O pai do meu paciente 3

Um conto erótico de DanielMG
Categoria: Homossexual
Contém 1599 palavras
Data: 02/09/2016 01:14:23
Assuntos: Gay, Homossexual

Povo, essa história é real e por isso, cada parte postada é sofrida. Preciso me lembrar dos detalhes de um momento da vida bem difícil para mim (vocês ainda entenderão porquê). Espero de verdade que vocês gostem. Pretendo fazer mais poucas postagens e por isso vou acelerar um pouco. Continuem comentando. Valeuresponsável alegou que o filho foi agredido por você durante o atendimento.

- Isso não tem nenhum cabimento!

- Estamos em posse do boletim de ocorrência e dos exames realizados na criança. A investigação está aberta.

Infelizmente, o senhor está suspenso de exercer a profissão por tempo indeterminado!

Eu estava tomado pelo susto, por outro lado, me corroendo de ódio. Não entendia a motivação daquele cara de inventar algo tão grave e idiota.

- Vocês só podem estar brincando.

- Senhor, não adianta nem discutir conosco. Viemos apenas cumprir a ordem. O processo segue no conselho.

Julia me olhava tentando entender o que eu também não assimilava. Na mesma hora, André me liga. Parecia destino que ele aparecesse em situações constrangedoras e favoráveis ao afeto que ele vinha demonstrando:

- André, preciso de ajuda.

- Fala, Dani. O que houve?

- Não consigo explicar por telefone.

- Ok. Você está no consultório? Vou te encontrar agora.

- Sim, estou. Vou te esperar aqui.

Os fiscais tiraram fotos do espaço e me entregaram a notificação. Era isso! Cento e vinte dias suspenso até que as investigações do meu conselho ocorressem. Quatro meses sem trabalhar, vendo minha carreira escorrer pelo ralo.

Julia não sabia o que dizer e eu já precisava falar muito.

- Eu vou matar aquele cara. Ele não podia ter feito isso.

- Tá falando do estressadinho?

- Aquele maldito. Não entendo porque essa raiva de mim. Ele nem me conhecia.

- É muita coisa pra eu assimilar, Daniel. Tem alguma coisa nessa história que eu não sei?

- Não tô conseguindo pensar agora, Julia. Me faz um favor: liga para todos os clientes e inventa algo que justifique o não atendimento nas próximas semanas. Diga que eu entrarei em contato nos próximos dias e explicarei com mais detalhes.

- Farei isso.

Entrei pra minha sala e não contive as lágrimas. Não chorava de tristeza. Muito pelo contrário. Chorava de ódio, de raiva. Confesso que havia uma angústia, afinal mais do que prestígio ou valorização profissional, meu trabalho garantia minha sobrevivência. Não tinha ninguém com quem contar.

Enquanto pensava em como faria para me sustentar, fisicamente e financeiramente, quando André entrou na sala.

- O que houve? Ouvi a Julia desmarcando com seus clientes.

- Uma merda enorme. Receberam uma denúncia de que eu agredi uma criança em atendimento. Fui suspenso pelo conselho.

- Oi? Quem denunciou? Você seria incapaz de...

- Aquele maldito que bati no carro aquela vez.

- Aquele grandão? Qual motivo ele teria pra isso?

- Não sei. Aquele cara é louco, só pode. Mas isso não vai ficar assim, Dé.

- Não vai mesmo. Me passa a ficha desse cara. Agora!

Fiquei com receio do que ele faria, mas decidi tocar o fodas, afinal me sentia protegido. Mais do que isso, me sentiria vingado se algo tocasse Ricardo. Passei os dados pro André que ficou do meu lado até que eu conseguisse organizar tudo e fui pra casa, com ele sempre ao meu lado.

Chegando em casa, sentei no sofá ainda sem saber o que pensar. Só imaginava que tudo tinha caído.

- Dani, vai tomar um banho. Você precisa.

- Eu só quero ficar quieto, André.

- Eu sei. Mas toma um banho, vou fazer algo pra você comer e depois você deita e dorme. Combinado?

Nem respondi. Caminhei até o banheiro, tomei um banho rápido, vesti só um short de dormir e, ainda anestesiado, cheguei à cozinha.

- Demorou no banho... Deve estar cheirosinho.

André veio se aproximando para um beijo e eu hesitei.

- Esse não é um bom momento.

- Tá certo, desculpa. Tô aqui pra te dar força. Vamos comer algo.

- Não quero comer, Dé. Obrigado por tudo, mas eu queria ficar sozinho.

- Eu não me importo de ficar.

- Eu acho melhor você ir.

- Dani, mas num é bom você ficar sozinho depois de...

- André, você ainda não entendeu que não quero você aqui.

É, fui duro com ele.

- Nossa. Tudo bem! Já vou então.

Não quis me justificar nem desculpar. Realmente queria ficar sozinho e processar as informações, pensar no futuro. Comer não passava pela minha cabeça, mas algo poderia me distrair.

Fui até a estante e peguei um vinho. Nunca fui de beber, a não ser em festas com amigos ou eventos sociais. Fiquei pensando no tanto de coisas que não fiz, nas privações que tive na vida e tudo acabava ali mesmo. Tanto zelo com minhas coisas para que um idiota, com uma denúncia infundada viesse destruir.

Pensando nisso, tomei a garrafa de vinho em minutos. Pensando numa vingança. Sentindo ódio.

E assim foram os meus dias seguintes. Acordava, esperava alguma notícia, bebia até dar mais sono, comia algo quando sentia fraqueza, bebia de novo. Só saía de casa quando o estoque de bebida acabava. Nessa altura do campeonato, era vinho, cerveja, whisky, tequila... Tudo que me fizesse esquecer a merda que minha vida era.

Pode parecer bobagem, mas depois do episódio no consultório, me lembrava do acidente dos meus pais quando eu ainda era criança. De família perfeita à desolação em dez minutos. Lembro pouco do acidente em si, afinal eu só tinha 8 anos e, com a pancada, acabei por ficar inconsciente. Apesar de apagar rápido, tive poucas escoriações e uma pequena cicatriz na perna esquerda. Meus pais, por estarem na frente, não tiveram a mesma sorte. Com a colisão, sentiram fortemente o impacto. Minha mãe, Sandra, morreu na hora. Enquanto meu pai, José Carlos, faleceu semanas depois, sem ter recobrado a consciência.

Desde então, pulando em várias casas de parentes que insistiam em fazer caridade e se cansar meses depois, me esforçava para ser tudo que meus pais sonharam, ainda que fosse pesado. Deixei de brincar e passei a estudar. Nunca fui de sair pois precisava orgulhar aqueles que não estavam ali para ver. Ao entrar na faculdade, passei a morar sozinho e dei uma resposta aos meus pais: eu seria o filho querido, amado e que despertaria orgulho neles.

Uma grande bobagem!

Agora estava ali, queimando as economias com bebidas, com a carreira manchada por uma denúncia falsa e com uma vida quase nula, de um sobrevivente, que esqueceu de viver para corresponder às expectativas imaginárias dos pais.

Num dos porres, sonhei com eles. Minha mãe, sempre bem vestida, aparecia me dando conselhos:

- O que está havendo com você, meu filho?

- Eu devia estar com vocês, mãe. Devia ter morrido junto com vocês.

- Nunca mais diga isso! Você é nosso orgulho, meu amor.

- Eu não sou nada, mãe. Não tenho nada. Não mereço viver.

Acordei assustado com a campainha tocando, o que me fez sair do sonho estranho. Abri a porta e era uma notificação.

Fui “convidado” a prestar esclarecimentos no conselho. Dias atrás tinha tido a informação de que o processo estava travado porque o pai da criança não havia dado continuidade ao processo criminal, o que impedia uma resposta rápida do conselho de psicologia. Isso pouco me importava. Aliás, a cada dia me importava menos, inclusive comigo mesmo.

A conversa no conselho seria em dois dias. Precisava me preparar, mas não me encontrava sóbria para isso. Tive o pesar de dispensar Julia do consultório, uma vez que minhas reservas estavam acabando e minha incerteza ganhando espaço. Meu futuro estava indefinido e eu não queria ninguém “definhando” comigo, enquanto para os outros as oportunidades apareciam. Para mim não parecia ser fácil assim.

Por esse egoísmo, evitava atender as ligações de André. Tinha a esperança de que ele fosse me esquecer. Que me deixasse quieto para que sofresse sozinho, afinal sempre foi assim. Mas ele não parava de insistir. Havia se tornado quase um pai, dando bronca toda vez que me via alcoolizado (quase sempre), sem fazer a barba e sem me alimentar direito.

No dia dos esclarecimentos no conselho, não bebi! Saí cedo para cortar o cabelo e fazer a barba, afinal precisava estar apresentável para me defender. Se não havia denúncia formal, poderia reaver meu exercício profissional e me reerguer. Um sopro de esperança apareceu.

Na porta do conselho, André me esperava:

- O que você tá fazendo aqui?

- Eu já disse um milhão de vezes que não vou desistir de você, da sua companhia. E precisava saber que estaria bem.

- Tô bem sim.

- Cortou o cabelo, fez a barba. Voltou a ser o cara por quem me apaixonei.

- Nossa, que engraçado você. Até parece que você é capaz de se apaixonar, Dé.

- Poderia te provar que posso se você deixasse.

- Não quero deixar, aliás acho que você...

Ao olhar pro lado, não consegui continuar a fala. Vi aquele cara. O maldito que queria arruinar minha vida estava do outro lado da rua, conversando com uma mulher. Enquanto ele ria, num papo que parecia flerte, eu estava nervoso, por culpa dele, aguardando a decisão da minha vida.

Não pensei duas vezes. Enquanto André tentava me segurar ao acompanhar meu olhar, eu avancei nele. O derrubei e comecei a soca-lo, sem lhe dar chance de mais nada.

- Filho da puta. Miserável. Desgraçado. É isso que você merece!

Enquanto ele tentava se esquivar, eu usava todo o ódio guardado nas últimas semanas para extravasar com ele. A rua se encheu de gente. Ouvia André tentando me puxar, enquanto eu usava toda minha força para continuar golpeando aquele cara. Não sabia de onde tirava tanta força. Não sabia quando ia parar, mas sabia de uma coisa: com aquele espetáculo na rua, aí sim minha carreira tinha acabado!

Continua...

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Comentários

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Puts! Que louco! Estou cada vez mais curioso.

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Nossa! Espero que toda essa situação tenha se resolvido e que essa história tenha um "final" legal pra você. Parabéns,vc escreve muito bem❤

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Bem ele mereceu cada soco, mas é você é quem vai sofrer as consequências desse ato impulsivo, espero que você tenha se recuperado, e que esteja feliz!!!!👏👏 continua logo,tô muito curiosa com essa história!!!!👏👏✌😍

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Ai que odio desse cara. Levou uma surra merecida, mas fudeu com a tua carreira de vez ne?!

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Aquele cara mereceu essa porrada! Tô curioso pra saber o que houve!

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é, provavelmente, sua situação se complicou com esta atitude. A única pessoa que pode te ajudar é a mãe dele, mas não sei se ela se disporia a tanto. Espero que estejas relatando algo do passado e que já atenha sido superado. Um abraço carinhoso,

Plutão

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Ufa, que pesado!! Situação bem difícil, é muito complicado se manter calmo diante de tantas acusações sem fundamento. Espero que vc consiga se reerguer, e que esse cara tenha bom senso e retire as acusações. Continua logo tá muito bom!!

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Os dois tem que fica juntos e feliz ele ama o Daniel mais não sabe como falar mais o amor vai da a volta por cima meu email joao.matao.feliciano2013@hotmail.com me fala mais coisa do conto

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É um fraco e burro, o cara é homofobico, psicólogo anta. agiu por impulso e agora vai se ferrar, só espero q por ser uma. história Real, ele não fiquem juntos.

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adorando sua historia, pow, poderia dar uma aumentadinha no tamanho do texto, e como disse o Monster, pq tinha de parar na melhor parte do conto!??!?!!??!

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Por que todo autor tem a mania de parar sempre n melhor parte ? Continua pela águas de Jesus homem kkkk. Abracos man...

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