Éden - Capítulo III

Um conto erótico de Gu Alvarenga
Categoria: Homossexual
Contém 3637 palavras
Data: 07/07/2016 18:35:44
Assuntos: Gay, Homossexual

Ru/Ruanito – Foi bem triste mesmo, minha vó faz muita falta.

Hello – Foi um período bem complicado, sinto muito a falta dela. E sim, o conto é real gata.

Prireis822 – Obrigado gatona, continua acompanhando. Minha avó era a melhor do mundo.

Irish – Natan vai dar o que falar ainda, é verídica sim amor.

RickN – Continua acompanhando, a história é real sim. Obrigado pelo carinho.

FlaAngel – O Otávio apareceu na minha vida por muitas razões, mas pra frente você vai entender.

Ficamos esperando a liberação do corpo que só ocorreu pela manhã, mal dormi durante a noite na salinha de espera. Meu pai estava resolvendo as questões do velório e o sepultamento seria as 14:00 no Memorial Jardim Santo André, onde também estava enterrado o meu avô. Fui para casa com os meus pais e diversos tios foram chegando, inclusive uns parentes de Minas Gerais. Por conta do funeral, minha mãe pediu para eu também vestir terno. Peguei uma camisa social preta, um terno preto que nem tinha usado ainda e uma gravata preta com uns detalhes roxo metálico, porém escuro também. Meu pai e meu irmão também resolveram ir de terno a pedido da minha mãe, que muito insistiu. Seguimos para o velório, em um silêncio quase sem fim.

Lembrei que não tinha visualizado meu celular ainda, havia diversas mensagens de amigos e parentes. Todos dizendo que sentiam muito pela minha perca e mandaram diversas mensagens. Lembrei que não tinha respondido ao Otávio e mandei mensagem avisando o que ocorreu, logo ele mandou mensagem em seguida perguntando se poderia me ligar e eu disse que não era um bom momento, disse que sentia muito e que eu ligasse assim que estivesse disponível para conversar. O Fernando também mandou mensagem, eu só mandei mensagem quando fiquei sabendo que minha avó faleceu e pedi para ele avisar no trabalho. Depois acabei deixando o celular de lado e só agora vi as demais mensagens.

“Gustavo, bom dia. Tudo bem? Espero que sim. Sinto muito por sua perca, qualquer coisa conta comigo. Avisei aos demais o que ocorreu, onde vai ser o velório? Dependendo do horário eu dou uma passada por aí”. – Ele mandou logo cedo, provavelmente quando acordou.

“Bom dia Fernando, estou melhor sim. Um pouco cansado, pois foi uma noite bem corrida. Obrigado por ter avisado, provavelmente amanhã já irei trabalhar. E fica um pouco distante o local do velório, o sepultamento será as 14:00” – respondi e logo ele respondeu.

“Não tem problema. Passa o endereço, por favor,” – ele mandou.

Passei o endereço e ele respondeu que daria uma passada por lá no horário de almoço.

Juntei-me a minha família e ficamos conversando com os parentes por um longo tempo, eu chorei um pouco ao lembrar de diversas coisas que fiz junto com a minha avó. Ela realmente iria me fazer muita falta. Quando não saía aos fins de semana, eu fazia questão de ficar cuidando dela e leva-la para passear. Sempre pedia para comprar pastel de pizza em uma feira perto de casa, ela adorava aquele pastel. Como eu iria sentir falta dela. Fui ao banheiro lavar o rosto e quando voltei avistei o Natan conversando com os meus pais. Fingi que não o vi, mas logo minha mãe apontou em minha direção. Me aproximei e o cumprimentei.

- Tudo bem Natan? – perguntei por educação.

- Está sim, sinto muito pela sua perca Gustavo – falou – Por que não me avisou? Você sabe que eu adorava a sua avó, dona Feliciana sempre me tratou tão bem.

- Foi a correria, não tive tempo de avisar a quase ninguém – falei – Como ficou sabendo?

- Você esqueceu um papel quando saiu ontem do restaurante, liguei no seu trabalho para te avisar – ele falou – Daí aquela moça que trabalha contigo me avisou, não lembro o nome dela.

- Lilian? Jéssica? – perguntei.

- Lilian, isso mesmo. Ela me avisou onde seria o velório – falou – Eu trouxe o papel que você deixou cair.

Ele me entregou o papel que segurava em sua mão esquerda, peguei o papel e realmente não lembrava do que se tratava. Abri e li o documento, mas realmente não era meu.

- Não é meu não – falei – Outra pessoa deve ter deixado cair.

- Hm, pensei que era seu – falou – Bem, vou passar por lá e entregar na recepção. Caso alguém procure pelo documento, estará lá.

- Boa ideia – falei meio entediado, olhei ao redor e vi o Fernando passando pela porta – Ele veio mesmo – falei baixinho, mas o suficiente para os demais ouvirem e olharem na mesma direção que eu estava olhando.

Pedi licença e fui encontrar o Fernando, ele estava lindo. Aliás, ele sempre estava lindo. Não vestia preto e nada que fosse vestuário para ir em um velório, mas ele veio.

- Gustavo, até que enfim te encontrei – Fernando falou assim que me viu e me abraçou – Está melhor?

- Estou sim, não precisava ter gastado seu horário de almoço para vir aqui – falei.

- Que isso, eu fiquei preocupado contigo. – falou – Sinto muito mesmo, de verdade. Não avisei ao pessoal que viria aqui, mas hoje cedo a Jéssica pediu para perguntar se você conseguiria viajar.

- Sim, eu irei na viagem sim – falei – É até bom para me distrair um pouco, muita correria lá no trabalho?

- Que nada, está sossegado. Hoje cedo passei uma papelada para Jéssica e depois disso ficou super sossegado por lá – ele falou e percebi que ele olhava sério para onde estava os meus pais – Aquele rapaz que está com seus pais é seu parente?

Não precisei nem olhar, sabia que era o Natan.

- Não, aquele é o Natan – falei meio envergonhado – Meu ex-namorado.

- Agora entendi o porquê de ele está olhando com uma cara de poucos amigos na nossa direção – falou mais para si do que pra mim – Você comeu alguma coisa?

- Ainda não, desde ontem sem comer – falei – tentei tomar café, mas não consegui.

- Vai passar mal desse jeito – Fernando falou com uma cara séria e não tirava o olho, tinha quase certeza que estava encarando o Natan – Vamos comigo na casa do Pão de Queijo que tem aqui dentro, lá comemos algo e depois volto para o trabalho.

- Eu te acompanho, mas não quero comer não – falei.

- Você tem que comer rapaz, pelo menos um pouco – Fernando falou – Vou cumprimentar seus pais e depois nós vamos comer, beleza?

- Beleza – falei.

Fernando saiu na minha frente e eu o segui. Cumprimentou a todos, inclusive o Natan que não estava com uma cara muito agradável. Disse aos meus pais que sentia muito pela perca e os meus pais o agradeceram pela atenção que ele tinha me dado ontem, Natan olhou com uma cara estranha quando ouviu meu pai agradecer por Fernando ter ficado comigo em casa. Fernando disse que iria comer algo e me faria comer também, chamou os meus pais, porém não quiseram ir. Antes de sairmos de perto dos meus pais, minha mãe o agradeceu pela atenção e preocupação comigo. Fernando respondeu que não tinha o que agradecer, fazia porque gostava de ser solidário com todos mesmo.

- Eu gostei muito dos seus pais – Fernando disse enquanto passávamos em meio as pessoas no salão – Foram super gentis comigo ontem também.

- Obrigado, você não precisava ter ficado lá tanto tempo – falei – Ainda mais porque eu dormi que nem uma pedra.

- E roncou, não esquece esse detalhe – Fernando falou rindo.

- Eu não ronquei, nunca ronco. – falei sorrindo.

- Realmente não roncou não, mas eu gostei de te ver sorrindo – falou – Você fica mais feio ainda quando está triste.

- Idiota – eu falei e dei um murro no braço dele.

- Até que não está tão fraquinho pra quem não come direito – falou – Vamos sentar aqui ó. O que você vai querer?

- Eu estou de boa – falei – Não quero comer nada não.

- Beleza, vou lá pedir então – Fernando falou e saiu.

Fernando saiu e eu fiquei esperando, tinha uma fila pequena e aproveitei para ver meu celular. Diversas mensagens de alguns amigos e algumas ligações perdidas também. Olhei a hora e guardei o celular, parecia que o Fernando estava ali há uma eternidade, mas ainda faltavam alguns minutos para ele voltar a trabalhar. Estranhei quando ele chegou com alguns pães de queijo recheados com requeijão e logo voltou com dois cappuccinos.

- Está com tanta fome assim? – perguntei.

- Quem disse que vou comer sozinho? – ele riu – Vai, não faz charme e come logo, daqui a pouco preciso voltar ao trabalho.

- Vou pegar um só. – falei.

A verdade é que eu estava com fome, o pão de queijo estava uma delícia e eu acabei comendo mais do que ele. Ele voltou e pegou mais um pouco, estávamos conversando sobre diversos assuntos e eu acabei me distraindo, esquecendo mesmo que por alguns instantes onde eu estava. Vi Natan chegando, Fernando não fez uma cara muito boa. Natan fez o pedido e voltou aproximando-se de onde estávamos.

- Posso me sentar aqui Gustavo? – ele perguntou.

- Pode – falei.

- Já comeram? – ele quis saber.

- Sim, com muito sacrifício consegui fazer o Gustavo comer também – Fernando falou – Gustavo, vou voltar ao trabalho.

- Eu te acompanho até o carro – falei

- Imagina, não precisa se preocupar – ele falou – Depois ligo pra saber como você está, amanhã você vai trabalhar?

- Sim, não irei faltar não – falei – Avisa aos demais que está tudo bem.

- Pode deixar, aviso sim – Fernando falou – Vou nessa, até mais – apertou a minha mão e a do Natan.

Fiquei olhando Fernando se afastar aos poucos e logo sumiu de vista, recuperei a atenção quando ouvi a voz do Natan.

- Entendi – ele falou me encarando – Eu entendi tudo.

- Entendeu o que Natan? – perguntei sem muita paciência.

- Está com o playboyzinho agora, por isso não quer voltar comigo – falou e não hesitou em demonstrar raiva nas suas palavras.

- Está viajando? Ele é meu colega de trabalho, começou essa semana na empresa – falei – Isso é a mudança que você disse que faria? – perguntei e o deixei sozinho na mesa.

Depois que o Fernando foi embora, a tristeza e a dor de perder alguém voltou com tudo. Atenção aos familiares, a desconhecidos que eu nem fazia ideia de quem era e logo seguimos para o sepultamento. Dei o meu último adeus, com lágrimas nos olhos eu me despedi da minha vozinha que tanto amo. Natan ficou até o final, despediu-se dos meus pais e disse que retornaria ao trabalho. Mal me despedi dele, não estava a fim de ficar fazendo a boa companhia pra alguém que só me provocava. Voltamos para casa e o ar não parecia o mesmo, estava estranho, estava faltando a minha vó. Ela passava horas assistindo desenhos e seriados da Disney, sempre gostou porque dizia que na infância dela não tinha aquilo. Meus pais ficaram conversando na sala, meu irmão ficou com meus tios e eu subi para o meu quarto. Fiquei olhando algumas fotos, ouvindo música e logo dormi. Acordei umas 18:00 com um barulho que vinha da sala, levantei para tomar um banho e trocar de roupa, já que acabei dormindo de terno mesmo.

Quando cheguei na sala avistei meus tios e meus pais discutindo por causa de um inventário que tinha que ser feito, algumas coisas que deveriam ser vendidas e o aluguel de uma casa que deveria ser repartido. Meus pais estavam chateados porque minha avó mal acabara de falecer, pra que tudo isso agora? Meu pai dizia. Meu celular vibrou e olhei o que era, tinha uma mensagem.

“Está na sua casa? Se estiver, sai aqui fora, estou parado em frente sua casa” – ele mandou.

Nem acreditei que era verdade, como assim ele estava em frente de casa? Era muita atenção, eu não poderia confundir aquilo jamais. Sai do lado de fora e realmente ele estava lá, vidro abaixado e com a mesma roupa que tinha ido no velório. Me aproximei do carro, ajoelhei do lado da janela e ele levou um susto.

- Tá louco cabeção? Tava te mandando uma mensagem, não te vi chegar – ele disse.

- Fica distraído, é isso que dá – falei – Diz aí, alguma coisa do trabalho?

- Nada, só vim pra ver como você está – ele falou me encarando – Está tudo certinho?

- Está sim, o pessoal está lá dentro brigando por divisão de bens, mas está tudo certo. Acordei quase agora – falei.

- Percebi por essa cara amassada que você está – ele disse rindo – Vamos dar uma volta? Assim você distrai um pouco também.

- Pra onde louco? – perguntei.

- Ah, sei lá – ele disse rindo – Só vamos dar uma volta.

- Vou trocar de roupa então, desce aí – falei.

Fernando desceu do carro e entrou comigo, cumprimentou a todos e minha mãe não disfarçou o risinho que ela deu. Subimos para o meu quarto e fui para dentro do banheiro trocar de roupa, passei perfume e arrepiei os cabelos.

- É só uma volta, não precisa se arrumar para casar não – ele falou.

- Não consigo sair sem ao menos arrepiar o cabelo – falei – Vamos então?

Descemos e avisei aos meus pais que eu iria sair, falaram para eu não chegar tarde porque amanhã iria trabalhar cedo ainda. Meu pai tinha passado com o meu irmão no estacionamento para pegar o meu carro, assim eu fui no meu carro e Fernando foi no dele. Falei para ele ir na frente e assim o segui, andamos um bom pedaço até pararmos em frente a uma casa de portão completamente fechado, paredes de pedra envelhecida e parecia ser enorme, bem maior que a minha. Ele parou em frente ao portão e apertou o botão do controle, abrindo e antes de entrar falou para eu guardar o carro também.

- Queria deixar o carro na rua mané? – ele perguntou rindo.

- Só não sabia que aqui era sua casa – falei

- Sim, aqui é minha casa – ele disse.

A casa era enorme, a garagem ficava em um espaço dividido e logo em seguida tinha um jardim e do lado direito de quem entrava havia uma piscina, não muito grande, mas com umas pedras e uma cascata que dava um ar bem legal. Entramos e vi que a casa era muito bem decorada, bem iluminada e avistei uma mulher na cozinha bebendo água.

- Mãe, tem visita – Fernando gritou.

A mulher deu uma olhada, secou as mãos em um guardanapo e veio nos cumprimentar.

- Boa noite – a mulher falou de forma gentil – Por que demorou Fernando?

- Passei na casa do Gustavo – ele falou e eu me senti uma mula ali perto deles – Vamos dar uma volta rapidinho.

- Ah tá, me desculpa. Você é o Gustavo? Amigo de trabalho do Fernando, certo? – ela perguntou de forma educada.

- Sim, eu mesmo – falei com vergonha.

- Muito prazer Gustavo, meu nome é Sandra – ela disse sorridente – Fica a vontade, sinta-se em casa.

- Vou tomar banho rapidinho – Fernando interrompeu – Vamos dar uma volta e logo estou de volta.

- Juízo em Fernando, pelo amor de Deus meu filho. Nada de aprontar por aí – ela disse.

- Vou tomar banho então, pra não ficar tarde – ele disse – Chega aí Gustavo. – ele me chamou e eu o segui por um corredor.

O corredor era extenso, entramos no ultimo cômodo daquele corredor. A casa dele era enorme, não que eu fiquei deslumbrado com a casa, mas sim pelo fato de morar só ele e a mãe em uma casa tão grande. Gustavo separou uma roupa e deixou em cima da cama de casal, ligou a TV e disse que não demorava. Fiquei tão distraído com a TV que levei um susto quando ele saiu do banheiro, enrolado em uma toalha preta e pela primeira vez o vi sem camisa. Fernando estava molhado da cintura pra cima e vi que seus pés também ele não havia enxugado direito, pois molhou um pouco o chão do quarto. Fiquei com vergonha de ver ele assim, pela primeira vez. Fazia tão pouco tempo que eu o conhecia e olha como estávamos, um indo na casa do outro e agora estava vendo Fernando sem camisa e prestes a se trocar na minha frente.

- Não gosto de me trocar no banheiro – Fernando falou – Espero que não se incomode.

- Imagina, não tem problema – eu falei meio sem graça.

Fernando pressionou a toalha sobre seu corpo, mas sem desenrolar, eu voltei a olhar para a TV. Mas foi inevitável não olhar pelo canto dos olhos quando ele pressionou sobre o seu saco, fazendo movimentos de puxadas para poder secar sem ter que tirar a toalha na minha frente. Vestiu uma cueca vermelha e de longe dei uma olhada, suas pernas eram marcadas pela academia e não tinha pelo algum. Barriga lisa, perna lisa, ele tinha um corpo muito lindo mesmo. Ele se trocou e passou perfume, o cheiro invadiu o quarto. Ele se vestiu e só conversamos quando terminou.

- Vamos nessa? – ele perguntou.

- Opa, vamos aí – falei.

Sugeri que fossemos em apensas um carro, no caso o meu e na volta eu o deixaria e seguiria para casa. E assim foi, saímos pelas ruas movimentadas daquele bairro e fui guiando conforme ele ia falando.

- Se incomoda se pararmos em uma churrascaria? É que realmente estou com fome, só comi aqueles pães de queijo e depos nada mais.

- Claro que não, aonde você quer ir? – perguntei.

- Segue aqui pela Goiás, vamos no Vivano. Pode ser? – ele falou.

- Sem problemas – eu falei.

Seguimos mais adiante pela av. Goiás e logo paramos em frente ao Vivano, entreguei o carro ao manobrista e entramos. Estava lotado, afinal, já era quinta feira e era raro encontrar vazio esse restaurante. Aguardamos um pouco e logo conseguiram uma mesa.

- Se incomoda se eu pedir um vinho – Fernando me perguntou e levantou a sobrancelha, fazendo uma cara engraçada.

- Sem problemas – respondi.

- Fiquei com vergonha de falar isso, mas eu queria “comemorar” sabe? Por tudo o que tem acontecido durante esses últimos dias. Sei que não é o melhor dia, mas eu realmente estou feliz. – ele falou.

- Que bom, vamos esquecer um pouco o que houve e nos focar na sua comemoração então – falei – Qual vinho você vai pedir?

- Luigi Bosca, reserva Malbec... Pode ser?

- Nunca tomei esse – falei.

- É muito bom, quer pedir outro? – Ele perguntou.

- Não, pode ser esse mesmo – falei – Se eu não gostar, você toma os dois.

- Vai gostar sim, tenho certeza – ele falou.

Pedimos o vinho e logo trouxeram, realmente o vinho era muito bom. Ele deu risada quando falei que tinha gostado, falou que tinha certeza que eu iria gostar e nem estava surpreso. Levantamos para nos servir, a comida realmente estava excelente. Muita variedade em tudo, o buffet estava sensacional. Comemos, eu comi menos que Fernando, que não se fez de rogado e ainda pediu sobremesa.

- Como você aguenta comer tudo isso e ainda consegue manter o corpo definido? – perguntei.

- Muito treino – ele respondeu rindo – Está me chamando de esfomeado?

- Não, não é isso.- eu não consegui segurar o riso – Só não consigo comer tanto assim.

- Viu, está falando que eu como muito – ele riu, não ligou para o que eu disse – Você vai dividir a sobremesa comigo, só para pagar a língua.

- Eu não aguento – falei – Estou cheio, nem dirigir vou conseguir.

- Sem essa – ele disse rindo.

Trouxeram a sobremesa que ele pediu, uma fatia de bolo enorme. Olhei assustado, eu realmente estava muito cheio, não conseguiria comer mais.

- Nem olha com essa cara, vai me ajudar a comer – ele disse rindo.

- Puta que pariu – falei.

- Para de xingar e come vai – ele disse.

Fui comendo devagar, até mesmo porque eu não agüentava mais nada. Pagamos a conta e Fernando foi dirigindo o meu carro, paramos em frente a sua casa e ele insistia para eu descer um pouco.

- Não dá Fernando, vai ficar tarde para eu voltar para casa – falei – Outro dia eu volto com tempo.

- Quero só ver em, vou cobrar essa visita – ele disse – Boa noite então, dorme bem e juízo em comilão?

- Eu que sou comilão né? Nem falo nada – eu disse rindo – Boa noite, dorme com Deus e até amanhã.

- Até – ele disse.

Ele realmente era muito gente boa, Fernando conseguiu me distrair e a sua companhia me fazia bem. Estava quase chegando em casa quando recebi uma mensagem.

“Já chegou em casa?” – Fernando mandou.

Mandei uma mensagem de áudio avisando que estava quase chegando.

“Beleza, quando chegar me avisa” – ele mandou.

Cheguei em casa e meus pais estavam na sala ainda, perguntaram onde eu tinha ido e falei que tinha ido jantar. Minha mãe ficou rindo, disse que nessa fumaça tinha fogo. Eu ri, mas não concordei com ela. Eu e Fernando somos amigos, falando em amigos fazia tempo que eu não via nenhum dos meus. Nem no funeral apareceram, também nem sei se ficaram sabendo, eu mal dei atenção para o pessoal. Lembrei de mandar mensagem para o Fernando.

“Cheguei, vou tomar banho e dormir, se eu conseguir... to lotado de comida” – mandei.

“Que bom que chegou, fico preocupado em você dirigindo a noite sozinho. Vai lá descansar então, boa noite e até amanhã” – ele mandou.

“Obrigado, pra você também” – eu respondi.

Coloquei o celular no criado mudo e alguns minutos depois ele vibrou, uma nova mensagem.

“Ta por aí ainda? Esqueci de te dizer, obrigado por tudo mesmo. Adorei passar o tempo com você, você é um cara muito gente boa.” – Fernando mandou.

“Obrigado, eu é que agradeço pela sua atenção. Você me distraiu o dia todo, até esqueci dos problemas aqui de casa.” – respondi.

“Que isso, fico contente que consegui tirar um sorriso do seu rosto” – ele mandou “Espero que possamos sair mais vezes, tem vários lugares bacana pra gente ir” – ele mandou logo em seguida.

“Sim, teremos muita oportunidades ainda” – respondi e o coração deu uma pontadinha.

“Vou cobrar em? Vai lá descansar, vou tomar banho também. Boa noite Gu” – ele mandou.

Era a primeira vez que ele estava me chamando de Gu, poucas pessoas me chamam assim.

“Boa noite Nando, dorme bem e obrigado também” – respondi.

Mandei a mensagem e ele não visualizou, desisti de ficar olhando e acabei pegando no sono sem tomar banho mesmo.

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Comentários

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Tambem acho que nessa fumaça existia fogo...kkk muito bom vc escreve. bem

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Um bom amigo vale mais que um mau namorado. Estou gostando de teu relato. Espero, sinceramente, que tenhas superado a perda e que estejas bem. Um abraço carinhoso,

Plutão

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Um grande pesar nesse capítulo. Felizmente, a vida se renova. Uns vão para que outros possam vir. Nem sei o que falar desse relacionamento entre Fernando e Gustavo. Só consigo ver amizade mesmo. Até agora Fernando sequer soltou uma cantanda, então... sem esperanças.

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Amei. Excelente cap. Sinto muito pela sua perda. bjos

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Acho que o Fernando está começando a se interessar. Será? Torcendo por esses dois ♡ adoro contos verídicos. Gostando muito do seu.

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