As Janelas da Alma - Parte 1

Um conto erótico de Papillon
Categoria: Homossexual
Contém 3696 palavras
Data: 05/03/2017 07:34:27
Última revisão: 09/03/2017 05:44:59

Aos Olhos de Leandro.

O suor escorria por minhas costas e abdômen. Todo o corpo estava suado, e o frio do ar condicionado não estava trazendo uma boa sensação ao meu corpo quente.

Mas não exatamente o frio estava causando aquele incomodo. A verdade estava evidente, nos olhos que me encaravam pelo reflexo da janela a qual estava encostado.

Aquilo que que tínhamos, que havíamos construído juntos já não satisfazia a mim, da mesma maneira que satisfazia a ele.

Eu me encontrava de frente para a janela do apartamento, olhando o transito que se formava quinze andares abaixo, na avenida principal.

Os pensamentos estavam todos voltados a um questionamento apenas. O que tínhamos? Porque chegamos a este ponto? Ha quanto tempo aquilo estava acontecendo?

Nossa transa recente não me rendia mais prazer. Aquele corpo tão bem esculpido não me satisfazia do mesmo jeito de antes. Estava sujo, de algo que somente eu conseguia ver, sentir.

Ouvi um barulho na cama e virei para vê-lo. Ele levantou-se, deixando o lençol que o cobria escorrer de seu corpo nu, que tantas vezes me proporcionou êxtase e admiração.

Se aproximou, abraçando a minha cintura, beijando em seguida minha nuca e meu ombro.

-Vou tomar banho. Vem comigo. - Disse puxando-me pela cintura em direção ao banheiro.

-Vai na frente. - Disse sem muito interesse. Algo que ele não pareceu notar.

Beijou-me a bochecha, e entrou no comodo. O som da água do chuveiro tomou conta sutilmente do ambiente antes silencioso.

Algo estava engasgado em minha garganta, Um incomodo insuportável que estava estrangulando a minha alma. Não era mais possível aceitar aquela situação.

Foi então que me deixei levar pelo impulso que me libertaria daquilo tudo. Entrando no banheiro, o vi de costas, a água delineava a curvatura de seus músculos dos ombros, passando por sua bunda perfeitamente torneada, e escorrendo de suas pernas ate alcançar o chão. Ele notou de alguma forma a minha presença. Ainda de costas, virou seu rosto em minha direção dizendo.

-Vem, me ajuda com a parte de trás. - Eu apenas o observava em silencio.

-Ja deu pra mim. - Falei tomando a atenção dele para mim, que se virou. - Eu vou embora. Não volto mais.

-O que? - Ele perguntou com incredulidade.

-Eu sei o que você o Marcos fizeram.

-Do que você esta falando?

Sua mandíbula antes relaxada, pareceu empedrar ao ter seus dentes serrados com o possível nervoso que o atingiu. Pareceu que diria algo, mas não havia o que ser dito. Ele tinha consciência disto. Eu apenas me virei, apanhei uma toalha que estava pendurada próximo a porta do banheiro e voltei para o quarto. Passei-a por todo o meu corpo limpando o excesso de suor, mas ainda sentindo o corpo sujo pelo nosso contato recente.

Ele veio ao meu encontro ainda molhado, me segurou pelos braços e começou a falar. E por mais que eu visse o movimento de seus lábios, eu não conseguia entender sequer uma unica palavra. Ele balbuciava o que quer que fosse e me agarrava com força. Tentava beijar o meu rosto, minha boca mas eu não conseguia retribuir, ao contrario, eu recusava. Em um momento ele me abraçou impedindo os meus movimentos, e por uma fração de segundos, eu senti seu pênis roçando em minha mão. Uma força incontrolável surgiu do meu peito, e meus braços num movimento rápido o empurraram pra longe de mim, fazendo-o escorregar e cair no chão do quarto. Seu semblante mostrava que ele estava assustado. Mas eu mesmo não compreendia mais o que estava acontecendo.

Apanhei e coloquei minha roupa o mais rapidamente possível. Ignorei a cueca jogando-a na cama, e coloquei a camisa social, deixando-a aberta, não me preocupando em abotoa-la. Cada movimento que fazia, sentia seus olhos me observando do chão, onde eu o tinha condicionado a ficar. Vesti a calça preta e os sapatos, que eu havia usado para trabalhar aquele dia. Não me importava estar arrumado. Apenas queria sair dali. Constatei que o celular estava no bolso. Pegando a carteira e a chave do carro. Antes de sair, parei no batente da porta sem olhar para trás.

-Voces me dão nojo. - Falei, e sai. Apesar de tudo, sentia que não perderia mais o controle. Estava quase que anestesiado.

Passei pelo corredor, pela sala e sai sem fechar a porta. Não havia mais o que me prendesse aquele lugar, aquela pessoa e a tudo que dizia respeito ao que um dia tivemos. O elevador demorou a chegar. E demorou o mesmo tanto a descer. O tempo parecia passar com uma lentidão maldosa. Ao chegar no térreo, atravessei direto pelas pessoas que la se encontravam. Ignorei cumprimentos do porteiro e de dona Arlete e me encontrei porta a fora do hall de entrada, dando de cara com a rua cheia de carros e gente. A noite estava quente, uma brisa leve passava em direção contraria ao centro da cidade. O carro estava na rua do Carmo, dobrando a esquina a minha direita. Mas não era o que eu desejava. Me sentia ainda anestesiado, de alguma maneira morno. Mas precisava de ar, de algo mais. A esquerda, seguindo a avenida principal, passando por mais três quadras se encontrava a praia. O vento parecia querer me levar para aquele lugar.

Eu obedeci ao que quer que me impulsionava a ir para aquele lado. O vento, o destino, uma simples vontade súbita. O que quer que fosse, a praia era o lugar onde eu iria.

Não demorou muito, passei pela orla, e quando vi, já estava frente ao mar. A praia estava mal iluminada. Muitos dos postes que deveriam clarear a orla estavam apagados, o que deixava o local suspeito e pouco convidativo em qualquer ocasião. Mas não era o caso. Nada parecia mais logico que entrar e me largar ao mar. Deixar pra trás as lembranças, os problemas e me deixar limpar pela água salgada. O mar estava negro, e estático por quase não quebrarem ondas. Parecia não haver separação entre ele e o céu que o completava ao horizonte que mal se via. Voltei pra uma faixa de areia mais seca, e ali deixei meu celular, minha carteira e as chaves. Não me importava o horário, tão menos se alguém roubaria o que eu estava deixando ali. Não havia nenhuma preocupação a não ser a de esquecer de tudo.

Assim feito, eu fui em direção ao mar. Conforme prosseguia, a água subia dos sapatos para a barra da calça, dos tornozelos para os joelhos, cintura e barriga. Do peito ela subiu para o pescoço e logo já estava submerso na vasta escuridão molhada, imerso em uma calma que eu não sentia a muito tempo. Eu ia começar a nadar e aproveitar ao máximo aquela sensação. Mas algo havia invadido a minha paz. Algo estava tentando me agarrar e num súbito desespero eu comecei a lutar com o que quer que fosse que estava me puxando. Não havia como enxergar e quanto mais eu tentava afastar a coisa, mais acabava entrando em desespero e engolindo água. A força para lutar foi sumindo conforme a consciência me abandonava. A ultima coisa que eu pude sentir foi aquela coisa me agarrando novamente, tomando o meu corpo e me puxando para algum lugar sem que eu nada pudesse fazer.

-Cara, acorda! Hey, não morre cara. Acorda porra!

Uma tosse me forçou a expurgar um liquido que parecia sair do meu peito. A garganta e o nariz ardiam conforme eu tossia, Meu corpo estava todo contraído enquanto eu colocava aquilo para fora, no que aos poucos eu pude perceber ser areia.

-O que você tava pensando cara? Merda! - Dizia alguém ao meu lado. Aos poucos eu começava a lembrar e a entender a situação. -Meu nariz ta sangrando.

-Quem é você? - Perguntei ainda com dor, mas já com parte do ar recuperado

-O babaca que resolveu impedir outro babaca de fazer a maior merda da vida dele.

-Do... Que... Você esta fa... Lando? Eu não ia me matar. - Disse entre tosses.

-Aé? Não era o que parecia. Um cara entrando de roupa no mar escuro a essa hora da noite me parece bastante suicida.

-Eu só estava nadando.

-Cara, eu te chamei um monte de vezes antes de você afundar de vez. Você largou um monte de coisas no chão e ignorou toda vez que eu gritei. O que cê acha que eu devia pensar?

Eu me virei para encarar aquele com quem discutia, e vi que o nariz do garoto estava sangrando. Eu estava desnorteado, um pouco perdido mas o raciocínio estava voltando a funcionar corretamente. Eu tentei me levantar mas quase cai no processo. Ele se levantou rápido e me segurou antes que minhas pernas cedessem por completo.

-Vai com calma cara. Cê me deu trabalho, deve ta acabado.

-Seu nariz. - Eu disse tomando forças e ficando em pé com sua ajuda.

-Eu disse que você deu trabalho. - Ele respondeu. Não conseguia distinguir se ele estava preocupado ou irritado. Provavelmente um misto dos dois. - E melhor cê ir pra um hospital. Teu carro ta perto?

-Como você sabe que eu tenho carro?

-Cê deixou um celular, uma carteira e essas chaves na areia. Essa chave é de carro não é?

-Você ia me roubar?

-Cê ta de brincadeira né? Eu acabei de salvar a tua vida e você ta me acusando de roubo? Tu é mo comedia. - Ele apanhou as coisas do chão e colocou em minhas mãos, em seguida se afastando. Eu o fitava enquanto aos poucos ele se afastava e então percebi o que eu estava fazendo.

-Hey! Espera.

Os pulmões e a garganta arderam um pouco com o esforço. Ele se virou para me ouvir, mas continuou a se afastar andando de costas.

-Você mora perto? Não quer uma carona?

-Não, deixa quieto. Ve se não se mata de novo! - Ele continuou.

Respiro fundo e me forço a correr o melhor que posso para alcança-lo. Ao me aproximar, falo tentando sustentar o folego.

-Serio, me desculpa. Eu fui um idiota. Não quis dizer que você iria me roubar, eu só...

-Foi o que você disse cara.

Reparo pela primeira vez no garoto. Não devia ter mais que dezoito anos. Tinha os cabelos pretos num estilo parecido com o meu, raspados nas laterais mas um pouco mais cumpridos em cima que os meus. Era queimado de sol e devia ter por volta de 1,70 metros, ja que havia uma diferença de mais ou menos 10 centímetros com relação a minha altura. Vestia uma camisa regata preta e um short de corridas, com um tênis esportivo. Provavelmente ele estava se exercitando quando me viu e resolveu intervir. Seu nariz estava sangrando um pouco, o que presumo seja resultado da luta comigo na água.

-Olha. Deixa eu me redimir. Você esta sangrando. Eu moro aqui perto, nos podemos ir ate meu apartamento e fazer um curativo. Caso esteja com o nariz quebrado eu te levo no hospital.

-Cara... - Ele pausou o que diria e pareceu me medir dos pés a cabeça. Não sei dizer o que senti com relação a isso, mas não achei relevante me preocupar com isso agora. - Não se preocupa com o meu nariz, não quebrou, cê deve ter puxado o meu piercing na água. Vamo fazer o seguinte. Eu vou com você ate a sua casa pra ver se cê chega bem e não faz nenhuma besteira.

-Eu falei sério quando disse que não estava tentando me matar.

-Uhum.

Eu comecei a caminhar com um pouco de dificuldade por conta da areia fina atrapalhar nas pisadas. Apesar de ter sido o motivo do meu afogamento, ele havia tido a boa intensão de tentar me salvar, ainda que estivesse equivocado. Ao perceber que eu ainda não estava completamente bem, ele se aproximou de mim, colocou meu braço direito em seu ombro e me segurando com seu braço esquerdo pela minha cintura me ajudou a caminhar.

Caminhamos um bom tempo sem nos falarmos. Ele auxiliava o meu andar, sempre preocupado em não me deixar cair. E nesse meio, eu aproveitava e fitava seu rosto. Tinha o maxilar e o queixo bem desenhados. Era um rosto magro, nariz afilado olhos claros, apesar de não conseguir distinguir a cor por estarmos a noite e as luzes da rua não ajudarem muito. Seus lábios grossos estavam com uma mancha de sangue seca, e agora, de perto, era possível ver o piercing a qual ele havia falado. Uma argolinha de metal.

-Melhor cê olhar pra frente. Você tropeçar não me ajuda em nada.

Voltei a prestar atenção a caminhada, constrangido por minha falta de discrição.

-A gente ta chegando?

-Estamos. E na próxima quadra.

Chegando em frente ao prédio, Walter que era quem estava na portaria acionou a abertura do portão e veio ao nosso encontro afim de nos ajudar.

-Seu Leandro, o que aconteceu. Foram assaltados?

-Nada demais Walter, não precisa se preocupar.

-Bom, ta entregue. - Disse o garoto me soltando para me deixar passar pelo portão.

Eu o segurei pelo pulso e fiz ele entrar junto comigo.

-Você vem comigo. Nos temos que ver o seu nariz, fazer um curativo.

-Não precisa cara. Relaxa.

-Vem. - Intimei. Ele se surpreendeu com a minha reação. Sem mais objeções, entrou no prédio comigo, e ficou ao meu lado esperando o elevador chegar. Ao entrar no elevador, me encostei na parede próxima ao painel e apertei para subirmos ao decimo andar.

-Bonito prédio. - Ele falou olhando-se no espelho. Checando o nariz e o piercing com cuidado. -Pelo jeito não quebrou mesmo, foi só uma batida que deve ter machucado la dentro e a argola que rasgou um pouco o buraco. Merda... Pelo menos não dói quando meche no osso.

-De qualquer maneira eu vou fazer a assepsia e o curativo.

-Você é medico?

-Não, mas eu sei fazer primeiros socorros.

-Saquei.

-Qual o seu nome? - Perguntei ainda o observando.

-Andre. E o seu?

-Leandro... As circunstancias são estranhas, mas é um prazer.

-De boas. - Disse ainda se olhando no espelho.

Saímos do elevador e abri a porta do meu apartamento que ficava logo ao lado. Entramos e apos fechar a porta e acender as luzes, o deixei na sala indo direto para o banheiro, para pegar o kit medico e uma toalha. Ambos estávamos molhados da água do mar. O que me fez lembrar da ardência na garganta. Voltei e entreguei a toalha a ele. Coloquei o kit no balcão que separava a sala da cozinha e comecei a separar o que seria necessário. Ele olhava enquanto enxugava o cabelo.

-Vou precisar que se encoste aqui no balcão pra mexer no seu nariz. Pode sentar nesse banco.

-Isso vai doer muito?

-Se não estiver quebrado, não.

Ele sentou onde o indiquei e me aproximando de seu rosto, comecei o procedimento, Agora com a luz do apartamento, podia ver que seus olhos eram verde claros. Ele atrapalhava vez ou outra com as mãos quando sentia dor na hora de fazer a assepsia, reclamando.

-Para de frescura. Imagino a hora de colocar isso, o escândalo que você esta fez.

-Te mostrar quem é o fresco. Não fiz escândalo nenhum. Ta doendo porque um louco puxou na água salgada.

Eu poderia responder dizendo que ele não passaria por isso caso não tivesse se metido a herói, mas havia gratidão por seu ato.

-Muito legal seus olhos. Diferente... Bonitos. - Ele disse encarando-me olho no olho. Me afastei um pouco, encabulado com o comentário. Tenho heterocromia, então meu olho esquerdo é cor de mel e o direito castanho escuro. Ele pareceu notar, e sorriu com a minha reação.

-Os seus também, são muito bonitos.

Terminado o procedimento. Guardei os itens na maleta de primeiros socorros e joguei as gazes sujas fora.

-Cê tem um irmão gêmeo? Que da hora. - Ele estava próximo a estante, olhando os porta retratos. O que chamou a minha atenção para todos as fotos la colocadas.

De forma repentina, uma dor apertou rapidamente o meu peito. Não tinha nada haver com o ocorrido na praia.

-Tinha. Ele morreu a pouco tempo. - Disse seco.

-Foi mal. Tipo... Sinto muito.

-Sem problemas. Acho melhor você tomar um banho. Tirar a areia do corpo e colocar uma roupa seca.

-Tomar banho aqui? - Perguntou com um sorriso de duvida.

-Sim. Tem algum problema? Não sou muito maior que você, então acredito que minhas roupas sirvam. Vou separar e já entrego.

Ele riu com o comentário, mas não pareceu ser de forma ofensiva. Talvez surpresa. Assentiu com a cabeça e me seguiu ate o banheiro. Eu lhe disse que poderia usar tudo, shampoo, sabonetes e sai indo direto para a sala. Fui ate a estante e abaixei os porta retratos onde estávamos eu e Marcos ou eu e Roger. As lembranças me traziam irritação, mas não valeria a pena remoer aquilo. Não neste momento.

No quarto, tirei minha roupa molhada e coloquei apenas uma calça moletom cinza. Não adiantaria colocar uma cueca agora pois ainda iria tomar banho. Levei as roupas molhadas para a área de serviços e voltei para o quarto. Separei uma bermuda jeans e uma camisa regata parecida com a que ele usava, mas azul. Havia uma cueca que eu havia comprado a pouco tempo, e ainda não havia usado, então achei por bem deixar para que ele usasse. Peguei também outra toalha para que ele se secasse, já que a que eu o entreguei ele usou antes do banho. Ao sair do quarto e entrar na sala, com a muda de roupas e a toalha para levar para o banheiro vi alguém parado em frente ao sofá.

-Leh, a gente precisa conversar. Eu fiquei preocupado, com medo de não encontrar você aqui. - Disse Roger, vindo em minha direção.

-Não encosta em mim. - Disse me afastando. Minha raiva pulsava por todo o corpo. Respirei fundo e mantive o máximo de calma possível. - Sai da minha casa. Como você tem coragem de vir aqui depois de tudo.

-Amor, você tem que se acalmar. Voce não pode acreditar em seja la o que te disseram.

Aquilo parecia absurdo demais para estar acontecendo. Eu o olhava impressionado com tamanho sinismo.

-Eu não sei o que falaram, mas voce não pode dar ouvidos. Eu e o Marcos nunca fizemos nada. Como você pode acreditar em qualquer mentira, ainda mais sobre eu e o Marcos.

-Cara, eu termin...

Nesse momento Andre sai do banheiro e aparece no corredor apenas com a toalha enrolada em sua cintura. Roger o olha como se visse a coisa mais hedionda da humanidade.

-Quem é esse garoto Leandro? O que ele esta fazendo de toalha no seu apartamento.

A hipocrisia em suas palavras foram o estopim para tudo que eu mesmo que inconscientemente havia evitado. Aquilo que mais cedo deveria ter acontecido, a reação que normalmente as pessoas tem quando a coisa esta acontecendo, eu só tive nesse momento. A raiva apresentava-se agora querendo expor tudo o que havia de revolta dentro de mim.

-Você não tem o direito de começar uma cena! Quem você pensa que é pra questionar qualquer coisa?

-Leandro, tem um garoto de toalha no seu apartamento, e você não quer que eu questione? - Seu tom trazia ofensa, o que só aumentou a minha ira. - Não faz uma hora que voce brigou comigo e você já tratou de trazer um viado barato pra sua cama?

-Cala essa boca! - Eu gritei, interrompendo a resposta de Andre antes de ela ser dita. - Para de ser hipócrita. Você vem cobrar fidelidade de mim depois do que eu descobri.

-Mas é tudo mentira!

-Para de mentir! Ninguém me disse nada, foi o que eu vi Roger. Eu vi!

Seus olhos se arregalaram ao ouvir minha acusação. Ele pareceu não crer no que acabou de ouvir. Sua boca meio aberta não esboçava ter reação.

-Sai da minha casa. Devolve a copia da chave e some da minha vida. Eu não quero mais lembrar que um dia você e o Marcos existiram na minha vida.

-Leh, não fala assim. Eu não posso viver sem você. - Ele vinha com lagrimas ja lhe escorrendo dos olhos.

-Então morre, mas desaparece da minha frente. - Eu disse por fim. Não havia mais o que ser falado. O ambiente parecia gelado ainda que eu suasse sentindo o meu sangue ferver. Em quatro anos de relacionamento, Roger nunca havia me visto agir dessa maneira. Então com toda certeza não lhe restavam mais duvidas de que aquilo era um basta em definitivo. Ele colocou a chave na mesinha da sala, e saiu limpando as lagrimas.

Andre estava estático no corredor, perplexo com toda a cena. Eu segurava com força a muda que eu devia lhe entregar. Eu cheguei perto dele, passei as roupas para ele e fui para o quarto.

Nada mais segurava o que eu sentia. Soquei a porta do armário e ao sentar na cama, pondo as mãos no rosto, comecei a chorar. Tantas imagens se passavam nem minha mente, e cada uma reforçava a raiva e a angustia que eu estava sentindo.

Senti alguém tocando meus braços, e ao tirar as mãos do rosto, me deparei com Andre a minha frente, agachado. Não sei por quanto tempo ele ficou me vendo ali. Ainda não havia posto a roupa que eu lhe dei. Ele abaixou minhas mãos, me empurrou mais para trás na cama, ajeitou um travesseiro e me fez deitar recostando a minha cabeça ali. Subiu na cama e deitou ao meu lado me dando um abraço.

Eu não tinha reação. Não sabia o que sentir. Apenas fechei os olhos, e esperei deixar que aquilo tudo passasse no calor dos braços dele.

*

Falah Galera. Eu sou Papillon e sou novo aqui no site. Estou começando a escrever contos agora. Este seria o primeiro conto que eu escrevo, então gostaria da opinião de vocês. Sei que eh um site de contos eróticos, mas o foco dessa parte do conto não foi o erostimo ainda porque ainda esta no começo, foi apenas uma introdução. Vou escrever as demais partes e postar aqui assim que possível. Se a repercussão for boa, já sei que estou no caminho, pois esse aqui seria apenas o começo de um projeto que tenho em mente. Vallew. Bom fim de semana a todos.

Espero que gostem.

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Comentários

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UAU. BELA ATITUDE DO ANDRÉ. GOSTEI. SEM NADA PERGUNTAR ELE TE ACOLHEU.

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uow, belo começo, toda narrativa me prendeu, so espero nao ser cliche, bem promissor...

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Obrigado pelo incentivo. Farei o possível para postar cada parte mais de uma vez por semana.

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