O Hétero proibido.

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 1557 palavras
Data: 22/11/2016 04:23:53
Última revisão: 22/11/2016 04:41:33

Sabe aquelas pessoas que você conhece por acaso, e aprende a gostar dos defeitos dela, que só você não consegue ver como se estivesse com os olhos vendados? Aí você ''Pensa'' que já esta apaixonado e que sem aquela pessoa você não vai conseguir ser feliz nunca, e começa a sofrer calado com medo de se abrir com alguém e ser criticado ou pegar o nome de abestado.

Eu fiz o meu ensino médio em uma escola particular de excelência aqui da cidade. Meus pais, juntamente com meu avô sempre fizeram questão de investir no meu futuro.

- Você vai ser um ótimo advogado, igual seu pai aqui. (dizia meu velho com o peito estufado).

Eu não queria ser advogado, mas eu acabava vivendo o sonho do meu pai como se fosse o meu.

Minha mãe era outra que me colocava em cada situação complicada, e eu não via formas de escapar delas ileso. Durante os almoços, aos domingos, em família, ela sempre dava um jeito de me jogar para cima de alguma priminha. Mas eu já tinha 14 anos e a minha mente já estava certa que eu gostava mesmo era de menino.

Foi também nessa idade - quatorze anos - que eu conheci o Victor quando fazia o nono ano do ensino fundamental.

Victor - e aí Biel, vai pra educação física hoje? (ele me mandou uma mensagem por whats).

Gabriel - vou não mano, hoje eu vou ao shopping com minha mãe.

Victor - to ligado. Então tu pode me emprestar tua chuteira?

Gabriel - posso sim. Que horas tu vem buscar?

Victor - uns vinte minutos antes da educação física. Pode ser?

Gabriel - acho que eu já não vou estar mais em casa. Tu pega aqui com meu avô. Belê?

Victor - fechou.

Victor e eu tínhamos a mesma idade. Desde o sexto ano estudávamos na mesma escola, mas somente no nono ano tivemos a oportunidade de estudarmos juntos.

Victor era hétero, pelo menos ele nunca demonstrou ou falou algo que eu pudesse duvidar disso, e sim, ele sabia de mim e me aceitava de boa.

Victor era um amigão, mas eu sentia falta de um amigo que eu pudesse falar da minha rotina, dos meus planos e sonhos, das minhas paixões de adolescente, e Victor não tinha muita paciência pra me ouvir, e nem sabia me dar conselhos. Eu então recorria a famosa e velha sala da uol '' amizades '' e ficava no anonimato somente pra desabafar.

O tempo foi passando, eu fui crescendo e percebendo que a timidez que eu possuía de criança já estava desaparecendo. O medo de que meus pais soubessem da minha orientação sexual já não era tão grande, mas eu preferia não falar nada disso com eles, não que eu tivesse vergonha, mas eu preferia manter uma certa descrição.

O Victor se aproveitava do fato de eu ser gay, e as vezes queria que eu queixasse algumas minas pra ele pegar.

Gabriel - tu é doido velho, e por que tu não chega nas gatas?

Victor - porque tu tem mais lábia que eu.

Gabriel - conversa fiada, e se eu sempre for queixar as minas da escola pra ti, daqui a pouco a galera vai pensar que eu sou teu amigo gay.

Victor - e não é?

Gabriel - vai tomar no cu viado.

Victor - viado aqui é tu. (dizia ele rindo).

Victor não tinha maldade nas palavras, mas as vezes ele era sem muita noção. Normal, afinal de contas estávamos com dezesseis anos e no terceiro do ensino médio. Com o passar do tempo o meu amigo iria mostrar estar amadurecendo, e aprenderia usar as palavras melhor.

O final do ano chegou e com ele a formatura.

Victor - to nervoso. (Disse meu amigo atrás de mim na fila).

Gabriel - eu também. Toca na minha mão. (disse estendendo meu braço para que ficasse mais próximo a Victor).

Victor tocou minha mão e sentiu minha pele gelada.

Victor - caralho. Ta mais nervoso que eu pô. (disse ele sorrindo).

Sorri também.

Gabriel - tenho medo de quando chamarem pelo meu nome, ninguém me aplaudir. Acho que eu sairia correndo. (falei rindo, mas no fundo meu coração batia acelerado, e meu estomago revirava por dentro).

Imaginem vocês na fila da turma de formatura, e quando o locutor começa a chamar pelo nome dos formandos, você é único que entra sem aplausos nenhum. Eu já tinha ido para algumas formaturas e tinham famílias que faziam até torcida organizada para receber o aluno. Eu sabia que a minha entrada não seria triunfal, mas eu queria ao menos ouvir meu nome sendo gritado pela boca de algumas pessoas: meu pai, minha mãe e meu avô.

Victor - para com isso vei, é claro que vão de aplaudir. Eu mesmo vou ta la na entrada gritando por você.

Gabriel - ah mano, mas você não vale néh!?

Victor - e por que não? Eu sou indigente por acaso? (disse ele fazendo careta).

Nesse momento, interrompendo, meu momento deprimente, apareceu a professora e madrinha da nossa turma.

prof - Gabriel, o que tu estás fazendo aí? Teu lugar é la na frente. Gente eu vou ter que repetir que a fila é em ordem alfabética?

Gabriel - relaxa prof, já estou indo pro meu lugar.

prof - acho bom. (Nossa professora era muito gente fina. Ela nos deu aula de química desde o primeiro ano. Um corpo um pouco acima do peso, usava óculos da lente bem grossa, e seus cabelos eram, falsamente, pintados de louro, mas suas qualidades eram tantas que escondiam seus defeitos).

Victor tocou em meu ombro quando eu me descolava para o meu lugar na fila, e falou em meu ouvido.

- Boa sorte. (disse ele baixo).

Gabriel - vlw. (respondi também em tom baixo).

Victor - relaxa cara. Esquece o nervosismo, ou então tu pode cair das escadas do auditório.

Gabriel - beleza mano. Tenta ficar tranquilo também. Falando nisso, tu nem me contou o motivo do teu nervosismo.

Victor abriu a boca, mas a voz que saiu foi da nossa professora baixinha e gordinha.

prof - Gabriel meu filho, eu vou ter que te arrastar pela beca mesmo?

Victor riu.

Gabriel - não precisa prof, já estou voltando para o meu lugar.

Victor - vai lá, depois te explico meu nervosismo.

Gabriel - beleza.

A formatura me dava um misto de emoções inexplicáveis, primeiro a tristeza em imaginar que meus dias sem ir ao colégio não seriam mais os mesmos. A escola é o primeiro aprendizado que temos na vida: Os amigos, os professores, os momentos marcantes, os trabalhos em grupos, os horários dos lanches, as brigas na hora da saída, os treinos no ginásio, as escapadas com a galera para ir ao shopping, o churrasco aos finais de semana. Só em imaginar que aquilo tudo havia chegado ao fim - sim, digo fim porque por mais que falássemos que não iriamos nos distanciar, eu sabia que com o tempo iriamos sim- me dava vontade de chorar. E segundo, o fato de na hora da minha entrada, literalmente, meu nome ter sido gritado, e não somente pelos meus pais. Meus tios, tias, primos, amigos e vizinhos estavam ali. Eu tinha vergonha de olhar para os lados, então desci os degraus do auditório olhando todo tempo para frente com o peito estufado, e uma grande sensação de alivio. Quando já estava chegando próximo ao auditório, o fotógrafo que a escola havia contratado pediu para bater uma foto minha. Eu parei e dei um sorriso, afinal queria sair bonito nas fotos, aquela porra sairia cara para os meus pais pagar.

Estava eu distraído sendo fotografado quando senti que alguém me observava e me aplaudia. Sem me dar conta, eu virei para o lado e vi que se tratava do Fernando.

Fernando era o irmão mais velho do Victor, e eu já conhecia ele há muito tempo, mas não eramos íntimos. Trocávamos poucas palavras, quando eu tinha a sorte ou azar, sei lá, de topar com ele por aí. Fernando foi minha primeira paixão da adolescência... O problema é que até hoje eu ainda era apaixonado por ele. Provavelmente ele estava ali para acompanhar a formatura do irmão.

Fernando tinha aproximadamente 1,80, cabelo aparado na máquina estilo militar, seus dentes eram brancos feito papel a4, sua pele era morena, seu peso era proporcional a sua altura, sua barba sempre bem feita deixava aparecendo duas covinhas na bochecha, seus lábios eram carnudos, e rosados. Fernando fisicamente aos meus olhos era o cara mais perfeito do mundo, mas ele possuía três defeitos: Ser hétero, ter uma namorada gata, e ainda era fuzileiro naval. Na minha mente um cara daquele jamais repararia em mim.

Olhei para os lábios do Fernando e entendi perfeitamente o que ele dizia.

- Parabéns Gabriel. ( decifrei que ele dizia isso, apenas pela leitura labial).

Gabriel - obrigado. (falei na ponta da língua, mas sei que mesmo distante ele conseguiu entender).

Puta que pariu, o cara me desejava parabéns e me deixava ainda mais apaixonado.

Gabriel - cresce Gabriel, passa dessa fase cara. Você não pode gostar dele, você só vai sofrer. (eu pensava enquanto continuava andando).

Ao subir no auditório olhei para o lugar onde estava Fernando, com a esperança de que ele ainda estivesse me olhando, mas ao invés disso, ele estava beijando a sua namorada.

Aquilo me feriu profundamente. Senti a garganta secar, as pernas tremerem, o coração parar, as mãos esquentarem.

Fernando literalmente era um desses héteros proibidos, mas eu ainda não havia perdido as esperanças, não mesmo.

Continua...

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Comentários

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Cara definitivamente vc é um cara "morde e assopra", deixa a angustia do final do Lorin, mas já empolga com outro conto fresquinho!

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Escrita e narrativas excelentes. Não demore a continuar por favor!

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Gostei do começo, mas, aguardo,ansioso, o final de "O amor vem de onde menos se espera". Um abraço carinhoso,

Plutão

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O PROIBIDO PODE SE TORNAR ACESSÍVEL. O PROIBIDO SEMPRE É MAIS GOSTOSO DO QUE O QUE SE NOS MOSTRA MUITO FÁCIL.

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Huumm, outro amando platonicamente um Fernando... Na ansiedade pra ver o fim do seu outro conto!

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Vem conto novo Berguinho haha. Abracos man...

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oba mais uma historia linda, ja sou fã. li esse conto sorrindo e imaginando cada sena e cada personagem. amo todos seus contos. parabéns

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