A confusa evolução dos tempos

Um conto erótico de Aparecido Raimundo de Souza
Categoria: Heterossexual
Contém 807 palavras
Data: 26/06/2016 10:54:53
Assuntos: Heterossexual

A confusa evolução dos tempos.

(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.

Fura Bolos.

- Você acredita Polegar, que meus filhos Mindinho e Minguinho me trocaram por uma folha de cheque?

Todo mês, chova ou faça sol, eles me pedem uma gorda mesada?

Polegar.

- Acredito, Fura Bolos. Infelizmente estamos vivemos as atrocidades que o século vinte e um vem nos impondo. Dessa forma, ou acompanhamos a evolução, ou perdemos o

bonde da historia.

Fura Bolos.

- Veja como são as coisas. Criamos nossos meninos com tanto carinho, cercados de mimos e cuidados, e o que ganhamos? Minha vida se resume a um pedacinho de papel escrito com um valor numérico, como se fosse um pagamento de pensão

alimentícia...

Polegar.

- Meu caso não diferencia muito do seu. A Anelar não ficou atrás e me trocou por um teclado de computador.

Fura Bolos.

- É o progresso, meu prezado, é o progresso. Precisamos nos curvar a ele.

Polegar.

- Quem imaginaria que eu seria, um dia, trocado por essa droga de Internet e pelos MSNs da vida?

Fura Bolos.

- E eu? Como o amigo acha que me sinto?

Polegar.

- O que adiantou eu trazer minha única cria debaixo das rédeas curtas, sob meu olhar e o de minha mulher, como égua no cabresto?

Fura Bolos.

- Falhamos, com certeza, em algum lugar. Só não sabemos precisar onde, ou em que ponto da estrada.

Resumindo: não conseguimos segurar nossos animaizinhos no pasto que levamos a vida inteira construindo...

Polegar.

-... Tenho que concordar plenamente com você!

Fura Bolos.

- Somos verdadeiros heróis, se olharmos por um lado. Todavia, por outro angulo, não passamos de um bando de energúmenos com carteirinha de sindicato e tudo. A gurizada, hoje, só quer saber de viver metida em E-mails, Facebook, antenada no Instagram, Sonico, Linkedin, ou, quando não, dependurada no Twitter e não sei mais o quê. Sem mencionar outras tantas ervas daninha que aparecem, no dia a dia, e invadem nossas casas sem o mínimo pudor e compostura.•.

Polegar.

- No nosso tempo... No tempo da nossa infância, nossos pais passavam a maior parte do tempo com a gente. Recorda dessa fase? Eu me recordo muito bem dos finais de tarde, no velho campo de aviação -, a gente soltando pipa, ou na beira da rodovia, num terreno abandonado, batendo uma bolinha. À noite, pipoca na praça da matriz, churrasco na casa dos amigos e refrigerante

no Bar da pracinha da matriz. Bons tempos, aqueles!... Hoje, meu caro, nos tornamos obsoletos... Superados...

Fura Bolos.

-... Arcaicos e antiquados.

Polegar.

- Sem dúvida, sem dúvida. Acredito que ninguém da nossa velha turma escapou dessa desgraça da globalização.

Fura Bolos.

- Por certo não mesmo. Nosso compadre, o Pai de Todos serve de exemplo. Está vivendo dias

de intenso terror com Mata Piolhos.

Polegar.

- Me falaram, porém, na hora não levei a sério e nem acreditei. Pai de Todos não é muito de sair de casa, nem de falar da sua vida privada. Afinal, Fura Bolos, o que Mata Piolhos está aprontando? Vamos ver se bate com o que me trouxeram aos ouvidos.

Fura Bolos.

- Mata Piolhos arranjou um namoradinho e o pai flagrou o sujeitinho beijando o filho na boca enquanto lhe masturbava o pau.

Polegar.

- Então tem fundamento o que me contaram. Fiquei sabendo dessa situação aqui pela vizinhança, que Pai de Todos, igualmente, pegou o filho no quarto dando o cu. Procede, também essa história?

Fura Bolos.

– Infelizmente.

Polegar.

- Então, meu caro Fura Bolos, devemos por as mãos para o céu e orarmos ao Pai Maior. Em vista do que vemos por ai, em outros lares. Temos, de fato, que nos ajoelharmos e agradecer. Sobretudo, nos sentirmos contentes e satisfeitos.

Fura Bolos.

– Verdade, meu amigo. Graças a Deus, Mindinho e Minguinho gostam de boceta. Se você for em casa, verá, a cada dia, uma racha diferente desfilando no pedaço...

Polegar.

-... Anelar só falta chupar a pica do namorado na minha frente e na presença da mãe.

Fura Bolos.

- Essa pouca vergonha faz parte do cotidiano. Temos que abaixar a crista e deixar a coisa rolar. Dos males, o menor. Acho que daria um tiro nos miolos se soubesse que meus filhos empurram quibes ao contrário.

Polegar.

- E eu pularia na frente de um carro, se a Anelar tivesse preferencia em chupar uma xereca. Imagine...

Fura Bolos.

- Mas cá entre nós, amigo Polegar. Uma bela e bem cuidada bocetinha, limpinha e cheirosinha, não faz mal a ninguém. Concorda comigo?

Polegar.

- Plenamente. Por tocar nesse assunto, faz tempo que não damos as fuças no puteiro da Margarida. Soube pelo Indicador que tem umas gatas novas, de fechar o comércio. Ando precisado de comer carne nova... Lamber um rabinho empinado...

Fura Bolos.

- Fale baixo. Se nossas esposas chegam de repente da feira e nos escutam, estamos ambos, no mato sem cachorro.

(*) Aparecido Raimundo de Souza, 63 anos, é jornalista.

(**) Texto escrito especialmente para a "CASA DOS CONTOS".

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Lindo texto. Amei. Carina. Ca.

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