PRECISAMOS DE AJUDA #6

Um conto erótico de Hyuuga5
Categoria: Homossexual
Contém 2626 palavras
Data: 19/11/2016 21:21:35

PRECISAMOS DE AJUDA #6

Quando eu e Emanuel viemos morar no sítio que meu tio-avô Jonas deixou para mim como herança, achei que ficaria mais feliz de estar aqui. Bom, não foi isso que aconteceu. Sim, eu amo estar em contato com a natureza, me faz muito bem, ar puro, vento batendo no seu rosto a todo o momento, porém, acabei me distanciando daquilo que eu queria fazer: ser professor.

Emanuel arranjou seu trabalho numa agência de advogados da cidade, mas eu estou sentindo muita vontade de estar em contato com a História novamente. Leio bastante aqui, afinal, estou sozinho 80% do dia, resta-me ler, e preencho um pouco essa lacuna dentro de mim. Infelizmente não poderei atuar como professor, pois é minha a responsabilidade de cuidar desta área. Às vezes, fico pensando por qual motivo tio Jonas me deixou esse lugar. Ainda não consigo entender.

Emanuel sai de manhã, às 7hrs e só volta por volta das 20hrs. Sim, esse sempre foi o horário dele como advogado, mas quando morávamos em Floresta Bela, ele tinha tempo pra almoçar comigo. Agora, nem isso. Estou começando a ficar paranoico nesse lugar sozinho. Talvez, se não fosse a companhia de Bob, eu já teria ficado louco.

Diversas vezes estou começando a pensar que minha sanidade não está muito sadia. Alguns momentos, principalmente por volta do meio dia, começo a ouvir sussurros estranhos vindo da despensa da casa. É estranho, pois só existe comida lá em baixo. Não há como haver ninguém por ali. Quando vou averiguar a situação não há nada.

Como sempre estou sozinho hoje também. É sexta-feira e possivelmente Emanuel irá demorar. Estou vendo um documentário sobre alienígenas no History Channel, acho que esse canal deveria mudar de nome para “O.V.N.I Channel”, esse já foi um canal de referência, hoje em dia, apenas um canal com mais sensacionalismo e teorias da conspiração que história de verdade. No entanto, é sempre curioso os “especialistas” falarem nesse tipo de assunto, pois sinto como se fosse tudo uma verdade absoluta.

Finalmente o programa acaba e me deparo com o quão tarde da noite é. São 21hrs e nada do Emanuel chegar. Fico preocupado. Corro até o meu celular para ver se ele havia mandado alguma mensagem pelas redes sociais, mas nada. Infelizmente não há como fazer uma ligação, pois neste fim de mundo não existe sinal de nenhuma operadora. O que é no mínimo sem noção já que o sítio não fica assim tão longe da cidade, mais ou menos 20 km. Não consigo entender.

Fico com o celular grudado no corpo a espera de alguma informação sobre ele. De vez em quando vejo no seu perfil se há alguma marcação em fotos de conhecidos ou mesmo desconhecidos. Sei lá, ele pode estar em alguma comemoração do trabalho, já que faz apenas uma semana que ele trabalha no escritório. Nada.

...

Eram mais de 22hrs quando Emanuel chegou em casa. Bêbado. Fedendo a perfume barato. Não qualquer perfume, mas perfume feminino. Não estava acreditando. Senti apenas quando ele abriu a porta da frente.

Primeiro que ele nunca foi de beber para ficar daquela maneira, mas o que me deixou mais irritado foi ele vir dirigindo bêbado. Não há nada que me deixe mais irritado do que alguém dirigindo alcoolizado. Se quiser arriscar sua vida, arrisque, mas não ponha a vida de terceiros em suas mãos. Um carro pode ser uma arma mais efetiva que um revolver.

Fiquei sem reação. Ele estava sorridente e veio me abraçar. Desvio antes.

João: Emanuel você sabe o quanto eu fiquei preocupado com você? Você tem ideia? E você ainda chega bêbado em casa? Por acaso estava numa balada? – falo com certa raiva.

Ele fica parado olhando pra mim. Dava pra perceber que estava visivelmente alterado por conta das bebidas, presumi.

Emanuel: Olha João, nem vem. – e foi a única coisa que ele falou. E subiu as escadas.

Sério aquilo!? Nem sequer uma explicação sobre o que tinha acontecido, o porquê dele estar com perfume de uma rapariga no corpo?

...

Passou-se dez minutos e decidi subir para falar com ele novamente. Quando chego ao quarto ele já está na cama. Deitado de bruços. Dormindo. Achei melhor nem sequer acordá-lo.

Nem a pau eu dormiria naquele quarto com Emanuel fedendo a cachaça, ou sei lá o que era aquilo. Nada contra quem ingere bebidas alcoólicas, eu mesmo amo vinho, uísque e uma cervejinha no final de semana, mas tudo tem limites. Bom senso acima de tudo. Saber seu limite é essencial. Achei muito estranho, pois ele nunca foi de beber, bom, não em ficar naquele estado. Deus sabe o que poderia ter acontecido se ele tivesse tido algum acidente no percurso de volta. A estrada da cidade até aqui não é das melhores, e ainda tem uma parte carroçal (chão duro) e sem falar que é muito escuro.

Decidi dormir ali no sofá mesmo. Era espaçoso, macio e espero que não me dê dor nas costas. Peguei um lençol no guarda-roupa e me aconcheguei no meu querido e mais nova cama: sofázito.

Nem preciso dizer que demorei horrores para dormir. Era de se esperar. Odeio dormir em locais diferentes. Nunca consigo dormir direito. Quando cheguei para morar definitivamente no sítio, acho que demorei uma semana para me acostumar. Daí comecei a dormir mais ou menos. Hoje em dia, tranquilo.

...

Acordei no meio da noite. Eram 00:30 da madrugada. Comecei a ouvir novamente aqueles ruídos. Ruídos não, sussurros. Vozes falando, falando rápido. Cubro-me com minha coberta novamente e tento não pensar naquilo. Apenas tento não ouvir, mas não dá certo. Resolvo ir até o local de onde vinham as vozes.

Ascendo a luz da sala. Olhei em volta e não consegui identificar mais nenhuma voz. Apenas Bob no pé do sofá, dormindo. Então fui andando devagar até a cozinha. Ascendi a luz e também não tinha nada. Não sabia o que estava procurando, mas com certeza não queria achar. Não havia nada. E nem sinal das vozes. Decido me deitar novamente. Hoje não consigo dormir direito. Não sei se é porque estou no sofá ou se é de raiva pelas atitudes do Emanuel, mas não consigo dormir direito.

...

Ouvi novamente as vozes. Dessa vez não vozes, mas gemidos, gritos. Parecia alguém que estava sendo torturado. Apanhando. Não sei ao certo. Abro meus olhos.

Para minha surpresa não consigo levantar. Estou acordo, mas não consigo mexer meus braços, minhas pernas. Apenas meus olhos conseguem se mexer para ver o que estava acontecendo.

Sob as luzes da lua que adentravam à sala consegui identificar alguém. Alguém? Como assim? Tinha a aparência de um homem. Ele andava de um lado para o outro rapidamente. Eu olhava aquela cena com medo e angustia. Não acreditava no que estava vendo. O homem falava só:

- Não acredito que ela fez isso comigo. Não acredito. Não acredito.

Ficava repetindo isso a todo o momento. Eram as únicas palavras que consegui identificar. E nada do meu corpo começar a dar sinais. Mas nesse momento aquilo estava me servindo já que, como estava paralisado, não iria conseguir fazer barulho nenhum e aquele senhor não conseguiria me ver. Sentia um misto de alivio e medo, tudo ao mesmo tempo. Estava começando a acreditar que estava sonhando, mas não era. Podia ver, sob o luar, Bob dormindo no chão.

O senhor andava de um lado pro outro fazia quase um minuto e não fazia menção de parar. E eu ainda estava parado, observando-o e torcendo para que aquilo tudo acabasse. Que o dia amanhecesse. Não estava aguentando de tamanha aflição.

Ele parou. Ele parou, pensava eu. Havia parado de andar de um lado para o outro e não dizia mais nada. Apenas parou de costa para onde estava. Eu estava com os olhos esbugalhados e já começava a lacrimejar. Tentava não fazer nenhum movimento nos olhos, tudo era motivo para ele me perceber no meio da escuridão.

Num piscar de olhos ele estava em cima de mim. Olhando para mim com um sorriso no rosto. Seu rosto. Como esquecer aquelas feições. Sua face não tinha um rosto. No local havia apenas uma máscara de uma boneca antiga. Uma máscara costurada com agulha à sua pele. Seu sorriso me assusta até hoje, quando lembro. Seu sorriso vil, dentes podres, olhos frios, vermelhos como sangue. Este ser me encarava, me olhava dentro dos olhos e sorria. Um sorriso de satisfação por ver meu medo.

Meus olhos lacrimejavam e aquilo ainda me encarava. Passou-se segundos apenas, mas para mim, horas se passavam. Aquilo me encarava de uma maneira insana. Eu podia vê-lo mesmo no escuro. Sua silhueta se diferenciava claramente do escuro. Aquele homem era se destacava no escuro. Ele era mais preto que a própria escuridão.

De repente ele começa a sussurrar novamente.

- Ela fez isso comigo. Ela fez isso comigo. Não a perdoarei nunca. Ela vai pagar. Ela vai pagar.

E num reflexo tirou a máscara de boneca do rosto, rasgando sua própria pele no ato. Por trás da máscara não havia rosto, não havia sinal de vida. Era apenas uma escuridão. Apenas olhos vermelhos como o magma flutuando numa escuridão absurda. Conseguia até mesmo sentir sua respiração e seu hálito fétido.

Num milésimo de segundo aquele ser começou a gritar sem parar olhando para meus olhos. Gritava tão alto mais tão alto que meus ouvidos doíam.

Bob começou a latir para aquele ser que estava em cima de mim. Então ele gritou novamente olhando para meu cachorrinho que fez barulhos de choro.

Consegui me mexer, mas minha única reação foi gritar e chorar. O ser olhava pra mim novamente e sorria. Seu sorriso era sádico. E num piscar de olhos ele se aproximou novamente e me segurou pelos braços. Tentava me desvencilhar daquelas mãos e nada. Na completa escuridão eu o conseguia ver. Não entendia aquilo.

Então comecei a ver um homem. Ele estava correndo por um quintal. Aparentemente brincando com uma criança. Provavelmente seu filho. Eles sorriam, pareciam felizes. De repente comecei a ver uma sala escura. Iluminada apenas por alguns velas. Nela estava o mesmo homem amarrado numa cadeira. Consegui ver uma boneca. Uma boneca. Era a mesma boneca que agora fazia parte de seu rosto. Alguém estava se aproximando. O homem chorava e implorava perdão. Uma pessoa aproximava-se cada vez mais e com uma tesoura na mão. E num relance essa pessoa estava rasgando a pele do rosto daquele homem com a tesoura. Sangue e pele era tudo que conseguia ver...

- João... João... João...- Escutava alguém chamando meu nome.

Senti alguém me abraçar e finalmente estava recobrando minha consciência. Quem estava me chamando era Emanuel. Ele havia acordado com os meus gritos e com os latidos de Bob.

Minha única reação foi abraçá-lo o mais forte que pude. Chorava, estava em pânico. Emanuel perguntava-me sobre o que tinha acontecido, mas apenas conseguia chorar. Em alguns momentos apenas lacrimejava, pois minha voz sumia de vez em quando.

...

Não sei quando e como eu consegui dormir. Mas havia dormido. Acordei na minha cama no meu quarto. Senti uma dor de cabeça descomunal. Parecia que eu havia passado a noite bebendo. Uma ressaca era pouco para aquilo. Fui à cômoda e peguei a uma cartela com remédios para enxaqueca. Tomei dois. Me deitei um pouco. 20 minutos depois já estava me sentindo melhor. Já conseguia me levantar sem sentir tudo girando ao meu redor. Fui ao banheiro e joguei água na minha cara. Me olhava no espelho e comecei a relembrar dos momentos da noite passada.

O meu reflexo no espelho era como se eu tivesse sido atropelado por um trem. Estava acabado, literalmente. Voltei para o quarto. Olhei pela janela e lembrei-me de tudo que havia visto. O homem correndo com seu filho. Os dois pareciam felizes.

Desci as escadas e não encontrei Emanuel em lugar nenhum. Resolvi fazer algo para comer. Parecia que não comia há séculos. Estava com um buraco negro no estômago. Nada na geladeira. Apenas Leite. Resolvi ver se havia algo comestível na despensa. Fui até lá e comecei a passar por entre as prateleiras. Arroz, feijão, macarrão, serramil. Nada mais. Foi aí que lá no fundo da despensa, em cima de uma mesa, estava uma massa de farinha para fazer tapioca. Minha salvação, pensei.

Foi nesse momento que minhas visões começaram novamente. Elas viram num turbilhão. Comecei a sentir a dor de cabeça. Aquela parte da despensa. Estava sem reação. Aquela parte da despensa era... Era... Onde aquele homem estava sendo torturado.

Sem ter coragem de pegar a massa de tapioca, saí dali de costas, andando devagar, ainda boquiaberto com aquela lembrança, visão, sei lá. Saí dali e sentei na mesa. Estava tentando lembrar de tudo.

Aquele homem estava sendo torturado. A pele de seu rosto foi arrancada e no lugar, alguém costurou uma máscara com um rosto de uma boneca antiga. Era assustador relembrar daquilo tudo, mas as memórias vinhas sem eu querer.

Foi aí que me dei conta. Se aquele homem estava sendo torturado naquela sala, naquele cômodo, que hoje é a despensa daquela casa, significava que aquele homem era o dono dessa casa? Não estava acreditando. Aquele homem provavelmente foi morto na minha despensa. Nada podia ser tão surreal quanto aquilo. Estava sem reação pensando nas infinitas possibilidades. Aquele homem era o dono dessa casa? Por qual motivo fizeram aquilo com ele? Quem fez aquilo com ele? O que aconteceu com seu filho? Indagações diversas vinham na minha cabeça.

Percebi a porta da frente se abrir e de lá entrar Emanuel e Bob. Pareciam que eles haviam dado uma corrida pela sítio. Emanuel logo veio até mim e me deu um beijo no meu rosto. Olhei-o indignado. Como depois do vexame que ele fez ontem a noite, de chegar mais de 22hrs em casa e agir como se nada tivesse acontecido! Era muita cara de pau.

João: Emanuel você me deve desculpas né!?

Emanuel: desculpas? Pelo que? – perguntava sem entender, aparentemente.

João: Você chegou em casa mais de 22hrs e não mandou nenhuma mensagem avisando. Chegou em casa bêbado fedendo a perfume feminino barato e o pior de tudo dirigiu alcoolizado. Você ainda me pergunta pelo quê? – falava indignado.

Emanuel: Amor você está bem? Não estou entendendo nada. – falava preocupado comigo.

João: É claro que estou bem. Estou esperando respostas sobre ontem.

Emanuel: João é o seguinte. Ontem cheguei em casa às 19hrs. Sim, eu bebi algumas cervejas, mas longe de estar bêbado. Não dirigi alcoolizado, você sabe que nunca faria esse tipo de ato. E nós transamos ontem a noite e depois dormimos. E cá estamos.

João: Não. Não. Não. Você está tentando me enganar? Você acha que estou louco?

Emanuel: Amor, já pode parar de fingir. Eu não estou gostando dessa brincadeira.

Não consegui falar mais nada. Como assim? E o que foi tudo aquilo de ontem a noite? Eu estava sonhando? Estou ficando louco? Minha sanidade mental... Estou ficando louco!

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Olá povo. Bom, depois de sumir mais um pouquinho resolvi voltar.

Para explicar meu sumiço é que voltei a estudar. Depois de concluir minha graduação, resolvi fazer um curso de dois anos para complementar minha área de estudos. Então, estou me focando mais um pouco nos estudos. Espero que compreendam.

Estou tentando deixar meus dois contos: “PRECISAMOS DE AJUDA” e “A Vida é pra ser Vivida” atualizados no final de semana. O primeiro sairá nos sábados e o segundo no domingo. Infelizmente não poderei mais digitar e postar três capítulos por semana, mas não sumirei.

Bom, então é isso. Espero que continuem acompanhando os meus contos. Comentem se estiverem gostando, comentem o que vocês não estiverem gostando no enredo. Pode criticar, mas críticas positivas.

Qualquer erro de digitação, ortografia ou de concordância, corrijo posteriormente!

Um grande abraço para todos. <3

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Comentários

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Adorei o capítulo. Acho estranho ter sido tudo um sonho, e mesmo que seja não justifica o aparecimento do Emanuel com perfume de mulher (isso pode ser provado cheirando as roupas de ontem) quero só ver o que este conto reserva. quanto a pós que VC ta fazendo está mais que correto, apesar de ser um ótimo passatempo os contos eróticos aqui não pagam as contas (e triste mais e verdade) desejo-lhe sorte. bjs

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Faz o Emmanuel trai o João, assim ele fica com o lenhador peludo. acho q o cara peludao é filho do morto.

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