A Vida é pra ser Vivida #5 - Decepções

Um conto erótico de Hyuuga5
Categoria: Homossexual
Contém 2361 palavras
Data: 22/09/2016 19:46:15

A vida é pra ser vivida #5

Decepções!

Alguns dias já se passaram desde a formatura do JP. E a nossa convivência não podia estar pior. Além de ele ficar insinuando sobre minha sexualidade para a Tia Ana e Miguel, ele agora deu pra reclamar da minha presença dentro de casa. Juro que isso já está passando dos limites aceitáveis.

Na manhã seguinte à formatura acordei antes de todos e fui fazer o café da manhã. Bom, eu não sou exatamente um gênio na cozinha, mas sei me virar bem. Sou eu que faço a comida quando tia Ana está no trabalho. Saí cedo para ir à padaria, fiz café, fiz alguns ovos mexidos. Minha tia acordou cedo assim como Miguel. Faltava apenas o JP, fui acordá-lo:

Antonio: JP acorda! – mexia ele de um lado pro outro, mas nada. Até que ele acorda.

JP: Qual é porra. – falou acordando.

Antonio: Tia Ana tá chamando para o café da manhã.

Ele apenas se virou para o outro lado e fez cara feia e se levantou. Estava apenas de cueca e visivelmente excitado. Não diria que estava excitado por minha causa, acho que ele nem teria motivo para tal, naquele momento, mas, para nós homens, é normal acordar com o pau ereto pela manhã, hehehe.

JP: tá olhando o que? Nunca vi um homem pau duro na vida? Não viu o do Jonas ontem a noite? – falou de uma maneira arrogante.

Antonio: Vai se foder. – devolvi na mesma arrogância. E saí.

Depois de alguns minutos ele vai à cozinha e senta conosco. Mas ele está de jeito estranho. Olhando pra mim com raiva. Confesso que aquele clima hostil da parte dele estava me deixando triste e com raiva.

JP: Antonio, onde tu estavas ontem, sumiu da festa e ninguém te achou? Tava com alguma garota– falava enquanto comendo um sanduiche. Depois dando um sorriso irônico.

Antonio: ... apenas o olhei.

JP: diz aí, qual a foi das garotas que tu pegou? Rolou alguma coisa a mais? – insistia.

Na mesa, tia Ana e Miguel não estavam entendendo absolutamente nada daquela conversa e se entreolhavam.

Antonio: pelo que eu saiba, eu não te devo satisfação da minha vida. – falei, mas sem olhar pra ele.

Tia Ana: João Pedro, que perguntas são essas? Você está incomodando seu primo. Para já com isso. – falou percebendo o clima estranho. - O que está havendo aqui?

JP: relaxa mamãe. Só estou tirando onda com a cara dele.

Já não respondia a ninguém. Estava furioso, mas tentava não demonstrar. Qualquer coisa que eu diria naquele momento iria machucar alguém. Quando falo sem pensar, sempre acontece isso. Por isso mesmo, decidi contar de 1 até 10 pra me acalmar. Quando me dei conta já estava contando mais de 1000.

Eram umas dez horas da mesma manhã. Decidi dar uma caminhada pelas ruas próximas. Estava cansado de passar aqueles meses todos preso dentro de casa. Não saí de Barbalha para ficar dentro de casa. Saí pra ver o mundo, viver algo que mudasse minha vida monótona e sem acontecimentos. Se bem, que JP estava mudando isso. Passou de um garoto lindo e gentil para um babaca.

Caminhava alguns minutos quando vejo uma praça bem bonita no bairro onde morava. Era bastante arborizada e o vento estava ótimo. Resolvi me sentar para pensar em tudo que estava acontecendo naqueles últimos meses. Peguei meu celular e meus fones e coloquei “I want to Live” de Skillet e curti. Estava de olhos fechados. O bairro onde morava não era um dos mais violentos de Fortaleza, então, ficava um pouco mais confortável para mexer no celular. Respondi algumas mensagens e fiquei ali.

Depois de alguns minutos ali pensei: tenho que voltar a praticar exercícios, voltar à academia. Tenho que comprar uma moto, já que daqui a tempo as aulas da faculdade iriam começar e não podia depender pra sempre da tia Ana para me levar à aula diariamente. Precisa ter um pouco de autonomia quanto a isso.

Já estava voltando pra casa quando alguém me chama:

- Antonio!

Me virei para ver quem era. Eu sorrio ao ver quem era.

Antonio: Jonas. E aí cara. Como vai? – falei sorrindo e o cumprimentando.

Jonas: Tudo bem. E contigo. Estava de saída?

Antonio: Estava. Mas agora tenho motivos para ficar! Hahaha

Jonas: Opa!

Jonas era um cara de papo fácil. Conversamos sobre faculdade, sobre a cidade, falei meus motivos de vir à Fortaleza. Contei sobre meus medos em relação à minha sexualidade. Decidi contar a ele, pois foi o primeiro cara que fiquei. Sei lá, me senti a vontade de conversar com ele.

Antonio: Então é mais ou menos isso. “Fugi” do interior para mudar de vida, viver minha vida sem medos, sem olhares reprovadores. – senti uma liberdade. Falar com alguém que já viveu tudo que eu estou vivendo atualmente é muito revigorante. Via Jonas não como alguém que namoraria ou que me apaixonaria, mas como um amigo.

Jonas: Entendi. Mas não demora para falar para os teus pais sobre você ser gay. É sempre mais difícil quando demora.

Antonio: É. To ligado nisso aí.

Então ele notou algo diferente em mim. Segundo ele, estava meio cabisbaixo. Engraçado que ele parecia me conhecer bem, mesmo sendo a segunda vez que nos falamos. E decidi desabafar com Jonas sobre meus problemas com o JP, mas sem tocar no assunto de que o amo, claro.

Jonas: Cara, talvez eu tenha culpa nisso aí. – falou desconcertado. – eu já fiquei com o JP. – eu o olhava sem reação. – na verdade eu já o namorei.

Antonio: O que? Cara, por que você não me contou isso? Você namorou com ele?

Jonas: Isso foi há alguns meses. Nós costumávamos ficar no colégio escondido de todos. Passamos a ter um relacionamento. Isso durou mais ou menos uns seis meses. Mas acabou quando ele ficou com medo de que os amigos dele soubessem da sua sexualidade. Terminamos de uma maneira bem chata. Até hoje não nos falamos. Depois de um tempo ele começou a namorar a Amanda, a rainha das patricinhas do colégio.

Eu ouvia aquilo sem reação. Não era a toa que JP estava furioso comigo. Eu tinha ficado com o primeiro namorado dele. Alguém que deve ter sido importantíssimo na descoberta de sua sexualidade. Sentia-me muito mal.

Antonio: Tu poderia ter me falado isso antes.

Jonas: Desculpas Antonio. Achava que ninguém sabia que o JP gostava de homens também. E no momento que começamos a conversar e eu te beijei e você me beijou... - o interrompi.

Antonio: Espera um momento! Por acaso você me usou como vingança pelo que rompimento do teu relacionamento com o JP? Jonas, por favor, me diz que não foi isso!? – raciocinei.

Naquele mesmo momento Jonas começou a chorar. Eu tinha minha resposta.

Jonas: Antonio, por favor, me escuta. Eu não queria fazer isso, eu juro. Eu estava sentado durante a formatura e vi ele conversando contigo durante a festa. Então eu te observei. E quanto você saiu do salão eu resolvi ir atrás de você. Confesso que era apenas por vingança por ele ter me trocado pela Amanda, mas quando comecei a conversar contigo eu vi que tu era um cara legal e acabamos ficando e rolou uma...

Deixei ele conversando sozinho. Eu estava furioso comigo mesmo. Agora tudo fazia sentido: a reação dele quando me viu com Jonas, a fúria que ele me direcionava todo minuto. Tudo era ódio. Raiva por eu ter ficado com o ex-namorado dele. Mas que porra, como eu poderia saber que JP e Jonas, já teriam tido alguma coisa.

Jonas gritou meio nome quando estava indo embora, mas não respondi. Eu sou um babaca mesmo. A vida sempre me fode de alguma maneira. É incrível essa minha habilidade especial pra fuder com tudo. Já estava esperando o Professor Xavier vir me visitar e falar: “precisamos de seus poderes”.

Enquanto ia caminhando lentamente pensando em tudo que acabei de ouvir, estava decidido a pedir desculpas, perdão ao JP. Mesmo não tendo a intenção acabei traindo sua confiança. Seu ódio tinha razão. Que merda, eu fui um idiota. Mas como eu saberia que ele já tinha tido um namorado? E que esse namorado era o Jonas?

Uma lição que aprendi durante toda minha vida foi: não confie em todo mundo. Nem todos tem o mesmo coração que você. Esse é um dos ditados mais bem feitos para existência. Parece que quando cheguei à Fortaleza me esqueci disso. Existe muito filho de uma puta espalhado por aí. E infelizmente, foi tarde demais para que eu pudesse desfazer tal coisa.

Corri pelas ruas feito um louco. As pessoas olhavam assustadas pra mim nas ruas. Então cheguei em casa. Eu só queria poder conversar com JP e pedir desculpa. Porém...

Chego ofegante. Miguel tenta falar alguma coisa para mim em frente a televisão, mas ignoro. Entrei no quarto chamando JP e me deparo com esta cena: Jonas estava transando com Amanda no quarto. Ela estava de quatro na cama enquanto JP a bombava. Ele me viu, olhou pra mim, mas fez questão de continuar.

Estava sem reação. Petrificado com aquela cena. Sai do quarto.

Miguel: Eu tentei avisar. – fala olhando pra mim.

Nem dei ouvidos e decidi sair de casa novamente. Eu só queria sair dali o mais rápido possível e para o mais longe que podia correr. Eu só andava sem rumo, para lugar nenhum. Enquanto andava lágrimas corriam pelo meu rosto.

Por que lágrimas? Eu mesmo não queria entender, mas no fundo eu sabia, eu amava JP, mas não era correspondido, pelo contrário ainda. O garoto lindo, gentil, do sorriso mais lindo do mundo. É. Eu o perdi, pra sempre.

Já havia anoitecido. Provavelmente já eram mais de 19 horas. Eu tinha entrado num bar para pensar. Na verdade, eu fui ali para não pensar. Para afogar meus sentimentos no álcool. Eu nunca fui de beber, sempre abominei, pois nunca tive boas referencias, mas naquele momento só queria me acabar. Queria beber até não lembrar mais de nada do que tinha acontecido há alguns meses: não queria lembrar o beijo que JP me deu, não queria lembrar que tinha ficado com Jonas, não queria lembrar aquela cena no quarto que presenciei mais cedo. No momento que relembrei minha barriga começa a embrulhar e sinto ânsias de vomito. Corro para o banheiro e vomito, vendo as cenas na minha cabeça. Só conseguia sentir nojo do JP. Nojo por que eu o amava. Nojo por que eu não queria sentir aquilo. Eu apenas queria o esquecer. Mas, não seria tão fácil assim.

Eu acabo dormindo no bar mesmo. Quando alguém me acorda. É uma das garçonetes do bar. Eu sinto muita dor de cabeça. Nunca bebi assim na vida. Sentia vergonha. Quando percebo a hora no celular. Eram 00:39. Puta que pariu. Estou desde a tarde sem pisar em casa. Minha tia deve estar louca de preocupação.

Ligo pra ela:

Antonio: Tia?

Tia Ana: Toim? Oh meu Deus garoto. Você quer me deixar louca de preocupação? Onde você estar?

Antonio: Desculpe tia. Acabei perdendo o rumo. – disse me lembrando da cena que bebi tanto para esquecer.

Escuto alguém falar com minha tia. Era JP.

JP: Toim, você está bem cara? – fala com uma voz de preocupação.

Antonio: ... Sim. – foi a única coisa que consegui falar.

Tia Ana: filho me diz onde você está que irei te buscar.

Dei o nome do bar. Não podia dar nada mais, pois nem sabia em qual bairro, rua estava. Nem raciocinei direito, podia ter pedido informação com os funcionários do bar, mas quem disse que estava pensando naquele momento!?

Uns 40 minutos depois minha tia adentrou o bar em que estava.

Tia Ana: Antonio, meu filho. O que te deu na cabeça? Olha o teu estado? – falava num misto de irritação e alivio.

Antonio: Desculpa tia. – Não tinha o que argumentar. Eu fui um babaca mesmo.

Minha cabeça pesava umas três toneladas. Doía demais. Bem feito, quem mandou inventar de beber até cair, sendo fraco pra bebidas alcoólicas! Chegamos em casa, finalmente. O transito de Fortaleza não ajudou também.

Logo que adentrei em casa JP veio correndo até mim, me abraçando e chorando.

JP: Cara tu está louco? O que te deu pra tu sair assim?

Eu apenas o abraço de volta. Estava contente com aquele abraço. Significou muito pra mim. Não respondo nada. Pego uma camisa, short e cueca e fui tomar banho, permaneci ali por uns 15 minutos. Eu fui um completo idiota. Eu poderia ter avisado pra onde ia, mas o caso é que nem eu sabia aonde iria. Então já viu, ne!?

Quando saio do banheiro, não pense que não ouvi poucas e boas da minha tia. Falou que eu fui irresponsável, imaturo, um idiota e não queria que fizesse aqui novamente, tudo isso já na madrugada. Ouvi tudo calado, afinal, não tinha nada do que discordar de suas palavras. Pedi desculpa novamente, pois sei que ela sai cedo de casa para o trabalho e que ela deveria ter um bom descanso durante a noite. Minha ação não teve uma reação apenas pra mim, mas àqueles ao meu redor também.

Depois de ouvir tudo da minha tia fui para o quarto. Não tentei falar com o JP novamente e nem ele quis falar nada também. Deitei-me na cama, me cobri com o cobertor e desmaiei, mas não antes de sentir algo tocar meus lábios, parecia um beijo. Não abri os olhos, mas senti. Provavelmente JP. O que esse garoto tá querendo? Brincar comigo?

CONTINUA...

Próximo capítulo será descrevendo os acontecimentos dos últimos capítulos sob a perspectiva do JP. Será um capítulo um pouquinho maior que o normal...

Desculpas se houver erros de ortografia, digitação ou concordância. Hoje realmente não estou bem. Minha vida está um caos nesses últimos dias. Resolvi me apaixonar por um amigo e já viu né!? Nunca dá certo. Ele é minha primeira paixão.

Eu só me fodo. Mas quem disse que mandamos no coração!?

Mas é isso. Chega de falar da minha vida. Ninguém quer ler minhas lamentações.

Obrigado pelos comentários dos capítulos anteriores... Leio todos. Beijos no coração. E amem acima de tudo. Sexo é bom (não sei), é, mas amar é melhor ainda. <3

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Comentários

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AH. VINGANÇA SE COME EM PRATO FRIO. E SEMPRE NÃO DÁ EM BOA COISA. JONAS FOI MAU CARÁTER. JP FOI MAU CARÁTER. MAS VC BUSCOI ISSO.

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Que triste, tadinho do Antônio, JP não sabe o que quer, espero pra ler os fatos na perspectiva dele, esta muito bom. Podem me chamar de anti-romantico, mas se apaixonar é furada, pra mim isso nunca deu certo kkkk! Abç!

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Adorei o capítulo! Esse Jonas é msm um idiota! JP é outro idiota que ñ decide o que quer pra vida!

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Nossa que confusão...

Ainda nao passei uma dessas (graças a Deus) rsrs ainda nao amei ninguém... Bem...acho q a faculdade vai ajudar ele a conhecer gente nova e seguir a vida. Pq eu vou te falar,ficar sofrendo por quem nao merece nao da né. Tudo muito complicado ainda mais morando na mesma casa e no mesmo quarto.

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