Cap.12
Mais uma vez fiquei intrigado.
-Porquê você está perguntando isso ?
-Não sei... Acho que é curiosidade...
-Ah... Foi na minha adolescência Elias... Enquanto a maioria dos garotos reparava nas meninas, falavam de meninas, pensavam nas meninas, viam revistas e pornos héteros, eu olhava mais para os garotos...
-Não teve nenhuma influência, nada ?
-Não, nada... Foi algo que surgiu do nada, que veio junto com a minha adolescência. De repente eu me via atraído pelos garotos e não podia fazer nada...
-Mas você não achou estranho isso ?
-No início eu fiquei confuso. Tipo, me pegava olhando para os rapazes, pensando neles e as vezes até tendo sonhos eróticos com eles. Imaginava que era errado, mas eu não conseguia evitar. Fiquei muito confuso naquela época... Decidi procurar o psicológo que a minha escola tinha na época e perguntei dele.
-Perguntou o quê ?
-Se era normal tudo isso... Se eu não podia estar doente, ou sei lá... Ter pegado um vírus que me causasse isso...
-E ele ? - naquele momento eu sorri
-Ele me disse que era normal. Que não se sabe ao certo porquê os gays são gays, a ciência ainda não conseguiu descobrir. Mas que existe, e não é uma doença. É algo perfeitamente normal, que acontece com muitas pessoas no mundo. E que eu devia me aceitar como eu era...
-E então ?
-Ah... A partir de então eu me aceitei melhor, entendes ? Começei a aceitar que eu era homossexual e que eu não podia fazer nada...
TEMPO DEPOIS
Durante toda aquela noite ele me fez várias perguntas sobre sexualidade que me deixaram extremamente intrigado.
-Mas você já se apaixonou Renato ? - sorri naquela hora
-Eu me apaixonei por você Elias... - comiamos naquela hora, e vi então a mão dele tremer e ele se cortar com a faca
-Aii... - ele gemeu na hora
-Meu Deus Elias, como você se corta desse jeito ?
-Sei lá o que me deu agora – peguei o guardanapo e coloquei sobre o dedo dele,tentando então fazer o sangramento parar – não foi profundo...
-Mas está sangrando oras... - enquanto tentava fazer aquele pequeno sangramento parar, me toquei que estava tocando a mão dele, de uma forma que eu sabia que não conseguiria fazer em outras ocasiões. Aquilo me deixou envergonhado – você nunca esteve tão desastrado...
-É, meus pensamentos estão me destraindo... Mas me diz, como é se apaixonar por um homem ? - ri com aquela pergunta.
-Exatamente igual a se apaixonar por uma mulher Elias...
-Mas... O que você sente ?
-Ah... - pensei então nas diversas vezes que me peguei pensando nele – sabe quando você se pega pensando na pessoa e... quer estar com ela mas sabe que ela não vai corresponder... Ou então quando você está no shopping, vê algo e se lembra da pessoa porquê conhece os gostos. Sente aquele frio na barriga toda vez que vê. Imagina coisas lindas acontecendo entre ele e você... Assim eu me sinto quando me apaixono... - falei tudo aquilo olhando ao redor, e então parei meu olhar nele,e percebi que ele me olhava atentamente e nossas mãos ainda estavam juntas. De repente então eu soltei e me escorei na cadeira, envergonhado.
-E você sente tudo isso por mim ? - olhei ao redor, tentando evitar os olhos dele, mas no final foi impossível.
-Sinto...
TEMPO DEPOIS
Ele estacionou o carro dele em frente ao meu prédio.
-Então é isso...
-É, é isso... - falei, olhando para ele – obrigado pelo jantar...
-Eu é que agradeço
-Pelo que ?
-Por me dar uma boa noite... - nos olhamos durante alguns segundos e eu via algumas dúvidas pairando sobre o olhar dele, mas nada falei.
-Ok então, até o próximo plantão Elias...
-Até... - sai do carro, e começei a andar em direção ao meu prédio. Quando entrei no elevador, me escorei na parede do mesmo, e fiquei pensando e ainda tentando entender o que se passou naquela noite. Aquele olhar dele, após eu falar tudo o que sentia, foi indescrítivel. Eu queria não me apaixonar mais, mas era impossível.
NARRADO POR ELIAS
Depois que ele saiu do carro, eu fiquei me perguntando o porquê de ter feito todas aquelas perguntas e de estar me sentindo assim tão confuso e estranho. Começei a pensar numa hipótese que para mim era perturbadora e ao mesmo tempo incrível.
-Preciso consultar um psicólogo...
Continua
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