Por que tem que ser assim? 11 Sofrimento não tem fim.

Um conto erótico de Berg
Categoria: Homossexual
Contém 2285 palavras
Data: 24/05/2016 13:07:51
Última revisão: 25/05/2016 00:56:20

Os paramédicos realizaram alguns procedimentos, e do nada senti alguém segurando minha mão esquerda. Meus olhos seguiram até localizar a pessoa que havia tido aquela atitude, e para minha surpresa ali estava o barão. Ele segurava firmemente minha mão, e olhava fixo em meus olhos.

- Você já fez muito por mim... Agora é minha vez. (foi o que eu consegui entender fazendo uma leitura labial do que o Barão falava).

Eu apenas confirmei com a cabeça.

O carro da ambulância seguiu, e o barão só largou minha mão, quando um dos paramédicos pediu que ele se afastasse um pouco.

Aplicaram-me algo que me fez dormir. Quando abri meus olhos, estava em um lugar estranho. Todo azul com detalhes brancos. Ao meu lado estava minha mãe.

Ela olhou pra mim, e seus olhos se encharcaram.

Minha mãe não falava nada, apenas se abraçou a meu corpo, e suas lágrimas falaram por si.

- Não chora mãe. (eu falava com a voz cansada).

Joana - esse choro não é tristeza. (dizia ela). É alivio.

eu sorri.

Arthur - que bom mãe.

Minha mãe sentou em uma cadeira, e apoiou sua cabeça em meu peitoral.

Eu passei as mãos em seus cabelos.

- Ta tudo bem, mãe? (perguntei de forma serena).

Joana - Tudo ótimo meu filho. (respondeu ela entre soluços).

Arthur - então não ha motivos pra ficar assim!

Minha mãe ergueu a cabeça, e tentou limpar os olhos.

Arthur - me diz uma coisa mãe.

Joana - o que?

Arthur - ha quanto tempo eu tou aqui, e quando é que eu vou voltar pra casa?

Joana - eu não sei meu amor, sinceramente eu não sei. (minha mãe ainda tentava se recompor).

Arthur - eu tou com fome mãe. Tou com vontade de comer uma picanha.

Minha mãe sorriu.

Joana - assim que sairmos daqui vamos comer uma picanha caprichada, feita por mim.

A voz da minha mãe saia tremula.

Eu sorri, simpaticamente.

- Da licença?

Aquela voz? Eu reconhecia aquela voz.

Olhei para a porta e vi o barão parado ali.

Aquele olhar intrigante.

Joana - entre. (respondeu minha mãe simpática).

Barão - estou entrando. Bom dia.

Joana - bom dia. (respondeu minha mãe).

Barão - e o nosso doente, como é que ta?

Joana - ele acordou a pouco. Agora vamos aguardar a visita do médico para dar mais detalhes sobre a recuperação.

Arthur - Mãe. (falei entrando na conversa). Afinal de contas, o que aconteceu comigo mesmo depois do acidente? Quebrei alguma coisa?... Fraturei?... Ou foram apenas escoriações?

Minha mãe e Nícolas se olharam por um tempo.

Barão - você passou por uma cirurgia, Arthur.

Um silencio tomou conta do quarto.

Joana - mas deu tudo certo. Você reagiu bem, e agora só temos que aguardar pelo médico.

Barão - é isso, Arthur.

Arthur - entendi... E minha bicicleta?

Barão - sua bicicleta virou pó.

Arthur - pó? (perguntei assustado).

Joana - é maneira de falar meu filho. Sua bicicleta infelizmente ficou destruída com o acidente... Falando nisso, por que você não me disse que iria comprar uma bicicleta?

Arthur - porque a senhora não iria concordar, iria dizer que tinham outras necessidades mais urgentes.

Joana - e tinha mesmo. Tinha não, tem. (disse ela rindo).

Barão - a senhora já tomou café?

Joana - ainda não.

Barão - se quiser ir, eu fico com o Arthur.

Joana - não vai lhe atrapalhar?

Barão - de forma alguma.

Joana - sendo assim, eu vou aceitar. Estou faminta.

Minha mãe deu um beijo em minha testa.

Joana - vou passar na enfermaria e perguntar pelo seu café ta?

Arthur - ta bom mãe.

Minha mãe se retirou do quarto, e o Barão sentou em sua cadeira.

- Como você se sente Arthur? (perguntou ele me olhando nos olhos).

Arthur - Não sinto mais dores. (falei sério).

Barão - isso é bom. Isso é muito bom.

Balancei a cabeça, confirmando.

Arthur - Sr Nícolas!

Barão - fale, Arthur.

Arthur - eu não quero a ajuda do senhor... Eu agradeço pelo senhor ter me socorrido quando eu precisei, mas eu acho que estamos quites.

O barão me olhou como se não acreditasse no que eu falava.

Arthur - eu estou bem, o senhor pode me deixar sozinho.

Barão - mas Arthur...

Arthur - por favor Sr Nícolas, eu quero ficar só. Depois de tudo o que o senhor me fez, eu não me sinto bem próximo ao senhor.

Barão - Mas eu preciso te ajudar.

Arthur - Mas eu não quero sua ajuda.

Barão - deixe de ser idiota. Você não vê que sem mim sua recuperação vai ser mais tardia.

Arthur - qual recuperação? Por que mais tardia? Eu já estou bem, foi só um susto. (falei começando a me alterar).

O barão levantou-se e ficou de costas para mim, encarando o horizonte.

Barão - eu não vou embora daqui. (disse ele sem olhar na minha cara). Não vou fazer as vontades de um muleque mimado que não sabe sequer o que é uma ciclovia.

Arthur - Sr Nícolas, já conversamos...

Barão - cala a boca, Arthur, não vou discutir com você nesse estado. (Barão voltou a me encarar).

Sua voz rígida, realmente me fez calar.

Tirei minha vista do rosto do barão, e fiquei encarando o teto daquela sala de hospital.

Barão voltou a sentar, mas, não mais trocamos palavras.

Depois de um tempo naquele ambiente hostil, finalmente apareceu uma enfermeira com meu café.

- Mingau? (perguntei meio desanimado).

Barão - você queria o que? Você esta doente, tem que comer mingau ate se recuperar, e poder ingerir outros alimentos. (falou Barão, atropelando a resposta da enfermeira).

enfermeira - é isso mesmo rapazinho. Próximo passo sera uma sopinha peneirada.

A moça apoiou o copo descartável no meu peito, e com uma colher de plastico começou a me servir.

Enfermeira - você é o acompanhante dele? (perguntou ela ao Barão).

Barão - sou sim. (disse ele com as duas mãos guardadas no bolso da calça social).

Enfermeira - pode continuar aqui por favor? (disse ela lhe estendendo a colher).

Barão - claro! (foi uma resposta direta).

A moça se retirou empurrando um carrinho com vários outros mingaus.

Arthur - moça? (falei, antes que ela pudesse ultrapassar a porta).

enfermeira - pois não?

Arthur - vai ser só esse mesmo? Não tem como deixar outro copo de mingau, não?

A moça sorriu.

enfermeira - tem sim. (disse ela entregando outro copo de mingau nas mãos do barão).

O barão colocou o copo de mingau, em cima de um criado mudo, que tinha ao lado da cama do hospital.

Assim que a moça se retirou do quarto, barão colocou a colher dentro do copo, e ali ficou um tempo parado. Ele olhava pra mim, eu olhava pra ele, e nossos olhos não diziam nada.

suas mãos meio tremula vieram em direção a minha boca, e eu admirado, e ao mesmo tempo sem acreditar, que aquele homem que tanto me humilhara agora estava ali me servindo mingau.

- Você não vai abrir a boca? (perguntou ele com a colher parada no ar).

Sem nada responder, eu abri a boca, e ele estacionou a colher la dentro. Fechei a boca sugando toda aquela massa homogênea, e a abri novamente, deixando a colher livre para que ele a retirasse e realizasse aquele processo repetidas vezes.

Barão - Você quer o outro agora? (perguntou ele, assim que o conteúdo do primeiro copo acabou).

Eu balancei a cabeça que sim.

Ele pegou o copo com mingau, e voltou a me servir.

Nesse momento minha mão entrou no quarto, perguntando como estavam as coisas.

- Dona Joana, continue aqui que eu tenho um compromisso.

O barão passou o copo para minha mãe, despediu-se da gente de forma discreta, e retirou-se.

Joana - o que deu nele? (perguntou minha mãe me servindo do mingau).

Arthur - Acho que são negócios. (falei, engolindo aquela papa grudenta).

Joana - entendi. Mudando de assunto, o médico já veio aqui hoje.

Arthur - enquanto a senhora esteve fora não.

Joana - sera que ele só vira depois das visitas?

Arthur - e que hora é a visita?

Joana - Começa as 10 horas.

Arthur - e será que alguém vem me visitar?

Joana - claro que sim. Vieram muita gente, só que não puderam entrar todos. Até a Margor, e o João já vieram aqui.

Arthur - sério?

Joana - sim.

Arthur - hum. Mãe, me diz uma coisa, por que estamos em um quarto solitário? Isso aqui não é um hospital publico?

Joana - parte publico, e parte para credenciados.

Arthur - e nós somos credenciados?

Joana - somos não.

Arthur - então?

Joana - o seu ex patrão que ta pagando. Disse que era o minimo que ele podia fazer. Eu não iria dar uma de orgulhosa, quando é a vida do meu filho que esta em risco né!? (disse ela piscando os olhos pra mim).

Aquela resposta da minha mãe fez eu engasgar.

As 10 horas da manhã meus melhores amigos vieram me ver, até o Benjamin veio, só não o João.

xxxxx

Daniel - e aí campeão.

Arthur - e aí mestre.

Daniel - como é que tão as forças?

Arthur - abaladas.

Todos começaram a rir.

Daniel - você tem que se recuperar logo. Vai ter teste pra mudar de faixa.

Arthur - porra Dani, é serio isso?

Daniel - seríssimo.

Arthur - cara, isso é muito bom. Me da mais animo para me recuperar, e sair logo desse hospital.

Daniel - é isso aí. (disse ele passando as mãos e bagunçando meus cabelos).

Ben - e a bicicleta mano?

Arthur - ouvi falar que ficou totalmente destruída.

Ben - é uma pena brow. Tu ficou com aquela la da loja, mesmo?

Arthur - sim.

Ben - mas o mais importante é que você esta bem.

Arthur - isso e verdade meu amigo. Eu estou bem, Ben. (fiz um trocadilho, e todos a meu redor, riram). E tua viagem?

Ben - vai ser no final da próxima semana. Poderíamos marcar alguma coisa, antes de eu ir.

Arthur - com certeza. Podemos combinar umas biritas la em casa.

Ben - já é.

Gabriel - e aí, vai ser reservadinho, ou vai abrir para os outros amigos? (perguntou Gabriel entrando na conversa).

Arthur - vai ser reservado, apenas Benjamin e eu.

Gabriel -uiuiuiuiui. (disse Gabriel apalpando meus mamilos).

Arthur - saí caralho. (falei rindo).

Também esteve presente Juliana, Amanda, e Eduardo.

No geral foi um momento muito agradável.

Depois de meia hora, passou um homem nos quartos, informando o final da visita. Despedi-me de todos eles, e depois de uma medicação na veia eu cai no sono.

Quando acordei, através da janela de vidro, percebi que o sol já estava se pondo.

além de mim, tinham mais quatro pessoas dentro do quarto: Minha mãe, dois funcionários de branco, e o... Barão.

xxxXX

- Mãe?

Joana - Oi. (disse minha mãe com lágrimas)

Arthur - o que foi mãe, por que esta chorando agora?

- Ola Arthur, sou o dr Mesquita, e estou lhe acompanhando desde que você deu entrada aqui no hospital.

Arthur - oi doutor. (falei sem muita animação).

Joana - o dr Mesquita veio te dar alta, meu amor. (disse ela, aumentando o choro).

Arthur - Ufa! Que alivio. Então esse choro é de felicidade né!?. Eu já estava pensando que iria morrer. (falei sorrindo).

Todos me olharam de forma séria.

Arthur - eu vou morrer? (perguntei encarando os quatro pares de olhos que estavam presentes naquela sala).

Mesquita - Não Arthur, você não vai morrer... Não agora.

Enfim alguém sorriu. (falei em meus pensamentos).

Arthur - que bom dr. Tenho um teste pra subir de faixa.

Mesquita - faixa? (perguntou ele sem entender).

Arthur - sim. Eu pratico jiu-jitsu.

O dr Mesquita olhou para minha mãe, esta se aproximou e começou a massagear os meus cabelos.

Joana - meu amor, o dr Mesquita veio nos transmitir uma noticia. (disse ela serena).

Arthur - qual noticia mãe?

Todos voltaram a ficar calados.

Barão - Arthur, você é forte não é? Você se jogou na frente de um carro para salvar meu filho, enfrentou bandidos para me livrar da morte, passou parte da noite no meio da estrada, em uma forte tempestade para não me deixar sozinho.

Arthur - por que o senhor esta falando isso? (perguntei apreensivo).

Barão nada respondeu, mas seus olhos foram ao encontro de uma cadeira de rodas, que estava no final do quarto.

Arthur - pra que isso? (perguntei).

Joana - meu amor...

Arthur - pra que isso mãe? (comecei a ficar nervoso)

Mesquita - Arthur, você teve algumas complicações na coluna cervical.

Arthur - não, eu não tive doutor, eu estou perfeito.

Pela primeira vez tentava me levantar, mas meu corpo não obedecia meu cérebro.

De repente um clima de desespero tomou conta daquele quarto fechado.

Arthur - Mãe, pelo amor de Deus mãe. Diz que isso não é verdade. (comecei a chorar, copiosamente).

Joana - é só por um momento meu amor.

Arthur - não mãe, eu não quero ficar sem andar, nem por um dia sequer. Me ajuda mãe. (Eu suplicava).

O barão transitava pelo quarto, como se quisesse fazer algo, mas sabia que todo seu dinheiro não teria utilidade naquele momento.

Barão - Arthur, olha pra mim. Olha pra mim. (gritou ele, fazendo eu lhe dar toda atenção). Eu juro... Eu juro que vamos fazer o impossível, mas hoje a unica forma de você sair daqui é nessa cadeira de rodas. (disse ele apontando).

- traga ela pra cá, por favor. (Solicitou ele a outro funcionario que estava no quarto).

O homem, prontamente atendeu.

O barão, sozinho, me pegou em seus braços, e me colocou sentado.

xxxxXXX

Passávamos pelos corredores daquele hospital, e eu não tinha o que falar. Já não tinha o que chorar.

- Meu Deus, por que tem que ser assim? (era só o que eu pensava).

Quando chegamos ao estacionamento, eu senti o vento soprando em meus ouvidos.

Mais uma vez fiz força para me levantar, mas foi inútil.

Barão - Joana, podemos fazer como combinamos?

Joana - sim. (disse minha mãe, enxugando as lágrimas). Eu vou só pegar umas roupinhas dele, e deixo na sua casa.

O barão confirmou com a cabeça.

Barão - Arthur, eu conversei com sua mãe, e chegamos a conclusão, que neste momento seria bom você ficar na minha casa.

Arthur - obrigado, mas eu não quero não.

Barão - não estou pedindo tua opinião, Arthur. Estou só te informando.

Continua...

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Comentários

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meio chocante..... ainda não sentir amor em nem uma das partes.. talvez pelo borão ... só ver o conto pra ver o que o destino reserva

..

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nossa so assim com esse problema pra esse dois começarem uma relaçao ne...

coitado do Arthur... conto otimooo..

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O Barão se sente culpado por seu carro ter atropelado Arthur, e por isso está tão prestativo ou sente só pena mesmo? Bom a culpa não foi só dele (dele porque é o dono do carro) Arthur também tem, já que pelo que o Barão falou ele não estava usando a ciclovia. Mas daí a leva-lo pra casa ele deve estar se sentindo muito mal mesmo. O João não se mostrou alguém interessante e nem alguém que venha a valer a pena Arthur ter um envolvimento, mesmo que como amigo, alias João já deixou mais que claro que não quer Arthur perto dele nem como amigo. Deve ser uma barra viver estar na situação do Arthur.

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Assim vc vai me matar te tanta emoção! Fico feliz pelo Barão estar ajudando Arthur! Que pena que Arthur vai ficar sem andar por um tempo! Adorei o capítulo! Abraços!

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bombástico! choque total... agora a história muda d figura... vamos ver o que vai acontecer com esses dois

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Ufa,que pesado!! Mas não deixa de ser um excelente conto!Sinto cheiro de uma históri a de amor com muitas brigas, mas também muita cumplicidade.

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Nossa, coitado do Arthur. E o barão mesmo qrendo ajudar ñ perde o jeito mandão e autoritàrio dele. Muito bom o teu conto, ansiosa pelo próximo.

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Ai, pelo amor de Deus. Sempre tem que acontecer alguma coisa com ele ? Esse menino não já sofre demais não ?

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Ain tadinho do Arthur! Tomara q ele se recupere rapido! Beijinho

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