despertava em mim a mesma admiração que meu pai. Eu diria que eles não são compatíveis, não tem a mesma visão sobre as coisas da vida. O sr. Irineu é humilde e a sra. Regiane é ambiciosa. Acho que isso resume bem a situação. Meu pai nasceu na área rural e passou boa parte da juventude no sítio, mexendo na terra e cuidando dos animais, e sempre que sobra um tempinho ele vai visitar meus avós lá no rancho, enquanto minha mãe foi criada na cidade, de família rica, influente na liderança da nossa igreja. Meu avô materno é um respeitado presbítero e embora seja um homem piedoso, que também admiro bastante, acabou criando crianças mimadas e apegadas aos bens materiais, em completo contraste com os ensinamentos bíblicos pregados do púlpito. Uma dessas “crianças” é minha mãe, aquela típica crente hipócrita que a sociedade adora criticar: uma pessoa muito virtuosa dentro das quatro paredes do templo, outra totalmente fútil fora dele. Hoje em dia não tenho problemas para reconhecer isto, mas quando era adolescente era muito difícil para mim tentar tapar o sol com a peneira e achar que as pessoas estavam equivocadas sobre ela – não estavam, e foi observando a maneira como ela tratava (ou destratava?) meu pai que fui tomando consciência disto.

Basicamente ela vivia frustrada por não ter mais o padrão de vida dos tempos de solteira. Antes morava em um belo casarão num amplo e arborizado terreno, agora morava em uma casa financiada num bairro sem atrativo algum, pois era o que cabia no nosso orçamento. Ficava tudo mais nítido nas reuniões de família na casa do meu avô, que gostava de reunir os filhos e netos para almoçar em algum domingo quando as agendas combinavam. Era muito gostoso, tanto a comilança quanto as brincadeiras com meus primos naquele terreno enorme, mas era nessas ocasiões que minhas tias riquinhas ficavam se gabando das viagens que fariam nas férias, ou do carro novo que acabaram de comprar ou daquela reforma que pretendiam fazer, e a “coitada” da minha mãe não tinha novidade alguma pra contar, afinal faltavam ainda vinte e quatro meses pra quitar nosso carro que já tinha outros vinte e quatro meses de uso…

Quando voltávamos pra casa desses almoços era visível o descontentamento dela e a maneira ácida com a qual tratava meu pai. Eles não brigavam ou discutiam, ao menos não na minha presença, mas o ambiente sempre ficava tenso. Tenho convicção de que se não fosse o “escândalo” que um divórcio causaria em uma das famílias mais tradicionais da liderança da igreja, minha mãe já teria abandonado meu pai e voltado para seu antigo conforto. Nesta época eu já tinha 14 para 15 anos e me perguntava como meus pais acabaram se casando mesmo sendo tão diferentes, e descobri por meio de minha tia Inês, irmã caçula de minha mãe e com quem eu me aconselhava sobre “as coisas da vida”, que eles se conheceram quando ele deixou o sítio e veio para a cidade trabalhar e estudar. Algum irmão que era colega da empresa convidou-o para ir à igreja e quando ele começou a freqüentar regularmente os cultos as meninas ficaram todas alvoroçadas. Motivo? Ele era (ainda é) muito bonito. Aquele jeito todo caipira, coitado, tímido, mas absolutamente bonito. De ascendência polonesa, era loiro e de belos olhos verdes. Alto, tinha a pele queimada pelo sol devido ao trabalho na roça, o que também lhe proporcionara porte atlético, apesar de magro. Houve certa disputa não declarada entra as moças da igreja pela atenção do jovem Irineu, e no final das contas foi a jovem Regiane que conseguiu conquistar o “polaco”, como dizemos aqui no Paraná. Meu avô, que já era um comerciante bem-sucedido, agradou-se da escolha da filha porque viu nele um jovem trabalhador, honesto e de bom testemunho, não se importando com o fato dele ser pobre. Ajudou-os muito quando se casaram, embora meu pai, até por conta da natureza de seu caráter, nunca tentara “se encostar” no sogro rico para poder sustentar sua recém-formada família; ele estudou, concluiu o ensino médio e acabou passando em concurso público para um banco estatal, onde trabalha até hoje (na verdade foi privatizado e mudou de nome). Quanto à minha mãe, ela é de ascendência portuguesa, também muito bonita, de estatura baixa e cabelos e olhos negros. Formou-se em ciências contábeis e também foi aprovada em concurso público, ou seja, ambos gozam de estabilidade e uma renda que nos proporciona uma vida confortável, só não há luxos. Eu sou fisicamente parecida com minha mãe, mas não me acho bonita como ela: tenho a pele mais clara, como a de meu pai, porém com os olhos e cabelos negros. Sou mais alta do que ela e desde os onze anos travo uma batalha feroz contra a acne e oleosidade da pele. Culpa minha; moro em um lugar onde faz muito frio no inverno e não dispenso um bom pedaço de chocolate, o que me dá uma silhueta mais cheinha… (eu simplesmente me acho gorda; já as pessoas dizem que estou apenas fora de forma e deveria me cuidar um pouco. Seja lá qual definição é mais correta, eu não ligo…).

Como disse no início do relato, meu pai é meu exemplo de caráter e nada mais natural do que querer imitá-lo, em vez de ser uma pessoa vazia e materialista tal como minha mãe. Seguindo os conselhos dele, aprendi que há tempo oportuno para todas as coisas, e sendo adolescente significava que o tempo agora era de me dedicar aos estudos. Então sou uma garota de 15 anos que nunca beijou ou ficou com alguém, simplesmente por achar que não é o momento para isto, sem contar que também não tinha me interessado por ninguém que eu conhecesse. Não me identifico com os jovens da igreja pelo mesmo motivo que não tenho empatia pela minha mãe: hipocrisia.

No geral são pessoas de vida dupla, que dizem “amém” para tudo que lhes é pregado na igreja mas sua conduta fora dela não condiz com uma vida de retidão. Ficam se agarrando escondido pelos cantos, fofocando, dizendo palavrões; eu queria ser diferente, ser coerente com aquilo que acredito. “A santinha do pau oco” era o rótulo colocado em mim pela própria mocidade da igreja, salvo algumas meninas que tinham a mesma visão, e que são as poucas amigas que tenho. No colégio, então, nem se fala… Como eu não era a “menina mais bonita do baile”, também não era muito assediada pelos meninos de lá, apesar de alguma ou outra investida. Até mesmo garotas, em pelo menos duas oportunidades, tentaram “jogar seu charme” para meu lado; uma tentou ser sutil, exagerando em elogios e olhares indiscretos, outra já foi perguntando “na lata” se queria “ficar” com ela! Esquivava-me de maneira inteligente e até com cortesia, pois achava desnecessário ser grosseira, mesmo não tendo nenhum interesse e, sinceramente, para quem não se acha bonita, essas isoladas investidas acabam soando lisonjeiras, deixando-me envaidecida. Nessas horas eu fingia-me de morta e saía pela tangente, mas não que eu fosse ingênua ou bobinha. Quando eu mencionei as “coisas da vida” que eu conversava com Inês (raramente chamo-a de “tia”, já que ela é jovem – apenas quatro anos mais velha que eu, e somos amigas), isso incluía questões sobre sexualidade, já que não me sentia muito à vontade para falar sobre isso com minha mãe. Conversávamos sobre meninos, cólicas menstruais, como seria beijar na boca (ela também nunca tinha experimentado…), e sobre as brincadeiras com o chuveirinho – sim, era assim que nos referíamos à masturbação.

Eu aprendi sobre o assunto nas aulas de educação sexual na escola e naquelas conversas técnicas e bem constrangedoras com meus pais, tipo “não fique se tocando ali porque é feio” ou “se alguém tentar acariciar lá, não deixe, fuja e conte pra nós”, mas eu já usava o chuveirinho para me fazer aquelas “cócegas diferentes” desde os nove ou dez anos de idade. Descobri sozinha enquanto me banhava, e mesmo sem saber exatamente o que estava fazendo, eu repetia aquilo quando estava trancada na segurança do banheiro. Tempos depois ouvi no colégio o termo técnico para aquelas “cócegas”, mas nesta época eu já havia evoluído nas manipulações da minha parte mais íntima: já não era só na hora no banho, mas também à noite, deitada em minha cama, quando tinha certeza que meus pais já estavam dormindo. Eu levantava minha camisola, deslizava timidamente a mão pelo elástico da calcinha e me dava prazer. De olhos fechados, sempre. Ficava mais concentrada se mantivesse os olhos fechados, mas também por causa da vergonha, mesmo estando sozinha na escuridão daquele cômodo.

Às vezes demorava, outras vinha rápido aquela sensação gostosa e intensa, o “gran finale”; não sabia o nome daquilo, só sabia que era o momento que ficava muito molhado lá embaixo, meu corpo se contorcia, dava uma moleza nas pernas, aliás no corpo todo, e depois me fazia relaxar e dormir em instantes. Pela manhã eu lembrava do ocorrido, sentia vergonha, culpa. Ficava conferindo se havia alguma mancha no lençol ou na calcinha que minha mãe pudesse perceber na hora de colocar as roupas para lavar. Dizia a mim mesmo que isso não se repetiria, mas dias depois fazia tudo de novo. Vez após vez, dos nove aos treze anos, aprendi a me dar prazer, muito prazer…

Batizei-me aos quatorze anos de idade. Fiz um propósito de não ser mais uma daquelas adolescentes hipócritas de duas-caras e manter-me longe daquilo que não era descente. Até consegui por um bom tempo…

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Comentários

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Fiquei curioso sobre a sua história favorita e adoraria ler ela. Tem como me enviar? skky1951@gmail.com

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Um bom conto, tem que ser muito bem relatado ! Quando ele me prende desde o começo, é sinal que não vou me arrepender de ler até o final. Confesso que sou alheio a contos continuados, mas esse eu vou pagar pra "ler"...Até porque, tem um estilo de narrativa parecida com a minha. Nota 10.

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Muito bom, gostei da introdução.... Parabéns...

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