SURPRESAS DO CORAÇÃO - PARTE XVII

Um conto erótico de Grey
Categoria: Homossexual
Contém 1736 palavras
Data: 20/08/2016 18:47:15

XVII

- Novamente escutando “o mundo é um moinho”? – Entrou Mauricio no quarto assim que Dona Maria acabou de me servir um chá de camomila e foi para cozinha preparar uma canja de galinha.

A música, o mundo é um moinho, tocava em volume médio, segundo o costume que eu sempre gostei.

“Ainda é cedo amor, mal começaste a conhecer a vida. Já anuncia á hora da partida sem saber mesmo o rumo que ira tomar...”

O quarto estava tomado pela música.

Ao ouvi-lo desliguei o MP3 usando o controle simultaneamente ajeitei o travesseiro sob minha cabeça. Irremediavelmente se impôs a cena como feedback da noite de quinta-feira passada, episódio em que o grandão após ressalvas topou viver algo comigo, digo algo, porque a principio não cognominamos , não definimos , ou como ele disse não precisava rotular. Doeu lembrar a cena, porque um turbilhão de desejos entorno do anseio de dar certo, de gozar a felicidade veio junto com a cena. Um aperto no coração seco, pesado floresceu, todavia evitei transparecer por orgulho.

Como não respondi absolutamente nada, ele continuou mudando de assunto.

- Fiquei sabendo que passaste mal no serviço hoje.

Permaneci calado sem tirar os olhos dele.

- Tua mochila. – Colocou minha mochila sobre a minha cama. – Esqueceu no Sábado em Pinheiro.

De todo modo ele tenta travar um dialogo comigo. Permaneço silente.

- Peguei tuas coisas, não esqueci nada. Tá tudo aí... Se quiser conferir. – Em pé a frente da cama, onde eu estava deitado.

O assunto Pinheiro; a mochila que eu esqueci lá trouxe á tona o porquê de eu esquecê-la. Esse porque tentei de toda maneira apagar da minha memória. Lutei como lutei, mas não obtive êxito, ainda mais diante das palavras de Mauricio... Fui catapultado para o bendito camarote do show de Wesley Safadão no preciso minuto em que Mauricio e Janaina se beijaram.

Sem palavras, lágrimas quentes rolaram pelo meu rosto. Ás lagrima me traiu.

- Caio. Caio tu tá chorando moço. – Desfaz a distancia entre a gente. Senta ao meu lado.

- Obrigado por trazer a mochila. – Viro o rosto escondendo de Mauricio.

- Tá sentido alguma coisa? Tá passando mal? – Extremamente preocupado.

- Não te preocupa. Estou bem. – Respondi secamente o quanto pude.

- A queda de pressão que Dona Maria me contou e as lágrimas, eu sou o culpado, não é? Eu sou o responsável? - O modo que se expressa é de pura consternação.

- Não se vanglorie. Tenha certeza, você não vale tanto assim pra mim. – Exclamei sem olhar no seu rosto.

- Precisamos conversar moço.

- Se for sobre Pinheiro não quero ouvi, por favor. – Balbuciei quase implorando.

Ele, contudo, se prestou atenção, não se importou. Agiu como se tivesse surdo.

- Para mantermos a conversa tenho que ter certeza que você tá bem. – E voltou a perguntar. – Tá bem moço, você tá bem?

- Já disse que tô bem. Ou quer que eu desenhe? – Falei sendo rude.

- Assim que constatei que tinha retornado para Mariana imediatamente vir atrás de você, mas no caminho considerei mais acertado deixá-lo esfriar a cabeça, por isso seguir direto para a sede.

Permaneci de rosto virado não querendo encará-lo.

Ele prosseguiu.

- Tinha plena certeza que estava de cabeça quente, eu ficaria no teu lugar, embora pense que em qualquer relacionamento para da certo é necessário confiança.

O que ele tá dizendo que não tenho confiança nele? Sim é isso que ele tá insinuando. Portanto, como não poderia permanecer passivo frente a essa insinuação, o encarei friamente; e disse:

- Eu vi. Ninguém me contou. Eu vi.

Enquanto lancei um olhar frio, ele me respondeu com um olhar meigo repleto de cumpricidade. Num olhar murmurou tanta coisa, como “estou aqui por ti”.

- Não tô contrariando o fato de teus olhos ter visto o que viu. Mas, ás vezes nossos olhos nos enganam. Por exemplo, baseado no que assegura nossos olhos tanto o sol quanto a lua são pequenos, contudo não é verdade. São grandes, bastantes grandes. – Fixo em mim. Muito comprometido. – e ora veja, os olhos nos enganam toda vez que fitamos o sol ou lua, nos engana quando nos vende uma ideia que não confere com a realidade.

- O que tá tentando dizer?

- Que os olhos não são o caminho, ás vezes, para se chegar à verdade. Portanto, como não é fonte confiável, logo moral da historia: os olhos não são confiáveis. – Concluiu.

- Seja mais especifico. – Exigo. – Eu te vi beijando Jan... - Engasguei.

- Para moço. Para moço. –Ele é toda compreensão. – Ele tenta me abraçar.

Eu o empurro.

- Não aja assim comigo. Não seja meigo comigo como se o que eu vi fosse miragem, algo sem pé na realidade.

- Se tivesse ficado um minuto a mais no momento em que Janaina me beijou teria visto que a empurrei. Sim, Janaina me beijou e não eu; o beijo partiu dela moço.

- O que?

- Na quinta á noite quando conversamos e decidi me envolver contigo fui claro contigo, eu tomo minhas próprias decisões, eu tenho as rédeas da minha vida nas mãos, ou seja, caso não quisesse ficar contigo não teria te procurado e externado minha decisão. Caso quisesse Janaina não teria tomado a decisão que tomei.

Fazia sentido às palavras de Mauricio. De fato, vi o beijo muito rápido, obvio, não tinha motivo para permanecer contemplando a cena, não sou não sadomasoquista para ficar sofrendo, sim porque aquela cena era um sofrimento sem igual.

- Entenda moço de uma vez por toda, estamos juntos. E não há Janaina que faça desistir de você. Mas há algo que pode interferir e fazer-me desistir.

Realmente era coerente a alegação de Mauricio. Frente à constatação fiquei constrangido. Meu Deus, eu passei o final de semana sofrendo por nada. Por besteira da minha cabeça.

Mauricio era o cara mais independente que eu conheço. Eu não seria entrave caso ele optasse por ficar com Janaina ou outra qualquer. Ás palavras emitidas por ele eram carregadas de credibilidade.

Constrangido indaguei:

- Se não é a Janaina capaz de fazer você desistir de mim, então quem tem essa capacidade?

Mauricio foi contudente.

- Tua paranóia, que é gerada pela tua insegurança.

Emudeci.

Mauricio tinha toda razão, minha insegurança era um problema.

Ele aprofundou o pensamento.

- É interessante. Profissionalmente você administra a construção da estrada com mãos de ferros, não titubeia na hora de tomar decisões, em todo tempo agi com segurança, eu sou testemunha disto. Aposto que teus subordinados jamais acreditariam que há em você qualquer sombra de insegurança. Tenho total certeza.

Enquanto na vida profissional e em outras áreas prima por segurança, na vida emocional é inseguro, paranóico, cheio de receio, medroso. Já disse e pela ultima vez voltarei a dizer, se queremos, de fato que isso dê certo, então, tem que abandonar certos pudores. Tem que parar de paranóia, pois essa tua paranóia tá fazendo você ver coisa, onde não há.

- Eu vi tua boca na dela. – Eu voltei a questioná-lo, embora, crente nas palavras do grandão. Assim sendo, a tristeza que dominava meu coração não tinha mais o porquê de existir.

- Ela me beijou, caso tivesse permanecido alguns segundos a mais, também teria presenciado que a empurrei.

- Como poderia permanecer segundos a mais? Não sou sadomasoquista.

- Eu entendo, mas mesmo assim, se tivesse ficado teria visto.

- Porque após tê-la empurrado não veio atrás de mim?

- Acha mesmo que me ouviria com a cabeça quente?

- De fato.

- Moço enfia uma coisa na tua cabeça. Eu tô contigo!

Ás palavras dele reverberaram não só na minha cabeça, mas, sobretudo no meu corpo. Como era bom ouvi tais palavras. Eu piamente acreditava.

Desarmei-me e o tanto que o que pude tentei ser verdadeiro em minhas palavras.

- Não imagina o tanto que foi perturbador vê-lo beijando outra boca. Sem exagero nenhum, o efeito foi ensurdecedor, perdir as forças. Uma dor se alojou aqui no meu coração, intensa, voraz e chata.

Mauricio fez menção em dizer alguma coisa, contudo toquei no seu lábio silenciando-o.

- Deixa-me continuar, grandão, por favor. - Murmurei com o dedo em seu lábio. Ele fez sinal com a cabeça que sim, e por minha vez continuei enquanto estendi o corpo na cama e alojei a cabeça no colo do grandão. – não quero mais sentir essa dor, não quero. Foi como uma facada no coração, onde sem forças passei a morrer dia após dia.

É perturbador demais encarar a possibilidade de não poder tocar teu corpo, cheirar teu corpo... – Rolo no colo dele, suspendo a camisa e cheiro a barriga dele. – Não sei ficar sem o teu cheiro. – Beijo a barriga dele e desço o nariz roçando-o até o cós da calça. O grandão veste calça moletom cinza, logo por ser mole a calça percebo meu efeito sobre ele muito rápido.

- Não corre risco nenhum em ficar sem o meu corpo, ou perder a chance de sentir meu cheiro. Não há nenhum risco, moço.

Ele se ajeita na cama e eu fico com o rosto na região de sua virilha. Fico com mais facilidade para aproveitar a barriga trincada de Mauricio. O cheiro é muito bom!

- Não posso, não quero ficar sem você.

O pau dele começa acordar devargarinho. Por cima da calça o mordo, massageio usando meu rosto. À região da cabeça a examino, aperto-o; mordisco cheiro. Tudo por cima da calça; reitero.

- Humm moço você tá muito provocante hoje.

- É a falta, o medo de ti perder.

E mergulho em atenção no pau dele, onde enquanto a mão direita segura à base, com a esquerda a cabeça desenhando perfeitamente a protuberância na calça. É um baita de uma rola que em contemplação o admiro.

- Lêpa de rôla. – Comento em contemplação.

- E tu gostas, não é?

- Muito. Confirmo sem perder o fio condutor da contemplação.

- Tá saliente moço.

- O pau é meu não é?

- Claro. – Mauricio confirma cheio de contentamento.

- Então, não é saliência apenas estou tomando posso do que é meu. – Faço ar de riso. – Grandão teu pau é muito grande. – E enfio o rosto nele, ainda por cima da calça.

- Concordo em número, gênero e grau. Na hora que quiser você é livre pra abusar de mim. Mas, primeiro, por favor, esqueça o episodio de Pinheiro. – Levantou-me e ficamos cara a cara; olhos nos olhos. – Completou. – Sou teu cara. – E me abraçou num verdadeiro abraço forte, violento e emocional.

Envolvido nos braços de Mauricio prometi a mim mesmo que jamais daria novamente lugar à paranóia, normalmente provocado por medo, por insegurança. Sim, estava na hora de viver, de ser feliz. Do contrário, perderia aquele homem e com ele a oportunidade ser feliz.

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