Gabriel... espera! Cap. 12 - Parte 2

Um conto erótico de Mark
Categoria: Homossexual
Contém 1840 palavras
Data: 17/04/2016 10:10:01
Assuntos: Gay, Homossexual

- Eu só quero te fazer feliz... não chora, por favor! – ele dizia passando a mão pelo meu rosto.

Eu nunca esperaria uma atitude dessa vinda dele. Não do Pedro meu amigo que brigava comigo quando eu ia contar que estava afim de um menino, que dizia que era para eu poupa-lo dos detalhes porque o negócio dele mesmo era outro. Aquele Pedro que estava se declarando para mim não estava em seu estado normal. Ou talvez estivesse e eu que estava sendo cego demais para prestar atenção a ele.

Eu não dizia nada. Não havia o que ser dito.

- Mark, por favor, fala comigo!

- Pedro... – eu tinha que ter cuidado com as palavras – ... você é meu melhor amigo, sabe tudo sobre mim – exceto sobre o Gabriel, pensei – e sabe que o amor que eu nutro por ti é fraterno.

- Porra de amor fraterno! Eu não sou seu irmão. Quero ser seu macho, te comer até você querer mais, te amar, te fazer sorrir... entende, caralho!

- Nossa que romântico! – respondi sarcástico. Estava na hora de terminar aquele papo. – Olha, vamos voltar pra casa, ver o que acontece daqui pra frente, porque eu sei que isso pode ser só uma confusão da sua cabeça.

- EU NÃO SOU DOIDO, PORRA, NÃO SOU! – e deu um sonoro tapa no capô do carro.

- Eiei vamos parando com esse showzinho?! – não se de onde saiu coragem para dizer isso e ele pareceu surpreso quando eu falei.

- Então pra você isso não passa de um showzinho?! Me ver humilhado desse jeito parece divertido pra você?

- N-não é isso, Pedro...

- PRA PUTA QUE PARIU VOCÊ E SEU SARCASMO.

- Ok! Vamos embora?

- Agora! – disse indo em direção ao carro.

Entramos, colocamos os cintos e ele nada disse. Seguimos viagem em silêncio e o tempo todo eu ia pensando como eu ia lidar com aquela situação dali em diante. Não queria perder a amizade do Pedro, porque ele era importante para mim. Se essa declaração dele viesse em outro momento, quem sabe eu não o corresponderia da forma como ele queria. Era tudo muito incerto e nenhum de nós sabia lidar com aquilo. Não naquele momento.

Chegamos ao centro da cidade e em pouco tempo eu estaria em casa, acordaria daquele pesadelo e tudo não teria passado de uma noite mal dormida. Era o que eu espera. Algum tempo depois eu estava há 15 minutos da minha casa e então ele parou novamente.

- O que foi, aconteceu algo com o carro?

- Não, nada com o carro. Olha, eu acho que fiz a escolha errada te sequestrado e dizendo o que eu disse. Me desculpe, de verdade, Mark! Eu só queria que você me notasse.

- Pedro, podemos não falar disso agora?! Você não está com o humor muito estável e pode ser que diga mais coisas das quais se arrependa depois. Eu sei que você deve estar confuso, eu sei que na sua cabeça milhões de coisas passam agora, mas eu não quero perder sua amizade.

Ele abaixou a cabeça, fechou os olhos e parecia pensar em alguma coisa. De repente ouvi sua respiração pesar e uma lágrima caiu de seu olho. Eu não sabia o que fazer, mas ver àquilo sentado, acuado, como eu estava, não poderia ser a melhor opção. Devagar soltei meu cinto e fiz algo que um bom amigo faria. Eu o abracei.

- Ei, não fica assim. – ele achegou sua cabeça em meu ombro.

- Como não, cara?! Eu fiz tudo errado e agora corro o risco de nem ser mais seu amigo. – calmamente levantei sua cabeça e o fiz olhar em meus olhos.

- Pedro, você e eu passamos por muitas coisas juntos... talvez nem tantas, mas a nossa amizade continua. Prometo não ficar estranho contigo. – enxuguei suas lágrimas. – Agora, vamos embora, ter uma noite de descanso e um sono restaurador. Outra hora nós conversamos sobre tudo o que aconteceu hoje, beleza?! – ele sorriu, me abraçou e por fim falou:

- Eu sei... cara, que vergonha! Eu estou com muita vergonha do que eu fiz. – e corou.

- Awwwn Pedrinho... que gracinha, coisa mais fofa. – eu falei arrancando risos dele.

- Que porra é essa, mano?! Eu sou macho. Chega dessa firulagem! Coloca o cinto pra gente ir embora.

E assim eu fiz. O clima parecia normal, agora. Quer dizer, normal não estava porque não dava para esquecer tudo o que aconteceu até ali e, com certeza, quando a ficha caísse, Pedro viria até mim dizendo que tudo não passou de um mal entendido, que ele estava mal com o término e, quiçá, envolveria até o Gabriel nisso. Chegamos ao portão de casa e ficou aquele clima estranho e silencioso entre nós novamente.

- Bom, eu preciso entrar. Você tem meu número né?!

- Palhaço! Claro que tenho... eu gravei primeiro que você, porque você sempre foi ruim com números. – disse sorrindo

- Ahh é mesmo... Bem, me manda uma mensagem quando chegar em casa, não corre, mantem o cinto e não bebe!

- Pode deixar, mamãe! Serei um menino comportado. – disse sorrindo.

- Besta! Agora deixa eu ir. Tchau, Pedro! – me aproximei e beijei sua bochecha, mas ele virou o rosto e colou sua boca na minha. Foi um beijo curto, mas intenso. Não posso dizer que não gostei, porque imaginei aquela cena várias vezes no passado, mas em outras circunstâncias.

- Agora sim, posso ir em paz! - ele disse sorrindo. Eu estava sem reação.

Entrei em casa e me veio uma vontade de chorar. Ele não havia me machucado fisicamente, mas eu definitivamente não esperava que meu melhor amigo se apaixonasse por mim. Isso me deixava extremamente apreensivo sobre como as coisas seriam dali em diante, sobre como ele agiria a meu respeito, e ainda tinha o Gabriel no meio dessa confusão toda.

Nunca pensei que eu e ele estivéssemos num relacionamento, que fossemos um casal apaixonado vivendo intensamente as aventuras de uma paixão insana. Não! Eu sabia que, pra ele, poderia ser so uma fase, que ele estava curtindo o momento e eu queria fazer o mesmo. Digo, eu sempre fui o menino tímido, que sempre pensou muito antes de agir, e quando o João apareceu eu queria arriscar.

Quando tudo acabou eu estava na expectativa de que nada parecido aconteceria novamente. E aí surgiu o Gabriel!

Nunca deixou a entender que estávamos num relacionamento sério, eu sabia, estava ciente. Mas eu estava começando a dar intensidade ao desejo que sentia por ele. Droga! Eu não devia me apaixonar. Concluí que o melhor a fazer era ver aonde as coisas chegariam e se eu tivesse que sofrer depois, que seja. Eu iria aproveitar o quanto desse.

Tomei banho fui, finalmente, ver se eu conseguia dormir. Meu irmão estava agarrado ao meu travesseiro, dormindo tranquilo. Sorri. Aquele rosto transmitia uma paz inexplicável.

Deitei ao lado do pequeno esperando que ele me transmitisse um pouco daquela serenidade que tanto me fazia falta naquele instante. Apaguei.

No outro dia era quinta acordei com crise de enxaqueca e acabei não indo à aula, o que fez com que Pedro entupisse meu celular de mensagens, dentre elas uma que me chamou mais a atenção: "vc prometeu que nd ia mudar entre a gente, cara... poxa, n me ignora". Eu ri com o drama quele garoto.

Respondi dizendo que estava com dor de cabeça e que nada mudou entre a gente, que ele parasse de besteira e ficasse tranquilo. Infelizmente ao trabalho eu não poderia faltar, mas, para minha sorte, a dor de cabeça estava cedendo. Não teve a mesma sorte minha cara amassada. Fui assim mesmo e esperava que aquele dia acabasse logo.

- Mark? Você ta bem, cara?

- Ah, oi Gabriel. To bem! E você? - ele me olhava preocupado.

- Cara, você não me parece bem. Vamos na cozinha beber uma água.

- Mas eu não estou com...

- Mark, cozinha! - ele disse firme me olhando sério.

Chegamos à cozinha e ele me encarava inquisidor, como se querendo desvendar um grande mistério.

- E então, vai me dizer o que aconteceu?

- Digo, assim que acontecer alguma coisa...

- Não banque o engraçadinho, sua cara não nega que algo o aflige.

- Mas não tem nada, homem!

- Mark, por favor, cara, me deixa te ajudar.

- Olha Gabriel, não há o que ser feito; nada aconteceu. Acredite em mim! – ele me encarava pensativo e eu queria soar suficientemente convincente para fazê-lo desistir de tantas perguntas. Dei meu melhor sorriso e ele bufou.

- Ta bom, se você diz eu acredito. – se aproximou, me abraçou, olhou fundo em meus olhos e me deu um beijo tranquilo. Como eu gostava de estar envolto naqueles braços! – Tudo certo para o nosso fds?

- Ahh seu safadinho! Por mim tudo certo.

- Ótimo! Por mim mais ainda. – vi um brilho diferente em seu olhar, algo como felicidade.

Nos abraçamos mais um pouco e é incrível como a gente pode se sentir tranquilo e seguro num simples ato como abraçar. Ele era alguém que mesmo apesar de tão pouco tempo em minha vida me trazia inúmeras sensações. Boas sensações. Voltamos ao trabalho, o dia correu normal sem mais nenhuma surpresa ou novidade à qual merecesse menção.

Naquele dia recebi mais alguma mensagens do Pedro perguntando quando poderíamos conversar, se aquele era o momento propício para nos vermos, se eu poderia sair com ele e todas essas coisas que demonstram que ele estava tentando se redimir.

Eu, em contrapartida, ainda não me sentia suficientemente seguro em estar com ele no mesmo ambiente sem que as lembranças daquele dia anterior não me viessem à cabeça. Eu sei que ele não me faria mal. Sei mesmo. Mas tem coisas que não devemos relegar ao destino e nossa segurança pessoal é uma delas.

Pedro era como um irmão para mim; sim, no passado eu confesso que tinha uma queda por ele, mas eu nunca achei que fosse além de amizade, afinal ele fazia questão de deixar claro que entre nós não haveria nenhum tipo de romance ou coisas do gênero. Com o tempo e tanta insistência dele em me dizer que não era gay tratei de solapar qualquer resquício de sentimento que ainda pudesse existir.

Eu realmente estava numa sinuca de bico. Se por um lado era bom saber que eu estava, finalmente, dando alguma vasão aos meus impulsos sexuais com o Gabriel, por outro eu sabia que, em algum momento, eu acabaria sofrendo e que a declaração do Pedro mostrava que eu poderia sim ter alguma estabilidade com ele. Ou seja, eu me arrependeria de não ter dado a chance que ele tanto queria. Aliás, eu vivo me antecipando aos fatos. Pode ser que desse certo com o Gabriel, como pode ser que as minhas previsões estivessem certas e não passaríamos de objetos sexuais um do outro. Não sei se consigo ser claro em transmitir como eu me sentia, mas dá para ver que eu estava muito confuso. Mas o final de semana estava aí... eu precisava mesmo relaxar e aproveitar.

_

Apesar de bastante atrasado, aí está outro capítulo. Já comecei a escrever o próximo capítulo e prometo tentar posta-lo o quanto antes. Gratidão aos leitores, comentadores e votantes por sua paciência e compreensão.

Até logo. :-*

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Comentários

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Muito bom! ! 😊 ✌ e gostei muito do comentário do amigo (VALTERSÓ)INCRÍVEL. ..

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EXCELENTE ESSE CAPÍTULO. CUNFUSÃO NORMAL NA VIDA DE TODOS. MAS TEM HORA QUE PRECISAMOS OPTAR. AS VEZES FAZEMOS A MELHOR ESCOLHA MAS AS VEZES NÃO. MAS O IMPORTANTE É APRENDER COM OS ERROS.

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gente ta legal eu se fosse ele. ficaria tentada a se envolver com o Pedro

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